• Percival Puggina
  • 12/04/2016
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AS PEDALADAS, PARA NÃO INGÊNUOS

 

 Depois de longas horas assistindo a sessões da comissão especial do impeachment, posso testemunhar que o maior antagonismo não se formou entre o sim e o não, entre direita e esquerda, governistas e opositores. A mais notória divergência foi a mesma que, historicamente, se estabelece entre a verdade e o partido governista. Nele, fato, história, realidade e verdade são submetidos ao filtro das conveniências e ganham, sempre e sempre, o aspecto e a versão que mais convém aos seus interesses.

  Tal ditame integra a natureza mesma dos partidos revolucionários e totalitários de qualquer viés, criados para constituir uma nova ordem e sendo, portanto, insubmissos à ordem e à moral vigentes. Rápida folheada de vista na história é suficiente para estampar profusão de exemplos dessas ocultações trapaceiras em novelos de falsidades, mistificações e dissimulações. É aquilo que estava, por exemplo, na cabeça de Brecht quando, em "A medida punitiva", estabeleceu: "Quem luta pelo comunismo tem que dizer a verdade e não dizer a verdade, manter a palavra e não cumprir a palavra (...). Quem luta pelo comunismo tem de todas as virtudes apenas uma - a de lutar pelo comunismo".

Não era diferente a convicção de Goebbels, ministro de Propaganda de Hitler, quando ensinou que a mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Foi o que ainda ontem (11/04), em sua última fala na sessão da Comissão Especial, num rasgo de sinceridade, o deputado José Guimarães, líder do governo, disse sobre a vinculação entre impeachment e golpe: "Pegou!", disse ele. "A vinculação entre impeachment e golpe pegou". Não se trata, necessariamente, de uma vinculação real. É uma vinculação que, pela repetição, "pegou".

Quero ater-me, aqui, a outro atropelamento da verdade, repetido ao longo dos últimos meses até não restar caco de paciência para ouvi-lo. Refiro-me à afirmação de que as pedaladas foram exigência da generosa dedicação do governo aos necessitados, pobres, humildes e carentes da pátria. Moradores do coração do governo, resgatados da miséria por sua prestimosa atuação, seriam estes Joões, Marias e Josés os destinatários principais dos recursos que fizeram explodir o orçamento e levaram o governo ao crime de responsabilidade unanimemente apontado pelo Tribunal de Contas da União.

Enquanto esse discurso era salivado de boca em boca no plenário da comissão, o Banco Central, a três quilômetros dali, divulgava que os atrasos de repasses do governo a bancos públicos haviam alcançado R$ 60 bilhões no final de 2015, e que a maior parcela, no valor de R$ 17,3 bilhões, foi destinada ao rombo do PSI-BNDES.

O rombo em miúdos: 30% do montante pedalado corresponde ao subsídio proporcionado pelo governo aos graciosos juros de 4% a 6% ao ano, cobrados nos empréstimos bilionários concedidos pelo BNDES a grandes empresas. Quem não os haveria de querer? O montante desses financiamentos, em meados de 2015, chegava a R$ 461 bilhões. O peso do subsídio sobre a dívida pública, ao longo das próximas décadas, vai a quase R$ 200 bilhões! Isso é dar esmola aos pobres e ser pródigo com os afortunados e endinheirados.
 

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 

 

 


Genaro Faria -   15/04/2016 18:25:24

Tomei dois copos de água gelada, tamanho king size, sorvidos bem devagar. Fui à janela da sala e respirei fundo 12 vezes. acendi um cigarro, puxei um poltrona e me posicionei diante do computador. Com essas providências preliminares julguei que enfrentaria, sem me sacrificar em excesso, a leitura do recurso impetrado pelo advogado geral de Dilma, JEC, ao STF. Trata-se de uma baboseira que aluno do primeiro ano do Curso de Direito recusaria subscrever. Antes o causídico argui-se a nulidade do processo do impeachment sob a alegação de que não foi escrito com a fonte padrão (arial), a tinta não era tão escura e o papel não era tão branco como deveria ser, o formato não era A4 e as margens e espaçamento entre as linhas eram impróprios. E o Supremo ainda se dá ao trabalho de abrir uma sessão extraordinária, com urgência urgentíssima, para julgar esse monte de bacharelês sperneandi! Ver a que nível chegaram os poderes da república dá medo. Confesso, sinceramente, que interrompi a leitura para não precisar tomar um tranquilizante.

Gustavo Pereira dos Santos -   15/04/2016 01:42:12

Dr. Percival foi preciso. Enquanto isso, assisto uma aula de Geografia dada pelo STF puxadinho do PT. Estão deliberando se a América do Sul fica mais ao norte ou mais ao sul.

Percival Puggina -   14/04/2016 11:11:11

ALERTA AOS MAVS, MILITONTOS, E ASSEMELHADOS - Não adianta comparecerem a estas páginas de opinião para construírem suas fábulas. Cuidem das próprias vergonhas. Regenerem-se. Cresçam decentemente e reapareçam. Este espaço não está disponível à sua publicidade. Criem o próprio espaço. Aqui, não. As opiniões são mediadas exatamente para evitar seu mau uso.

Genaro Faria -   14/04/2016 06:32:35

O que teria tirado o trono, o cetro e a coroa da dinastia que Lula parecia encarnar para durar mil anos? Como ela está acabando na cadeia depois de pouco mais do que uma década de poder? Onde foi que a cigana errou? Quem comprou esses búzios de um camelô vigarista? Ou será que o profeta que previu esse messias era de uma bíblia paraguaia? Por que ninguém mais acredita nos charlatões do PT? Nesta semana foi publicada uma pesquisa de opinião pública, que os petistas estão citando como se fosse um oráculo, bem emblemática do estelionato que nos induziu ao erro de jogar suas fichas na aposta de um futuro do país comandado por um chefe de quadrilha. Segundo ela, os brasileiros torcem pelo quanto pior, melhor. Para o nosso eleitor, só Marina Silva disputaria, cabeça a cabeça com Lula, a reta final no hipódromo eleitoral de 2018. O que isso quer dizer, sobretudo porque tal pesquisa foi divulgada agora, no olho do furacão do impeachment? Que nós somos completamente idiotas? Nem tanto. Significa, na verdade, uma aposta nisso. Que o rei foi enganado por uma dupla de artesãos malandros que o fizeram desfilar, pelado feito um frango que acabou de deixar o congelador para ser cozido na panela, e não há nem um menino para exclamar, inocentemente, que ele está nu.

Genaro Faria -   14/04/2016 03:54:13

Até agora a farsa conseguiu enganar que acredita estar nesse palco para encenar uma tragédia. Ela segue o script de todos os bandidos, que só admitem o crime depois que perdem a vã esperança de que negá-lo poderia livrar sua cara. Depois que a Dilma reuniu sua tropa para dizer que foi traída, até quem confunde um rouxinol da Galiléia com o urinol da Vanderleia entendeu que o defunto é pagão e não carece de mandar acender vela benta no velório. As carpideiras podem passar no guichê para receber seu cachê. E o mestre fúnebre pode mandar o recado para um bispo da CNBB comparecer , sem mais tardar, para as encomendas prescritas pelo santo Leonardo Boff e seu coroinha, Frei Betto, para as exéquias dessa onça que foi beber água e se afogou. Tentando pegar "o último trem para Paris", a galera rubra do quanto pior, melhor, onde o menos vigarista é mais velhaco do que pulga de pensão, anda vaticinando que sem nossa querida Dilma o Brasil vai pegar fogo. E como no Brasil não podemos deixar a cretinice carente de adeptos penitentes, o que não falta é quem acredite nessa lorota. Pois eu não concedo nem mais do que um semestre para que essa febre que quase nos exterminou baixo o nível do termômetro para menos de 20 % da população que ainda imagine que Lula e sua corja tenham suas vísceras expostas como uma organização criminosa que tomou o poder. Deus sempre escreve certo. As linhas tortas ficam por conta da gente. De nós que padecemos da falta de humildade para redescobrir, a duras penas, o quanto essa virtue nos eleva, ao invés de nos humilhar.

Ismael de Oliveira Façanha -   13/04/2016 15:54:19

De Gaulle jamais disse que o Brasil não era um país sério, nem Paul Joseph Göbbels nunca falou que a mentira repetida se transforma em "verdade"; é tudo mito da subcultura. O temeroso Temer, que de homem só tem o desenho anatômico, vai subir a rampa de braço com Eduardo Cunha e Renan, seguido pelo Padilha empurrando a cadeira de rodas do Sarney. Se pensa que vai ter vinho e rosas no seu governo, saiba que o PT haverá de ser uma grande nuvem de "marimbondos de fogo" no seu pescoço, e os militares não vão se mover uma polegada para fora dos quartéis em seu socorro. Como diria Dilma, "Meu ódio será sua herança"...

Rômulo de Jesus Dieguez de Freitas -   12/04/2016 20:19:07

Texto e reflexão muito pertinentes. Grato.

Genaro Faria -   12/04/2016 17:47:11

Petistas, psolistas, pecedobistas - só não os chamem de comunistas, que eles não gostam de se identificar em público por sua ideologia antes de tomarem o poder - são de dois tipos: os buchas de canhão e a elite artística patrocinada por estatais. Mortadelas e parasitas do Estado. Ambos têm em comum o apego a bolsas e a alergia ao trabalho. Quanto à honestidade, o último remanescente portador dessa grave anomalia foi visto no instituto Pestalozzi fazendo um curso de reciclagem.