• Percival Puggina
  • 12/01/2018
  • Compartilhe:

CERTO, CERTO. NO ENTANTO...

 

 As únicas pessoas interessadas na posse de Cristiane Brasil no Ministério do Trabalho são ela mesma e seu pai Roberto Jefferson. Um caso de família. A incompatibilidade entre a parlamentar e a pasta não se estabeleceu em virtude de estar respondendo a ações trabalhistas, pois essa é uma quase incontrolável fatalidade nacional. O que a desacredita para a função é a natureza das reclamatórias e da condenação que já sofreu. O presidente Temer mantém a indicação por dever de ofício: o PTB é importante para a base do governo no Congresso e não convém desagradar seu principal líder. Então, certo, certo. É bom que Cristiane Brasil suma e não assuma.

No entanto, essa é uma decisão da fração política da pirâmide do poder. As revelações surgidas não constituem pauta para o Poder Judiciário fora do âmbito em que já tramitam – a Justiça do Trabalho. A Constituição é muito clara ao afirmar que nomeação e exoneração de ministros de Estado são atos de competência exclusiva do presidente da República. Trata-se de um dos muitos preceitos onde a única “leitura conforme a Constituição” é a que se faz na própria Constituição. Ao avocar a si o poder de vetar a nomeação de um ministro de Estado, o magistrado empurrou sua cerca para além da divisa natural, institucional. Temos visto sucessivos e excessivos exemplos desse tipo de comportamento para não ficarmos preocupados quando ele se manifesta. Em grau de recurso, o desembargador do TRF2, por sua vez, não examinou o mérito da questão; apenas disse não haver no caso “manifesto interesse público”. É de interesse público, sim, Excelência. Ninguém quer um governo de juízes.

                                                                                                                   ***

Muito pertinente o protesto das atrizes e dos atores que se vestiram de preto na entrega do troféu Globo de Ouro em Los Angeles. São verossímeis os relatos que nos últimos meses desabaram sobre o mundo hollywoodiano contando histórias de assédio e de carreiras construídas entre as câmeras e as camas. Simetricamente, se afigura igualmente verossímil que alguém busque nos microfones a fama que não obteve nas telas. Imagino que nem metaforicamente alguém seja prudente pôr a mão no fogo pela sanidade dos bastidores do mundo do cinema. Então, certo, certo. Como dizem as militantes do movimento, “Time’s up!”.

No entanto, não posso deixar de conceder razão a Catherine Deneuve quando condena o estupro e a violência contra a mulher, mas denuncia um feminismo muito em voga, que converte o homem num malfeitor potencial e toda tentativa de sedução em assédio. Temos visto sucessivos e excessivos exemplos desse feminismo socialmente nocivo. Ele é bem qualificado pela escritora iraniana radicada na França, Abnousse Shalmani, em matéria do jornal El país: “O feminismo se transformou em um stalinismo com todo seu arsenal: acusação, ostracismo, condenação”. Essa definição se encaixa no feminismo que vejo promovendo manifestações públicas nas ruas de nosso país; feminismo grosseiro, nudista, apelativo, feio como o diabo, expressando repulsa a tudo que seja masculino (misandria). Então, certo, certo. Catherine tem razão.

No entanto, é preciso reconhecer que ela e suas amigas, no manifesto que assinam, põem foco no que denominam liberação sexual, que não se tem revelado benéfica, dada a dissolução que provoca nos laços familiares, respondendo diretamente por altíssima e crescente quantidade de famílias monoparentais das quais sumiu a figura paterna.

Então, certo, certo. Prudência, moderação, justo discernimento, bom senso, limites, são virtudes e qualidades sempre necessárias e de benéficos resultados.

_______________________________
* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Decio Antônio Damin -   15/01/2018 15:38:37

Roberto Fefferson....! O camarada sai da cadeia, é indultado, e, ao invés de se recolher, volta a dar cartas como se nada tivesse acontecido! Como é possível aguentarmos isso? O Presidente, como diria o Lula, "virou" uma marionete"! Viva a testosterona, mas sem ultrapassar os limites da civilização, como quer a Catherine Deneuve!

CLAUDIO SILVA RUFINO -   15/01/2018 13:15:37

Grande clarividência do senhor nestes comentários. Já estava pensando desta forma. Lamentável a forma como são providos cargos públicos com pessoas sem condições morais e políticas, mas o juiz exagerou como muitos. No entanto, o Ministério segue. Oxalá tenha um bom Ministro interino. Aliás, muitos ministérios e órgãos públicos continuam andando face seu quadro funcional. A troca de titulares incompetentes e despreparados para as funções seguidamente, ressalta importância de um Diretor Geral servidor público e apto a desempenhar a titularidade. Claudio Rufino.

AMIZAEL JOSE CANDIDO -   14/01/2018 01:46:21

Excelente texto! Há tempos acompanho os seus escritos, e arrisco dizer que és uma das poucas vozes que merecem ouvidos nessa terra tupiniquim. A quantidade de jornalistas e opinadores que não dizem nada com nada tendo unicamente a seu favor, a aprovação da massa emburrecida. Parabéns e continue nos presenteando com seus escritos.

Lindoberto Ramos Lima -   13/01/2018 21:52:49

Um artigo perfeito, brilhante, este é o Professor Pugginna que eu admiro... Parabéns Professor!!!

José Nei de Lima -   13/01/2018 21:28:28

Ótima matéria devemos ficar atentos com estes movimentos sociais com a intenção de manipulação esse pessoal sabem fazer isto como ninguém à Sociedade Brasileira, vamos ficar ligados, um grande abraço amigo, feliz 2018.

josé rudi schnorr -   13/01/2018 20:31:36

Quanto a Cristiane que suma e não assuma. E Catherine Deneuve, que foi uma mulher linda e independente, mesmo agora na terceira idade, mantem um conceito certo e na medida exata do papel do homem em nossa sociedade. As feias que me perdoem, mas eu prefiro a opinião de uma feminista bonita e charmosa e centrada do que a opinião das Stalinistas juramentadas, feias, preconceituosas que fazem do feminismo exacerbado uma arma contra as conquistas masculinas. Mas este tipo de mulheres podem ficar tranquilas que elas atingirão seus objetivos anti homem masculino. Fico com a opinião de Catherine em gênero, número e conceitos.

Leandro Lima -   13/01/2018 18:04:52

Como disse o general Mourão em uma de suas palestras; ''O governo de Michel Temer é um balcão de negócios.'' Mas com menos de 3% de aprovação rejeitado tanto pelos impeachmistas quanto pelos comedores de mortadelas (petistas) e mais sujo que pau de galinheiro, não tem como governar, a não ser negociando com os ''amigos'' e inimigos que buscam assim como Temer seus interesses políticos ideológico partidário.

Sidney -   13/01/2018 13:52:46

Sr Percival Excelentes consideracoes mas , não posso concordar quando mencionado Sr temeroso ....e de uma certa forma minimiza as diversas e não menos Nefastas trapalhadas dele quando diz que ee dever de ofício .....manter e como todos sabem indigesta indicação ! Baita abraco

Ismael de Oliveiira Façanha -   12/01/2018 22:02:53

Essas branquelas yankees, desidratadas, insossas, inodoras, transparentes e assépticas metidas a puritanas, são umas chatas a procura de holofotes. Mas é bom "pegar leve"...