• Percival Puggina
  • 05/09/2018
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E SE O IMPEACHMENT NÃO TIVESSE ACONTECIDO?

 

 Na semana passada completaram-se dois anos do impeachment de Dilma Rousseff. Por isso, os ponteiros do relógio da história sinalizam momento adequado para examinarmos se foi útil e oportuna a mobilização nacional que levou àquele desfecho. O tema, aliás, tem motivado ponderações de alguns leitores.

Capitaneados pelo PT, os partidos de esquerda qualificam o episódio como “golpe”, desatentos a suas múltiplas causas e ao longo e cuidadoso procedimento jurídico e político em que se desenrolou sob os olhos da opinião pública e sob a lupa jurídica do STF. Esquecem, também, que a oposição “golpista” conviveu democraticamente com a primeira vitória de Lula, tolerou o escândalo do mensalão, reconheceu a segunda vitória de Lula, conviveu com a primeira vitória de Dilma e com a segunda vitória de Dilma. Foi a imensa mobilização popular de protesto contra seu desastroso governo no dia 15 de março de 2015 que desencadeou o processo jurídico-político do impeachment.

Dezessete meses mais tarde, ele culminaria com a perda do mandato presidencial. A palavra golpista é bem mais aplicável ao partido que pediu impeachment de Collor, Itamar, FHC, e que, nos Estados e municípios do país, grita “Fora!” a todo ocupante de cadeira que tenha ambicionado.

Vamos, agora, ao futuro do pretérito. Não costuma ser fácil discorrer sobre como as coisas teriam acontecido se conduzidas de outro modo. Neste caso, porém, é fácil, sim. O PT ajuda. Em agosto de 2016, o país afundava no terceiro ano consecutivo de recessão. Deslocado do governo para a oposição, o PT votou contra as tímidas reformas graças às quais Temer, conseguindo apoio parlamentar, estancou a recessão. Agora, em campanha eleitoral, não deixando margem a dúvidas, o partido reitera a intenção de acabar com elas de vez. Se o impeachment não tivesse acontecido, o Brasil estaria no rumo seguido pela Venezuela.

Tem mais. Sem o impeachment, o PT estaria disputando esta eleição com apoio da máquina governamental, teria mantido as fontes de financiamento e os empregos de sua militância. E o candidato seria Lula. Com efeito, todos sabem ser escassamente majoritária a posição do STF em favor do combate à corrupção, da Lava Jato, da colaboração premiada, e da prisão após condenação em segunda instância. Esta última foi mantida graças ao voto “pró-colegialidade”, proferido pela ministra Rosa Weber. Se Dilma continuasse presidente, teria cabido a ela indicar o substituto de Teori Zavascki. Alexandre de Moraes não seria membro da Suprema Corte e a base petista no STF se ampliaria decisivamente. A “sangria” teria parado, a Lava Jato secaria e o Mecanismo retomaria o ritmo de seus negócios. 

O impeachment de Dilma Rousseff foi decisão certa no momento certo.

 

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o Totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

 


 


Sadraque dos Santos Lima -   12/09/2018 18:10:57

Prezado Prof. Percival Tenho aprendido muito com seus artigos quando são publicados no jornal Todo Dia, de Americana-SP. E artigo acima nos traz a possibilidade de reflexão sobre os rumos que o nosso país está tomando, principalmente nesses momentos decisivos que estamos vivendo, em plena corrida eleitoral. Parabéns e muito obrigado

Rocha -   11/09/2018 23:36:11

Mestre Puggina. Excelente artigo como sempre! Grande abraço!

José Batista Silva -   08/09/2018 13:32:05

O iimpeachment de Dilma Rousseff foi salvador O Temer "Presidente" faz um bom governo, mesmo com a oposição daqueles que não querem que o Brasil melhore, querem a volta de tudo que tanto infelicitou e ainda infelicita a sociedade brasileira. Infelizmente poucos conseguem ver isso. Puggigna Parabéns pelo artigo

Anderson de Morais Silva -   06/09/2018 17:35:33

Será que quem elaborou p****** está pelo menos se ouvindo? Não sou petista, nem tucano, nem bolsominio mais dizer que o PT é pior que o Temer aí você deve estar no mínimo delirando. O cara é gravado roubando da própria sede do governo federal é o comparsa é filmado levandouma mala de R$500.000,00. E isso foi certo!.

Vicente -   06/09/2018 16:02:42

Que papo furado. Esse Temer acabou com o Brasil e não com a recessão.

Edimar -   06/09/2018 15:32:39

O perigo não é findo, o Ciro Gomes está bem nas perquisas. Estou muito preocupado e triste com essa possibilidade.

Dalton Catunda Rocha. -   06/09/2018 15:02:09

O verdadeiro problema do Brasil não é Temer. Como também não era Dilma, não era Lula, nem FHC, nem Collor, nem Sarney, nem Jango ou Jânio. O verdadeiro problema do Brasil é, o patrimonialismo. A eterna mania nossa de confundir patrimônio público, com patrimônio privado. Afora isto, estamos sempre apostando em fracassos e vergonhas. Em 1888, nós fomos o último país das Américas a acabar com a escravidão e seguimos hoje, tendo coisas abjetas, tais como o monopólio estatal do petróleo e o imposto sindical. O petróleo é dos árabes. E a Petrobrás é da CUT. Dei-me um país, que tenha monopólio estatal do petróleo e, eu lhe darei um país pobre e uma cleptocracia. Tudo o que a Petrobrás deu ao povo brasileiro, desde que foi criada em 1953, é uma sentença de viver num país pobre. Qual deveria ser o hino do PT? Aquela música que diz: “Onde está o dinheiro? O gato comeu, o gato comeu. E ninguém viu. O gato fugiu, o gato fugiu. O seu paradeiro está no estrangeiro.” Quem quiser, que veja a música completa neste site: https://www.youtube.com/watch?v=92rr8EcDc90

Carlos Alberto -   06/09/2018 14:55:34

Parabéns pelo artigo! Disse absolutamente tudo. O impeachment veio no momento no certo. "Deus não escreve certo por linhas torta. Ele nunca falha e nem tampouco tarda. Ele simplesmente é justo para agir na hora e no momento certo". Quis compartilhar o seu artigo, mas infelizmente não foi possível.

Raimundogomes14 -   06/09/2018 14:42:14

Aos 73 anos eu ainda não pensava como esse articulista. Quando eu vou pensar com tanta lucidez? Será que o nosso eleitor descamisado agradece tanta vidência?

João Ricardo -   06/09/2018 14:05:07

Lucidas palavras, é muito bom fazer uma releitura de algo tão ruim que ocorreu com nosso país; Nossas memória pode parecer curta, mas deixamos de ser idiotas!!!! Viva as instituições serias deste país, vida longa a os jornalistas independentes!!!