• Percival Puggina
  • 09/01/2022
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AQUI HÁ RESISTÊNCIA!

 

Percival Puggina

 

         Qual foi o principal problema enfrentado por Bolsonaro no exercício da presidência da República? Sobre a resposta a essa pergunta eu não tenho dúvida: o combate sem trégua a Bolsonaro se deve a ter ele sido eleito pela parcela conservadora da sociedade. Omisso e silencioso, esse eleitorado ganhou, com ele, súbita expressão política. E isso foi visto como ato de guerra pelos “progressistas” de todos os matizes (e de todos os países).

Fosse Bolsonaro um “progressista”, sua vida seria mais tranquila. Até então, a guerra cultural estava em curso e era vencida pela esquerda com facilidades análogas às encontradas pela máquina de guerra nazista ao invadir a Europa Ocidental.

Na vitória de Bolsonaro, porém, o Brasil disse ao mundo que, aqui, haveria resistência.

Você não enfrenta máquinas de guerra poderosas e vencedoras sem determinar reações em contrário. E elas foram severíssimas nos ambientes culturais propriamente ditos, no mundo acadêmico, nas poderosas e endinheiradas fundações da Nova Ordem Mundial, nos meios de comunicação, no aparelho burocrático do Estado e nos poderes de estado, notadamente nos Tribunais Superiores.

Bolsonaro poderia ser exatamente como é, mas se não tivesse despertado e mobilizado o eleitorado conservador – favas contatadas nas disputas entre duas esquerdas durante um quarto de século – o governo teria tido outro curso e enfrentado dificuldades bem menores.

Examine o leque dos candidatos presidenciais. Exceto Bolsonaro (PL) com 30%, todos os demais são esquerdistas e isso dá boa ideia sobre para onde aponta o ano eleitoral cuja folhinha já está rolando. Depois, olhe detidamente os nomes e conviva com a realidade: eles são tudo que os partidos políticos têm a apresentar após quatro anos fazendo fumaça e barulho, impedindo o governo de governar, atacando-o por tudo  e por nada, criando despesa para um orçamento já estourado, fazendo negócios, batendo à porta do STF para fazer “política”. Nada revela tão bem o quanto são inaproveitáveis nossas legendas partidárias do que os nomes que apresentam ao eleitorado!

Lula (PT), com 40%. É um candidato zumbi, que surfa pesquisa, mas não aparece em público e deve fugir de espelho. Seu pior inimigo é sua biografia.

O governador João Dória (PSDB), dito Bolsodória na campanha de 2018, passou quatro anos criando problemas ao presidente e conseguiu apenas 3% de intenções de voto na última pesquisa que li. 

Sérgio Moro (Podemos) está longe de ser um conservador, ou um liberal, como Bolsonaro descobriu tarde demais. Seu papel de hoje não é aquele com que o atraíram; é o que a história já lhe reservou: tirar votos de Bolsonaro para ajudar a eleição do ex-presidiário. Diante de apenas 11% de intenções de voto, seus próximos já o aconselham a disputar cadeira de senador para não ficar desocupado.

Ciro Gomes (PDT) contabiliza 7% e se vê em meio a uma calmaria, com o velame caído, sem receber uma lufada de ar que lhe permita esperar terra à vista em algum ponto de seu monótono horizonte.

A senadora Simone Tebet (do outrora grande MDB), picada pela mosca azul, fez o possível para se pôr em evidência, sempre infernizando a vida do presidente e descobre, agora, que conseguiu atrair a atenção de apenas um em cada cem eleitores brasileiros.

O senador Rodrigo Pacheco (PSD), o omisso “Pachecão”, fez muito mau uso de seu poder no Senado, ajoelhou-se perante o STF, virou as costas ao clamor popular, precisou fechar suas redes sociais, e ainda quer ser presidente. Com 0,6% perde até para a colega Simone Tebet. 

Não me tiram a esperança de ter meu país de volta. Aqui resistiremos.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Décio Antônio Damin -   11/01/2022 20:18:21

Se é permitido discordar, ouso deixar minha opinião: Bolsonaro foi eleito, não pelas suas virtudes, sejam elas intelectuais, ou laborativas no exercício de seus mandatos parlamentares mas, sim, por representar o anti petismo, pois o PT estava martirizando a sociedade brasileira com os sucessivos escândalos de corrupção!! Não dava para aguentar mais... e Bolsonaro, com seu jeito simples e descolado das firulas linguísticas parecia ser aquele companheirão honesto que resolveria , até no grito, a situação, que se mostrava caótica...Agora estamos, novamente, com sérios problemas (que não vou enumerar) e, como se diz, "no mato sem cachorro"!!

Armando Micelli -   10/01/2022 13:04:28

Prezado Percival, que acima já chamaram até de Rafael, concordo com tudo, como sempre. Mas Lula com 40 por cento dos eleitores é duro de aceitar. Abraços.

elcio emilio affonso -   10/01/2022 08:48:06

Uma pergunta , se o Bolsonaro não for candidato, os conservadores votarão em quem ?

Luiz R. Vilela -   10/01/2022 08:38:00

A política no Brasil, dá no que pensar. Ninguém em sã consciência, após ter sua casa arrombada e saqueada por um ladrão, ao se deparar com o fato e observar que o ladrão não levou tudo o que havia na casa, chama o ladrão de volta e diz que pode levar o que restou. Isto seria uma maluquice, coisa de alguém que sofre de doenças mentais. Pois bem! A presidência da república Federativa do Brasil, é a guardiã de toda a riqueza que pertencente ao povo brasileiro, e o Brasil é a casa de todos os brasileiros. Agora então, abandonando todas as precauções com os cuidados que devemos ter de resguardar os bens públicos, vamos chamar o indivíduo que foi acusado e condenado por justamente dar destino duvidoso, para não dizer coisa pior, deste mesmos bens, para novamente ser o guardião da coisa pública? Será que sofremos da "síndrome de Estocolmo"? Ou somos "otários" por natureza? Não é possível que neste momento, 40% da população esteja fora do seu juízo perfeito e pense em voltar ao passado.

MARCIO DA COSTA CARVALHO -   10/01/2022 07:42:40

Cara puggina!!! Bolsonaro é a última esperança contra o ativismo da esquerda e a política Brasileira está doente e já faz tempo lembro Na célebre definição de Montesquieu, o poder executivo é responsável por administrar o Estado, o legislativo por criar as leis e o judiciário por aplicar o direito, de modo que sejam independentes e harmônicos entre si. Essa repartição de poderes está presente em todos os países democráticos. No Brasil, criou-se uma nova forma de ditadura, não imposta pela força, mas pelo direito, a pretexto de se interpretar a constituição federal, já que a palavra final é da Suprema Corte, não havendo a quem recorrer. Tal distorção na seara do direito recebe o nome de "ativismo judicial", ou seja, o poder judiciário se arvorando na função de legislar e interpretando as normas como bem lhe aprouver, mesmo que afrontando a Constituição Federal, que ele tem o dever de proteger. Atitudes deste tipo não só colocam em risco a própria democracia, uma vez que ferem a harmonia entre os poderes da República, como também levam a sérias crises institucionais, as quais são resolvidas pelo próprio Poder Judiciário

Alcemir Figueredo dos Santos -   09/01/2022 14:58:20

Ainda há esperança, mesmo porque nas pesquisas para a última eleição presidencial diziam que Bolsonaro não iria para o segundo turno e se fosse perderia para qualquer um, deu no que deu.

Amarilio Tadeu Almeida -   09/01/2022 14:52:04

Percival, você acredita que recebi este artigo sob censura de uma “Agência de Checagem”, o alcunhando de Fake News?

Alfredo -   09/01/2022 13:02:02

Sempre dando aula de coerencia e sabeduria politica.

Hamilton Caiumi -   09/01/2022 12:42:30

Rafael Puggina é certeza de uma leitura livre, leve e solta.