• Percival Puggina
  • 15/07/2016
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DADO NOVO PARA A PERÍCIA TÉCNICA DO SINISTRO PETISTA

 

 Quem poderia imaginar uma eleição para a presidência da Câmara dos Deputados em que PT e PSDB não apresentassem candidato e o PMDB colocasse o seu no freezer? Pois foi isso que aconteceu quarta-feira sob as vistas de todos. Os grandes partidos e as grandes bancadas fizeram olhar de paisagem impressionista, levemente turbada. Preferiram agir nos bastidores, com parelheiros previamente selecionados para cumprir o mandato tampão.

 Alguém poderá dizer que esses partidos não se inscreveram na disputa porque uma vitória por seis meses não suscitou interesse. É uma explicação, mas não considero suficiente. Pouco tempo atrás, bastava alguém jogar no ar a pergunta "Quem quer ser...?" e as mãos petistas, tucanas e peemedebistas se ergueriam antes do fim da frase. Fosse para o que fosse.

 Para mim, a leitura mais convincente desse curioso episódio tem muito a ver com o esgotamento das principais legendas e reflete mudança em curso no fragmentado caleidoscópio das siglas em nosso país. Ou, numa analogia talvez melhor: bem antes da eleição de 2018, a escassez de frutas boas nas árvores mais visíveis do pomar vai mostrando que a safra, ou virá de fora, ou virá lá do meio do arvoredo. No que se vê por fora, quase tudo é fruto mermado ou bichado, que não vai encontrar comprador naquela feira eleitoral. É provável que esse fenômeno já se faça sentir no pleito municipal de outubro vindouro, apesar das idiossincrasias desse tipo de eleição, movida fortemente por afeições e desafeições locais.

Será mesmo, isso que sentimos, um sinal de mudança na direção dos ventos? O que, exatamente, está mudando? Creio que ainda é prematuro dizer. Em meio a tantos malefícios, percebe-se porém que há coisas boas acontecendo. Foi bom para o jogo político, por exemplo, que as fichas do PT tenham sido postas em Marcelo Castro, um peemedebista mais fajuto do que sua legenda. Foi melhor ainda que, somados seus 70 votos aos 22 de Luiza Erundina (PSOL) e aos 16 de Orlando Silva (PCdoB), esse funesto pacote totalize apenas 108 parlamentares no conjunto de 494 votantes. O nome disso é insignificância, principalmente se lembrarmos que incluindo um ano de Aldo Rebelo (PCdoB), o petismo presidiu a Câmara dos Deputados em oito dos últimos 14 anos. E note-se que nos biênios de 2009 a 2011 (Michel Temer) e 2013 a 2014 (Henrique Eduardo Alves) o PMDB presidiu a Casa com apoio e em acordo de rodízio com o PT.

Sim, o PT amargou no último dia 13 - pura coincidência! - mais do que uma derrota previsível. Colheu mais conteúdos para a perícia técnica de seu sinistro. Que ela sirva à reflexão de todos os partidos e, especialmente, de Sua Excelência, o eleitor.

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.


 


Paulo Onofre -   26/07/2016 19:32:48

Por favor, só não culpem o povão pela escolha desses bandidos como representantes. Quem escolhe a dedo tais meliantes são os diretórios dos partidos políticos. Os principais requisitos para compor a lista de "candidatos" são: densidade eleitoral, capacidade de levantar fundos para a campanha e infinita capacidade de ser mau-caráter. O povão, idiotizado, vota em nomes que as lideranças martelam diuturnamente (e noturnamente, apud dilma), e que recebem a maior visibilidade durante as campanhas eleitorais. Os poucos candidatos honestos têm pouquíssimas chances de se eleger, pois são escanteados nas campanhas eleitorais. Caso alguém discorde, por favor me explique como o energúmeno sérgio morais, que afirmou "se lixar" para os eleitores, foi reeleito menos de um ano depois de fazer tal afirmação!

Genaro Faria -   19/07/2016 06:35:23

Karl Marx pregou a luta de classes que levaria à ditadura do operariado. Antònio Gramsci, seu discípulo, ensinou que seu mestre equivocou-se. A ditadura socialista só triunfaria pelo aparelhamento do Estado. Mais tarde, Herbert Marcuse veio propor um método revolucionário com o protagonismo dos que Marx desprezava e Gramsci não cogitava. Para Marcuse, não seriam os operários de Karl Marx nem os burocratas de Antònio Gramsci a elite revolucionária. Seriam os excluídos da sociedade. Não os pobres, mas a escória - criminosos, vagabundos, cafajestes, drogados, libertinos. Loucura? Não. Perversidade. A classe operária comunista nunca chegou ao poder para estabelecer uma suposta justiça social e os burocratas marxistas jamais se infiltraram no poder senão para se tornarem milionários delinquentes. Mas a escória, os excluídos da sociedade estão fazendo a revolução nesta escalada incontrolável da dissolução de nossos valores; da violência que evoluiu para o terrorismo; do descrédito em nossas instituições políticas; do abandono da religião que implica a perda da dignidade humana pela consciência de sua filiação divina; pela fragmentação da família. Quem postulou corretamente a desconstrução da sociedade - objetivo de toda revolução - não foi Marx nem Gramsci. Foi Marcuse, o filósofo marxista alemão que percebeu que o grande inimigo da sociedade não era o operariado e muito menos os burocratas, intelectuais e artistas. Era a escória social. Os que se excluem de qualquer responsabilidade, até consigo mesmos. O que faz com que eles sejam incrivelmente sedutores.

andrea hilbk -   18/07/2016 17:56:51

Boa Tarde, Puggina ! Espero que estejas certo, mas não tenho a mesma visão. A eleição do Maia foi muito bem planejada, começando com a articulação do PCdoB, via Orlando Silva, ex-ministro dos Esportes do governo Lula, que marcou conversa com o Maia e para a mesma foi convidado o líder do PSDB e do DEM. Este candidato considerado da antiga oposição poderia normalizar o funcionamento da Câmara, mas em troca do apoio da esquerda, pediram respeito às minorias, o centrão não entraria na disputa, mas nada poderia ser vazado, para não passar a idéia da esquerda capitulando. O Rodrigo não criticaria mais a esquerda, JÁ VOTARA A FAVOR do ajuste fiscal da Dilma, e no final ficou combinado também com o Vicentinho do PT, tudo num conluio para voltar a normalidade à casa e retirá-la da linha de tiro da opinião pública, que no primeiro turno cada força lançasse um candidato para disfarçar, tendo o resultado final já acertado. O Maia é íntimo do Aldo Rebelo, conversam frequentemente, mas o que achei mais grave foi que após a sua eleição, indicou o novo secretário - geral da Mesa Diretora, da Câmara, Lourimar Rabelo, QUE FOI UMA IMPOSIÇÃO dos comunistas para apoiarem o Maia. O elemento é chegadérrimo no Renan e homem de confiança da tropa de choque da Dilma. Resumindo: tudo um conluio, assim como a entrada do Temer, que de imediato saíram atacando os conservadores, Bolsonaro e Escola Sem Partido. Para mim, continuamos na mesma, com a maioria enganada do que se está sucedendo. Atenciosamente, Andrea

Júlio César Gomes da Silva -   18/07/2016 11:55:13

Tomara que o eleitor tenha apreendido, não o fez pelo estudo, pela observação, por julgar o conteúdo que lhe apresentavam, agora amarga toda esta situação quase catastrófica na economia que administra nossas vidas no dia a dia. Como sistema político é um erro da Sociedade Civil deixar que existam partidos políticos que não são Constitucionais, como os que pregam contra o sistema democrático "escondendo sua cara real sob o socialismo, comunismo, solidariedade" como estas siglas Petistas-Comunas que infestam o Brasil. Tomara que tenhamos apreendido, a duras penas numa didática que não precisava existir, mas felizmente a tempo de modificarmos o nosso futuro e o de nossos filhos e netos para melhor. Na reforma política necessária, seguramente esta é uma das mais importantes, além de acabarmos com essa colcha de retalho "idiota e sem qualquer necessidade" de trinta e tantos partidos políticos.

José Lima -   16/07/2016 15:43:02

O projeto mal planejado e principalmente mal executado Tudo vai pro lixo, é isto que a política brasileira tá na UTI,vamos salvar o país,bela matéria meu amigo um grande abraço.

maria-maria -   16/07/2016 03:02:53

Considero surpreendente o número de elementos lutando pela vaga; isso se explica pelas imorais benesses inerentes ao cargo e à possibilidade de exercer, provisoriamente, a presidemência da republiqueta. mas não só. O vitorioso, que se emocionou ao agradecer os votos das facções do atraso, já mostrou a que veio. O 1º ato do energúmeno, descaradamente, foi matar a CPI do Carf, talvez o único acerto do bobo da corte, el bigodón. O corajoso varão demonstra ser rápido no pagamento da 1a. parcela da dívida; ainda teremos muitas oportunidades de avaliar o caráter que move o novo , mas velho nas práticas do que é dando que se recebe. A camar(ilh)a mantém-se como o poder desmoralizado que sempre foi.

Genaro Faria -   15/07/2016 21:20:34

Resultado nada surpreendente, estimado Puggina, como bem o sabemos. E olhe que a eleição transcorreu numa plenário que é um fruto podre do mensalão e petrolão. Nos grandes centros urbanos, essas legendas estão estigmatizadas. E tal rejeição deverá ter um peso considerável no resultado eleitoral. Mas como a decisão é do povão, como diziam as velhas raposas políticas: mineração e eleição só depois da apuração. Aguardemos, pois.