• Percival Puggina
  • 06/09/2014
  • Compartilhe:

CONSELHO AMIGO: NÃO PARTICIPE DESSA FARSA

 

 Se em sua paróquia houver uma urna para votação no tal "Plebiscito popular por uma constituinte exclusiva do sistema político", saia pelo outro corredor. Se alguém o convidar para dar seu voto por meio eletrônico, não entre no site e, se resolver dar uma espiada, escape antes de fornecer os dados que lhe são solicitados - nome, CPF, e-mail. É a eles e só a eles que convém conhecer seus dados e sua orientação política.

 O que você deve fazer, sim, é checar a lista das 459 instituições apoiadoras desse estrupício jurídico. Elas estão em ordem alfabética e começam com a A Marighella (cujo site informa ser uma "organização socialista, patriota, internacionalista e revolucionária, de orientação geral marxista-leninista, que busca o horizonte do comunismo via o caminho do socialismo popular brasileiro"). A escrutinada no longo rol de coletivos, facções, movimentos, associações, redes, institutos, e assemelhados, irá surpreendê-lo. Tenho certeza de que, como eu, você não sabia que a chamada "esquerda" abrigasse, em nosso país, tantas organizações.

 A constituinte pela reforma política, objeto desse plebiscito, se conjuga com o projeto divulgado em outubro do ano passado pelo Movimento Eleições Limpas (www.eleicoeslimpas.com.br). Ou seja, o plebiscito servirá para dizer que foi aprovada "pelo povo" a proposta de uma Constituinte que vai promover a reforma política desejada pelo PT. Lembro que em texto anterior examinei a semelhança e as mínimas diferenças entre o que pretende o Movimento Eleições Limpas e o que recomendou ao partido o 3º Congresso Nacional do PT. Fechou-se o círculo das conveniências.

 Reitero aqui a conclusão a que cheguei em julho passado: com esses apoiadores e tanta identidade de pontos de vista, eu não preciso saber mais para compreender a quem serve o projeto. E concluo: se ele convém a essa lista de apoiadores, não serve ao Brasil. Ademais, nunca houve no mundo uma constituinte - e ainda por cima exclusiva! - para mudar aspectos políticos de constituição em vigor. E o motivo é simples: alterações constitucionais parciais se fazem com emendas constitucionais. Constituintes são eventos magnos, que ocorrem em momentos de ruptura institucional. É um disparate promover algo desse vulto para pequenas mudanças normativas. Exceto se o objetivo for o que, neste caso, se pretende: promover um assembleísmo para fazer de conta que o povo está exigindo. Para tais grupos, ouvir o povo é ouvirem-se a si mesmos.

 Ao fim e ao cabo, esse é verdadeiro espírito do plebiscito. Algo semelhante aconteceu outras vezes, ao longo da história, na legitimação revolucionária de regimes totalitários.

_____________
* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.
  


André Carvalho -   09/09/2014 04:14:25

De minha parte, acho que deveria ser convocada uma Assembleia Constituinte - exclusiva - para reformar TODA a Constituição.

foralula -   08/09/2014 19:50:39

eu quase votei "NÃO" na votação online. daí percebi a mer... que ia fazer. deixar meu nome e CPF com essa corja de bandidos da esquerdalha, assim, na maciota? tô fora!

Joel Robinson -   08/09/2014 15:26:27

Eu, cidadão brasileiro, que pago imposto todo o dia, que não tenho segurança, saúde e educação, que estou sendo roubado e espoliado,declaro, baseado na Constituição e no Código Civil que; 1- As eleições estão suspensas, 2-Impeachment de todos do executivo e legislativo e dos sindicatos, 3-Todos presidentes de estatais devem ser demitidos e colocados no lugar funcionários de carreira das empresas, 4- Bloqueio de todo o dinheiros “doado” par as campanhas eleitorais, 5-Não precisamos de militares ou similares para organizar o Brasil, 6- O povo deve investigar e julgar… 7 – O Congresso deverá ser fechado, e o povo tomará a decisão de como reorganizar o país de maneira decente e correta.

Leandro -   08/09/2014 12:00:45

Isso eu comento com meu círculo de amizades, trabalho e família. Observo o quanto o povo é desinformado e ninguém acredita que estamos a caminho do comunismo autoritário, e não é somente no Brasil, mas em toda América Latina e Caribe.

Odilon Rocha -   08/09/2014 01:38:42

Há espertos porque há tolos. Há gaviões porque há pombas. Quem ainda não entendeu - ou por algum motivo não conseguiu, ou não quer entender ou, ainda, tem interesse em não entender - procure se informar melhor para não se arrepender depois. O que dizer de uma lista que cita, já de início, o nome Marighella? Não é vergonha equivocar-se. Vergonha é ignorar fatos! Abraço

J. Falavigna F. -   07/09/2014 11:49:47

Se o PT não for apeado do Poder, juntamente com os seus "aliados" esfomeados, não haverá como o povo brasileiro ser conscientizado dos objetivos desse plebiscito comunista, já viciado na origem. O PT possui o domínio da informação estatal e privada, com as exceções de praxe, como os blogs independentes - o seu, por exemplo -, a Revista Veja e seus colunistas, a internet - que está na alça de mira do partido -, e jornalistas dignos e não cooptáveis. Será difícil, caro Prof. Puggina. Porém, caberá a nós absorvermos alertas como o que faz neste patriótico artigo e repassarmos aos brasileiros, ainda inocentes, tangíveis pelo gramscismo e pelo trabalho desconstrutivo dos princípios democráticos e do estado de direito, da família, da moral, da ordem e da disciplina intelectual, adotado pelo segmento vermelho da Igreja de Pedro, fim de que os fiéis comecem a bater orelhas para frente e para trás, observando mais atentamente o tipo de "evangelho" que os representantes dessa Igreja estão vomitando sob o Domo das Catedrais. Abraço. Falavigna

VERGONHA -   07/09/2014 09:10:22

Isso e Piada neh?

Daniel Deforti -   07/09/2014 02:00:51

Todos sabem que o sistema político, onde apenas 10% dos políticos são eleitos por voto direto, esta corrompido. Aprovar uma reforma política por meio de plebiscito, com propostas feitas por políticos da base aliada, como financiamento público de campana, voto em lista fechada e participação de movimentos sociais na política nacional é golpe. O certo seria o povo votar por meio de referendo propostas que circulam nas redes sociais, como parlamentarismo unicameral com fim do senado, voto distrital, lei do recall entre outras propostas. O modelo político mais representativo é o parlamentarismo unicameral no governo federal, estadual e municipal, fim dos poderes executivos em todas as esferas do governo, fim do senado federal e instituir o voto distrital. O Brasil pode ser dividido em 150 distritos para eleger dois deputados por distrito para um congresso de 300 deputados. A maioria dos países democráticos do mundo adotam o modelo de voto distrital, um modelo político onde as campanhas poderiam ser feitas com doação de pessoas físicas no valor máximo de 100 reais por eleitor e limite de 100 mil reais por candidato. No modelo distrital cada distrito tem o mesmo número de eleitores, as campanhas políticas ficam mais acessíveis e o eleitor vai poder escolher um representante da sua região ou da sua cidade. Acho mais democrático ter dois deputados por distrito, desta forma o eleitor tem o dobro de chance para se identificar com seu representante e o distrito não fica sendo visto como um feudo que pertence a um só político. O financiamento de empresas públicas e privadas nas campanhas é o início do processo de corrupção, já que as empresas como empreiteiras, mineradoras e os bancos investem nos políticos para depois desviarem os gastos públicos por meio das licitações fraudulentas. O financiamento público tem sido defendido por alguns políticos, mas isso não impede o caixa dois e equivale a aprovar uma lista fechada de políticos que teriam suas campanhas financiadas. Tem boas propostas de reforma política como impedir a reeleição para o mesmo cargo eletivo, acabar com os partidos políticos, os cargos comissionados de confiança e instituir uma lei que permite ao eleitor impedir o mandato político de um parlamentar, também conhecida como lei do recall. Existem propostas que podem corromper mais ainda a política nacional, como fazer com que o voto seja facultativo, mas se isto for aprovado vai reduzir bastante o número de eleitores e ficaria fácil para pequenos grupos controlarem o processo eleitoral. Nada vai mudar enquanto as pessoas não se mobilizarem politicamente, de preferência em novos partidos.

Fernando Alan Martins Machado -   06/09/2014 19:18:06

Creio que sua opinião é fortemente tendenciosa e equivocada sobre o assunto. Citou em seu texto apenas a primeira entidade que apoia o movimento e se limitou a isso, já que lhe convém para defender seu ponto de vista. Minha opinião também é carregada de viéis, já que apoio o movimento, mas assim o declaro. A questão principal que deve ser notada é que hoje o nosso sistema eleitoral e político é norteada por interesses financeiros, daqueles que financiaram a campanha dos SEUS representantes eleitos. Esses representantes não conseguir dar a respostas que as ruas pediram em junho passado, logo, faz-se necessário constituirmos uma assembleia exclusiva para tratar do modo como nossos representantes são eleitos, já que os mesmos não tem motivação para tal feito.