• Percival Puggina
  • 28/02/2017
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CARNAVAL COM CAMISINHA

 

 Por estimular comportamento de risco, causaria escândalo uma campanha publicitária que induzisse as pessoas a fumarem com filtro e piteira, ou a curtirem a velocidade usando cinto de segurança, ou ainda a se bronzearem das 10 às 14 horas com filtro protetor. Mesmo sabendo que muitos fumam, correm e se deixam torrar, a orientação se faz, corretamente, no sentido de não fumar, de respeitar os limites de velocidade e de não se expor ao sol a pino.

  Indago: não é exatamente o inverso disso o que acontece no período de Carnaval com as tais campanhas de prevenção à Aids? Nesta época do ano, sistematicamente, são exibidas peças com veiculação nacional oficializando o Carnaval como a festa do sexo com camisinha.

 Todos sabemos que as coisas não são generalizadamente assim. A maioria das pessoas ainda vai aos bailes de carnaval, nos clubes e nos eventos de rua, nas pequenas e grandes cidades, no meio urbano e rural, para se divertir, dançar, pular e extravasar alegria de modo sadio. O fato de haver lugares onde as coisas adquirem outro sentido não altera o fato de que a orientação à sociedade deve ser dada no sentido positivo e não no sentido negativo.

Em nome da saúde pública, tomar a exceção por regra, promover o Carnaval como a grande e desbragada orgia sexual do país, passar recibo à conduta promíscua e estimular comportamentos que entre outros efeitos colocam sob risco a própria saúde pública é tropeçar na escada da moral e do bom senso. É fazer um furo no casco do navio, abaixo da linha d’água, jogar salva-vidas ao mar e anunciar que se está zelando pelas vítimas.

Há em tais campanhas, por outro lado, um poderoso e visível efeito demonstração e resulta fácil entender e perceber suas conseqüências ao longo do tempo. O Carnaval acabará se convertendo naquilo que se insiste em proclamar que ele é.


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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Dalton C. Rocha -   02/03/2017 14:45:20

Em resumo. Luta de classes morta; luta de bichas e camisinhas posta.

Genaro Faria -   01/03/2017 18:28:36

O jejum de carne nos 40 dias da quaresma não é mais observado faz tempo, pois a própria igreja católica, que o instituiu, concedeu a indulgência de abolir esse preceito aos fiéis pobres, ricos e remediados logo depois que a fumaça de satanás entrou pelas janelas do Concílio Vaticano II em dezembro de 1961. Ora, foi justamente esse jejum que dava sentido ao carnaval - a despedida da carne - festa genuinamente popular. O que então, esperar de uma festa que passou a ser um atrativo turístico milionário, um negócio financiado e incentivado pelo Estado numa sociedade que afrouxou sua religiosidade e, consequentemente, diluiu seus padroes de moralidade? Que se transformasse em festa profana, simplesmente, num bacanal a céu aberto, num escândalo público que mandou para as calendas o original entrudo dos inocentes folguedos.

Ismael de Oliveira Façanha -   01/03/2017 05:32:39

É verdade. Aliás, o vírus da AIDS dormia quietinho lá na África, no seio dos símios seus hospedeiros, há séculos. Foi com o estabelecimento da moderna promiscuidade sexual, que aquele mal se espalhou pelo mundo todo. Aconselhar camisinha no Carnaval é como mandar os soldados para a guerra armados com espingarda de rolha. Sob o efeito do álcool e do tudo de fora, ninguém vai ficar catando camisinha na cueca.

Gustavo Pereira dos Santos -   01/03/2017 05:06:35

Não mudam o discurso. inversão dos valores é o norte da esquerda. Tentam enfiar a exceção goela abaixo, fazendo crer que é a regra. Uma coisa me intriga sobre as drogas proibidas por lei: por que não há uma campanha maciça contra o uso de drogas? A campanha contra o tabagismo foi um sucesso. Reduziu drasticamente o nº de fumantes (dinheiro bem gasto). Talvez a resposta esteja no STF esquerdopata. O ministro Barroso declarou que fumar um baseado não tem problema, então vale o símile: STF COM CAMISINHA.