• Percival Puggina
  • 19/12/2016
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DEPOIS CONTE PRÁ GENTE, DEPUTADO.

 

 Nenhum país suporta ser esfolado de tantas formas, por meios que vão da mais fingida generosidade à mais sofisticada engenharia criminosa. Entre esses dois extremos cabem muitos outros drenos de recursos: expropriação corporativa; esbanjamento nouveau riche; encargos da solidariedade ideológica nacional e internacional; descalabro administrativo; keynesianismo de prodigalidade; loucuras dos Programas de Aceleração do Crescimento, Brasil Maior, empresas campeãs nacionais; delírios do pré-sal, Jogos Olímpicos, Copa, e por aí vai.

A partir de 2005, começou a ficar evidente a extensão da crise que sobreviria como consequência de uma política que surtava ante a ideia da responsabilidade fiscal. O desastre se tornou inevitável pela teimosa repetição dos erros pois bastam alguns anos com a despesa crescendo acima da receita para que esse desajuste comece a derrubar o Produto Interno Bruto. E quando isso acontece, a despesa pública sacode os ombros e vai em frente como se não lhe dissessem respeito as dificuldades do caixa. Consequentemente, o déficit não para de aumentar e o PIB não para de diminuir. Tal realidade deveria suscitar preocupações nas duas extremidades da relação público-privado. Mas isso não acontece fora de alguns círculos técnicos.

No primeiro lado dessa relação estão todos aqueles cujo ganha-pão vem das folhas de pagamento rodadas no setor público e dos negócios que com ele são mantidos. Nesse numeroso grupo é quase consensual a necessidade de reduzir o gasto e equilibrar as contas, contanto que tais providências se apliquem bem longe de onde cada um opera. No segundo lado dessa relação estão todos os demais cidadãos, aqueles cujo trabalho no setor privado gera a riqueza da qual saem os tributos que irão pagar as despesas dos entes estatais. No Brasil, esse grupo de cidadãos, imensa maioria da população nacional, está culturalmente submisso à ideia de um setor público mais bem protegido e aquinhoado nas relações de trabalho. Entre as consequências de tais distorções se inclui o fato de que poucos jovens brasileiros estudam com tanto afinco quanto aqueles que decidem se preparar para um concurso público. Que eu saiba ninguém se dedicou, ainda, a calcular o custo financeiro dessa negligência, tão comum entre nossos jovens, com a própria formação para a vida na esfera das atividades privadas.

Resultado da cultura estatista: o gasto excessivo gera mais reclamações pela má qualidade dos serviços, do que pelo tamanho e peso tributário que o Estado assume e expande sem cessar.

                                                                                                            ***

O parlamentar petista ocupava a tribuna da Câmara dos Deputados. Da alienação por onde divagava (Freud explica), era fácil depreender que recém retornara de um voo em 1ª classe à constelação de Andrômeda. Na viagem, por essas coisas do tempo e do espaço (Einstein explica), sumiram os catastróficos governos petistas. E ele lançava maldições à PEC do teto, que denunciava como produto de mentes perversas, ignorantes de rudimentos da ciência econômica: "Com o que vocês estão fazendo vai faltar dinheiro para tudo! Já deveriam saber que em tempo de recessão cabe ao governo gastar para ativar a economia. Certo?".

Errado, deputado. Como o senhor está chegando de viagem intergaláctica, esquece que a recessão foi causada pelo aumento desmesurado do gasto e do déficit primário. Não é que vá faltar dinheiro para tudo no futuro. O dinheiro já acabou, deputado. Mas eu tenho uma excelente utilidade para sua sugestão: aplique-a em casa. Em vez de conter despesas, resolva os problemas financeiros da família obrigando mulher e filhos a aumentarem seus gastos. Depois conte prá gente, deputado.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Áureo Ramos de Souza -   25/12/2016 15:03:12

Atrasado mais cheguei. NÃO PERDOAI SENHOR POIS ELES SABIAM O QUE ESTAVAM FAZENDO.

Mauricio Moraes de Azevedo -   24/12/2016 18:15:13

Puggina, Escrevo para incentiva-lo. Parabéns pelo artigo. Também sinto vontade de por seguntos, interromper os discursos dos nossos "reprsentantes",como disse um dos seus leitores Mauricio

Gustavo Pereira dos Santos -   21/12/2016 18:21:25

Boa tarde, Dr. Percival. Tô com a leitura atrasada. Acabei de ler o artigo de 12.12.2016 sobre coxinhas e petralhas. É provável que o deputado esteja sob o manto protetor do Teori, o meritíssimo que declarou estar com o serviço EM DIA ao sair pro recesso e as férias. Tive que rir, o Teori precisou de nove anos para tornar réu o Renan, enquanto o togado petista pediu vistas no processo da sucessão presidencial. Do jeito que o bumbo toca no STF, os corruptos das dezenas de delações premiadas da Odebrecht serão réus em 2036, quando todos os crimes estarão prescritos. O tal deputado deste artigo comemorará milhões e milhões do dinheiro público atirados numa lata de lixo.

Leonardo Melanino -   21/12/2016 18:10:41

Esperamos que a Operação Lava-Jato dure minimamente uma década, pois é necessário que as quadrilhas sejam desbaratadas o mais depressa possível. Dois mil e catorze foi o ano em que ela iniciou. Trinta e um de agosto de 2016 foi o dia em que houve o impedimento de Dilma Rousseff. Seu 13 de setembro foi o dia da cassação de Eduardo Cunha. "SÉRGIO MORO" é o nome deste Ilustríssimo Senhor Juiz de Direito empenhado nesta operação. "RODRIGO JANOT" também é o nome deste Ilustríssimo Senhor Procurador-Geral da República empenhado nela. Também esperamos que as corrupções de todos os tipos sejam rigorosamente combatidas com legislações civil-penais implacáveis, obrigando os desviadores de verbas a devolverem tudo que foi desviado dos Erários, até mesmo confiscando seus bens adquiridos ilicitamente.

sanseverina - off topic -   21/12/2016 13:02:54

Li com atraso o seu artigo “Sociedade igualitária-que diabos é isso”? de 11/12 p.p. Inspiradíssimo, Puggina! Com a sabedoria popular, também, podemos afirmar que ‘os dedos da mão não são iguais’. Por que, portanto, tanta insistência em nivelar, e sempre por baixo, os indivíduos, chegando ao cúmulo, como ressalta o artigo, de aplainar as diferenças impostas pela natureza? Se a coisa continuar caminhando assim sob a batuta ditatorial do Politicamente Correto, essa gente metida a dona do Mundo vai chegar ao extremo – não me pergunte com que tecnologia ou perversidade – de querer igualar a cor, a compleição e o tamanho das pessoas... Será que a meta é montar um exército de soldadinhos-robôs, obedientes a botões de comando? E lembrando o seu conterrâneo: NÃO PASSARÃO, nem passarinho!!!

Carlos Edison Fernandes Domingues -   21/12/2016 11:18:31

PUGGINA "todos os demais cidadãos " somos espectadores de uma tragédia prevista, ao longo dos últimos 6 anos. Alguns economistas competentes e responsáveis alertaram e denunciaram o risco do desastre . Desde a contabilidade "criativa" até o rombo na Petrobrás deu cobertura a este desastre que estamos envolvidos. Quando o governo anterior ao de Sartori, cujo nome não deve ser escrito para evitar a pornografia, proliferou nas despesas sem previsão de arrecadação, o que estavam fazendo os Deputados Estaduais, especialmente os da oposição ? Carlos Edison Domingues

Luiz Alberto C.Cesa -   20/12/2016 22:51:27

Ontem, 19/12, na sessão de votação do pacote do Sartori, um deputado do PT (só podia ser), afirmou que no governo anterior, o estado cresceu 70%. Com toda a tecnologia atual, deveria ter uma maneira da gente interromper o discurso e solicitar imediatamente, mais dados. Só se cresceu no "afundamento" do estado. Tenha a santa paciência, e tem gente que ainda acredita.

Gilmar de Macedo -   20/12/2016 09:53:18

A maldição de ser brasileiro é sempre desconfiar do palpável e confiar no invisível. Tivemos bons exemplos a seguir ( EUA, Coréia do SUL, Nova Zelândia, Chile, Inglaterra) e preferimos dar ouvidos a escumalha sugerida pelo pt quadrilheiro, ilusório, incomPeTente e seguir os péssimos exemplos de Cuba, Venezuela, Bolívia, Grécia, Argentina e demais republiquetas socialistas. Um dia teríamos que acordar desse pesadelo afim de nunca mais ter um pedro picadas, uma maria do ossário, uma mechilhona um mula ou uma rolha de poço a nos envergonhar nos parlamentos ou em qualquer esfera pública. Não basta prender a quadrilha, tem que expropriar o fruto do roubo, desfazer tudo que essa raça construiu, fazer o inverso e expurgar da vida dos brasileiros os ideais socialistas demitindo seus pregadores e os responsabilizando pelos seus crimes, a começar pelo ensino fundamental, passando por uma reforma ampla no setor público tornando o estado o menor possível.

Genaro Faria -   19/12/2016 22:40:15

Que ninguém me ponha na conta de um ingênuo, de um complacente ilimitado ou de incorrigível teórico da cons piração. Mas eu não posso concordar que os petistas - e seus congêneres comunistas - quiseram o melhor para o Brasil. Não consigo acreditar que eles causaram esse nó górdio na economia "por erro de ciência". Afinal, todos, sem nenhuma exceção, que trilharam o caminho prescrito pela cartilha socialista deram com os burros n'água, mas somente na visão dos que desejam o progresso, a prosperidade, o equilíbrio social, enfim, "tirar o pé da lama" e ascender ao rol dos países desenvolvidos. Não é isso, porém, o desejo dos comunistas. Ora, que país faria uma revolução com a barriga cheia, o pleno emprego, maiores e melhores oportunidades para todos subirem à classe média e as classes mais abastadas menos abastardadas pelos vícios e mais conscientes de sua participação social? NENHUM. Mas a revolução não é o que os petistas - e seus congêneres comunistas, repito - desejam ardentemente? Logo...

Odilon Rocha -   19/12/2016 13:02:45

Caro Professor! Essa foi na 'lata'. O deputado sabe disso. Mas militante sem ser do contra não é militante. O senhor sabe, eu sei, muitos sabem que o que aí está foi plantado e muito bem regado. Cartilha infalível, falível. Só não contavam que no meio da colheita do mal apareceria um tratorista Juiz!