• Percival Puggina
  • 12/12/2019
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DESPAULOFREIRIZAR O BRASIL

 

 Bancos e organismos internacionais que monitoram a economia dos países parecem concordar com a afirmação de que o Brasil já entrou em rota de crescimento. Saiu da UTI, onde foi parar por direção perigosa, e está na Sala de Recuperação. Os boletins dizem que seus sinais vitais estão preservados. O Bank Of America, por exemplo, prevê para nossa economia um crescimento de 2,4% em 2020 e 3,5% em 2021. Isso é muito bom porque desde 2009 não conseguimos um crescimento anual de 2,5% e enfrentamos, no período, três anos de recessão. Internamente, o comportamento da Bolsa de Valores confirma essas opiniões.

No entanto, um crescimento que nos deixe com água na boca e brilho nos olhos, capaz de reduzir de modo expressivo o desemprego e a miséria, precisa de mais do que um alento à demanda reprimida. Precisa de muito investimento e, em horizonte mais longo, de qualificar nossos recursos humanos. Precisa virar nossa Educação pelo avesso e de cabeça para baixo, pois ela não andará com firmeza se não der alguns passos para trás. Precisa reverter o processo descivilizador que a esquerda brasileira, perita em ruptura da ordem, considera necessário à sua ação política.

No momento em que escrevo estas linhas, o ministro da Educação, Abraham Weintraub está depondo na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Deputados da oposição demonstram estar indignados com as afirmações do ministro sobre drogas no espaço dos campi universitários. Disso que assisto na TV, colho uma comprovação de que tais partidos, malgrado os péssimos resultados, acham tudo bem assim como está. É como se com mais verbas e com a condução antiga fosse levada à perfeição uma Educação que não pode ser pior embora gaste mais, per capita, do que países vizinhos que a superam em qualidade.

Voltando ao tema do ambiente universitário brasileiro. A ira contra o ministro traz à lembrança uma frase do ministro Roberto Barroso. Na eleição de 2018, quando bateu no STF a questão da presença da PM em universidades onde se fazia escancarada campanha eleitoral para o PT, o ministro disse: “A polícia, como regra, só pode entrar em uma universidade se for para estudar”. Já o traficante, no mesmo raciocínio de Sua Excelência, está livre para entrar e operar, sem necessidade de estudar. Tem ali um ambiente seguro para suas ações.

Não é crível que com os mesmos alunos, os mesmos professores, a mesma orientação pedagógica e o mesmo ambiente, baste pôr mais dinheiro na mesa para que tudo se resolva.

Não bastará. Será preciso despaulofreirizar o Brasil. Será preciso derrotar um ensino que não inclui em suas prioridades proporcionar aos estudantes qualificação adequada ao mercado de trabalho. Falar isso em sala de aula de muitos cursos universitários no Brasil exige a cautela de proclamá-lo perto da porta e longe da janela. Perto da porta para sair correndo e longe da janela para que não o joguem por ela aqueles que priorizam a inserção dos estudantes no seu ativismo. Procurem no YouTube por “José Dirceu e escola sem partido” e o assistirão dizendo a militantes: “A pior ameaça que vamos viver é a Escola sem Partido”.

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* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 


Luiz R. Vilela -   13/12/2019 10:26:09

"Precisa reverter o processo discivilizador que a esquerda brasileira, perita em ruptura da ordem, considera necessário a sua ação". Parece-me que o senhor disse tudo. É justamente ai, que começam os nossos problemas. Quem não sabe ou não pode construir, só se iguala aos outros, se destruir, o famoso "nivelando por baixo". É que o esquerdismo busca sempre, na sua enganação do igualitarismo, onde apregoam que todos sejam iguais, mas não na riqueza, que não tem para todos, mas na miséria, onde é bem mais fácil distribuir igualdade. O lula, um ignorante pós graduado, batia no peito e se ufanava, ter sido o presidente que mais faculdades criou por este Brasil afora. É? Não teria ele criado na verdade algumas "fábricas" de desempregados? Afinal, tantos formados para que? Se o mercado de trabalho não absorve os excedentes? Ou seria por isso que a maioria dos concursos públicos exige nível superior? Onde um candidato a policial federal, tem que ter nível universitário, nem que seja bacharelado em Belas Artes? Não é um desperdício gastar muito dinheiro público para formar alguém que não exercera a profissão? E os cursos técnicos profissionalizantes, não seriam mais baratos e mais eficazes? Não se tornou "modismo" ter diploma universitário, só para decorar a parede da sala da casa do formado? Até a própria educação, deve também ser "educada", ou seja ter racionalidade, afinal, não podemos ser um pais de doutores subempregados, ou bacharéis em direito, dirigindo caminhões, como acontece por este Brasil afora. Como se diz, que os mangues a beira mar, são os criatórios da vida marinha, parece que as universidades, foram transformadas em criatórios da vida esquerdista, até porque querer enfiar todos os jovens em universidades, parece ser a maneira mais fácil de incutir-lhes o ideal sócio-comuna, tão necessário para o domínio das massas, pelos "salvadores da pátria", tipos estes que ultimamente quase nos arruinaram. Educar, não é só formar o doutor, mas também e principalmente, formar a mão de obra, o operário de calos nas mãos, este sim, indispensável ao progresso do pais.

Dalton Catunda Rocha -   12/12/2019 17:26:03

Em 1964, menos de 20% dos brasileiros de 7 a 14 anos estudavam em escolas. A educação, mesmo básica, só existia para uma minoria de brasileiros. As ideias de Paulo Freire sempre foram largamente adotadas no Brasil; mesmo no Regime Militar. As ideias de Paulo Freire foram obrigatórias por lei, em todas as escolas de países "ALTAMENTE DESENVOLVIDOS" em educação, como por exemplo: Angola, Moçambique, Tanzânia, Burkina Fasso, etc. Como você acha que Paulo Freire viveu muitíssimo bem, na Europa e Chile de 1964 a 1979? Com o soprar do vento? Não. Os governos de Angola, Moçambique, Tanzânia, Somália, Burkina Fasso, Guiné, etc. o pagavam muito bem, pela assessoria de Paulo Freire, em assuntos educacionais. No Brasil de Sarney em diante, se tornou obrigatória para todas as escolas públicas, a imposição dos métodos de Paulo Freire para doutrinar os estudantes. Alguns resultados: 1- O Brasil é o país com maior número de crimes no mundo. 2- A taxa de crescimento do PIB brasileiro, que esteve em quase 7% ao ano de 1964 a 1985, declinou para menos de 2% ao ano de 1985 até 2018. 3- O PT foi eleito quatro vezes seguidas, para a presidência do Brasil. 4- Viva Paulo Freire! Assim sendo, também digamos: Viva a corrupção,a criminalidade, a incompetência, o esquerdismo, a patifaria, a falsidade, a esquerda, a imbecilidade e a ignorância ! Para quem quiser ler de graça, um livro criticando Paulo Freire, que veja este site: ( http://lelivros.love/book/baixar-livro-desconstruindo-paulo-freire-thomas-giulliano-em-pdf-mobi-ou-ler-online/ ). Tornar um país pobre, num país rico é raridade, mas a Coreia do Sul conseguiu tal feito, graças aos governos de dois generais de 1961 a 1988. Peço a você, que veja a palestra que começa aos seis minutos e vários segundos do site https://www.youtube.com/watch?v=axuxt2Dwe0A

Menelau Santos -   12/12/2019 16:21:12

Ótima reflexão Professor. O Paulo Freire é aquela estória do "a comida é ruim, mas o cozinheiro é excelente". Seguindo a lógica do nosso caro ministro Barroso (um dos melhores ainda!), se a polícia só pode entrar na universidade para estudar, se pegar fogo na escola, bombeiro só entra se for matriculado (a piada é antiga). Fora do contexto, leio agora nosso queridíssimo jornalista Reinado Azevedo, autor do livro O País dos Petralhas (será que é autobiográfico?), discordando do Ministro Moro que disse que o STF contribuiu para a avaliação ruim do governo no combate à corrupção. É lógico que a decisão do STF sobre a segunda instância não tem nada a ver com isso, RA está certo. O combate à corrupção no Brasil sofreu um sério golpe foi com o cancelamento do show do Roberto Carlos na Globo. Como diz o Zé Simão, quem fica parado é poste.

Odilon Rocha -   12/12/2019 12:53:40

Caro Professor Exposição brilhante, como de costume. Puxa,...ainda bem que o Dirceu ajudou, reforçando e , principalmente, dando a pista. Incrível!