• Percival Puggina
  • 29/06/2018
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CUBA SOB NOVA DIREÇÃO?

 

 Certamente não passava pela cabeça de Angel Castro, ao mudar-se para Cuba, a idéia de que seus dois rebentos transformariam a ilha toda numa espécie de empresa familiar na qual ambos viriam a mandar e onze milhões de cubanos obedeceriam.

 Há muito salta aos olhos de qualquer observador intelectualmente honesto que a situação de Cuba enveredou por desastrosa picada sem fim previsível. Mesmo assim, o meio acadêmico brasileiro e expressiva parcela da intelectualidade nacional não poupam louvores a Fidel, ao ideário que ele encarnou e desossou, e aos ícones do fatigante “socialismo o muerte!”, que os cubanos retificam para “socialismo y muerte”. De seu caráter sanguinário dão prova as vítimas do paredón e as sepultadas vivas nas masmorras do regime.

 Os malabarismos retóricos a que recorrem seus seguidores brasileiros, treinados para dar nó em pingo d’água quando se trata de defender o comunismo, já começam a exigir platéia com atestado de morte cerebral. Os vários debates de que participei ao longo dos últimos 30 anos forneceram eloquentes exemplos disso.

“Cuba é uma referência de autonomia”, insistem. Cuba? Autonomia? Desrespeitam a autonomia própria e a dos outros! Sob Fidel, esse país viveu trinta anos na mais servil submissão à URSS. Foram três décadas de tenebrosas concessões. Ao longo delas, os jovens cubanos eram alugados como bucha de canhão para as intervenções comunistas na autonomia de Angola, Moçambique, Congo, Nigéria, Bolívia, Nicarágua, El Salvador e onde quer que a URSS precisasse de alguém para o serviço sujo das guerrilhas. “Cuba é uma democracia, sim, mas diferente da nossa”, proclamam, referindo-se a um regime sem liberdade de imprensa e de opinião, que há 60 anos só tem um partido, onde o líder máximo, quando enfermo, transferiu o poder para o maninho, onde criticar o governo faz mal à saúde, e onde ainda hoje, a placa - “Sob nova direção” - oculta o fato de que, por trás dos bastidores e das câmaras ainda é Raúl quem apita o jogo.

O próprio Díaz-Canel encarregou-se de deixar bem claro, ao assumir, que Raúl lideraria "as decisões de maior transcendência para o presente e o futuro do país". No início de junho, o novo presidente anunciou que seu antecessor comandaria, também, uma reforma constitucional que – surpresa! – não implicaria mudanças no modelo político e teria como pilares “a irrevogabilidade do sistema socialista, a união nacional e o papel do Partido (Comunista) como vanguarda organizada e força dirigente superior da sociedade e do Estado".

Quando alguém, desmontando as farsas dos argumentos, põe os pingos nos “is” da história e desenrola o filme dos fatos, eles, inevitavelmente, entre resmungos, começam a falar mal do Trump.


* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o Totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

 


Gustavo Pereira dos Santos -   01/07/2018 10:17:47

Aquela turma anda azarada. Bateu uma onda conservadora surfada pelo tio Trump. Imagino que a citada transcendência seja o impulso que o Capitão dará ao programa Mais Médicos em 2019.

Dalton Catunda Rocha. -   30/06/2018 18:36:27

Cuba não tem nenhuma significante atividade agrícola, econômica, científica, comercial, mineral, etc. Afora fazer grandes negociatas, como a DOAÇÃO de bilhões de dólares do BNDES, país algum precisa de Cuba, para nada. Após as grandes negociatas, o maior negócio de Cuba é a produção de açúcar, que perde em tamanho, para aquela do nosso Estado de Alagoas. Todo o PIB de Cuba não chega a um quarto do PIB da cidade de Santiago, no Chile. Dei-me um aliado de Cuba e eu lhe darei um país pobre e uma cleptocracia. Exemplos: Bolívia, Brasil, Irã, Venezuela, etc. Há quase 100 anos atrás, o escritor português Fernando Pessoa (1888 – 1935) escreveu: "O comunismo não é um sistema: é um dogmatismo sem sistema — o dogmatismo informe da brutalidade e da dissolução. Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós." > http://conservadores.com.br/o-anticomunismo-de-fernando-pessoa/ “Quais são as pessoas que curtem a esquerda e, em espécie, o comunismo?” Geralmente os fracassados, aqueles que nunca iriam conseguir chegar onde sonhavam sem a ajuda de uma corrente política que precisa de acólitos.” > https://subversivoxxi.blogspot.com.br/2017/07/os-crimes-de-stalin-trajetoria.html "Porém o suprassumo da cretinice é contestar a fidelidade de Lula ao comunismo mediante a alegação de que é um larápio, um corrupto. Qual grande líder comunista não o foi? Qual não viver como um nababo enquanto seu povo comia ratos? Qual partido comunista subiu ao poder sem propinas, sem desvio de dinheiro público, sem negócios escusos, sem roubo e chantagem?" > http://www.dcomercio.com.br/categoria/opiniao/el_mayor

SERGIO HENRIQUE KLEIN -   30/06/2018 18:30:30

Caro professor. Não consigo entender o que se define por intelectualidade brasileira. Há mais de 50 anos, pessoas que fizeram vestibular para sociologia, filosofia, jornalismo, ou qualquer curso de artes sempre foram os alunos com as piores notas do vestibular, a rabeira.... engenheiros, médicos, cientistas, em geral, estão entre os com melhor nota, e não são incluídos nesta intelectualidade. Porque? porque não comungam com a mentalidade atrofiada dos demais acima citados. Então, no meu entender, deveria-se definir isso direito, existem os intelectuais, e os pseudo-intelectuais, ou intelectualóides. Quando te referires à intelectualidade brasileira, estás ofendendo aos intelectuais de fato, dizendo que estes idolatram Fidel. A maioria destes literalmente ignora Fidel, por ser desprezível. No entanto, intelectualóides cultuam debilóides, por afinidades diversas.

Isac -   30/06/2018 12:32:56

DESPEITO, INVEJA E outros mais similares retrata o que passa nas mentes desses estúpidos vermelhos contra Trump e os EUA pois não contavam com a derrocada geral deles mundo afora em todas as nações e doravante as esquerdas cada vez mais desconsideradas, tidas como regimes distribuidores mundiais do IGUALITARISMO DA MISERIA - de menos para os imperialistas governantes dessas senzalas! Comportam-se como prostitutas desses regimes certos artistas defensores de Cuba, porém são uns burguesinhos residentes em condominios luxuosos, nunca foram, são ou serão comunistas, apenas os milicianos que dão suporte à mafia vermelha pois todos associados ao regime vivem às custas do povo, lacaio de regimes essencialmente truculentos, devassos e escravagistas! Os filhos dos ditadores e assessores do governo cubano, por ex., são estudantes em Miami, moram em lindas residencias e possuem todos os confortos da vida modernas, lindos carroes nas garagens, já vimos muitas fotos e nem se escondem, pois os comunistas esquerdinhas-caviar são muito vaidosos e exibidores de como são espertos e e entendem passam os outros para trás - regime essencialmente de vagabundos, exploradores e parasitas do povo! Esses que estão NUMA BOA VIDA, são-no graças a seus lacaios, como os médicos(?) cubanos no Brasil recebendo para si apenas 20% dos salarios e o resto para os ditadores cubanos, subsidiando seus resorts e as vagabundagens, isso é que o PT queria fazer do Brasil via Lulampião e seus cangaceiros, até que ele e Maria Bunita foram desempoleirados do poder! Qual desses comunistas daqui foi passear, passar ferias nesse "paraíso" socialista? Ou mesmo na Venezuela que resolveu provar o veneno do marxismo e deu de hoje disputar com o Haiti e Sudão! Quem vai lá é apenas para aprender e apreender todo tipo de táticas subversivas e de como chantagear, nada mais!

Odilon Rocha -   29/06/2018 23:40:46

Caro Professor ...Raúl lideraria "as decisões de maior transcendência para o presente e o futuro do país". O senhor consegue traduzir, ao menos dar uma pista, o que significa transcendência, depois de tudo o que aconteceu - e continua acontecendo - na ilha?