• Percival Puggina
  • 02/10/2018
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CANDIDATOS DIFERENTES? SÓ DAQUI A QUATRO ANOS.

 Há pessoas contrariadas com o cenário da eleição presidencial. Expressam desagrado em relação aos dois candidatos que lideram as pesquisas. Parecem querer opções diferentes, outros candidatos, outros eleitores, outras pesquisas, outras urnas, outra mídia. Outro país, enfim. É a carrancuda fauna dos isentões. Sairão do pleito aborrecidos, mas com luvas brancas e sapados polidos.

Outras há que desejariam melhores perspectivas eleitorais para alguém, digamos, loquaz como Meirelles, popular como Amoêdo e Alvaro Dias, ou seguro e combativo como Geraldo. Ah, o Geraldo! “O Geraldo teria mais chances!”, dizem alguns. Pois é, só faltou combinar isso com ele, seus partidos e eleitores.

Geraldo Alckmin foi ungido candidato por um elenco de nove siglas integrantes do congestionado Centrão, cujas bancadas na Câmara dos Deputados somam 266 parlamentares. Mais da metade do plenário! Esse robusto apoio proporcionou à sua campanha o maior volume de recursos financeiros e o maior tempo de TV. Mesmo assim, a candidatura não sintonizou senão com uma pequena parcela da população, insuficiente para levá-lo ao segundo turno.

A campanha do tucano cometeu erro gravíssimo. Tendo saído no encalço de Bolsonaro, em vez de compreender quais os atributos que o faziam pontear a disputa presidencial num voo solo, decidiu derrubá-lo alvejando-o insistentemente. Por sua formação, Alckmin talvez pudesse repartir com Bolsonaro o interesse pela proteção das crianças (e de sua inocência). Poderia, também, sair em defesa da instituição familiar, de professores que ensinem e estudantes que estudem. Poderia posicionar-se vigorosamente em favor da Lava Jato, do combate à criminalidade e à impunidade, bem como do cumprimento integral das penas e do fim do desarmamento.

Poderia opor-se com firmeza à ideologia de gênero e ser muito explicitamente antipetista. Poderia apresentar-se como um candidato conservador e liberal.

Poderia, poderia, mas isso seria pedir demais a um catecúmeno do “progressista” Fernando Henrique Cardoso. O tucanato rejeita os dois adjetivos. Quando o PT fazia oposição ao PSDB, a expressão mais usada para desqualificá-lo era justamente a de ser o partido neoliberal ou liberal. E a acusação realmente doía porque não era assim que o partido se via ou queria ser visto. Quanto a ser conservador, definição que a maior parte da população provavelmente faz de si mesma, sofre total rejeição num grupo cujos líderes históricos vieram da esquerda do PMDB.

Não foi apenas por falta de carisma do candidato tucano que a maior parte de sua base entornou para Bolsonaro. O principal erro residiu no ataque a quem fala sobre angústias da população, sem levar em conta que seus tiros atingiam, também, a própria sociedade em seus anseios reais.

Não sei o que sairá das urnas no pleito presidencial. Se não confio (embora não as desconsidere) nas pesquisas de primeiro turno, não vejo porque levar em grande conta as de segundo turno, se ele ocorrer. Em todo caso, recomendo que o voto parlamentar seja cuidadosamente selecionado com vistas a uma saudável renovação e conferido a candidatos dignos, com perfil conservador e liberal. Em qualquer desfecho, eles serão indispensáveis.

 

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o Totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

 


Sergio Moldura -   05/10/2018 21:52:28

A eleição de domingo na verdade é um plebiscito entre o petismo e o anti-petismo. Quem abraçou a causa do anti-petismo com toda força foi o Bolsonaro . Se eleito , o que ele irá fazer no dia 2 de janeiro de 2019 , não importa . O que importa é não deixar o PT voltar ao poder. Mais uma vez , os brasileiros não irão votar no melhor , mas no menos ruim . Isto não é novidade . Lembra de 2014 , quando muitos votaram no abominável Aécio para impedir que a Dilma , a enecéfala , fosse eleita ? Enquanto usarmos o voto como escudo de defesa , não haverá solução possivel para colocar alguem decente na presidencia.

Joel Robinson -   05/10/2018 16:39:56

Tudo isso de hoje me lembra o Collor, lembra? O Caçador de Marajás, o bonitinho que as mulheres adoravam e deu no que deu, abriu o flanco da esquerdalha que assaltou o Brasil. Infelizmente agora temos um espelho da esquerda radical e fanática, a direitalha. E o PSDB de novo cometeu um erro imperdoável. o PSDB depois que morreu Mario Covas se deteriorou e afundou. E assim vamos como um limpador de para-brisa...

Menelau Santos -   03/10/2018 20:44:29

Ler a coluna do Professor Percival Puggina é bálsamo para a mente. Infelizmente o PSDB rejeitou o que deveria ser para vencer.

Raphael Tavares Pacheco Martins -   03/10/2018 18:45:30

Caro Percival, Já aprecio sua filosofia e visão desde os vídeos do youtube. Ultimamente tenho lido seus artigos e tenho me surpreendido bastante com a qualidade e coerência de seus textos. Venho somente parabenizá-lo pela dedicação ao blog e incentivá-lo. Atenciosamente,

Dalton Catunda Rocha. -   03/10/2018 18:05:15

Nenhuma surpresa, nem novidade, sobre o fato do PSDB ser aliado do PT atualmente. Eu que nasci em 1970, me lembro muito bem do constituinte bolchevista Mário Covas declarando abertamente, seu apoio ao Lula. Foi lá no ano de 1989. Para quem acha que não, que veja o site: ( https://www.youtube.com/watch?v=K3iIbU5Y99I ) aos 1 minuto e 15 segundos dele em diante. Pois é. Se o PT é uma lepra, o PSDB é uma hanseníase. Já há décadas finados, meu avô e dois irmãos dele, eram militares brasileiros da ativa, durante toda a Segunda Guerra Mundial. Também era militar do lado aliado, no exército da Bélgica, o igualmente finado avô de um cunhado meu. Eu tinha um tio-avô, há cerca de vinte anos finado, José Belém de Castro Rocha, um finado oficial da Marinha do Brasil, que lutou contra os submarinos da Alemanha e Itália, em toda a Segunda Guerra Mundial e lutou contra Intentona Comunista, em 1935. Desde de que eu era criança, ele me contava umas coisas. Primeiro, que na época e lugar onde ele havia nascido, a decisão de se tornar militar, que ele tomou foi altamente acertada, pelo bem que ele fez ao Brasil e ao mundo. A segunda é que ele se orgulhava de não ter nenhum descendente militar pois, segundo ele, já quase 30 anos atrás, a perspectiva real para o futuro de nossos militares, se resumiria, como se resumiria mesmo, a bater continência a políticos mafiosos. Este mesmo finado tio-avô, já quando eu era uma criança, me contava muitas coisas da Argentina maravilhosa, que ele viu ainda nos anos 1920 e, o desgosto de ver no que a Argentina havia se tornado de Perón(1946), para cá. Tanto era o desgosto dele com o destino da Argentina, que já no final dos anos 1970, ele decidiu nunca mais ir para aquele país. Que a Argentina maravilhosa que ele conhecera, vivesse só na lembrança. Na Argentina de 1976 a 1983, não foi o mesmo, que no Brasil do Regime Militar. Foi bem pior. Tornar um país pobre, num país rico é raridade, mas a Coréia do Sul conseguiu tal feito, graças aos governos de dois generais desde 1961 a 1988. Peço a você, que veja a palestra que começa aos seis minutos e vários segundos do site https://www.youtube.com/watch?v=axuxt2Dwe0A Sobre este assunto, não faltam boas coisas para se ver: ( https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,delacao-do-palocci-detalha-como-e-por-quanto-a-eleicao-de-2014-foi-fraudada-diz-marina-silva,70002528374 ), ( https://www.facebook.com/paulomarcio.zavasaki/videos/1849648378405203/UzpfSTEwMDAwMDk0ODAxNTkzNDoyMjIyNjQ3ODMxMzUzNzQ1/ ) e tantos outros.