• Percival Puggina
  • 26/02/2015
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COMO ASSIM, POR CONTA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS?

Registre-se que a iniciativa não foi dos parlamentares. A demanda foi apresentada pelas esposas dos membros da Casa, durante a campanha para eleição de Eduardo Cunha. Elas pleitearam ao então candidato o retorno de seu suposto direito a obter passagens aéreas dentro da cota parlamentar dos maridos (benefício que fora anteriormente suspenso em decorrência de abusos como os caracterizados pelo uso de tais passagens para viagens de férias).

Eleito, Eduardo Cunha cumpriu o que prometera. Foi restabelecido o privilégio. Segundo o noticiário de hoje, a decisão foi tomada por maioria de votos na Mesa da Câmara e a Casa assumirá os ônus decorrentes. Ah! Agora entendi. Quem vai pagar essa conta é a Câmara dos Deputados. Eu pensei que a despesa fosse assumida por nós, pagadores de impostos. Ora que tolice a minha!

Sarcasmo à parte, é muita desfaçatez de quem declara isso e muita ignorância de quem o noticia sem esclarecer que a Câmara dos Deputados não gera um único centavo de receita. Tudo que ela consome, do grampo para papeis às passagens aéreas das esposas dos deputados é custeado com o dinheiro dos impostos que pagamos. A Casa não produz nada que tenha valor econômico. Atribuir à pagadoria da Câmara o dever de honrar um benefício descabido corresponde, em escala agigantada, à atitude do moleque que pleiteia o direito de "viajar de graça" no transporte coletivo. Não há passagem grátis. Todo bilhete que alguém deixa de custear por meios próprios será pago com meios alheios, seja no ônibus, no metrô, seja num voo nacional ou internacional.

A ignorância sobre noções tão elementares favorece a cultura do abuso e contribui para a deformação do caráter não apenas de quem se julga no direito de pleitear ou de conceder privilégios. Deforma, também, o caráter de quem fica sabendo e deduz que, quando tiver a oportunidade, deve fazer a mesma coisa. Isso para não falar nos que transformam o ingresso no círculo dos privilegiados em objetivo da própria vida. Quando enfermidades morais dessa natureza infectam os espaços de poder, eles se vão afastando, gradualmente, de sua finalidade essencial que é o serviço ao bem comum. E aí, acontecem coisas como um magistrado dar-se o direito de usar viaturas apreendidas de um réu.

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.


 


IDILIO PASUCH -   28/02/2015 21:46:02

O que mais me deixou chateado ou envergonha de ser brasileiro, é ver na TV Bandeirantes um deputado Federal deve ser um tal de Maia, do DEM, apesar que não importa o partido , ele disse que não iria se beneficiar de mais este privilégio da câmara federal, mas que concordava com isto pois foi uma promessa do presidente da câmara quando candidato, aos demais deputados, e elogiou o presidente por honrar a palavra com os deputados. Mas achar correto por cumprir a palavra, e quando os políticos não cumprem com a palavra ou promessa o que deve acontecer? chega de enrolação deputado.

Mariana Silva -   28/02/2015 16:57:02

Pontos e constatações importantes: 1- A Câmara dos Deputados é a casa da degradação moral, pior que um prostíbulo. 2- A aprovação desses gastos foi mais um erro moral do que propriamente monetário. É justo que cônjuges, amantes, rolos ou qualquer outra espécie de parceiro(a) utilize recursos públicos para viajar? Quando os deputados eleitos se candidataram, eles não foram informados que o local de trabalho seria em Brasília? Eles não recebem um bom salário (considere a maior parte do nosso povo que é pobre e trabalhador)? 3- O Eduardo Cunha (atual presidente da casa legislativa dos deputados do Brasil) disse que a conta vai ser paga pela Câmara pois está "dentro do orçamento" previsto. Provavelmente ele não é um homem justo e sensato. Ele utiliza um bordão muito legal por sinal e vale a pena ser relembrado: O NOSSO POVO MERECE RESPEITO

DJALMA BENTES -   28/02/2015 16:18:08

Ora, ora, eu acho que as esposas estão certas, porque só as amantes tem esse 'direito ?' de forma escamoteada ? Desde a Rosemary do Lulla (aliás o processo como está ?) a amante do Renan e as outras menos cotadas. E também os amantes.

Gustavo Pereira dos Santos -   28/02/2015 02:43:00

Dr. Percival, O próximo passo será a criação do cartão de crédito corporativo FREE para as beldades se embelezarem em Paris. Viva a esquerda caviar. Um abraço, Gustavo.

Dirceu Guerra -   28/02/2015 00:31:57

Esses caras são muito caras de pau. É nisso que dá deixar o legislativo também o judiciário legislarem em causa própria. Eles não tem moral nem cultura para estar no pais em que estão, como se todos vivêssemos como nababos. Se analizar as horas trabalhadas de fato por essa cambada de vagabas, verão que não há no mundo, executivo de empresa que ganhe tanto. E estamos num pais que nenhum deles consegue enxergar. Tenho a curiosidade de saber em que pais eles acham que estão. Quanto ao presidente da câmara, estava claro que vinha benefícios para a adesão, aos moldes do que o pt pratica e o pmdb copia. Só não entendo como que o China perdeu e o porque

RICARDO MORIYA SOARES -   27/02/2015 11:07:07

Mestre Puggina, nunca me imaginei como instigador ou contraventor qualquer, mas me reservo o direito (direito meu, dado para mim por mim mesmo, sem aval de governo algum!) de lutar pela autopreservação do meu ser. Cheguei ao ponto de recusar a participar deste conceito chamado 'Brasil'... explico: não é somente a inépcia de boa parte da população, porém algo intrinsicamente ligado a alma do brasileiro médio, o dom nato de se criar e cultivar ideias absurdas e autodestrutivas. Eu não preciso nem chegar aos famigerados políticos eleitos pelos quatro cantos do país, basta olhar na esquina da praça fulano de tal e notar a presença imponente de um certo 'Tribunal Regional do Trabalho' - corte criada nos moldes fascistas importados pelo 'pai dos pobres' há mais de 70 anos, que simplesmente sobreviveu ao Século XX, e hoje é algo bizarro e antidemocrático (um autêntico elefante no quarto que ninguém quer falar!) que é o principal inibidor da geração de empregos e da capacidade produtiva do Brasil. Resumindo, o nativo destas terras acha incrivelmente natural combater o bom senso comum; ele cresceu acreditando que o Estado Babá iria cuidar dele do berço à sepultura, que ele tem direito a um emprego estável e mesa farta, sem sequer cogitar que nada nessa vida cai do céu (meteoritos e chuva são exceções!) e que existe um alto custo àqueles que trabalham de verdade, que geram e criam as riquezas - posteriormente sugadas pelo Estadão para financiar os ditos burocratas profissionais. Nós vivemos uma época parecida com 1788, e não com 1964. Hoje temos burocratas e indivíduos que sonham em ser burocratas (eleitos ou concursados) castigando pesadamente com seus impostos o grosso da população. Não temos imprensa independente e livre (poucas exceções notáveis: puggina.org, mídia sem mascara, etc.). E mais arrepiante filme de terror já concebido: a união dos Três Poderes da República numa espécie de Liga da Injustiça, que imagino ficar tramando em seus gabinetes formas de sugar a força vital da população. São sim a nova Nobreza Brasileira, acima do bem e do mal. Enfim, estou me convencendo que a solução imediata para 2015 é deixar primeiramente de pagar o IRPF e o IRPJ - essa seria a forma do cidadão de bem, que não quer pegar em armas, dizer para todos esses comunistas (eleitos ou concursados) que basta de pilantragem! Eu não mais financiarei nenhum projeto comunistas de dominação, chega! PS. As únicas instituições que devem ser ajudadas em âmbito federal são as forças armadas, de resto quero distância!

Ismael de Oliveira Façanha -   27/02/2015 00:22:21

Como tem caloteiro em nosso País! Como procuram dependência do Estado, desde o miserável do bolsa família ao empresário! E como existe sonegação de impostos! Quão leniente é nosso imposto sobre a renda, tão pesado sobre a classe média e tão leve sobre as grandes fortunas, - qualquer pagodeiro, cantor sertanejo ou apresentador de TV, faz festas de casamento dignas de um Luiz XIV!