• Percival Puggina
  • 20/07/2018
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AS DIMENSÕES DO FRACASSO EDUCACIONAL BRASILEIRO

 

 Vou dar os números rapidamente e seguir em frente para que você não desista de prosseguir na leitura. Segundo dados do PISA, divulgados nesta quinta-feira (19/07), referentes a um conjunto de 70 países, 61% dos estudantes brasileiros desistiram no decorrer da prova (foram 18% na Colômbia e 6% na Finlândia). Os estudantes brasileiros conseguiram o 65º lugar em ciências, o 63º em matemática e o 58º em leitura.

 Pronto, pronto, o pior já passou. Agora, segure essa tristeza cívica, seque as lágrimas e vamos examinar o fato em si. A imensa maioria dos pedagogos brasileiros está convencida de que isso se resolve com mais Paulo Freire, aquele autor a quem você só critica em público se estiver a fim de ouvir desaforos. Eis o motivo pelo qual, mesmo os que dele divergem silenciam em vez de denunciar os danos que já produziu à educação brasileira. Jamais use o nome desse deus em vão. Diante do lead deste texto, os fiéis seguidores do “padroeiro” da educação nacional afirmarão que o PISA é um parâmetro bom para a realidade do aluno da Finlândia, mas não “dialoga” com uma sociedade em que os jovens precisam ser “conscientizados” de sua condição oprimida e de sua necessidade de libertação. Deu para entender, ou quer que o professor barbudinho lá do quadro negro desenhe?

 Cresça e apareça, PISA! Quando a turma de vocês estiver interessada em “problematizações” que não envolvam aritmética, ou em medir a qualificação e preparação de alunos para a cidadania, venham todos ao Brasil. Antes não. Elaborem um questionário sério sobre oprimidos e opressores, machismo, feminismo, racismo, preconceito, politicamente correto, ideologia de gênero, ditadura militar e conscientização política. Aí sim, vocês ficarão conhecendo a força da educação à brasileira. Não apareçam mais aqui com raiz quadrada, regra de três, propriedades do oxigênio e compreensão de texto, que é mera submissão do leitor à intenção do autor. Raus! Get out!

 Não me digam o quanto dói o que acabei de expressar porque machuca a mim enquanto escrevo. Sei que apesar da má remuneração, da carência de meios, da pressão dos sindicatos e dos colegas que fizeram curso e concurso para militantes políticos, milhares de professores acolhem diariamente suas turmas mobilizados pela sublime intenção de educere, nos dois sentidos em que o vocábulo latino tanto diz à educação: dar vazão às potencialidades, aflorando seus talentos, e encaminhá-los para uma vida proveitosa no mundo real.

 Milhões de crianças e adolescentes brasileiros, porém, são recebidos em sala de aula como se fossem seres de quem não se pode cobrar sequer conduta civilizada, disciplina e respeito às autoridades escolares porque são mal nascidos, inferiores, incapazes de absorver qualquer conhecimento que exceda os limitados contornos do mundo em que vivem. Creio que nem na estreiteza dos países totalitários exista opressão igual.

 

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
 


Deivis -   24/07/2018 11:36:01

O que dizer quando um suposto professor universitário escreve tamanha barbárie e espera que alguém em sã consciência acredite? "oscar . 24.07.2018 Para o senhor Jonny Hawke Sou professor de universidade federal faz mais de 15 anos. Nunca ministrei, nem vi alguém propalando o marxismo. Gostaria que o senhor evitasse esse comportamento escandaloso e simplista!" Esse tipo de professor demonstra a consistência das afirmações e a necessidade de mudança explicitada brilhantemente pelo Sr. Percival.

PERCIVAL PUGGINA -   24/07/2018 11:26:52

Sem dúvida, senhor Oscar, a exceção justifica o esforço feito para modificar a regra. O fato que mencionou é o que acontece com o resultado de professores que ensinam e alunos que estudam. Duas práticas quase abandonadas entre nós, noves fora alguns vestibulares e concursos públicos.

oscar -   24/07/2018 03:30:06

Senhor Puggina e leitores. Realmente notícia ruim... Que tal falar comentar e nos parabenizar pela seguinte EXCELENTE notícia: Brasil ganha cinco medalhas em Olimpíada Internacional de Matemática 2018. 59ª edição do evento realizada na Romênia reuniu estudantes de todo o mundo; Brasil ficou na 28ª posição no ranking geral dos países. ....e deixar de ser apenas profetas do apocalipse! Obrigado. PS. Aguardo seus comentários!

oscar -   24/07/2018 03:20:33

Para o senhor Jonny Hawke Sou professor de universidade federal faz mais de 15 anos. Nunca ministrei, nem vi alguém propalando o marxismo. Gostaria que o senhor evitasse esse comportamento escandaloso e simplista!

CLAUDIO SILVA RUFINO -   23/07/2018 11:30:03

Estudei em escola pública, 1952-1956, então primário. Ginásio escola particular mantida pela comunidade evangélica luterana de Ijui. Clássico em Escola Pública (Manoel Ribas Santa Maria). Aprendi muito em todas e de forma eficiente. Mas havia ideologia no curso ginasial. Nas públicas não. Fui criticado abertamente pelo professor de história em aula quando discordei ter sido Eurico Gaspar Dutra o melhor Presidente do Brasil e admoestado pelo Diretor quando entrávamos após recreio, em fila obviamente. Discipllna sempre houve. Ideologia havia sim. Mas não me contaminou. A situação atual é preocupante, todavia.

Jonny Hawke -   23/07/2018 00:50:19

Professor, não há mais o que argumentar. As escolas e faculdades tombadas pelo marxismo. Não há mais aulas de matéria apenas de ideologia e alienação cultural.

Áureo Ramos de Souza -   22/07/2018 23:10:16

Se aproxima as eleições, não me venha com aquele papo que vai lutar pela educação, segurança e saúde que não caimos mais nestas idéias. Estamos fartos de nossos políticos que se elegeram a anos e vem trazendo os filhos e esposas para dá continuidade da sua riqueza. Políticos deveria ganhar apenas seus salários sem mais nenhuma vantagem assim como os brasileiros assalariados, aposentados que trabalharam durante mais de 65 anos e se aposentam com R$ 954 para pagar: água, luz,internete e ainda fazem a feira e nossas escolas todas sucateadas e roubada as merendas e vai por aí.

Ary Txay -   22/07/2018 17:00:35

Discordo em parte, da proposta de privatização total do ensino público formulada pelo Dailton. Considero estratégico o financiamento do ensino fundamental e médio pelo Estado - o espaço é limitado para detalhar essa defesa. No entanto, considero uma grave distorção a gratuidade do ensino de NS e as pós-graduação para famílias e pessoas ricas e da classe média alta. Como justificar o pagamento da escola dos ricos pelos pobres ontribuintes de impostos de toda a natureza? Defendo a gratuidade para os que tenham desempenho escolar elevado e sejam comprovadamente pobres. Afinal, há uma enorme lista de itens que pedem financiamento público e prioritário, tais como SUS, financiamento em C & T, aprimoramento de educadores, construção de moradia, infraestrutura urbana e saneamento, infraestrutura de transportes etc.

Luís -   22/07/2018 09:13:34

Uma das principais referências mundiais em reputação acadêmica, a revista britânica THE - Times Higher Education divulgou ( em 9 de maio de 2018 ) o seu ranking anual, mostrando que entre as 100 melhores universidades do mundo, há apenas quatro instituições brasileiras e nenhuma delas é gaúcha. No ranking específico para as economias emergentes - que avalia 378 universidades - é possível identificar que até mesmo universidades do Paquistão, Egito, Lituânia, Omã, Romênia e Filipinas aparecem melhor posicionadas que muitas das melhores instituições de ensino superior do Brasil. Na lista completa aparece a Universidade de Gana, na posição de nº 182 e à frente, portanto, de TODAS as universidades do Rio Grande do Sul. Alguém soube disso ??? Pois é, a "grande" mídia gaúcha preferiu ficar falando em futebol e divulgando aqueles fuxicozinhos ordinários das pseudo-celebridades do que aprofundar o relevante tema da educação ...

DANIEL JOSE CARAMORI -   22/07/2018 04:13:19

Compactuo com os comentários de Dalton Catunda Rocha e José Mesquita Moreira. Resta a nós pedir a Deus que olhe pelo nosso país. Idiótas, vagabundos , sonhadores, viajantes, e experts conhecedores e aproveitadores do bom resultado do trabalho e técnologia de quem é empreendedor...buscam levar nosso País ao cáos geral. É hora de nos defender.

Geraldo -   22/07/2018 01:50:14

A Folha de São Paulo (edição de 20/7) escolheu para publicação a carta de leitor que defende que prova não prova nada. Pelo menos ele foi coerente. O pior é essas pessoas que defendem o paulofreirismo nas escolas, mas quando chegam os resultados eles não assumem põem a culpa nos mesmos de sempre: a elite, o estado que não querem que o pobre seja educado. Outro a destacar é que pelo menos essa doutrinação servissem para as pessoas discorrem sobre as questões com propriedade, até não seria tão ruim. Mas é um tal sair papagaiando um tanto chavão esquerdista; da paranoia de colocar a mídia, as elites, a Globo como culpada de tudo .

Fernando A. O. Prieto -   21/07/2018 21:35:59

Triste, triste realidade! Resultado previsível de perda de valores (por exemplo disciplina, respeito, valorização do esforço e não da simples satisfação da vontade, elogios aos vagabundos como quem "sabe realmente viver", desconsideração e ironia contra o trabalho intenso e sério,...). A crise da moral e da família vai aos poucos promovendo tudo isso, colocando como "ídolos" e "modelos" gente sem valor nenhum para tal, sob aplausos ou indiferença geral... "Ai dos que chamam Mal ao Bem e Bem ao Mal, Luz às Trevas e Trevas à Luz..."

Patricia -   21/07/2018 19:45:58

Ótimo texto! Como sou pedagoga, ao falar sobre a colocação do Brasil no PISA também já tive as mesmas respostas que você citou. "A aprendizagem não pode ser avaliada em números e provas tão fechadas, a realidade é muito mais complexa, bla bla bla". É de dar nos nervos. E de fato grande culpa disso é termos Paulo Freire como patrono da educação nacional, ao invés de elegermos alguém que de fato poderia contribuir muito mais para o crescimento da educação no Brasil, como Rudolf Steiner, Gardner ou Montessori, que também não são perfeitos, mas pelo menos incentivam a construção da verdadeira autonomia e desenvolvimento das potencialidades individuais. Mas como são estrangeiros e suas pedagogias não tem viés ideológico comunista, são nomes praticamente proibidos nos cursos de Pedagogia. Se não for nacional, pobre, marxista, e não valorizar a ignorância, não tem valor, não presta. Nossa área está em uma decadência radical, mas com o crescimento da onda liberal e conservadora no país, ainda tenho um pingo de esperança que talvez um dia isso possa começar a mudar.

Carlitus -   21/07/2018 18:42:42

Convenhamos, ser doutrinador é muito mais fácil. Ensinar disciplinas úteis para a vida dá muito trabalho - obriga o professor a estudar também, entenderam?

Amauri Martins Filho -   21/07/2018 14:36:40

"O mundo se sustenta na respiração de crianças nas escolas" Talmude Infelizmente neste pais o sistema de ensino não é como deve ser. O "mundo" Brasil não está sustentável.

Eliane Sa -   21/07/2018 14:35:57

Vi que aqui o foco é nas Escolas Públicas, mas as particulares construtivistas não são muito diferentes.

Elaine Leite -   20/07/2018 21:59:26

José de Mesquita Moreira, estou aqui p assinar em baixo tb de seu grande comentário (peço autorização), gostei muito, concordo plenamente.

Dalton Catunda Rocha. -   20/07/2018 21:25:06

Escola pública nunca prestou, nem prestará, no Brasil. Se algum governador ou prefeito deste país quiser mesmo, melhorar a educação, no seu estado ou município; então que faça isto: 1- Privatize todas as escolas públicas. 2- Dê o direito aos pais de escolherem em qual escola particular, eles querem matricular seus filhos, por meio de bolsas de estudo. O resto é só demagogia eleitoreira. Você acha que as escolas públicas funcionam gratuitamente? Enquanto nas escolas particulares, cerca de 70% dos funcionários são professores, nas escolas públicas esta percentagem não passa nem de 40%. O resto é burocracia; corrupta, incompetente e lenta. Sai mais barato e melhor, se usar dinheiro público, para pagar uma mensalidade numa escola particular, que jogar dinheiro fora em escolas ditas “públicas”, mas de fato da CUT, da corrupção e da incompetência. Não concordas? Lembra do tempo (governo Sarney) em que telefonia era monopólio estatal no Brasil? Então,menos de 30% dos brasileiros tinham telefone fixo e um telefone fixo custava o preço de um carro usado, em bom estado. Hoje, 100% da telefonia do Brasil é particular. Graças a este fato, uma linha ou um chip de telefone celular custa o preço de uma boa pizza grande e, até um gari pode ter um telefone celular no bolso. Somente a privatização plena de todo o ensino básico e médio, junto com a privatização da esmagadora maioria do ensino superior, poderá nos dar a esperança de um futuro melhor, para o Brasil. Em resumo. Com escolas sob o controle de marxistas, estaremos fadados a vivermos num país pobre, falido, corrupto e endividado. Tornar um país pobre, num país rico é raridade, mas a Coréia do Sul conseguiu tal feito, graças aos governos de dois generais de 1961 a 1988. Peço a você, que veja a palestra que começa aos seis minutos e vários segundos do site https://www.youtube.com/watch?v=axuxt2Dwe0A

José de Mesquita Moreira -   20/07/2018 20:24:51

A dominação cultural nas escolas e universidades condenou gerações de jovens que nunca terão qualquer expressão no cenário nacional ou mundial, a não ser pelas consequências negativas da nulidade do que recebem em termos de educação e ensino. Uma fatia expressiva da juventude brasileira é exemplo de falta de educação, de cultura, de princípios éticos e falta de senso estético. Até mesmo a higiene pessoal é considerada, por muitos, "coisa de burguês". A maioria - isto afirmo sem medo de errar - valoriza mais um "batidão" do funk do que a produção de grandes gênios da música erudita - ou mesmo popular - de épocas melhores; esses jovens encontram mais beleza e arte num grafite de rua do que numa obra de Velásquez ou de Pedro Américo. A educação construtivista de Jean Piaget e seguida no Brasil por Paulo Freire está no cerne da desgraça brasileira e da sua nulidade em termos de representatividade cultural no mundo. Somos a pátria dos analfabetos funcionais - queiramos aceitar isso ou não. São fatos comprováveis no dia a dia da vida escolar ou de trabalho. Em 2008, Olavo de Carvalho já citava, entre outros agentes da indigência cultural brasileira, a Editora Abril. Dizia ele: : "[...] Durante décadas as revistas da Fundação Victor Civita, “Escola” e “Sala de Aula” – depois unificadas sob o nome de “Nova Escola” – foram instrumentos essenciais para o endeusamento dos educadores comunistas e a adoção das suas técnicas e preceitos idiotizantes pelo sistema nacional de ensino. Trabalhei nas duas e sei do que estou falando. [...]". Sem uma mudança drástica no cenário político e enquanto estivermos subordinados à organização criminosa que assaltou o país, estará assegurada a permanência nas últimas posições do PISA e de qualquer outra estatística séria sobre educação no mundo. Parabéns pelo belo e consistente artigo e um grande abraço, Professor Puggina.

Odilon Rocha -   20/07/2018 18:45:47

Caro Professor Sem muitos comentários para uma triste realidade que cobrará, se já não está cobrando, caríssimo do país. O futuro o dirá. E dizer que tudo não passou de algo planejado e deliberado. E brasileiros que poderiam ter dado um basta nada fizeram. Um abraço