• Percival Puggina
  • 26/11/2019
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CIDADANIA NÃO SE TERCEIRIZA!

 

 Se a efetiva democratização da sociedade brasileira for figurada, analogicamente, com uma travessia feita a nado, poderíamos dizer que no Brasil, muitos cidadãos parecem vocacionados a morrer na praia. Após haverem chegado ao presente estágio, olham para trás, olham para frente, e deixam cair os braços em inexplicável e profundo desânimo. Eu os vejo em bom número expressando abatimento nas redes sociais. Prestam inestimável serviço aos inimigos que ajudaram a derrotar. Jogam-lhes involuntariamente boias e cordas de resgate.

Entendamos os fatos. Foi o povo na rua e nas redes sociais, em espontâneas manifestações verde-amarelas, que fez andar o processo de impeachment de Dilma Rousseff forçando o deputado Eduardo Cunha a dar início ao rito constitucional. Foi o povo na rua e nas redes sociais que, em gigantescas mobilizações, forneceu suporte político aos fundamentos jurídicos do impeachment. O processo de acusação de um Presidente da República tem características jurídicas e políticas. Com aquele Congresso, cujos partidos estavam majoritariamente comprometidos com a corrupção do governo, o impeachment não teria acontecido se o povo não desse um forte empurrão na “livre vontade” dos congressistas.

Foi o povo que saiu às ruas em apoio à Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro que preservou a atividade da força-tarefa quando os primeiros movimentos para debilitá-la começaram a se esboçar no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. Foi o povo que levou às ruas as pautas conservadoras marcantes da eleição de 2018 e promoveu a maior renovação já ocorrida em pleitos para o Congresso Nacional. Foi o povo na rua e nas redes sociais que, se não conseguiu pôr juízo nas cabeças de seis ministros do STF, arrancou resposta da Câmara e do Senado onde começam a tramitar projetos para corrigir o absurdo cometido pelos habitantes daquela suntuosa bolha.

Diante disso, como é possível entender os tantos que, incapazes de discernir além da cerca da primeira dificuldade, se dedicam a desanimar os animados e a desesperançar os esperançosos? Como podem afirmar, contra todas as evidências, que as mobilizações “não funcionam”? Como podem priorizar o Faustão e a Globo, desde o sofá da sala, e não ir às ruas pelo bem do próprio país, que é o seu próprio bem? Como podem terceirizar sua cidadania, transferindo-a para a total inviabilidade política, jurídica e democrática dos quartéis que a tanto, com absoluta razão, enfaticamente, se recusam? Não aprenderam ainda que, se não comprar uma sólida base no Congresso, o presidente da República é o mais desapoderado dos poderes de Estado? E que precisa do apoio explícito dos cidadãos para preservar a integridade do governo?

O coro de milhões de vozes em todo o país é nossa mais nítida experiência democrática nestes tempos de travessia. Diferentemente da “democracia direta”, comum em experiências esquerdistas, manipulada pelos seus aparelhos e organizações “não burguesas”, a democracia direta praticada pela reunião espontânea de milhões de cidadãos, é a nossa mais bem sucedida experiência de soberania popular. Eu a ouço como expressão inédita e indômita de amor ao Brasil, de história acontecendo qual clarinada, límpida, atravessando os céus da Pátria comum.

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* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Jorge Corlho -   29/11/2019 21:59:02

E o brasileiro vai continuar babando no travesseiro, esperando que as coisas se resolvam pela lei do menor esforço. As conquistas exigem estratégia, determinação e muito esforço! Portanto, todos teremos que arregaçar as mangas se não quisermos e não aceitarmos ser derrotados por esta troupe de Congressistas! O nosso teatro mambembe político!

Ilda Marrocos -   29/11/2019 15:43:56

Assim não dá. Soltam Lula, Dirceu, mais, muito mais, ladrões e assassinos, que nada tem a perder e pedem ao povo pensante do país, que vá às ruas. Fazer o que? Ser assassinado por esses merdas? Temos família, trabalhamos, sabemos de toda a pilantragem, amamos nosso país, mas, te mete com Dirceu e Lula, soltos, pra ver o pau que vai dar. É só isso que eles esperam. A serpente está pronta para o bote. Sinto muito, mas se não passar a prisão em segunda instância, vamos comer cachorro mesmo, calados, em casa, de portas trancadas . Tiram assassinos até de helicóptero, nos presídios... Porque não matam uma pessoa de camisa amarela? Eles estão armados até os dentes. "Ainda depois, serão acariciados, os matadores pelo STF". Eu hein? Estou fora. Fodam-se todos eles. Só nesse país, chamado Brasil, que se vê preso, com penas de trinta e dezoito anos, tirar férias. Férias é uma ova. eles estão juntos, tramando para derrubar o nosso presidente, porque Dirceu disse, em alto e bom som: "é só uma questão de tempo". Não seria esse o tempo? quem pergunta, quer saber. E vivam os ditadores do STF!...

Paulo Onofre -   29/11/2019 14:36:08

Prezado Senhor Puggina. Os políticos já perceberam que a mesma entidade "povo" que foi às ruas a partir de 2013, é aquela que elegeu, em 2018, um Congresso feito, em sua maioria, de "políticos" profissionais na arte de se auto-defenderem e de auto-promoverem (política e financeiramente) Ou seja, não mais se preocupam com a "voz rouca das ruas".

Donizetti Aparecido de Oliveira -   29/11/2019 12:26:03

Respeito demais a opinião do Professor, porém, o que se vê, diante dos fatos, é que o STF e o Congresso estão cagando e andando para as manifestações, que são inócuas perante tantos inescrupulosos bandidos travestidos de autoridades. Pacificamente jamais sairemos do buraco em que a esquerda nos meteu. É mister que o Presidente Bolsonaro apele para o AI-5, já que o Artigo 142 também não será exequível diante da sonolência e letargia dos comandantes das FFAA. É preciso retirar, nem que seja à força, os meliantes que tomaram o Brasil de assalto.

adão da silva moraes -   27/11/2019 14:45:35

É que infelizmente se percebe a cada dia que para combater a ladroagem petista só nos resta o milicianismo Bolsonarista. Apesar de não se falar e não constar dos cartazes de manifestação, o nome Queiroz e filhos do presidente gritam em nossa mente.

Alcir Roberto Gomes Cunha -   27/11/2019 13:17:05

Prezado, Falta ao governo, uma campanha de divulgação de seus feitos, que foram muitos. Ao invés disso, os Bolsonaro ficam perdendo tempo com picuinhas, fatos irrelevante e até mesmo irresponsável. Desta forma, vem alimentando a esquerda esquizofrênica. Aínda bem que adotaram uma estratégia de ignorar o bandido mor, solto. Nós ficamos muito confusos, com a falta de atitude do judiciário, quanto as ofensas do PT ao governo. Fazendo o querem sem punição.

Luiz R. Vilela -   27/11/2019 11:13:55

Cidadania, palavra bonita e pomposa, que deveria ser usada para nomear a capacidade de um indivíduo se inserir numa sociedade politicamente organizada, como um participante em igual condições a todos os outros, o cidadão. Seria o ideal que o cidadão usufruísse a sua cidadania em toda sua plenitude, cumprindo os seus deveres e desfrutando dos seus direitos. No Brasil, isto parece ser uma miragem. Quando a instância máxima do judiciário muda em apenas três anos, o seu entendimento sobre o encarceramento de criminosos, visando única e exclusivamente beneficiar um criminoso julgado e condenado, por justamente ter fraudado a sua cidadania e a do resto da população, tem-se a certeza que a cidadania dos honestos, morreu. Deixar um criminoso impune, seja lá o argumento que for, permitindo que viva livre entre os cidadãos de verdade, nos da uma certeza, a cidadania no Brasil, foi assassinada. Mataram o cidadão decente, por torna-lo igual a um infrator. Não só os criminosos de colarinho branco e gravata, foram os agraciados pelas novas medidas do STF, também a criminalidade violenta de arma em punho, ganhou equiparação a cidadania, por conta do novo entendimento. A ministra Carmen Lúcia já mandou soltar a todos, afinal agora ganharam também o status de "cidadão de bem", até que o processo transite em julgado, ou prescreva, que é a possibilidade quase total. Certamente que esta proteção excessiva que a cúpula do judiciário da a criminalidade, penaliza na outra ponta justamente quem é vítima dos criminosos, o cidadão, que fica a mercê do crime. Agora mesmo, o inexpressivo presidente do senado e o "notório" presidente da câmara, tramam mais um golpe na cidadania, com o projeto de prisão após segunda instância, sendo mandado para as cucuias, Tudo em nome da "presunção de inocência", que para eles parece ser eterna.