• Percival Puggina
  • 16/09/2015
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DOBREM A LÍNGUA E A NOVILÍNGUA!

 

 De uns tempos para cá, a novilíngua gramscista encontrou no sufixo "fobia" um pé-de-cabra semântico muito útil ao seu trabalho desonesto no plano da cultura. Basta aplicar o sufixo a um determinado vocábulo para impor silêncio à divergência. Assim, por exemplo, a palavra xenofobia tem sido usada em relação a quem considere excessivamente permissivo o ingresso no Ocidente de imigrantes oriundos do mundo islâmico. Os mais exaltados chegam a identificar essa atitude com o nazismo, como se simples recomendações à prudência equivalessem à construção e uso extensivo de câmaras de gás. E não faltam papagaios para, desde seus poleiros nos meios de comunicação, correntinha ideológica presa à perna, repetirem incessantemente a mesma tolice: "Xenofobia! Xenofobia!".

Ora, o Islã político (dificilmente dissociável do ensino do Profeta) assusta o mundo, insistente e desabridamente. Ataca o Ocidente com ameaças, palavras e obras. É a jihad, que já conta 15 séculos. Não há paz onde ela se manifesta. Um enorme conjunto de organizações terroristas proclamam seu objetivo de acabar com os "infiéis" (ou seja, eu e vocês que me leem). O dito califado, do autodenominado "Estado" islâmico, explicita acima de qualquer dúvida intenções de espalhar pelo mundo seu poder e as monstruosidades que pratica na Síria e no Iraque. Não há limites à sua demoníaca malignidade. Então, a prudência não pode ser desprezada, como não a desprezaríamos em nossas casas ao acolher alguém.

Aqui no Brasil, setores da mídia ainda não decidiram se: 1) o capitalismo acabou, a Europa quebrou e viva o socialismo!, ou 2) o capitalismo é um sucesso e a Europa, rica, deve acolher com generosidade os infelizes da Terra. Para eles, porém, num caso ou noutro, em quaisquer circunstâncias, hoje e sempre, o Ocidente é culpado de tudo.

Não nego que a xenofobia pode se manifestar em qualquer sociedade. Inclusive entre os ocidentais que odeiam o Ocidente. Pode, mas não é essa a regra. Quem pôs fogo num imigrante senegalês em Santa Maria é indivíduo enfermo, portador de uma fobia que merece contenção e tratamento. Essas pessoas não são representativas de coisa alguma, exceto da própria enfermidade.

O que escrevo e descrevo não é difícil de entender, mas pode se tornar incompreensível se os conceitos forem espancados até formarem uma massa única e disforme, como pretendem os papagaios da ideologia. Se o mesmo viés fosse usado para todas as manifestações dessas mesmas pessoas, teríamos que criar os vocábulos e correspondentes execrações públicas para os "cristofóbicos", os "meritofóbicos", os "machofóbicos", os "brancofóbicos", os "milicofóbicos", "europofóbicos" e assim por diante.

Então, ativistas, dobrem a língua e a novilíngua. Saibam: o uso desonesto do vocabulário para difundir conceitos errados com fins políticos é apenas mais uma dentre as muitas formas em que a corrupção se manifesta.

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.


 


Gustavo Pereira dos Santos -   19/09/2015 07:20:13

O politicamente correto conseguiu explodir o meu saco. Sugiro que cada um faça uma listinha com chavões da zelite branca de olhos azuis. Parto pro conta-ataque e despejo um monte de olavices e bolsonarices: i) esquerdopata, você tá doente, vá se tratar num psiquiatra. ii) o socialismo só faz merda, é especializado em destruir, nunca desenvolveu um país. iii) sou incapaz de estuprar você, não como cabritos e cabritas. Isso é coisa do PORCOLULA. iv) quando é que vocês, esquerdopatas, vão terminar a lambança bolivariana? v) como vai a antropofagia na Coreia do Norte e na Venezuela?

DUDU -   18/09/2015 21:30:08

Percival, direto ao ponto! Agora tudo é fobia, desde que seja contra os "direitos". Pros "esquerdos" pode tudo!

Genaro Faria -   18/09/2015 09:01:56

Felizmente, nós estamos assistindo ao derretimento do PT em toda a extensão da avenida das falácias por onde desfilou seu enredo. Seu castelo de cartas perdeu a sustentação e rui com estrépito. É que sua estratégia de usar a democracia para a implodir, etapa imprescindível à tomada definitiva do poder , tem como pressuposto necessário que as vítimas não percebam o que está por trás da máscara daqueles que pretendem oprimi-las numa ditadura. E essa máscara já caiu, muito antes do golpe final, do xeque mate. Acabou o chimarrão do bando de Lula e Fidel Castro no Brasil. Só não podemos esquecer de jogar fora a borra no fundo da cuia, que ficará nas cátedras, nos púlpitos, nos órgãos de comunicação, nos palcos. Essa erva daninha que infestou nossa seara é capaz de crescer até no deserto. Que tenhamos aprendido a ser profiláticos.

erik -   18/09/2015 05:29:06

Por essa lógica... se o ocidente é obrigado a herdar os problemas dos países islâmicos em guerra... então isso também legitima uma operação da OTAN para remover esses governos? Precisam engolir seco as mazelas e assumir todos os riscos por causa de um problema, e não podem ir na raiz do problema????

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   17/09/2015 23:34:03

Parabéns por mais um artigo rico em lucidez, honestidade intelectual e inteligibilidade. Em relação ao exposto, pelo menos de uma coisa o senhor pode ter certeza: um dos pilares com que procuro construir minha autoridade pedagógica consiste justamente na detecção e no descarte de todas estas distorções semânticas, impostas pelo autoritarismo gramscista, idealizadas para serem esparramadas, entre outros agentes (voluntários ou involuntários), por docentes como eu.

RICARDO MORIYA SOARES -   17/09/2015 15:20:10

O marxismo cultural (vulgo Politicamente Correto) é simplesmente o ocaso da civilização ocidental. Vou demonstrar através de um exemplo pessoal: Há alguns meses levei minha filha ao aniversário de uma amiguinha, e lá chegando me sentei junto com os pais do aniversariante e outros convidados. A mãe, uma jovem relativamente bem versada (advogada de formação), relatava causos sobre seus problemas no dia a dia; até aí, tudo bem, o problema que eu não entendia nada do que falava... simplesmente nada! Até que caiu a ficha, ela possuía um linguajar pós moderno, completamente moldado na ditadura do politicamente correto; por exemplo, ao invés de mencionar favela, ela dizia comunidade, ao invés de pronunciar negro, ela falava 'afrodescendente' (existem brancos, hindus, árabes, berberes e várias outras 'etnias' no continente africano - repito: África é um continente!), e muitas outras barbaridades linguísticas - algo surreal! Para fechar com chave de ouro, a nobre dama do direito privado nos brindou com uma análise geopolítica da situação caótica do Oriente Médio de deixar Henry Kissinger com o queixo caído; ela culpou todos os problemas existentes (tanto na terra como no céu) nos Estados Unidos e em Israel - um pela sua política externa, e o outro por simplesmente almejar existir como nação! E foi além, advogou descaradamente em prol do Islã e sua verdadeira vertente pacífica; disse também que é uma grossa mentira a noção espalhada pelos "imperialistas" que as mulheres são inferiorizadas no mundo islâmico. O momento mais incrível foi quando perguntei se ela sabia diferenciar sunitas de xiitas, então ela me respondeu que os xiitas controlavam o Egito, e que os sunitas eram os imigrantes libaneses que aportaram no Brasil durante o Século XX - e fora assim que ela tinha aprendido lendo "muito"! Fazendo um resumo geral: além de não ter entendido metade do que ela tinha falado, ainda saí de lá com o estômago embrulhado depois de ouvir tanto excremento - foi pior que tortura chinesa! E mais, temo que a suposta 'elite intelectual' tupiniquim pense de forma bem similar - não sabem nada e mesmo assim querem dar palpite em tudo; ou sabem bem pouco e se acham experts em assuntos complexos... é triste!

Erwen Souza -   17/09/2015 15:07:59

Bravo! como sempre, sábias palavras!

José Adelmo Gonçalves Mendes Júnior -   17/09/2015 11:42:58

Para contribuir, trecho de Mario Ferreira dos Santos: "Assistimos a uma verdadeira especulação na baixa dos valores, tudo quanto é de menos valia é exaltado, o inferior é erguido e dizem muitos que tal era inevitável, desde que a aristocracia desaparecera e a ascensão do homem vulgar se confirmara. Como desejar que dominem o bom gosto, as maneiras, os bons costumes, a cultura, a acuidade mental quando se deu essa enxurrada que levou tudo que era nobre e deixou o que é esgoto"

José Adelmo Gonçalves Mendes Júnior -   17/09/2015 11:07:14

Prezado e estimado Percival, excelente texto. O uso repetitivo de Chavões e expressões pré-concebidas para difamar e denegrir um pretenso inimigo é corriqueiro e usual. Mais uma vez a criação de esteriótipos é necessária para carregar o ambiente de desavenças. O bom e velho discurso de vitimização e da necessidade de lutar contra a sociedade opressora e burguesa, que não quer dar DIREITOS para os excluídos... Estratégia revolucionária moderna. Ecologismo (índios excluídos) Abortismo/Feminismo (mulheres sem liberdade) gay.sismo (homo.s.s.exuais sem pretensos direitos)..etc.. sem considerar que o politicamente correto, além da camisa de força, provoca um desserviço gramatical e conceitual para jovens e adolescentes. Vão crescer com a ideia, por exemplo, de que Direita defende rico e Esquerda defende pobre!!! É a cultura a favor de militantes e imbecilizada na forma e estrutura...

Odilon Rocha -   17/09/2015 00:04:11

É a tal corrupção moral. Conhecem muito bem o efeito da distorção. Gritam "xenofobia!", mas não seriam capazes de botar da porta da sua casa para dentro nem um cachorro de um refugiado. Quanto mais esse. Hipócritas! Tem gente que sobrevive dessas imoralidades.

Genaro Faria -   16/09/2015 16:47:39

Prezado Puggina, é sintomático que esses papagaios nunca questionem a razão desse movimento repentino de êxodo só ter um vetor, qual seja, os países europeus ocidentais, onde nem a língua, nem o alfabeto ou a religião, cristã, são comuns nem próximos à cultura dos imigrantes. Ora, por que eles não procuram os países árabes e muçulmanos do golfo pérsico, por exemplo, riquíssimos e capazes de oferecer oportunidades de trabalho ainda melhores do que as da Europa? Sem falar que estes são mais próximos geograficamente e podem ser alcançados por terra, o que evitaria esses naufrágios que os telejornais exibem quase que diariamente. Não é estranho? Claro que sim, sem dúvida nenhuma. Mas o que interessa aos "jornalistas" é vergastar a cultura ocidental, berço da democracia, da revolução industrial e do cristianismo que propiciaram o florescimento de uma nova era para a humanidade. Faz sentido, para quem acha que o regime cubano é o ideal da liberdade, da fraternidade e igualdade dos homens - um paraíso terrestre. Onde o poder é transmitido por herança genética, de Castro para Castro, depois de exercido por um tempo vitalício, e as fronteiras são fechadas para a saída, que todos querem, mas abertas para a entrada, que ninguém quer. A censura prévio do regime militar prestou melhores serviços à imprensa que esses asnos progressistas.