• Percival Puggina
  • 14/03/2017
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DESARMAMENTO E MASSACRE DA POPULAÇÃO CIVIL

 

 O mundo do crime declarou guerra ao mundo do trabalho. Nós produzimos e eles tomam nosso ganho - o dinheiro do bolso, o automóvel, a carga do caminhão, o gado no pasto. Guerra na cidade e no campo. Guerra sem dia ou hora de armistício. Não se trava contra o Estado de Direito, que bandido não é doido. Em muitos casos, formam um estado dito paralelo, mas não andam por aí atirando contra quartéis, porque sabem que lá dentro há bala e, de lá, vem bala. Não, eles querem o trabalhador da parada de ônibus, descendo do carro, entrando em casa, saindo do banco. E, não raro, tomam-lhe a vida.

 É uma guerra desigual, assimétrica. Enquanto o mundo do crime tem armas, o pessoal do trabalho árduo não dispõe de meios de defesa. Na tese oficial, esse seria encargo prioritário do Estado, mas ele, há muito tempo, jogou no tablado a toalha e a própria vergonha diante de sua impotência. O mesmo Estado, que tornou impeditiva a posse e o porte de armas pelos cidadãos, apresenta-se à sociedade como um impotente, "mãos amarradas" pelas próprias leis, decisões judiciais, carência de recursos humanos e materiais. Vendo e ouvindo o Estado, dá vontade de parafrasear João Bosco e cantarolar: "Tá lá o Estado estendido no chão... Em vez de reza uma praga de alguém". Estatisticamente está comprovado: esse Estado não consegue defender o mundo do trabalho.

Em tais condições, quando um lado está armado e o outro indefeso, toda guerra vira massacre. É como ataque de força armada hostil contra população civil desarmada. Deu para perceber a semelhança com as ações do Estado Islâmico? Temos a mesma coisa aqui, de modo fragmentado, mas tão ou mais letal, com 60 mil homicídios anuais e um número várias vezes milionário de "expropriações" ou butins levados a cabo, todo ano, pelas forças vitoriosas do mundo do crime.

Se você reclamar, se cobrar o direito ao uso e porte de armas, imediatamente se insurgirão as falanges opiniáticas da esquerda, acusando-o de ser um sanguinário irresponsável, militante pró bancada da bala, uma espécie de Comando Vermelho com sinal trocado. O massacre das vítimas, a impossibilidade prática de promoverem a própria defesa, deveria ser objeto de escândalo como escandalizam as ações do ISIS. Mas aqui é o Brasil e estamos habituados aos necrológios da sociedade nas páginas policiais.

Como escrevi outro dia, ao direito natural da pessoa humana à própria vida corresponde o direito de defendê-la. A proibição do Estado retira-lhe a efetividade, mas por ser ele natural, ele está ali, inerente à condição humana. É direito recusado, mas persiste sendo da pessoa. Se a legislação me permitisse ter e portar armas, eu até poderia, livremente, renunciar a isso. Mas não digo o mesmo do dever de proteger a vida dos meus familiares! Eu, ao menos, não sinto que possa dele abrir mão. É um dever moral, que considero inerente à condição de homem de família, com mulher e filhos sob seu zelo.

Por isso, em nome disso, mais e mais persistente deve ser o clamor nacional por um novo estatuto sobre a matéria. Danem-se as carpideiras de bandidos, os adversários de toda repressão sobre as práticas criminosas e as atitudes suspeitas, os sócios do clube da maconha e otras cositas mas; danem-se os eternos fiscais da polícia, os censores das opiniões alheias, os esquerdinhas militantes de todas as causas erradas. Quem assina este artigo é pacífico mas não é pacifista, não está a soldo de nenhuma indústria de arma, não é homicida em potencial e está indignado, sim, com o que fizeram do Brasil.

N.A. - No próximo domingo, dia 19/03, às 15 horas, no Parcão, em Porto Alegre, ato pelo Direito de Defesa.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
 


Nelson Acacio da silva -   16/03/2017 16:42:33

desarmar a nação brasileira foi pouco , agora vamos soltar os marginais q tem boa conduta no presidio, meu DEUS quanta covardia com o trabalhador . mas a luta continua é o não é lula traira canalha covarde!

hermes souza rego -   16/03/2017 12:27:14

Sim. Os governos e a justiça estão todos contaminados. Se não tomarmos as rédeas por nós , não há ninguém que faça!

Kleber Verraes -   16/03/2017 05:03:11

A covardia destrói a dignidade do ser humano; e transforma cidadãos livres em vassalos. O direito do cidadão ter armas e munição em casa, é um dos principais pilares da doutrina de George Washington. Esta doutrina reconhece, que a liberdade dos cidadãos não é uma "Dádiva dos Céus". Um governante que respeita seus cidadãos não teme que estes tenham armas; inclusive os aconselha a terem armas! Um presidente de um país livre, não trata os cidadãos de bem como VASSALOS; nem muito menos como INIMIGOS... Um estadista que honra e respeita seu povo, age como George Washington! Donald Trump entende isto; e por isto foi eleito presidente. LULA, DILMA, FHC, TEMER (e toda a matilha de CLEPTO-MARXISTAS TUPINIQUINS) são o extremo oposto de George Washington... https://www.facebook.com/photo.php?fbid=572537676271289&set=a.168053806719680.1073741833.100005451852374&type=3&theater

Celso Silva -   15/03/2017 22:36:30

Percival, entendo que já esperamos muito tempo para nos armarmos e defendermos nossas próprias vidas e de nossos familiares. Como superar isso? Simplesmente nos armando e mandando para o esgoto essa proibição oficial, que nos entrega como cordeiros no abatedouro. Se assim agirmos, milhões de brasileiros portarão suas armas de autodefesa e lixe-se o governo. Aliás, um governo sórdido no Executivo, Legislativo e Executivo, cujos membros gozam do privilégio de veículos à prova de balas, seguranças numerosos e residências bem guardadas. Digo e o farei!!!

Paulo Onofre -   15/03/2017 14:49:35

Prezado Sr. Puggina. Enquanto leio seu excelente texto, escuto no rádio a notícia de que um menino de 20 anos, ao voltar da escola, foi morto com um tiro na cabeça, por um assaltante que queria seu celular. O menino não reagiu e, segundo um amigo com quem conversava, estava tirando o celular do bolso para entregar ao protegido dos direitos humanos. Isto ocorreu ontem à noite, na esquina da av. Pernambuco com Ernesto da Fontoura, local que frequentei por muitos anos, quando era empregado da ECT (SERCA). Quantos casos semelhantes ainda veremos em 2017? E nos próximos anos? Amanhã poderá ser um filho ou neto do sartori, do cezar schirmer ou do temer. Talvez, aí, resolvam modificar a legislação que trata criminosos como bebês inocentes. Por enquanto, pais e amigos choram impotentes.

Marcia Rodrigues -   15/03/2017 14:48:24

Parabéns pela coerência. O senhor está descrevendo a nossa realidade, somos - nós os trabalhadores - tão ovelhinhas.. vacas, talvez, "úteis da ponta do rabo ao chifre", que raramente lembramos que é sim uma guerra, que estamos sim desarmados mental e fisicamente para ela. E temos que nos preparar melhor para os desafios desse novo tempo. Temos obrigações como cidadãos de cada lugar de nos "insurgirmos contra esse mar de lama" e decidir o que somos! Ser ou não ser, eis a questão. E é só isso que somos, escravos ou vítimas?

Dalton Catunda Rocha -   15/03/2017 12:01:09

Em resumo. Luta de classes morta; luta de crimes posta. Neste site: https://www.youtube.com/watch?v=Ev-WJXPHeLw um brasileiro conta como é a polícia, lá nos Estados Unidos.

Luiz Coelho -   15/03/2017 01:16:04

Garota de 15 anos deixa políticos desarmamentistas sem palavras Menina de 15 anos usa argumentos mais inteligentes do que os burros, ou mal intencionados defensores do desarmamento. Ela baseia sua explanação em dados concretos e não argumentos hipócritas daqueles que querem o povo desarmado para melhor conduzir mansamente o rebanho dos bois. https://www.youtube.com/watch?v=rdb-cC1JH8Y

José Carlos e Souza -   15/03/2017 01:10:23

Prezado Puggina, muito bom seu comentário abordando o efeito danoso para toda a sociedade " da famigerada lei do desarmamento", que penaliza esta mesma sociedade que vive acuada e desprotegida, onde uma autoridade de segurança "orienta que um cidadão não deva reagir a um assalto sob pena de sofrer a supressão de sua vida ". Ora, se esse cidadão estiver armado e preparado para se defender, nossa realidade criminal seria bem outra. Há exemplos disso. saudações, do amigo Souza

Ismael de Oliveira Façanha -   14/03/2017 22:57:10

Faz já muito tempo que não vejo policiais federais agindo nas fronteiras contra o tráfico de armas e drogas. O que aparece nos noticiários, são agentes vestidos como ninja, armados até aos dentes, conduzindo velhos senhores acusados de corrupção. As fronteiras estão abertas para a entrada de armas de todos os calibres. O Estatuto do Desarmamento trata o cidadão ordeiro como um sujeito inconfiável, que se tiver uma arma de fogo, certamente irá fazer besteira! Afinal, como pode alguém que não é "autoridade" andar armado por aí? Ora ponha-se no seu lugar...