• Percival Puggina
  • 30/10/2022
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Depois da hora mais grave

 

Percival Puggina       

          São 20 horas e 11 minutos do dia 30 de outubro. Acabei de ouvir o deputado Arthur Lira manifestar-se oficialmente sobre o resultado da eleição mais manipulada que já presenciei e que entregou a Lula a presidência da República. Ele terminou seu pronunciamento com um “Viva a democracia!”.

Este é o meu modesto pronunciamento. Temo os anos por vir. Esta eleição não foi o ápice de uma disputa política. Muito mais estava em debate! Eram duas visões antagônicas de pessoa humana, de sociedade, de Estado. O processo era político-eleitoral, mas o que mobilizava aqueles que, por menos de 2% dos votos perderam a eleição, eram questões sociais, econômicas, filosóficas, espirituais, civilizacionais, que tínhamos e preservaremos como fundamentais para o Brasil que amamos e queremos para nossos filhos e netos.

O país marcou, hoje, um reencontro com o passado. Estamos voltando a 2003, quando Lula e seu partido assumiram o Brasil com a economia arrumada pelo Plano Real (a que se haviam oposto) e o perderam em 2016 numa mistura sinistra de inflação, depressão e corrupção. Por Deus, que não se reproduza a tragédia!

No entanto, ainda que tenha essa compreensão sobre o acontecimento de hoje, eu quero o bem do país. Considero impossível que ele venha pelas mãos de Lula e da esquerda. Mas jamais direi uma palavra contra meu país, jamais irei macular sua imagem, jamais farei o que nos últimos seis anos fizeram aqueles que hoje comemoram a retomada do poder. Para mim, quanto pior, pior para todos; quanto melhor, melhor para todos.

Infelizmente, em nosso sistema político, sobre cujos defeitos tanto tenho escrito, a democracia a que Arthur Lira ainda agora deu vivas acabou minutos antes. A democracia é o flash da eleição. É como um relâmpago com dia e tempo certos para acontecer. Está marcado no calendário constitucional. Depois, o que resta, o que resta a partir de agora, é o estado de direito e este, através do legislativo e do judiciário, tem se revelado surdo e cego ao povo, senhor da eleição. Ao longo dos últimos anos tivemos tantas evidências disso!

Essa deficiência sensorial foi um problema gravíssimo. Como desserviu à democracia um STF que colegiadamente se proclamou “contramajoritário” e criou a própria “democracia” no seu “estado de direito” sem votos! No entanto, tal deficiência veio acentuada por sucessivos ataques às liberdades essenciais de opinião e expressão, lesadas desde bem antes do processo eleitoral.

Estarei, portanto, na resistência por verdades, princípios, valores e liberdade. Torcendo pelo bem do Brasil e seu povo. Agradeço ao presidente Bolsonaro e sua equipe pelo muito que fizeram sob as piores condições que se possa imaginar, fortuitas e provocadas, mas sempre sinistras.

*    Atualizado em 31/10/2022, às 09h07min.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Gisele Rodrigues -   03/11/2022 16:53:53

Quem diria que o mais achincalhado dos presidentes, pela imprensa militante, seria o único a trabalhar dentro das quatro linhas da Constituição?

Mirza Maria -   01/11/2022 21:53:12

Perfeito seu comentário e com o agravante que vamos entregar um país pronto com PIB 2,7 ou 2,8 inflação 4,7 e desemprego 8,6 ou 8,7, por aí mais ou menos os números. Enfrentou uma mídia esquerdista sem piedade, a justiça amordaçada e sem venda, mas parcial. E agora José a festa acabou com uma canetada . Que Deus nos acolha.

Ricardo Bins di Napoli -   01/11/2022 14:55:42

Sr Puggina. Foi um reencontro com o passado. Um passado muito longínquo penso. Poderíamos retroceder ao imaginário sócio-cultural. Por um lado aquele produzido pela esquerda (bandidolotra, e com ramificações no castrismo, bolivarianismo, sandinismo, etc) desde 1922 e outro (por monarquistas, liberais e conservadores, pro-militares, patriotas de todos os matizes etc). Não posso me estender especificando os setores diversos da sociedade que apoiaram um e outro. Infelizmente, só alguns interessados de fato no país, como sabemos. Concordo com quase tudo que o Sr disse. Acrescentaria que a esquerda, por não ter líderes e, ainda chorando por Lulaladrao e todos seus companheiros de fraude, ”descondenou” o molusco, produzindo a farsa desmascarada por meio de seus apoiadores; todos que no passado recente o haviam condenado em palavras públicas, podendo ser revistas na internet com facilidade. Só com alguma manipulação puderam ganhar. O pior que, por meio da mídia, desejam que o povo brasileiro “absolva” o condenado, pois o B é, na visão deles uma ameaça fascista.

Pedro Ricardo Hoff -   01/11/2022 14:52:49

Prezado Puggina, Belo texto, é o sentimento de todos que querem um país melhor. Vou tentar agir da mesma forma apesar de que com um governo de esquerda seja difícil. O amigo permite que reproduza seu texto em meu Facebook?

Jorge Esteves -   01/11/2022 08:46:03

Percival, é a 1ª vez que te escrevo, apesar de te acompanhar pelo blog do Polibio. Fiquei pasmo com as colocações. Ingênuas. O Lula já cansou de dizer que se ele voltasse a vingança ocorreria. Esperem só. Vai começar pela PF. Depois as redes sociais. Depois o Exercito e as PMs aparelhadas Depois o MST liberado. Depois as Estatais. Depois o recolhimento de armas. E por aí vai. Acho melhor que essas pessoas que fizeram esses comentários, acautelem-se , pois eu já comecei. Por enquanto não tenho indícios de sequestro de poupanças. Mas, fiquem espertos.

MARIA THOMPSON ALVAREZ DE CARVALHO -   31/10/2022 13:04:31

Perfeito , professor! Trágico desfecho! O triunfo da força do mal. O triunfo dos que não tem nada a oferecer ao povo a não ser abismo e escuridão, um projeto medonho de poder e vingança. P Um gigante dominado por visões retrógradas de um partido míope, sem horizontes! Um gigante amordaçado, atordoado com o baixíssimo golpe perpetrado ontem, bem embaixo de nossos narizes. Pobre país!

Décio Antônio Damin -   31/10/2022 11:25:11

Não aceitar o resultado desfavorável não é atitude democrática...! Escolher o "menos ruim" é tarefa inexigível ao cidadão consciente e esclarecido. Os dois tem telhados de vidro! Espero que Ele ilumine os caminhos do eleito, para o bem de nosso querido, sofrido s vilipendiado Brasil..!

José -   31/10/2022 11:17:21

As eleições ressuscitaram dois mecanismos antigos nas democracias pobres. Um deles foi a censura, contra a constituição, à meios de comunicação para dourar a pilula do candidato de esquerda, método que os esquerdistas muito criticam nos governos militares mas que agora se utilizaram muito bem, contra a constituição. O outro foi o voto de cabresto, com a liberação de transporte pago e contratado por prefeituras e governos de estado, especialmente no nordeste, lotando onibus e vans com eleitores a mando dos novos coronéis do sertão, que tanto criticaram no a medida no passado mas hoje a usaram fartamente. As duas medidas, uma antes e a outra durante as eleições, foram patrocinadas justamente pelo tribunal que deveria zelar pelas eleições tanto em termos legais quanto em termos de imparcialidade. Em que medida estes dois mecanismos contribuiram para a eleição do candidato de esquerda ? E quanto estas medidas atentaram contra a democracia ?

Auro Ferreira Koch -   31/10/2022 10:58:53

Que a verdade apareça também nesta eleição Deus no comando

Armando Micelli -   31/10/2022 10:52:13

A apuração faz parte da eleição. A apuração está sendo verificada. A eleição ainda não terminou.

artus james lampert dressler -   31/10/2022 09:59:29

PREZADO PUGGINA Não nego; ESTOU DE LUTO, AOS 86 ANOS. A noite foi indormida; passei "velando" o cadáver da nossa democracia que nos foi exposto encaixotado e embalado nos resultados das infalíveis urnas eletrônicas, de seus algoritmos e da atuação eficaz do ESTABLISHMENT. Realmente uma orquestração afinada que soube "tocar" a sinistra marcha do "ADEUS BRASIL" que, a passos largos, saia do buraco em que havia sido enfiado pelos que retornam. DEUS , TENHA PENA DO BRASIL; OREMOS!

Eduardo -   31/10/2022 09:38:36

Prezado Professor, Acredito que sempre é interessante termos Serenidade em qualquer momento da Vida. Quer seja quando da conquista; o que resulta em Humildade, quer quando do fracasso; o que resulta em Lucidez. O seu artigo de hoje me foi oportuno para relembrar isso. Muito obrigado. Vida que segue.

Flavio Mansur -   31/10/2022 09:34:50

Excelente texto. Façamos votos de que daqui a 4 anos o povo tenha acordado. Isso se não suprimirem as eleições.

Carlos Eduardo Medeiros -   31/10/2022 09:27:11

Caro Puggina, nestes momentos é muito importante e bom ler os inteligentes e serenos. Aqueles que temos princípios, continuaremos trabalhando pelo bem da família e do Brasil e estaremos vigilantes.

Gilberto Viana -   31/10/2022 09:25:10

Sr. Puggina, perdemos esta batalha, mas a luta continua. Não vamos esmorecer nosos ânimos em nossos corações. Todos os povos que aceitaram a derrota, foram vencidos. Nossos ideais permanecem. Que Deus esteja conosco.

Leandro Ferreira -   31/10/2022 09:13:08

Parabéns pelo texto, resumiste bem a situação, mas o fato de termos perdido uma batalha não significa que perdemos a guerra. Como legado do governo Bolsonaro temos a consolidação de um pensamento conservador e antiglobalista em nosso país, o qual enfrentou com sucesso a ditadura do pensamento único pró esquerda que prevalecia após o regime militar. Não somos mais uma nação de imbecis amestrados, temos agora um Congresso conservador como contraponto ao poder executivo. Como primeiro passo a partir de agora, aproveitar a maioria conservadora obtida no Senado para encaminhar a cassação do mandato de Alexandre Morais

Enio Sandler -   31/10/2022 08:57:24

Parabéns pelo trabalho incansável de mostrar o caminho certo nestes últimos 4 anos. Que não falte pilha nesta lanterna para vencermos a escuridão. Com admiração e carinho.

Marcelo Alaggio -   31/10/2022 08:53:03

Prezado Sr Puggina! É sempre motivo de alento a leitura de suas crônicas. Quero acreditar que ainda há esperança e seguirei lutando por ela. Agradeço-lhe por compartilhar conosco suas ideias e pensamentos. Cordialmente.

Regina Guimarães -   31/10/2022 07:57:34

Estava aqui, a muito custo, em uma luta para reequilibrar a dignidade afrontada e aí recebo a notificação de seu artigo. Antes mesmo de ler, a sensação foi de alento, a de "não estou sozinha". Aqui em casa, somos muito gratas ao nosso querido presidente e feliz também com o amadurecimento do nosso povo.

Dagoberto Lima Godoy -   31/10/2022 07:52:35

Lutador pela verdadeira democracia. Sereno e leal na derrota nas urnas, numa eleição manipulada. Continue firme, grande Percival Puggina!

Menelau Santos -   30/10/2022 22:21:18

O final do seu maravilhoso texto é muito importante, Professor, para cada um de nós. Agradecer o Presidente Bolsonaro que até facada levou pelo seu povo. Tudo é sinistro nessa história recente do Brasil. Deus sabe de tudo, o que aconteceu e o que acontecerá. Peçamos a sua piedade. Nesse momento acredito que Ele é o único que pode nos amparar.

Julia Dalcin -   30/10/2022 22:13:07

Obrigada pelas pavras Sr. Puggina Deus tenha piedade de nós.

Idico Luiz Pellegrinotti -   30/10/2022 22:08:45

Caro Percival, parabéns pelo texto que esclarece o que nos espera. Contudo, ficou claro o que queria o mecanismo: Se livrar de um presidente honesto e com responsabilidade com o Brasil. Pois, a maioria dos governadores e legisladores apoiados pelo Presidente Bolsonaro se elegeu com larga margem de votos. Tramaram e conseguiram, como, ainda há de se saber. Aguardemos. Obrigado pela resistência. Abraços.