• Percival Puggina
  • 23/06/2018
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AS FAKE ANALYSIS E A MOÇA RUSSA

 

A mídia tradicional vem atacando, em bloco, a divulgação de notícias falsas através das redes sociais. Os próprios usuários das redes, aliás, deveriam apressar-se a fazê-lo. O notável instrumento de informação e orientação que temos na ponta dos dedos, exatamente porque democratiza o direito de opinião, não deve agasalhar práticas irresponsáveis ou criminosas.

Há algo mais nessa história, contudo. O jornalismo opinativo, que perdeu parte de seu poder com o advento das redes sociais, parece haver encontrado na pauta “fake news” o meio através do qual pretende desacreditar as redes como tais e obstar sua crescente influência.

Ora, mais do que os fatos, é a análise dos fatos que atua sobre os consumidores da informação. E que dizer das fake analysis em veículos da mídia tradicional? Sou dos poucos – pouquíssimos! - que denunciam a malignidade desse fenômeno comum, insistente, cotidiano e perigoso, observável em certos grandes veículos. Para induzir a conclusões erradas, mas ideológica e politicamente convenientes, fatos verdadeiros são torturados nos porões das interpretações. É a versão, em relação aos eventos do tempo presente, daquilo que tantos professores promovem em relação ao passado em aulas de História.

Emitidas para produzir convencimento, essas análises fajutas atuam sobre a sociedade de modo simultâneo, fato após fato, desde inúmeras fontes, repetindo-se e se realimentando por longo período até que o mais desatento e infrequente ouvinte, leitor, ou telespectador não fique imune a seus efeitos.

Veja-se o caso da moça russa. Estima-se que 60 mil brasileiros estejam visitando a Rússia nestes dias de Copa. Durante uma fan fest, meia dúzia de rapazes fizeram com ela uma brincadeira de muito mau gosto, levando-a a pronunciar baixarias que a depreciavam. Não contentes com isso, expuseram o vídeo nas redes sociais.

A conduta é condenável. Os envolvidos, para tomarem vergonha na cara, deveriam passar um mês lavando a língua com água e sabão na Praça Vermelha antes de acertarem suas contas indenizando a vítima. Segundo as fake analysis, porém, a inteira população masculina do Brasil é, de algum modo, cúmplice do acontecido! Desde que o politicamente correto tomou posse como modelo de virtudes sociais, os brasileiros do sexo masculino passaram a ser rotulados com todos os defeitos que a grossura possa suscitar. Admitam ou não, são machistas, estupradores, abusadores. Não importa que o episódio da moça, em si, seja incomum a ponto de suscitar interesse mundial e esteja desalinhado do comportamento médio dos demais turistas.

A conduta registrada no vídeo tem muito a ver com as baixarias que invadiram as TVs comerciais brasileiras. Não surpreenderia colher-se algo assim após toda sorte de depravações a que expomos nossa juventude – inclusive nossas crianças! – em certas exposições e museus que andam por aí. Ou quando, em nome de certos lifestyles, a vida sexual sai da intimidade, vai para as calçadas e desfila em carros de som. É quase o que se poderia esperar da falta de limites na educação familiar e de disciplina nos ambientes escolares. É o desagradável produto da tolerância, da impunidade e da ruptura dos elos que unem a liberdade com a responsabilidade. E não nos surpreenda constatar que todas essas causas, ao longo dos anos, são promovidas nas fake analysis da mesma mídia que hoje se escandaliza quando desembarcam na Rússia alguns filhos dessas e de tantas outras imoderações. Recomendo, a propósito, a leitura do artigo do médico gaúcho Dr. Milton Pires, com o título “A menina russa: ao corpo diplomático da Rússia no Brasil e ao povo russo”. Você lerá o que a turma das fake analysis jamais escreverá.
 

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o Totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.


 


Geraldo -   28/06/2018 00:44:59

Fizeram algo parecido com um japonês mas não deu em nada. Homem não é minoria oprimida, não precisa ser tutelado. https://www.youtube.com/watch?v=uRo12AcoUk0

Nill Soares -   26/06/2018 01:32:24

Veja quem está adorando o vídeo dos brasileiros. A russa Alyona Popova... Ela disse : ' Esses casos podem nos ajudar a historia dentro do nosso próprio país" https://www.terra.com.br/esportes/videos/para-ativista-russa-indignacao-dos-brasileiros-foi-uma-licao,8685243.html XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX https://www.change.org/p/state-duma-adopt-the-domestic-violence-law-in-russia Alyona Popova está feliz igual a pinto no lixo. Não é sem razão . Um bando de homens sem-vergonhas e escarnecedores fez um vídeo machista que caiu do céu. De tão bom para os objetivos das feministas. A Historia é o seguinte homens sem-vergonhas e puteiros fazem safadezas. Aí ! as feministas , as feminazis que não são nada melhores que eles ( vide, apoiam o aborto, assassinato de crianças ) com astucia sabem se aproveitar politicamente ou por interesses . Das safadezas deste homens burros e sem-vergonhas. Eu sempre digo devemos proteger é as crianças. Pois as mulheres como este CASO mostra , sabem se defenderem e muito mais coisas ainda. . Os homens honrados devem tomar cuidado, para não fazerem nada que possa favorecer a causa das feministas. Muito cuidado. Ela estão esperando que você faça erros. O homem conservador por mais amável e cavalheiro que seja com as mulheres em geral. Só vai provocar mais aversão nas feministas. Não vai dar pano prá manga. Não.

IvoHM -   26/06/2018 00:34:47

É a tal da paralaxe, ou dissonância, cognitiva. Partindo para o popular: primeiro incentivam a p*taria, e depois condenam quem a pratica.

Nill Soares -   26/06/2018 00:21:52

O vídeo dos brasileiros ,humilhando a moça russa, foi bom num sentido. Pensem ! Se não tivesse havido este vídeo e nem outros vídeos de brasileiros (foram uns 5 videos), mas, videos de argentinos e um colombiano. Bem ! Se não tivesse havido ? Numa hora destas só se falaria de homofobia e preconceito contra gays na Rússia. Tudo indicava para isto. https://veja.abril.com.br/mundo/governo-da-russia-alimenta-intolerancia-e-homofobia-no-pais/ Mas ! O vídeo dos brasileiros humilhando a moça russa e outros vídeos de brasileiros, argentinos e colombiano.. E outros fatos. Mudou tudo. O FOCO passou a ser á discriminação,preconceito e opressão contra as mulheres. Duvidam ? Vejam este vídeo. https://noticias.bol.uol.com.br/especiais/acuadas-agredidas-e-sem-voz-a-repressao-as-mulheres-na-russia-#a-lei-criada-para-o-agressor È isto mesmo . Hoje ! Na Rússia as mulheres estão numa situação, muito mais pior do que na Arabia Saudita ou Irã. Segundo as FEMINAZIS e esquerdistas. O vídeo dos brasileiros mudou o foco da homofobia para a opressão das mulheres na Russia,Brasil e América Latina. Mas ! Nos países islâmicos as coisas continuam como antes. Será que a ONDA chega lá.

Valter Heller Dani -   25/06/2018 17:50:03

O seu próprio texto, dessa vez, sofre de politicamente corretístico ao achar que má educação, babaquice possam ser alvo de indenização.

LUIZ MORAN -   25/06/2018 11:32:33

A grande mídia recebe verba de publicidade do Estado, oriunda dos exorbitantes impostos, para mentir, desinformar, deturpar, alterar e esconder a verdade dos fatos.

rivadavia rosa -   24/06/2018 20:38:59

Análise, realmente instigante. O fato é que numa tentativa ‘moderna’ de legitimar a mentira – engendrou-se as “Fake News”, as quais, porém, não são somente notícias falsas, mas também deturpações imaginadas, manipuladas, inventadas; parecem, mas não são notícias, mas, mesmo assim estão no ranking mundial no debate político, afastando a já antiga palavra ‘pós verdade’. As redes sociais e afins podem operar como ‘máquinas polarizadoras’, na medida em que ajudam a confirmar e/ou amplificar pontos de vistas preexistentes e confirmativos de nossas crenças. A ameaça, sobretudo para a democracia, nesse novo poder, reside na manipulação, sobretudo nas redes sociais, configurando as fakes como novo ópio do povo pela opacidade que pretende e por considerar - digitalmente analfabetas, as pessoas incapazes de identificar a procedência dos boatos ou que interesses ocultam.

Daniel Messias -   24/06/2018 14:35:20

Seu comentário é esclarecedor , professor, de um brilhantismo raro.

Afonso Pires Faria -   24/06/2018 00:56:10

É bem isto professor. Eles desviam o foco do principal para dar ênfase ao acessório. Tudo para eles é luta de classes. Viram na atitude mal criada dos marmanjos, um a discriminação contra a mulher, quando de fato estão revelando exatamente a falta de educação das crias do Paulo Freire.

Neiva Maria Demoliner -   23/06/2018 18:18:41

Encontro em seus textos a expressão do meu pensamento.A contextualização de valores morais é exposta de forma lisa , transparente e sem rebuscamento retórico, que muitas vezes atrapalham a compreensão do texto. Este artigo expôs claramente o que considero como um dos produtos finais do programa " pátria educadora ". Infelizmente a " cultura " brasileira foi conduzida para o lixo.

José Nei de Lima -   23/06/2018 16:01:30

Olá meu querido amigo quando está nação vai ser transformar em uma verdadeira República, por que a dita Democracia, na prática nunca existiu, acorda gigante adormecido, é uma verdadeira vergonha mundial, um ótimo fim de semana que Deus vos abençoe e ilumine sempre amém.

Odilon Rocha -   23/06/2018 14:28:18

Caro Professor O senhor deu a sua sentença, um mês lavando a língua...etc.. Eu complemento. Deveriam, na volta, ao desembarcarem, ser encaminhados para um pequeno estágio de bons modos e tratos em um presídio de Franco da Rocha. Quem sabe aprenderiam a usar melhor a língua.

Gustavo Pereira dos Santos -   23/06/2018 14:23:07

Estão perdendo terreno a cada dia que passa. A midia convencional perderá muita grana em 2019.

Abrahão Finkelstein -   23/06/2018 12:38:24

Caro amigo Mais um brilhante artigo que joga luz sobre o que está por trás das notícias qdo manipuladas por mentes contaminadas. Excelente!!!