• Percival Puggina
  • 23/02/2017
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COMO GADO PARA O ABATEDOURO?

 

 Quem se alinha com teses sempre desastrosas, como os defensores do desarmamento, por exemplo, senta-se sobre o lado esquerdo do traseiro. Por que será? As exceções são tão raras que não ocupam lugar na arquibancada dos fatos sociais. Não contentes com fincarem pé nos fracassos, nem com andarem por aí arredondando pilar quadrado até que a casa caia, esse pessoal se esmera em espancar o bom conselho e em desqualificar a divergência. Você é contra o desarmamento? Então você é raivoso, da turma da bala; está a serviço da indústria da guerra. Potencialmente, um assassino de aluguel.

No entanto, a entrega compulsória de todas as armas das pessoas de bem tem lugar de merecido destaque na lista das iniciativas absurdas e maléficas já adotadas em nosso país. Responde, diretamente, pelo aumento da criminalidade, tanto em razão do quantitativo quanto da desfaçatez com que os bandidos passaram a agir nos mais variados ambientes e circunstâncias. Percebem-se – e de fato são – “donos do pedaço”, tocadores de gado para o abatedouro ou para o brete da marcação. Rapidamente vamos adquirindo destreza em preencher boletins de ocorrência, aos quais já tratamos na intimidade como "os meus BOs".

Nós, os conservadores, e boa parte dos liberais, cremos que a pessoa humana é titular de direitos aos quais denominamos naturais. Entre eles, o direito à vida, à liberdade e à propriedade dos bens legitimamente havidos. Para os estatistas, socialistas, comunistas e outros totalitários em geral, as coisas não são assim. Entendem que os direitos nos são dados pelo Estado, motivo por que, fonte de todos os direitos, ele se torna, simultaneamente, objeto de reverência e de assédio. Estados vão à falência por conta do assédio. Sociedades são escravizadas por conta da reverência.

O leitor destas linhas pode estar pensando: “Mas se o Estado diz que eu não posso isto ou aquilo, na prática eu não posso mesmo; na prática eu não tenho tais direitos". Ora, se um direito é natural, inerente à condição humana, o Estado pode não o reconhecer, mas ele não deixa de existir. Os criminosos sentenciados têm a liberdade justificadamente tolhida; os presos políticos em regimes não democráticos, tem a liberdade injustificadamente contida. Mas o direito? Ah, o direito permanece na pessoa!

Isso é tão significativo quanto objeto de abuso. Se olharmos a pauta das postulações daqueles corpos políticos a que me referi no início, veremos que atuam invocando o reconhecimento de supostos direitos que seriam naturais aos grupos que manipulam. Normalmente, não são.

Pois bem, a turma das teses desastrosas acabou, simultaneamente, com o sistema penitenciário e com a possibilidade de dar devida vigência repressiva ao Código Penal. A realidade social evidencia que já há mais criminosos soltos do que presos. As baixas contabilizadas pelas estatísticas são indicativas de estado de guerra, e de guerra sangrenta. Em tais condições, nosso direito à vida não pode ser preservado, defendido ou exercido na ausência de legítimo e proporcional direito de defesa. No Brasil de 2017, a posse e o porte de armas deveria ser objeto de clamor nacional ante o Estado omisso no cumprimento das obrigações. Esse não cumprimento se torna ainda mais grave quando, simultaneamente, nos recusa o direito à posse e ao porte de armas de defesa pessoal. Como gado para o abatedouro, não!

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Mariza Salatino Mello -   02/03/2017 19:04:20

Os bandidos tem certeza que aquela pessoa que eles querem atacar não tem como se defender é inofensivo e é aí que perdemos a nossa vida ou de parentes próximos.Eles continuam soltos e cometendo delitos.Precisamos da pena de morte.Quem mata deve morrer.Eles já não se contentam em roubar, tem que matar também.

Joma Bastos -   26/02/2017 21:43:24

Excelente artigo! Conforme a Constituição, o Estado tem a obrigação de providenciar a todo o cidadão a defesa à vida e à segurança, e como tal, a Lei 10826/03 do Estatuto do Desarmamento é ilegal, portanto, haveria que revogá-la de imediato, porque simplesmente contraria a Carta magna.

Rodnei -   25/02/2017 23:46:32

Ótimo artigo, como sempre. Apenas discordo sobre os atos dessa turma de esquerda serem tratados por você como se fossem "erros desastrosos" ou "fracassos". Elas são na verdade o "sucesso" dessa turma, já que a intenção deles é justamente provocar o terror e o caos na vida do cidadão comum, e não "livrar o mundo das armas e da violência, pela paz". É como dizer que o assassino gravado praticando o crime é inocente porque foi o que ele alegou ao ser pego. Eu penso que não devemos acreditar no que o outros dizem de si mesmos, mas no julgamento que fazemos dos atos por eles cometidos e das escolhas que eles fizeram. De resto, um abraço e continue com os ótimos textos. Rodnei

Luiz Done -   25/02/2017 22:44:23

Parabéns pelo feliz comentário,quero meu direito de portar uma arma para minha defesa e de minha família,O estado faliu e está levando com ele seus filhos que prestam... Chega de matança de pessoas de bem NOJO DESSE MEU PAIS

João Guilherme Maia -   25/02/2017 21:17:51

O interessante o povo foi desarmado pelo governo corruPTo que se instalou no país por treze anos. Hoje os bandidos sabem que ele s podem assaltar qualquer cidadão de bem que vai ser muito difícil serem abatido, simplesmente porque eles sabem que um dia o povo foi desarmado por um governo corruPTo e comunista, que fez este desarmamento com um único objetivo de se perpetuar no poder e o povo não fazer nenhuma reação. Quase que eles conseguem isso, mas o povo acordou e já deu a primeira resposta que foi nas eleições Municipais de 2016 e irá dar a resposta derradeira nas eleições majoritárias de 2018, até porque, agora o povo sabe

Fábio Otero -   24/02/2017 16:08:14

Excelente artigo, como sempre, mas - se Deus quiser, em breve - revogaremos esse lixo jurídico, pela aprovação do PL 3722/12. Pode não ser o ideal ainda, mas me parece um bom começo. Só o fim da discricionariedade já vale a aprovação. Abrc!!!

Lausimar Zimmermann -   24/02/2017 15:25:40

Obrigado pelo seu artigo, é perfeito. Dê uma olhada no mapa da violência 2016 , em particular a partir da página 62, quando o autor discorre sobre estatísticas a respeito das mortes por armas de fogo. É chocante. O sujeito arranja todas as formas de justificar o desarmamento, afirmando categoricamente, mediante critérios pseudocientíficos, que, se houvesse mais armas, ocorreriam mais homicídios. É um documento oficial, trabalho governamental. Enquanto continuarmos tapando o sol com a peneira, arrumando justificativas para os erros, não conseguiremos chegar a lugar nenhum. http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2016/Mapa2016_armas_web.pdf

Genaro Faria -   24/02/2017 11:13:16

Caríssimo professor Puggina, o comunismo não abandonou completamente a revolução armada em prol da revolução cultural. Seus guerrilheiros e agentes culturais combinaram "destruir tudo que aí está para colocar no lugar sabe-se lá o quê" terceirizando o setor da violência para os criminosos comuns. O governo que restou do falso impeachment - na realidade, um pacto para a alternância interna na quadrilha - prossegue na mesma linha usando um novo cosmético na maquiagem revolucionária.