• Percival Puggina
  • 25/10/2015
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CAMARADAS

 

 Em junho deste ano, durante o 2º Congresso Nacional da CSP-Conlutas, um membro do comitê central do PCB fulminou os conservadores com o poema em que Brecht sentencia um homem dito bom à morrer num bom paredão, com uma boa espingarda, uma boa bala e com sepultura numa boa cova. Calorosos aplausos da plateia referendaram a fala. Alguém filmou, vazou e o vídeo prolifera nas redes sociais sob óbvias rejeições. O site do PCB atribui tais repulsas - ora vejam só! - a uma direita "fascista e raivosa".

Lembrei-me do livro Camaradas. Esse excelente trabalho de pesquisa e jornalismo, empreendido por William Waack sobre a Intentona Comunista de 1935, foi viabilizado quando a abertura dos arquivos de Moscou permitiu escrutinar com correção os fatos da época. O livro inicia com pequeno trecho de uma das peças teatrais didáticas produzidas por Brecht: "Quem luta pelo comunismo tem que poder lutar e não lutar, dizer a verdade e não dizer a verdade, (...) manter a palavra e não cumprir a palavra (...). Quem luta pelo comunismo tem de todas as virtudes apenas uma: a de lutar pelo comunismo".

 Nessa obra (procure "The measures taken" para lê-la em inglês), Brecht, que era militante comunista, relata certa missão de propaganda durante a qual um jovem militante concorda com ser executado por seus camaradas para segurança da tarefa revolucionária. O coro, como a plateia do sujeito do PCB, louva a terrível decisão. Às infames lições citadas acima, o drama brechtiano, acrescenta que a benevolência faz mal à causa, que o coletivo sabe mais que o individual, que a rígida disciplina é indispensável à tarefa revolucionária, e por aí vai. Tais princípios abastecem os coletivismos, motivaram os genocídios sem os quais não se imporiam e são as muletas retóricas do discurso mencionado no início deste texto. Paredão!

Portanto, quando lhe falarem no tal coletivo, se não for ônibus, desembarque! Você pode ser atropelado por uma terrível ideia: nos coletivismos, o indivíduo e sua vida valem nada, absolutamente nada. Opondo-nos a isso, devemos reconhecer que temos, por natureza, uma real e preciosa existência social. Essa existência, todavia, deve ser vivida sem prejuízo da nossa individualidade. Somos dotados de liberdade, vontade, razão, responsabilidade e dignidade natural. Somos indivíduos, pessoas humanas, desde a concepção. É como indivíduo, pessoa divina, que Cristo irrompe na História. Será como indivíduos que nos apresentaremos ao Altíssimo para um juízo pessoal, não coletivo. Desconhecer, minimizar ou desfazer essa grandeza num coletivismo é reabrir as páginas mais trágicas e escabrosas do século 20.


ZERO HORA, 25 de outubro de 2015
 


Rui Cassina -   29/10/2015 18:24:56

Para presidente, Mauro Iasi (PCB) “Um bom paredão, onde vamos coloca-los em frente a uma boa espingarda, com uma boa bala, e vamos oferecer depois uma boa pá e uma boa cova”. Ao debater sobre o avanço do conservadorismo no Brasil Mauro Iasi recitou parte de uma poesia de Bertold Brech acima para confrontar pessoas que seriam defensoras do capital. A frase em epígrafe é o que ele deseja para os conservadores e foi dita no 2º congresso do CSP Conlutas no ano de 2015. Essa referência a um aparente fuzilamento como um tratamento a ser dado a opositores incitou muitos grupos a acusarem-no de discurso de ódio e intolerância. Mauro Iasi que foi candidato a presidente do Brasil nas últimas eleições pelo PCB justifica sua declaração dizendo que não há diálogo possível com esses grupos, que seriam eles mesmos incitadores de ideias fascistas e intolerantes. Nada surpreende! O uso da violência sempre foi a maneira tradicional de os comunistas se imporem no poder. Foi assim na Rússia em 1917, foi assim na China, com Mao Tse Tung, foi assim em Cuba e em muitos outros lugares. Porém, aqui no Brasil muitos acreditavam que o método violento já havia sido abandonado, dando lugar a maneiras mais sutis e graduais como as que estamos observando na América Latina através do Foro de São Paulo. Observem que o que Mauro Iasi disse não foi dizeres de um imbecil qualquer. Foi dito por um imbecil estudado. Iasi formou-se em história na PUC de São Paulo em 1983, obtendo mestrado em 1999 e doutorado em 2004, ambos pela USP. Atualmente é professor adjunto da Escola de Serviços Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Já foi presidente da Associação dos Docentes da UFRJ entre 2011 e 2013. A ameaça de Iasi de matar os conservadores, mais a ameaça de Lula em botar o exército do MST nas ruas, somando com o que Dilma disse que faria o diabo para ganhar as eleições dão uma amostra do pensamento esquerdista. O que mais preocupa é que a palestra de Iasi recebeu calorosos aplausos de uma plateia composta por estudantes e professores. Sabe-se que alguns cursos de História, Sociologia e Jornalismo estão impregnados de comunistas, principalmente na USP. A mesma entidade que abriga a filósofa Marilena Chauí que disse odiar a classe média. A pergunta que fica: o que esses caras ensinam aos alunos? A doutrinação, sabe-se, inicia cedo. Os comunistas pagam viagens, congressos e eventos nos quais cooptam jovens estudantes sob argumentos de mais justiça social. O que não aparece é a perversidade do sistema. O método se parece muito com a maneira com que os jihadistas do Estado Islâmico falam sobre os seus opositores. Para eles, matar quem pensa diferente é virtude. Por outro lado, o que é ser conservador? É apenas uma pessoa que valoriza tudo de bom que foi feito pelos nossos antepassados. É aquele que acredita no progresso, mas sem destruir as coisas boas existentes. É aquele que não acredita na destruição, mas na evolução. Todos nós somos conservadores em certa medida. Um conservador jamais proporia matar aqueles que pensam diferente.

Ângelo Lima -   27/10/2015 14:25:05

Muito bom !!!Parabén , já era seu fã !!!

Genaro Faria -   27/10/2015 08:19:39

Parece que o filme queimou. A festa, tudo indica, vai acabar na delegacia de polícia. E o casal corre o risco de passar a lua de mel na Papuda. Pixuleco e Bandilma. Isso vai dar samba. Ou letra de cordel. Se fosse nos states daria um filme. Tipo O Poderoso Chefão, versão cucaracha. Hora de convocar Fernando Henrique Cardoso para refazer o script. Começar tudo de novo. The show must go on. Narciso, o príncipe dos sociólogos, voltou à ribalta com o mesmo figurino, mas promete desfilar na passarela com... Serra. O urubu careca, talvez de braços dados com Marina, a tartaruga sem casco. Até a Argentina dá a pinta que não quer ser mais o país do passado, de onde nunca sairá. Ensaia descolar-se do Mercosul, o mercado comum mais raquítico do planeta. Mas o Brasil continua firme no leme. Não abre mão de perseguir seu ideal.: O Brasil é o país do futuro. E sempre será.

Aldo -   26/10/2015 21:20:10

Caros, não fosse eu um convicto calvinista, desacreditaria nas palavras do Messias, que afirmou que de uma mesma fonte não jorrava águas doce e amarga... Meu Senhor, como pode o Rio Grande jorrar Puggina e Genro???

Genaro Faria -   26/10/2015 17:48:52

Deixemos o Brecht de lado, que ele não passou de um artista engajado na causa comunista, e só por isso tão festejado, já que o que não falta é verba e verbo para exaltar qualquer um que se aliste nas fileiras marxistas. Et le nom du fou est ècrit partout. Prefiro lembrar de uma anedota americana que nos ajuda a esclarecer o grande drama do demagogo Lula da Silva. Ela conta que Nikita Kruschev - que recomendou a revisão da doutrina católica para adaptá-la ao marxismo, com o título atraente de Teologia da Libertação - deixou para seu sucessor dois envelopes numerados, que ele deveria guardar num cofre de seu gabinete. E recomendou-lhe que lesse o primeiro assim que estivesse numa crise para a qual não encontrasse a solução. E assim sucedeu que seu sucessor abrisse o primeiro envelope, onde estava escrita a solução da crise: PONHA A CULPA DE TUDO EM MIM. Passada a fase de condescendência para com o novo chefe do PCUS, porém, sobreveio uma nova crise ainda pior que a primeira. Ao que o infeliz governante lembrou-se de abrir o segundo envelope: DEIXE DOIS ENVELOPES PARA O SEU SUCESSOR. Lula, chefe de fato do governo Dilma, está nesta fase. Já gastou a desculpa da "herança maldita" que recebeu.

Dalton Catunda Rocha -   26/10/2015 15:55:52

"Enquanto houver algum direitista disposto a tratar os esquerdistas como idealistas cheios de boa vontade, separados dele apenas por uma diferente concepção dos meios de fazer o bem, a esquerda se sentirá livre para continuar cometendo toda sorte de crimes com a consciência mais limpa do mundo." > https://www.facebook.com/carvalho.olavo/posts/556343421184403

Genaro Faria -   26/10/2015 10:48:05

"As guerras trazem, em suas consequências, a imediata desvalorização da pessoa humana, decorrência que se evidencia cruel nas de caráter ideológico." (Frota, Sylvio - Ideais Traídos - Jorge Zahar Editor) O que esse agente do comunismo verbalizou é o que pensam os petistas e membros de partidos marxistas e entidades que a esse ofício se prestam. O mais cruel de tudo, porém, é que a maiorias dos adeptos do marxismo é constituída, como disse o "professor universitário" que cita o marxista Bertold Brecht, de pessoas boas; "inocentes úteis" que abraçam a causa socialista com espírito cristão, humanista. Bem poucos são aqueles da elite comunista que sabem o que fazem, inclusive que os iludidos companheiros estarão entre os primeiros a ir para o "paredón". Para não se tornarem os primeiros dissidentes da monstruosidade que ajudaram a implantar no país. Reconhecer essas organizações criminosas como partidos políticos, num país de tão baixa densidade cultural como o nosso, é brincar de roleta russa com duas balas no tambor. E com o revólver apontado para a cabeça dos brasileiros.

Vitálio Bondarczuk -   26/10/2015 02:10:56

Concordo com a sua postura expressa neste texto. Trazer a lembrança os fatos nos ajuda a estarmos atentos aos inimigos do individuo. A salvação outorgada por Deus em Jesus Cristo é individual, é para aquele que crê e aceita-O como único e todo-suficiente Salvador. Quanto ao perigo do coletivismo, vem-me a mente a advertência do VT, em Êxodo 23.2 "Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito." Vitálio Bondarczuk

Data Venia -   25/10/2015 17:23:19

Caro Percival, depois das liminares bolivarianas de Teori e Rosa, achei este texto muito esclarecedor. Se tiver uma folga, baixe os arquivos em pdf e leia na íntegra. Na minha opinião, a oposição não pode se resignar com a intromissão indevida do STF no Poder Legislativo. Deveria usar seus melhores juristas para rechaçá-la (há inúmeras decisões de vários ministros que ajudariam a fundamentar um recurso ao Pleno). Se o STF insistir em usurpar um direito dos parlamentares, sugiro que recorram ao plenário da Câmara assim mesmo. Não podemos aceitar que uma decisão tão importante caiba a um deputado apenas (como quer o PT). Nós elegemos 513! Quando pediu o impeachment de FHC em 1999, Milton Temer (PT-RJ) pode exercer este direito. Em 2015, qualquer parlamentar da oposição também pode fazê-lo. Quem ousar dizer o contrário, não entende nada de direito, muito menos de democracia! O STF E OS ATOS INTERNA CORPORIS Então questiona-se: existe coerência em todas as vezes em que o STF declarou que havia desrespeito à CF? E nos casos em que ele não declarou? No tópico abaixo passarei a expor as características e possíveis critérios de aplicação da regra geral em cada ato parlamentar. 2.1. ATO ADMINISTRATIVO-POLÍTICO Considerei como ato administrativo-político aqueles casos em que se questionavam atos de organização e administração interna dos trabalhos do Legislativo, COMO PROCESSAMENTO DE DENÚNCIA CONTRA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, administração das eleições da Mesa Diretora e a forma de composição de alguma comissão permanente ou temporária. Nesses casos há uma discricionariedade ampla de decisão ao Legislativo, por não ter previsão na CF sobre o procedimento de produção desses atos. Neste grupo de casos O STF NÃO REALIZOU O CONTROLE DE NENHUM ATO. Demonstrando que a característica dos casos desta espécie de ato é de que não haja controle de constitucionalidade. ANÁLISE DE RESULTADOS: O que é ato interna corporis? O STF é coerente em sua definição? Ato interna corporis é utilizado pelo STF como sinônimo de limite de sua competência para analisar a constitucionalidade dos atos parlamentares. Sendo assim, se o STF afirmar que é competente para analisar a constitucionalidade de algum ato parlamentar, ele alega que o ato não é interna corporis. Se quiser afirmar que é incompetente para analisar o ato parlamentar, alega que o ato é interna corporis. No caso dos atos administrativo-políticos, o critério é que: esses atos por servirem para regulamentar os trabalhos, dentro dos limites de competência e fundamentado em RI e com eficácia interna, SÃO IMUNES À APRECIAÇÃO PELO JUDICIÁRIO, POIS NÃO HÁ VIOLAÇÃO À CF. ALÉM DISSO, ESSES CASOS NÃO ENVOLVEM DIREITOS FUNDAMENTAIS OU DESRESPEITO A PROCEDIMENTOS CONSTITUCIONAIS, O QUE O TORNA TOTALMENTE IMUNE AO CONTROLE JUDICIAL, TENDO EM VISTA A SEPARAÇÃO DOS PODERES. http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=23b3ec0c082bcc9d http://www.sbdp.org.br/arquivos/monografia/220_Nikolay%20-%20Monografia.pdf MANDADO DE SEGURANÇA 32.930 DISTRITO FEDERAL Portanto, o que busca o impetrante neste mandamus é questionar judicialmente a interpretação dada pela Câmara dos Deputados ao art. 218, § 3º, de seu Regimento Interno, norma procedimental que, como visto, não encontra previsão expressa na lei ou na Constituição. ASSIM, TRATANDO-SE DE MATÉRIA INTERNA CORPORIS, REVELA-SE INSUSCETÍVEL A SUA APRECIAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. Isso posto, nos termos do art. 21, § 1º, do RISTF, nego seguimento a este mandado de segurança, ficando prejudicado, por conseguinte, o exame do pedido de medida liminar. Publique-se. Brasília, 11 de junho de 2014. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI Relator

Odilon Rocha -   25/10/2015 16:36:26

Prezado Professor Sobre esse lúgubre, porque infeliz seria elogiá-lo, discurso que assisti dias atrás, fiquei pensando: imaginem - pois jamais faríamos aquilo - se um de nós dissesse aquela insensatez em relação à esquerda? O mundo desabava! E assim vamos engolindo, condescendendo, omitindo-nos. Lula, no início deste ano!, vociferou e ameaçou pôr o tal 'exército'do Stédeli nas ruas; depois foi a vez do camarada que preside(?) a CUT, na cara da senhora que se diz presidente de uma Nação, e nada, absolutamente nada, foi feito diante desses dois episódios, para a nossa perplexa tristeza, para a nossa completa indignação. Sinceramente... .

Dalton Catunda Rocha -   25/10/2015 13:17:04

"Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós. " > Fernando Pessoa, in 'Ideias Filosóficas' > http://www.citador.pt/textos/catolicismo-e-comunismo-fernando-pessoa