• Percival Puggina
  • 21/08/2022
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Contra os fatos: etiquetas e narrativas, nascidas umas para as outras.

Percival Puggina

 

          Como eu não nasci ontem, tenho a vantagem de não usar fraldas na memória. Falo do que vi. Quase sem exceção, o mesmo jornalismo que faz campanha contra o presidente da República atacava-o quando candidato ao pleito de 2018. Colavam-lhe etiquetas, diziam-no homofóbico, racista, misógino e perigosamente agressivo. A maioria do eleitorado não lhes deu crédito.

Eleito, Bolsonaro virou a Cartago dessa mídia. Tinha que ser derrotado! Destituído, preferivelmente. E a luta dos companheiros continuou implacável. Quantos foram afastados das redações por marcharem de passo errado com o batalhão? Era preciso haver unidade em relação aos objetivos comandados!

Desmentidas, as velhas e inúteis etiquetas foram rapidamente deixadas de lado para serem esquecidas pois eram testemunhas da derrota. Essa esquerda malsã, porém, não faz políticas sem etiquetas. Logo, Bolsonaro passou a ser acusado, inutilmente, de negacionista, genocida e fascista. Também por aí a tarefa não ia bem; a CPI foi um fiasco, o depois chegou e a gente viu. A eleição se avizinhava.

Resolveram, então, atacar Bolsonaro por se constituir num perigo à democracia e ao estado de direito. Não há matéria na imprensa mencionando o presidente da República e a eleição de outubro sem que esse risco e a necessidade de proteger a nação contra algo terrível, medonho, não se faça presente. Para que a derradeira etiqueta funcione, há que aplicar-lhe camadas e mais camadas de adesivo.

É isso que explica:

  1. o convite aos embaixadores para encontro com o ministro Fachin quando este presidiu o TSE;
  2. as mal redigidas cartas pela democracia e pelo estado de direito;
  3. a ausência de qualquer menção a longa história do ininterrupto anseio por maior transparência no sistema eleitoral, que já conta décadas e tem sido constante nos últimos quatro anos;
  4. o abandono à própria sorte da lógica mais rudimentar: golpistas pedem eclipse, ocultação. Não pedem transparência; menos ainda se o fazem, ordeiramente, por anos a fio;
  5. as fileiras cerradas para impor silêncio a sociedade sobre algo que lhe foi teimosa e autoritariamente recusado;
  6. a “pompa e circunstância” que marcou a sagração de Sua Alteza Eleitoral na presidência do TSE;
  7. o silêncio sobre o gritante paradoxo de estarem o estado de direito e a democracia, o devido processo, a Constituição, as boas leis, os direitos humanos e a liberdade sendo feridos em alegada defesa do estado de direito e da democracia.

Como de hábito, a ausência de qualquer elemento probatório que justifique a etiqueta não é suficiente para silenciar os ataques determinados pela cartilha. Sempre há um senador pronto para transformar os tribunais superiores em puxadinhos de seu gabinete.

Ontem (19/08), em poucas palavras, falando em Resende, Bolsonaro desfez a narrativa e a etiqueta foi para a lixeira.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Inan Cadete -   24/08/2022 01:45:23

Excelente texto !!!

Marlene Vaz -   23/08/2022 17:35:44

Pois é, como disse, abaixo, sr. Menelau, somos tão bombardeados com a insanidade diária da midia, que é preciso respirar o ar purificado com quem usa de honestidade intelectual. Suas matérias, sr. Puggina, são o refrigério para embalar nossos cérebros torpedeados. Obrigada!

ANNA LUIZA FANTINI FERREIRA -   22/08/2022 11:31:19

Ótimo texto! Sabemos que ainda há muitos que torcem o nariz para a verdade dos fatos, tendo sido o raciocínio desses incautos ludibriado pelo duplipensar da esquerda. Esperemos que até a eleição muitos deles acordem!

Menelau Santos -   22/08/2022 09:58:48

Prezado Professor Puggina. Lendo as "rápidas" que o Google Notícias nos brinda em nosso celular tenho a impressão de estar num hospício. Como dizia o Professor Olavo de Carvalho, nosso cérebro submetido à inúmeros ataques à lógica costuma ceder. Por esse motivo, sempre recorro à sua coluna para recuperar minha sanidade mental.

Ademir -   22/08/2022 09:15:42

Não existe algo tão abjeto na história política desse país quanto a sordidez dos subterfúgios usados para denegrir e desmoralizar uma pessoa pública.

José Rui Sandim Benites -   22/08/2022 08:57:52

Excelente comentário do Mestre Puggina. Já fico com a mente tóxica pela grande mídia. Que mudam valores. A hipocrisia de uma candidatura completamente corrupta., condenado em três instâncias do Judiciário. E liberado em defesa processual, não no mérito. E, quem discursa pelo estado de direito e democracia., não a respeita. E assim, caminha a humanidade. Espero que a verdade é a justiça ao fim prevaleça.

ADEMIR CAZARIN -   22/08/2022 08:19:54

Percival, sempre desnudando a esquerda com seus claríssimos e objetivos textos. Na mosca!

Valterlucio -   21/08/2022 13:10:01

Me preocupa a ação combinada de alienação e cooptação da juventude no sentido da servidão voluntária. Sinto nossa geração como o último “exército de moicanos”. Queira Deus que eu esteja errado.

Ary de Almeida Coelho -   21/08/2022 12:57:30

Não foi atoa que o sr Fachin fez o que fez. Precisamos ficar atentos sr Puggina!