• Percival Puggina
  • 03/05/2019
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DUAS ESPERANÇAS MOBILIZAM O BRASIL

 

“A única escolha que faz sentido para a oposição, hoje, é ser 100% contra qualquer ideia que tenha chance de melhorar o país.” (J.R.Guzzo, tweet em 27/04)

 Vivemos tempo demais sob a severa influência de uma ideologia escancaradamente reacionária. Aliás, com tanto por modernizar talvez devesse afirmar que ainda vivemos tempos remotos, paleolíticos. Os adeptos dessa ideologia, atuando em salas de aula, acorrentando-se a fórmulas superadas, se dedicam, por todos os modos, a puxar as rédeas da humanidade, da civilização e do país. Foi em nome dessa ideologia, num prenúncio do que estava por vir, que saíram às ruas no ano 2000 a vociferar contra o Descobrimento.

Vale lembrar os fatos. Aqui no Rio Grande do Sul, Olívio Dutra era governador e Raul Pont prefeito da Capital. Um grande relógio fora montado no ano anterior pela Rede Globo em contagem regressiva para o dia 22 de abril. Ficava próximo à Usina do Gasômetro. Tanta era (e continua sendo) a repulsa pela história nacional que, chegado o dia dos festejos, um grupo de trabalhadores em não sei o que resolveu acabar com o relógio. Espontaneamente, sem qualquer combinação, chegaram juntos, na hora certa, equipados e bem dispostos. Sua posição sobre os 500 Anos afinava-se pelo diapasão do petismo que dava as cartas e jogava de mão no Estado e na prefeitura. Tocaram fogo no artefato sob os olhos atentos da Brigada Militar, num dia em que oficial circulava sem camisa, inspetor de polícia dava ordens para capitão e secretário de Estado assistia tudo sorrindo. Era a festa dos Outros Quinhentos.

Chamavam de Invasão o feito de Cabral, e, por algum motivo obscuro, não o escolheram patrono do MST. É claro que se os portugueses tivessem tocado direto para as Índias, nosso país seria hoje o que são as tribos que se mantiveram sem contato com a civilização. Vale dizer: viveríamos lascando pedra.

Essa ideologia, se pudesse, acabaria com o imenso usucapião denominado Brasil. Os negros voltariam à África, os invasores brancos seriam banidos para a Europa e os índios promoveriam uma continental desapropriação do solo e das malfeitorias aqui implantadas. Alerta: os defensores de tão escabrosa geopolítica se aborrecerão terrivelmente se você apontar o racismo embutido nesses conceitos que viriam a dividir os brasileiros a partir da eleição de Lula em 2002.

O estrago foi grande. Não voltamos às cavernas como se poderia presumir do discurso retrógrado que condenava o “grande capital”, a “grande empresa”, a “grande propriedade”, e para o qual até o nomadismo parecia fenômeno reprovável, precursor do famigerado neoliberalismo. No entanto, se não voltamos às cavernas, se o agronegócio não acabou e não tocamos tambor para chover, os “negócios” foram tantos e tão grandes que o país entrou em recessão, a economia foi para o saco, as contas nos paraísos fiscais engordaram e os desempregados se contam em oito dígitos. Tal história, como se sabe, acabou nos confessionários de Curitiba.

Dois grupos disputam espaço político no Brasil. De uma banda, o novo governo, de perfil liberal e conservador, inova e alimenta a esperança de que, modernizando-nos, podemos escapar do caos. De outra, a oposição, que recicla velhos chavões, bate palmas para Maduro, se aferra ao paleolítico e alimenta o caos com esperança de voltar.


* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Lisiane -   10/05/2019 23:18:36

Brilhante texto! Como todos os que escreve! Levo (os que posso...kkkk) para sala de aula para servir de modelo em minhas aulas de redação!

Airon A. do Nascimento -   08/05/2019 14:19:31

Recorro à lucidez do Sr. Puggina para tentar entender o porquê de vivermos dias alimentos de esperança de um lado, e de total vilania do outro, no estilo: se não for eu, não vai ser mais ninguém.

João Cleucio Nogueira Lima -   07/05/2019 15:25:26

Perfeito o texto, parabéns !

Rafael Luft -   06/05/2019 14:20:43

Aquele fato no "Relógio dos 500 Anos" foi algo que assustava à época, mas hoje não mais. É uma "mulequice" que, diante de tudo que já vimos e vivenciamos desde lá, poderíamos tolerar se não houvesse o crime de dano e em data tão esperada. Muita gente ainda aguarda a resposta do "porquê" (?) fazer aquilo e daquela forma se a maioria queria festejar. Assim como o Policial Militar agredido com um paralelepípedo na cabeça na Copa do Mundo festejada por Lula e Dilma, nós gostaríamos de saber em razão de que fizeram isso.

José Nei de Lima -   06/05/2019 05:01:57

Meus parabéns pelo título de cidadão Porto Alegrense, merecido e reconhecimento, a Turma dos Contra, estão bem infriutrados nas Univerdades, sempre prontos para fazer bagunças e quebradeiras, eles estão silenciosos, um grande abraço amigo que Deus vos abençoe amém.

Susana -   06/05/2019 03:36:53

Creio que em nenhum outro país e em outro tempo tivemos uma oposição tão canalha, nefasta e criminosa, salvo em casos de países em guerra.

Edison -   06/05/2019 02:27:03

Pois é, acompanhando os acontecimentos desse nosso Brasil, percebo com preocupação a extrema dificuldade que o governo Bolsonaro está a enfrentar para colocar o Brasil nos eixos! Tudo foi aparelhado de uma forma quase irrecuperável, onde grande parte da mídia não aponta soluções, simplesmente pseudos equívocos do governo, poucos estão percebendo que esse é nosso ultimo espaço para a construção de uma pátria soberana e livre, muitos acham, por pura ignorância, que Cuba, Venezuela e Coréia são objetivos a serem seguidos por nós brasileiros. Muito me espanta a posição de alguns comandantes de nossas universidades federais com pregações de que o governo é contra a educação, pesquisa etc. O governo pode, em muitos casos errar, mas o objetivo principal é outro, nunca o retrocesso. As pessoas que estão no governo não são primários nem incompetentes. Nosso povo, é, face ao nosso nível cultural, muito ingênuo, na minha visão, pensa pouco por sua cabeça, acha melhor outros pensarem por ele, daí a extrema facilidade de manipulação.

MARIO SERGIO RAMOS -   05/05/2019 20:46:18

A realidade das universidades públicas é tão caótica que qualquer adjetivo torna-se dispensável. No livro Heart of Danknees, de Joseph Conrad, o misterioso Sr. Kurtz, em suas ultimas palavras, retrata, o com maestria, o Brasil que o petismo deixou: "O HORROR, O HORROR". Essas palavras sombrias traduzem legado deixados por esses vampiros esquerdopatas.

João Guilherme Maia -   05/05/2019 20:31:30

Nós não podemos negar que o Brasil está num momento complicado, não por causo do governo atual, mas por causa dos governos comunismos que tivemos nesses últimos anos. Começou com o governo de Fernando Henrique Cardoso, depois veio o comunista do Lula e depois o da Dilma. Eles não aceitam por terem sidos derrotados pela a direita. Pra eles a direita era coisa do passado. Em termos de projetos de desenvolvimento para o Brasil, os esquerdistas nunca tiveram. O único projeto que eles sempre tiveram para o Brasil, principalmente, o governo Lula que era se perpetuar no poder para ele se tornar o ditador do Brasil, como os seus camaradas da Venezuela e de Cuba. Ele só não contava que iria atravessar no caminho dele e da sua gangue do PT, um juiz corajoso e determinado a combater a corrupção, as falcatruas e os desvios de dinheiro público, aí o plano dele de se perpetuar no foi para o espaço. Para complicar ainda mais a situação deles, o candidato Jair Bolsonaro ganhou a eleição para presidente do Brasil em 2018 e com determinação está querendo mudar os rumos do Brasil e trazer o Brasil para os trilhos do desenvolvimento e crescimento econômico. Agora dizer que vai ser fácil para o presidente Jair Bolsonaro executar esses projetos dele para o Brasil, lógico que não vai ser, até porque ele acabou com a famigerada política criada pelo governo comunista do PT do toma lá, dá, cá e nos seus ministérios colou só ministros técnicos, e isso desagradou muito os congressistas. Por isso, o presidente só vencerá essa batalha se ele continuar com o apoio do povo como ele vem tendo, fora disso, vai ser difícil ele conseguir executar os planos dele. A Lava Jato veio abrir a mente e os olhos do povo e o hoje o povo está atento pelas redes sociais nos congressistas, eles podem até atrapalhar o governo do presidente Jair Bolsonaro, mas que o povo vai dar a resposta para eles em 2022, isso, eu não tenho dúvida nenhuma. Tanto é verdade que nas eleições de 2018, muitos caciques da política não conseguiram se reeleger. E em 2022, vai continuar essa limpeza na política Nacional.

Dalton Catunda Rocha -   04/05/2019 18:58:50

“Manifesto de um aluno universitário que não quer ser da esquerda É isso mesmo o que vc leu. Sou aluno de uma universidade pública federal de um Curso de Humanas. Você não sabe o que é isso aqui dentro. Vejo algumas matérias de intolerância, mas nada se compara. Aqui tem frase feminista que diz: morte aos machos. Aqui o laicismo é só pra religião cristã, pq as outras religiões e seitas são, inclusive, incentivadas pelos professores. Se alguém questionar algo, é o racista e intolerante. Aqui vc tem que fingir que é a favor do PT, caso contrário eles não sentam com vc no refeitório, não pegam o mesmo elevador, ficam lhe xingando, perseguem, falam absurdamente que vc é algum "Ista" só e puramente pq vc não concorda com eles. Me diga, cidadão, isso é liberdade de pensamento? Tem mais, ele fazem sexo ali na sua frente. Usam o termo hétero como xingamento. Você será um homofóbico se não concordar com eles. E os professores. Ah esses são os melhores. Falam do Karl Marx como se ele fosse o Batman. O socialismo é ótimo, não para eles, com carrões, apartamento em área nobre e filhos estudando no repressor Estados Unidos. O pior é o que vou relatar agora, que foi o que me motivou a escrever esse manifesto. Os alunos criaram um filtro para o Facebook, no qual eles colocam uma foto e abaixo tem escrito "desaparecido". Eles dizem que é pra simular como será os perfis se a ditadura voltar. Pois, segundo eles, muitos vão sumir. Eu achei isso tão absurdo e cheguei a conclusão de que quem quer a ditadura são eles. Você já percebeu que quem mais fala da ditadura é a esquerda? Eles tem um fetiche por esse assunto. Parece até que querem viver isso. Parece que eles têm um desejo de ser herói, mas aquele herói martirizado. Não percebem que estamos em outro tempo. Eles não frequentam as aulas. Ganham discussão no grito. Se montam um debate, todos os presentes concordam entre si. Se vc ousar, sugerir pensar algo diferente. Tá frito, amigo. Querem dar aula de história sobre o Facismo. Daí quando vc fala que o Facismo surgiu com a esquerda eles gritam, esbravejam, mas nada de argumento. Não leem nem o nome do ônibus, decoram o número. Eles têm um desejo de ser diferente. 3 meses depois que entra um aluno na faculdade, ele já se veste, fala, se comporta igual aos outros. Cópias que repetem o mesmo discurso. Falam que sofrem repressão. Daí quando vc vai analisar o caso, na verdade ele transgrediu uma regra civil, foi punido e acha que ainda sofreu abuso. Isso que vi são, apenas, 6 meses de universidade. Precisamos urgentemente fazer com essa repressão e doutrinação acabe. Ou vai continuar sendo uma máquina de zumbis repetidores de jargões e que funcionam a base de maconha. Não posso assinar. Queria poder dizer isso abertamente, mas vivemos numa ditadura de pensamento esquerdista. Socorro!” > Comentarista de nome Maria Fátima > https://www.youtube.com/watch?v=IfIH3WaJPLc

Menelau Santos -   03/05/2019 20:05:09

Pois é, nada como um dia após o outro, FHC que acusava em 1995 a turma da oposição de "fracassomaníacos", hoje engrossa o grupo que classifica o governo Bolsonaro --- um bebê recém-nascido --- de delinquente irrecuperável.