• Percival Puggina
  • 26/05/2020
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CONFESSA VÍDEO! CONFESSA!

 

 Não é difícil entender o que se passa nos grandes veículos de comunicação. É compreensível seu desalento face sucessivas frustrações que os fazem migrar permanentemente de uma pauta para outra, com esperanças saltitantes em busca de alegrias incertas.

Os eventos pelos quais passeavam ansiosas suas manchetes vinham, sempre, acompanhados do adjetivo “devastador!” porque ali adiante derrubaria o governo e silenciaria a voz na garganta daqueles chatos afeiçoados à bandeira do Brasil. A unanimidade monocromática dos grandes veículos era pouco convincente e seu objetivo... devastador.

Na manhã do dia 24 de abril, quando Moro proferiu seu epílogo como ministro da Justiça, essa mídia bebeu à última gota a taça da vitória. A nação, tanto pelo sim quanto pelo não, quase foi, inteira, para o respirador artificial. E ali ficou até o fim da tarde, quando o presidente expôs sua versão dos mesmos fatos e milhões de brasileiros voltaram a respirar por meios naturais. A mídia, porém, não se deu por achada e desviou sua atenção para o delegado Valeixo, que seria a vítima das soturnas intenções de Bolsonaro. Não funcionou, Valeixo disse que nunca foi pressionado. De Valeixo, os veículos pularam para o inquérito solicitado por Aras e autorizado por Celso de Mello. Os depoimentos, tornados públicos, deram em nada. Mudaram-se para uma presumível reação militar ante a forma como foram tratados os três generais convocados a depor. Mais uma vez, nada. Da soma dos depoimentos, nem Celso de Mello achou algo que proporcionasse alento ao tal efeito devastador.

Restava o vídeo. Ali, na íntegra, toda a reunião, face to face, haveria de emergir a devastadora verdade. E foi o que se viu. Até Janaína concluiu que Bolsonaro saiu reeleito daquela absurda sessão de cinema.

Assim, a partir do dia 22 de maio, o dólar caiu, a bolsa subiu e a saltitante mídia disfarça seu inferno astral esquartejando o vídeo e submetendo-o, frase por frase, a um pau de arara analítico, exigindo-lhes a confissão do que elas se recusam a contar.

Com quanto orgulho se dizem comprometidos com a verdade, enquanto assim procedem! No entanto, não é a verdade que buscam, mas uma confirmação da narrativa – devastadora! – que já fizeram e que sumiu dos acontecimentos sob os olhos atentos do seu próprio público.

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* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Decio Antônio Damin -   28/05/2020 10:06:26

Bolsonarismo e Lulismo radicais são duas faces da mesma cegueira! É indesejável...!

Vicente Tubiana -   27/05/2020 13:05:17

Valeu muito seu comentário. Não pela direita em si, mas pela afirmação da verdade. Parabéns!

Luiz R. Vilela -   27/05/2020 12:06:38

Estamos no limiar de um novo tempo, tudo o que foi, foi. O que não foi, não mais será como tem sido até agora. A imprensa brasileira, ainda que o progresso tecnológico tenha sido muito grande, vive nos tempos dos grandes jornalões do passado, com seus "jornalistas proprietários", que ditavam normas, não só para seus empregados, como também para os políticos. Inevitavelmente, estes jornalistas enveredavam pelos caminhos da política, levando sempre como bagagem o peso de seus jornais. O progresso fez tudo isso ir mudando, agora existe a internete, a comunicação passou a ser instantânea, ninguém mais precisa ligar a televisão para saber as novidades, elas vem pelo celular e outros meios. A "grande imprensa" esta atônita, então a tábua de salvação, é o dinheiro público, assim como sempre foi. Porém agora a modernidade manda que seja abandonado o velho "compadrio", tão nocivo ao erário público, e tão benéfico aos incompetentes. O mote da hora, é que quem não tenha competência, não se estabeleça, então quem já foi ultrapassado pela modernidade, que procure outra forma de viver, dinheiro do contribuinte, não é capim para sustentar asnos. É assim na casa do bom homem, os que não trabalham, não comem. Mas para trabalhar, tem que ter o mínimo de competência, tentar falar mal, para receber um "cala boca", já era, acabou com o PT.

Alcides jose pedrali Pedralli -   27/05/2020 11:41:49

Belissima análise. Agora vão partir para desgastar ministro da educação.

Lourdes Maria -   27/05/2020 05:07:26

...E agora José?!?

Menelau Santos -   26/05/2020 17:23:08

Prezado Professor, Seu texto é...devastador!

Vera Bava -   26/05/2020 17:09:23

É triste ver essa moralidade seletiva de muitos. Não tem sobre o que falar... Vamos reclamar dos palavrões!!!

Jane Alda Morschbarcher -   26/05/2020 16:59:24

Perfeito!

Celi -   26/05/2020 15:50:46

Perfeito! Ainda existem jornalistas isentos graças a Deus!

Mario -   26/05/2020 15:44:23

Mais uma análise perfeita, professor!

Jose Pedro cabreira -   26/05/2020 15:29:01

Valeu continua de olho nesse Povo.