• Valor Online
  • 05/02/2009
  • Compartilhe:

Crise eleva barreiras contra produtos do Brasil

Com a crise global atingindo os diversos parceiros comerciais do Brasil, come? a pipocar medidas protecionistas contra as exporta?s. Segundo relatos do setor privado, os pa?s elevaram tarifas de importa?, modificaram cotas e aumentaram subs?os nos ?mos meses. Al?desses mecanismos tradicionais para fechar o mercado, tamb?surgiram novas exig?ias t?icas, que aumentam a burocracia. O Valor consultou 10 setores exportadores: soja, carne su?, leite, a?ar, t?il, cal?ista, eletroeletr?o, m?inas, a?e automotivo. Apenas dois - automotivo e a?ar - n?relataram o surgimento de novas barreiras ?xporta? depois de setembro de 2008, quando a quebra do Lehman Brothers marcou o in?o da crise. As barreiras ainda s?pontuais e com efeitos limitados, mas evidenciam o clima defensivo que tomou conta do com?io internacional. Nesse contexto, a gritaria do empresariado nacional ainda n??rande, pois alguns setores est?mais preocupados em defender o mercado interno. Na semana passada, o Brasil adotou licen? de importa?, mas desistiu. As medidas protecionistas que prejudicam as vendas de produtos brasileiros est?concentradas nos pa?s emergentes. Na agricultura, surgem reclama?s contra ?dia e R?a. Na ind?ia, as principais dificuldades est?na vizinhan? principalmente Argentina, Equador e Venezuela. Nos pa?s ricos, o temor do exportador brasileiro ? aumento dos subs?os. Terceiro maior comprador do ? de soja brasileiro, a ?dia aplicou tarifa de 20% para o produto em novembro. Segundo F?o Trigueirinho, secret?o-geral da Associa? Brasileira de ?eos Vegetais (Abiove), o problema ?ue foi mantida a isen? para ?s de palma, girassol e outros, o que prejudicou o Brasil. A entidade enviou uma carta ao embaixador do Brasil em Nova D? pedindo ajuda. Esse tipo de cobran?n??ovidade na ?dia, um mercado tradicionalmente fechado. Em 2007, a tarifa de importa? estava em 45% para ?s vegetais, mas, em abril do ano passado, o pa?retirou a taxa para se proteger da infla?. Com a crise e a queda dos pre? das commodities, a ?dia retomou parcialmente a tarifa - mas, dessa vez, s?ra o ? de soja. Outro gigante que prejudicou as exporta?s brasileiras foi a R?a. Em dezembro, os russos elevaram a tarifa extra-cota da carne su? de 40% para 65% e realocaram 50 mil toneladas da cota destinada a outros pa?s (utilizada pelo Brasil) para os Estados Unidos. Podemos ter perdido 100 mil toneladas em exporta?. A justificativa da R?a ? efeito da crise, disse Pedro de Camargo Neto, presidente da Associa? Brasileira da Ind?ia Produtora e Exporta? de Carne Su? (Abipecs). medida que a crise se aprofunda, os subs?os para a agricultura aumentam nos pa?s ricos, prejudicando as exporta?s brasileiras em terceiros mercados. A Uni?Europeia anunciou em janeiro que decidiu voltar a subsidiar ?exporta?s de l?eos, para compensar os produtores locais. Para o leite em p? UE vai dar subs?os de at?00 euros por tonelada. Nos manufaturados, a Argentina ? principal preocupa?, por conta da relev?ia do volume exportado e da longa lista de produtos prejudicados. Fernando Pimentel, diretor-executivo da Associa? Brasileira da Ind?ia T?il (Abit), disse que a Argentina ampliou, em dezembro, a lista de produtos sujeitos ?icen?n?autom?ca. Maria Tereza Bustamante, coordenadora de com?io exterior da Associa? Nacional dos Fabricantes Eletroeletr?os (Eletros), contou que as autoriza?s para importa? de geladeira, fog? lava-roupa e TV saem a conta-gotas desde outubro. Segundo a executiva, tamb?aumentou a burocracia e agora o importador argentino ?brigado a peregrinar por quatro reparti?s em dois minist?os. Maria Tereza conta que os rumores em Buenos Aires s?que o pa?pode reduzir as compras de eletroeletr?os brasileiros em at?0% este ano. D? impress?que os argentinos est?com o freio de m?bem puxado na importa?, disse. O setor de m?inas e equipamentos s?me? a ter problemas para vender para a Argentina depois do in?o da crise. Em novembro, o pa?come? a exigir certificado para importa? de produtos metal?cos, que, na pr?ca, significa licen?de importa?, que demora at?0 dias ?uma situa? esdr?a, disse M?o Mugnaini, diretor de com?io exterior da Associa? Brasileira da Ind?ia de M?inas e Equipamentos (Abimaq). Os argentinos deveriam ter exclu? o Mercosul e focado nos chineses. O setor de m?inas tamb?reclama que a libera? de divisas para a compra de m?inas da Venezuela est?ada vez mais devagar. No Equador, o problema para os brasileiros n??anto o pequeno volume embarcado, mas a amplitude das barreiras e o impacto psicol?o na regi? Para alguns empres?os, a situa? ?ais grave do que na Argentina. O Equador cancelou os benef?os previstos nos acordos de redu? tarif?a parcial, imp?axas espec?cas e cotas de importa?. ?uma tentativa dr?ica de colocar ordem nas suas contas externas, que foram seriamente abaladas pela queda do petr?. Segundo M?o Branco, gerente de com?io exterior da Associa? Brasileira da Ind?ia El?ica e Eletr?a (Abinee), o Equador elevou a tarifa de importa? do setor de 15% para 35% - o m?mo que o pa?consolidou na Organiza? Mundial de Com?io (OMC). O Brasil foi ainda mais prejudicado porque gozava de um benef?o que reduzia a tarifa para 5%. Ele calcula que a exporta? de pelo menos um milh?de celulares brasileiros para o pa?possa estar comprometida. O Equador tamb?aplicou direitos espec?cos bastante alto para t?eis e cal?os. Segundo Heitor Klein, diretor-executivo da Associa? Brasileira da Ind?ia Cal?ista (Abical?os), o Equador est?obrando US$ 10 de taxa por par, valor mais alto que os US$ 8,70 do pre?m?o do sapato brasileiro. No t?il, a barreira espec?ca equivale a taxa de 130%. No setor sider?co, Turquia, ?dia e R?a elevaram as tarifas para a importa? de a? Segundo Marco Polo de Mello Lopes, a situa? n?preocupa, porque as exporta?s para esses mercados s?marginais. Ele est?tento ao programa dos EUA, que prev? compra de a?americano nas obras do pacote de est?lo fiscal, mas n?criticou diretamente o objetivo da medida. As sider?cas brasileiras est?ais preocupadas em defender o mercado interno . Para Welber Barral, secret?o de Com?io Exterior, o protecionismo sempre cresce na crise, mas por enquanto as barreiras s?pontuais. Ele alertou que o principal problema n?? aumento de tarifas de importa?, mas os entraves burocr?cas e os subs?os concedidos pelos pa?s para combater a crise. Apesar da desastrada medida das licen? pr?as na semana passada, ele insistiu que a hora ?e prud?ia, inclusive para o Brasil. Tem pa?s?perando uma desculpa para adotar retalia? contra n?disse.