• Percival Puggina
  • 12/11/2020
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APELO DE BOCA DE URNA

 

 Seria repetitivo introduzir o tema deste artigo mencionando as diferenças entre política municipal, estadual e nacional. A política da “polis” ocorre num espaço de proximidade e conhecimento entre eleitos e eleitores que proporciona decisões de voto com nível superior de informação. Se isso não significar escolhas mais acertadas, não será por culpa do sistema e, sim, por descaso do cidadão em relação às suas responsabilidades cívicas.

Daqui a três dias estarão abertas as seções de votação em 5570 municípios brasileiros para escolha de prefeitos e vereadores. De cada mil eleitores, 3,6 são candidatos a vereador em seus municípios, totalizando 540 mil aspirantes à vereança municipal. Há 58 mil cadeiras aguardando seus futuros ocupantes. São dados que sinalizam a existência de um numeroso poder local, disperso e subutilizado. Essa força política só será acionada desde fora do âmbito municipal quando vereadores e seus suplentes mais votados forem cortejados pelos pretendentes a mandatos eletivos nas eleições de 2022. Eles são os principais “cabos eleitorais” das eleições estaduais e da eleição presidencial.

Aí está, então, meu assunto para este artigo. Estes dois últimos anos me convenceram de que a aclamada “vitória eleitoral de conservadores e liberais no pleito de 2018” não aconteceu. A esquerda perdeu espaço, sim, mas essa derrota não apresentou qualquer evidência significativa nos parlamentos do país. Cabe então indagar a todos nós, cidadãos com o pé no chão da nossa cidade, o que fizemos até este momento para favorecer a eleição de prefeito e vereadores comprometidos com princípios e valores conservadores e liberais?

Tais valores e princípios não chegarão a Brasília se, antes, não existirem na nossa rua, no nosso bairro, nas nossas Câmaras Municipais.

Nos próximos dois anos, precisaremos ter organizado, em escala nacional, um movimento conservador/liberal, juntos ou independentes, que efetivamente o sejam. Nossa agenda para o horizonte de 2022 deve incluir o expurgo, pelo voto popular, dos aproveitadores do ambiente político de 2018 e sua substituição por políticos preparados para promover as reformas de que a nação está tão carente.

A “grande renovação” ocorrida em 2018 no Congresso Nacional redundou em mais do mesmo. Passados dois anos, nem a prisão após condenação em segunda instância foi aprovada! Nenhum processo de impeachment de ministros do STF tramitou! Nenhum uso abusivo de recursos públicos para partidos políticos foi abolido! Nenhuma privatização teve consistente apoio parlamentar! Foi muito o bem que se deixou de fazer e muito, também, o mal feito.

Por isso, formulo aqui meu apelo de boca de urna. Domingo, 15 de novembro, elejamos conservadores e liberais. Depois, olhos postos na eleição de 2022, mobilizemo-nos de modo permanente com esses agentes políticos. Que a futura eleição nacional reflita, de fato e de direito, os anseios de uma nação que terá aprendido com os próprios erros.

* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

 


MIGUEL ANGELO ALVIM PERACCHI DE BARCELLOS -   16/11/2020 19:04:47

Como sempre um artigo primoroso meu amigo e irmão Puggina , TEMOS QUE COMEÇAR JÁ A COLOCAR ESSA IDÉIA EM PRATICA " Nos próximos dois anos, precisaremos ter organizado, em escala nacional, um movimento conservador/liberal, juntos ou independentes, que efetivamente o sejam." Abraços Peracchi Barcellos e Sonia e familia

Maria Luisa Sartorelli -   16/11/2020 14:13:27

Antes de tentar emplacar mais representantes do lado A ou B, é necessário modificar as regras para que a partitocracia na qual vivemos se transforme em algo mais próximo de uma democracia. Somos obrigados a votar, e votar nos candidatos que os partidos nos impõem. Isso não pode dar certo, mesmo que todos os eleitos fossem de um sacrossanto partido conservador. O poder corrompe. Sempre. A partitocracia é fenômeno que surgiu em vários paises no pós-guerra, foi combatido nos diversos países com diferentes graus de sucesso e virou verbete de dicionário (N. Bobbio, Dicionário de Política). Este verbete descreve com incrível precisão o que está ocorrendo aqui. Vale a pena ler. Destaco alguns trechos: "Os dois principais instrumentos da Partitocracia, adequadamente utilizados na sua manutenção e expansão, são, por um lado, o financiamento público dos partidos e, por outro, a atribuição de cargos em vastos setores da sociedade e da economia segundo critérios predominantemente políticos (fenômeno que, no caso italiano, é apropriadamente definido como loteamento)." "O máximo reforço da Partitocracia se dá, quando os fundos vão diretamente à caixa dos partidos...se prestam ao robustecimento da burocracia, da submissão dos eleitos à cúpula partidária e da criação de uma verdadeira e autêntica classe dependente da política" "REMÉDIOS PARA A PARTITOCRACIA:...mudança das regras de jogo político, isto é, reformas institucionais que provoquem situações de incerteza e de competição incessante entre os partidos. ...normas rigorosas sobre a incompatibilidade dos cargos, sua renovação e rotatividade. A circulação do pessoal político, a ruptura de esquemas ossificados e a criação de situações em que seja impossível ter uma carreira por tempo ilimitado na esfera política poderão desestimular virtuais membros da Partitocracia e tornar, por isso, menos amplo o círculo dos dependentes da política." Por isso creio que é essencial: 1. candidaturas independentes 2. voto facultativo 3. voto distrital puro, onde só votamos para o representante do nosso distrito 4. recall de representantes que não cumpram o acordado, mediante abaixo assinado de uma fração de seus eleitores.

Jose Luiz -   16/11/2020 10:58:20

É muita ingenuidade achar que a gente esquerda atenuou. A semente do mal foi plantado no coração dos prisioneiros com falsa promessa utópica do paraíso na terra. É preciso iluminar a mente dessas pessoas do perigo dessas armadilhas da minha esquerda

Carlos Edison Fernandes Domingues -   15/11/2020 15:47:06

PUGGINA A campanha tem que começar no dia 16 de novembro de 2020. Carlos Edison Domingues

FERNANDO A O PRIETO -   14/11/2020 08:07:45

Obrigado por esse artigo (mais um) interessante e esclarecedor. Lembremo-nos, na hora do voto, das características da vida de cada candidato e, na situação que estamos vivendo, do apoio ou reprovação ao LOCKDOWN. Esse candidato aderiu ao FIQUE EM CASA? Pois então, deixemos que ELE fique em casa, não o elegendo... Chega de gente querendo mandar em nós, sem qualquer razão objetiva para tal...

Cláudio de Souza Alves -   12/11/2020 23:13:32

Deus comentários são de uma lucidez e uma clareza analítica ímpar. Parabéns Percival! Eu penso que precisamos ORGANIZAR A DIREITA de baixo pra cima elegendo Políticos CONSERVADORES LIBERAIS de DIREITA! Por que a luta só começou! O discurso contra os "NACIONALISMOS" e projetos que atentam contra as "SOBERANIAS" dos países estão aí! O Brasil precisa se BLINDAR contra a esquerda mundial sim! Ou deixar a Pátria Livre ou morrer pelo Brasil!

Dirceu Guerra -   12/11/2020 22:15:12

Bem isso Percival. Agora serão eleitos os cabos eleitorais dos deputados, senadores, governadores e presidente. Infelizmente não temos uma população critica na hora de votar. Votam muito mais para obter pequenas vantagens pessoais e não enxergam o efeito deletério disso no médio e longo prazo. Vamos ver se em nosso reduto, ocorre renovação e não a reposição com os velhos vícios.

valter de oliveira -   12/11/2020 18:28:43

Caro Puggina Desde já me considero participante do movimento liberal conservador sugerido. Coloco-me à sua disposição para que isso se efetive. Cordial abraço.