Percival Puggina
Frequentemente, amigos intelectuais me dizem que não usam os conceitos de direita e esquerda e, menos ainda, os adotam como modo de identificar suas posições pessoais.
Pois é. Complicado, mesmo, como mostra o saudoso Olavo em artigo com o título “Direito e esquerda, origem e fim”, publicado no Diário do Comércio de 01/11/2005 (aqui). No entanto, quando me fazem essa advertência, não sem razão alego que em todo o Ocidente (ao menos) as pessoas percebem que tais palavras orientam um arco de possibilidades onde podem identificar a si mesmas e a sua leitura das realidades políticas. Portanto, até que esses conceitos se autodestruam eu sigo adiante com eles.
No artigo que mencionei acima, nosso Olavo lembra que no final da II Grande Guerra, “os americanos retiraram pacificamente suas tropas dos países europeus pacificados acreditando que os russos fariam o mesmo quando os russos, ao contrário, tinham de ficar lá de qualquer modo, porque, na perspectiva da revolução, o fim de uma guerra era apenas o começo de outra e de outra e de outra, até à extinção final do capitalismo”.
Não só do capitalismo, claro, mas de toda uma civilização, como ele cuidou de demonstrar em sua obra. Numa perspectiva pessoal, que sei comum a tantos, não há qualquer bem imaterial que seja para mim objeto de reverência ou zelo que não esteja sob permanente ataque “dos russos” para usar a referência de Olavo em relação ao que se seguiu à II Guerra Mundial.
Essa esquerda revolucionária jamais construiu algo que ficasse de pé. Nenhuma economia, nenhuma ordem política, nenhum Índice de Desenvolvimento Humano saudável. Sua produção cultural é comprometida com a destruição, seja lá do que for, inclusive do que seja bom, belo e verdadeiro.
Apesar de toda a choradeira magoada (mimimi, no dizer moderno) da esquerda brasileira contra o que chama “discurso de ódio”, aos 78 anos sou testemunha viva e experiente do ódio que vai muito além do discurso. Durante décadas, essa esquerda que ora nos aflige teve o Rio Grande do Sul como sua cidadela e ao longo desse tempo eu confrontei seus portavozes, olho no olho, em sucessivos debates.
A ampla maioria “de direita” que teria saído das urnas de 2022 e prometia disponibilizar contrapesos e freios aos excessos que viessem dos tribunais superiores e do Palácio do Planalto acabou reduzida a pouco mais de uma centena de deputados federais. Seria uma estupidez responsabilizar apenas o governo petista por fazer o que sempre fez: comprar base de apoio, por lote ou cabeça. Muito mais estúpido é não apontar o desastre moral de cada peça ou partida nesse leilão de oportunistas, tão falsos e embusteiros quanto um discurso do Lula.
Sempre me declarei de direita porque o centro, além de levar junto um bom retalho de esquerda, tem jeito de centrão, conduta de centrão e jamais enfrenta um adversário hegemônico que tenha a chave do caixa.
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Paulo Nardi - 25/07/2023 17:38:46
Puggina, quero te fazer uma pergunta : porque, apesar de todas as evidências em contrário, insistem em chamar a esquerda de "progressista"? De onde tiraram isso?Roberto Neves - 25/07/2023 09:48:03
Excelente artigo como sempre. A esquerda tem sempre carapuças a vestir nos que dela divergem. E não aprendem, justificam até votos em criminosos condenados em tres instâncias.Dimas Nascimento - 25/07/2023 07:10:02
Direita, aqueles que defendem Liberdade, Família, Pátria e Justiça. Os russos são aqueles que se sustentam proclamando utópias e mentiros. Assim, juntam-se em suas fileiras, desonestos, mal preparados, frustados, estúpidos, preguiçosos, invejosos e violentos.Enio Sandler - 24/07/2023 21:10:03
Excelente professor, assino embaixo.MARCO ANTONIO GEIB - 24/07/2023 17:49:09
Mestre talvez estejamos equivocados mas o tempo nos ensinou que a política no Brasil nos primórdios do do século passado ate o Regime Militar era Centro/Direita....PSD/UDN...ARENA/PMDB....!!! E agora a Direita virou "golpista" e a Esquerda virou defensora do "Estado Democrático de Direita" querendo acabar com a Direita .... não entendo mais nada !!! Continuamos aprendendo. ABS.Mirza Maria Maluf Pérez - 24/07/2023 12:24:39
Concordo plenamente, sou conservadora nos costumes e moral ( sem patrulhamento) e a economia menos Brasil e mais Brasil. Não creio que gastos possam ser sem controle ou limite. A sanha arrecadatória não pode garantir isso. Estou opinando sem “ ciência “ e não creio que o país deva ser administrado como um lar, nada disso, completamente diferente e com desafios enormes que precisam ser resolvidos de forma responsável e eficaz. Nos faltam líderes que como antigo enunciado no império romano:” A mulher de César não só deve ser honesta, mas parecer”, a corrupção corrói o desenvolvimento e temos muitos espantalhos que enfrentar. Agora sei o que é ser direita, ou penso que sei. Obrigada pelo artigo. Mirza MariaAjacio Brandão - 24/07/2023 10:49:13
ExcelenteEloy Severo - 24/07/2023 10:14:01
Muito oportuna.Sérgio Delgado - 24/07/2023 08:57:54
Posição perfeita.👏Ecila - 24/07/2023 08:09:53
Sou direita, apesar de hoje muitos confundirem "direita com bolsonaro"...sou direita pelos meus objetivos e olhos abertos. Tenho 60 anos, venho de uma família da esquerda e vejo o estrago que a esquerda faz.Armando Micelli - 24/07/2023 07:41:16
Bom dia Percival. Você sempre corajoso. Nos debates e nos escritos. Tem enfrentado ao longo de todos estes anos a esquerda inútil e destruidora. Você tem vencido. A razão histórica lhe assiste. A sua disposição e ânimo são um exemplo para nós. Abraços. Continue.Menelau Santos - 21/07/2023 19:13:47
Sempre desejei ler um artigo como o que o Sr. escreveu, para saber que essa divisão é plausível ou não. ObrigadoDanubio Edon Franco - 21/07/2023 18:57:55
Puggina, o artigo de hoje resume a faceta moral de nossa principal instituição (falo do Congresso Nacional). Como bem disseste, a esperança que tínhamos ruiu, pois os "baluartes" que elegemos (exceto alguns) não resistiram aos "nobres apelos" do governo e seus indelegáveis interesses eleitorais. O país, que país?, ele que se dane! Respeito aos direitos de liberdade, de livre expressão, de garantia constitucionais, isso é conversa para discurso ou palestra acadêmica. Isso não enche barriga. É isso que move o Centrão. Tens toda a razão, não dá nem para passar perto.