• Percival Puggina
  • 12/10/2016
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E O PT, SUBITAMENTE, PAROU DE PEDIR NOVAS ELEIÇÕES...

 

 Há exatos 42 dias Dilma Rousseff teve seu mandato cassado pelo Senado Federal em processo de impeachment por crime de responsabilidade. Quando sumiram as dúvidas sobre qual seria o veredicto da Câmara Alta e no período imediatamente posterior à sessão de julgamento, a própria ex-presidente, os líderes do partido e sua militância passaram a clamar por novas eleições como forma de corrigir suposta ilegitimidade do mandato de seu vice. Alegando ser suprema exigência da legalidade e da legitimidade, a laboriosa tropa de choque do partido na Câmara e no Senado, várias vezes por dia, apontava esse caminho à nação. Durante seu interrogatório pelo Senado, Dilma insistiu reiteradamente nisso. Dois dias após a ex-presidente desocupar o Palácio da Alvorada, a Executiva Nacional do PT decidiu apoiar a proposta. As falanges vermelhas saíram às ruas com a mesma exigência. Elas, as novas eleições, e só elas, teriam o poder de ungir um novo governo capaz de levar a nação, com segurança e legitimidade, ao pleito de 2018.

 Tratava-se de uma pretensão totalmente destituída de fundamento, posto que o vice-presidente é o substituto constitucional do titular do cargo. Gostos e desgostos das facções políticas, bem como suas mágoas e malquerenças são matérias subjetivas que não podem determinar o rumo de ações que tenham, como essa, roteiro expresso na Constituição.

 O PT sempre pensou de modo diverso sobre a suposta sacralidade dos mandatos presidenciais. Ao longo de sucessivos governos de seus opositores, dirigiu gritos de "Fora!" a quem estivesse em seu caminho ou ocupando a poltrona que ambicionasse. Expedia requerimentos de impeachment assim como se puxa o gatilho em exercícios de tiro ao prato. Quando, finalmente, chegou ao poder, desfrutou de três mandatos em que não faltaram motivos para requerimentos de impeachment, mas as sucessivas vitórias eleitorais do partido e o clima político desaconselhavam qualquer providência nesse sentido.

 Acontece que os partidos põem e a história dispõe. Estava escrito no calendário político que haveria eleições municipais logo ali adiante, um mês depois do impeachment. E foi o que se viu. O PT saiu das urnas ocupando uma discreta 5ª posição entre as forças políticas nacionais, atrás de todos aqueles a quem chamava "golpistas". E se recolheu ao Acre.

As questões que me ocorrem diante do acontecido são estas: foi o desastre eleitoral do dia 2 de outubro que fez o PT desistir de falar em novas eleições? Deixaram elas de ser incontornável exigência moral e condição de legitimação para exercício do poder? Seria tão casuísta assim a tese ardorosamente defendida até bem poucos dias?
(11/10/2016)

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Fabio -   26/10/2016 11:27:25

Mas por quê iriam querer novas eleições? Para serem varridos também do Congresso? Ou seria nova eleição apenas para Presidente, e aí, o argumento do "golpe contra o eleitorado" iria cair? Olha... Eu sou A FAVOR de novas eleições - a presidente caiu com menos de metade do mandato, poderiam ter feito nova votação agora, junto com essa dos prefeitos. Iria acabar com essa discussão patética.... - Vocês traíram o voto do povo na presidentA! - Vocês que botaram esse velho como vice, agora aguentem! Ridículo. Novas eleições, novo presidente eleito... e um novo governo, preferencialmente sem esses personagens tristes que orbitam os palácios atualmente.

Marlon Souza -   13/10/2016 13:02:02

Notadamente, vemos a derrocada do PT e asseclas, nas eleições municipais tivemos poucos candidatos se lançando pelo PT, e muitos debandaram para outros partidos. E pra ver a covardia do partido dos "trabalhadores", alguns - poucos - distribuíam seus "santinhos" com uma cor que não fosse a vermelha, até então ostentada com todo fulgor, e a estrela petista, hoje apagada quase extinta - assim espero que se apague de vez - quase invisível. Todos os regimes comunistas caíram, e se não caíram, vivem em plena bancarrota. Que o PT e asseclas caiam!

Paulo Prates -   12/10/2016 21:03:55

Para o PT e seus asseclas o que vale é a conveniência do momento, independe se é legítimo ou não. Dois pesos, duas medidas.

Genaro Faria -   12/10/2016 20:28:33

Alguns já sabiam mas a maioria esmagadora dos petistas (leia-se: comunistas) ignorava o que saltava aos olhos de qualquer mortal: a nação vomitou o PT. Esvurmou o pus desse tumor. Agora, com o PT sitiado no Acre e naqueles grotões do bolsa-voto dos currais eleitorais, o bando de Lula precisou mudar o palavreado. O bicho papão que a esquerda identificou para chamar de inimigo do Brasil e dos "excluídos" é o Teto dos gastos do governo.

Dalton Catunda Rocha -   12/10/2016 20:27:14

Qual deveria ser o hino do PT? Aquela música que diz: “Onde está o dinheiro? O gato comeu, o gato comeu. E ninguém viu. O gato fugiu, o gato fugiu. O seu paradeiro está no estrangeiro.” Quem quiser, que veja a música completa neste site: https://www.youtube.com/watch?v=92rr8EcDc90

Ismael de Oliveira Façanha -   12/10/2016 19:02:57

Os petistas são os "novos judeus", cristãos novos alvo de uma moderna e brasílica Neo Inquisição. É verdade que os ataques estão limitados às fogueiras virtuais na Internet, não estão caçando petistas pelas ruas; no plano real tudo na santa paz. Por enquanto; porque o fanatismo já é de seita jihadista.

João Paulo -   12/10/2016 18:04:12

Não ficaram em 10° e não 5° como fala em seu artigo?