Percival Puggina
Escrevi, outro dia, que a extrema esquerda é a que importa observar e entender porque é a que manda. Manda no dinheiro do Tesouro, manda nos sindicatos, manda nas universidades, manda no STF e no TSE, manda no vasto mundo da Cultura e na cadeia “produtiva” da Educação, manda nos movimentos sociais, manda em toda a estrutura de poder dos identitarismos companheiros e camaradas (os demais que se danem).
Embora essa máquina inclua diferentes níveis de preparo intelectual para a política, há nele um grupo pensante que deve estar muito preocupado com os eventos na Venezuela. Lula não faz parte desse grupo. Ele, como se sabe, é o tagarela da turma. Em suas peregrinações sobre os palcos, diz muita bobagem das quais só se salva graças ao beneplácito pago com recursos públicos e fatias de poder.
Ocupo-me, aqui, do que pensa o setor pensante da extrema esquerda brasileira. Já se tornou evidente a preocupação causada nesse círculo pelos acontecimentos da Venezuela. Maduro desmoraliza quem tenha investido em traçar sobre sua inequívoca figura de ditador a imagem de um democrata tosco e sem meias palavras. Ou seja: em pleno naufrágio moral da ditadura bolivariana, a extrema esquerda brasileira se jogou para dentro do barco.
Para piorar o quadro, a cada dia se acumulam as semelhanças entre os acontecimentos de lá e os daqui. Frases proferidas na Venezuela soam como as ditas no Brasil. É desnecessário traduzi-las porque temos as mesmas queixas. Até os números apontam convergências. São iguais as ocultações e os silêncios, as censuras, as multidões presas e o tratamento dispensado à oposição. Quase se poderia dizer, em linguagem popular, “cara do Brasil, focinho da Venezuela”. São tantas as semelhanças que as diferenças, embora reais, perdem relevo.
No entanto, existem diferenças. A Venezuela já conta 25 anos sob uma ditadura que imitou a experiência cubana rosnando para os Estados Unidos e se abraçando à extrema esquerda internacional para receber apoio financeiro. O país não era assim; foi ficando assim, aos poucos. No final dos anos 80, era o país livre e próspero que conheci durante um colóquio proporcionado pelo Copei (partido social cristão). Uma década mais tarde, com Hugo Chávez, a liberdade foi sendo suprimida gradualmente, a exemplo do que está acontecendo entre nós.
Aqui, a esquerdização iniciou quase simultaneamente, com FHC I e II, transitando para a extrema esquerda a partir do governo Lula I, num processo crescente que não sofreu interrupção nem mesmo durante o governo Bolsonaro. A trava aplicada à mudança de direção e que preservou o poder de mando da extrema esquerda recebeu o nome jurídico de “função contramajoritária das supremas cortes”. Foi ela que se interpôs e travou a aplicação do programa de governo aprovado nas urnas de 2018. E viva a democracia!
Lembrem-se: a Venezuela não era assim; ela foi ficando assim. Nós também não éramos assim como estamos ficando. Todas as semelhanças não são meras coincidências.
Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.
marisa van de putte - 07/08/2024 13:06:36
Alguns aqui apontam os paises da America Latina que foram tomados pela esquerda, porem eu diria que deveriam tambem observar o que esta se passando com os Estados Unidos. A bem planejada queda de Biden merece elogios. Pelo menos um "Oscar." A escolha de Tim Walz para vice, merece mais um" Oscar." Ele traz uma bagagem bem comprometida. Professor de geografia numa escola de segungo grau. Foi professor na China por um ano. Depois organizava excursoes de estudo a China para estudantes de high school. Pertence a extrema progressista dos democratas. Igual a Bernie Sanders ou pior. Hollywood e a midia estao babando-se. A LGBT comemora seu candidato a vice. A America esta entregue as moscas. Digo isto porque Biden, mesmo estando "gaga" pode ainda fazer muitos estragos ao pais. Temos pela frente 3 meses ate as eleicoes, e quase 3 meses ate o novo presidente eleito tomar posse. E incrivel a situacao e nos meus 50 anos aqui, nunca tinha visto coisa igual. Lamentavel!Marcelo - 06/08/2024 16:59:34
"Manda no dinheiro do Tesouro, manda nos sindicatos, manda nas universidades, manda no STF e no TSE, manda no vasto mundo da Cultura e na cadeia “produtiva” da Educação, manda nos movimentos sociais, manda em toda a estrutura de poder dos identitarismos companheiros e camaradas (os demais que se danem)." Observem que nenhum destes citados produz um centavo de riqueza!!!!Decio Antonio Damin - 06/08/2024 15:14:39
VENEZUELA A espera interminável das informações das atas da eleição, além de nos ridicularizar frente ao mundo, nos deixa particularmente envergonhados entre nós mesmo...! Maduro não vai mostrá-las pois, se tivesse vencido, já as teria mostrado...! Quem tem algo a nos dizer é o presidente Lula! Aqui, como lá, só fazem o quê lhes convém... e, se não adianta nada falar, o melhor é ficar calado !! Décio Antônio Damin, Médico, POA,Mirza - 06/08/2024 11:14:42
Leio sempre seus artigos. Tenho uma dúvida: se as urnas são eletrônicas, como as nossas, a Internet atacou o sistema como alega Maduro? Afinal, nossas urnas têm sistema operacional instalado?IGNÁCIO JOSÉ DE ARAUJO MAHFUZ - 06/08/2024 09:44:12
Percival, Caro Mestre Puggina. SAÚDE E PAZ! Como sempre, acertas em cheio na mosca do alvo - os esquerdopatas e a esquerdopatia não têm fronteiras! Brasil, Venezuela, Nicarágua, Cuba e outros redutos estão completamente tomados, contaminados pelo vírus da bandidagem... VIVE LA MERD! Fraternal abraço, Ignácio MahfuzGerson Hallam - 06/08/2024 09:37:04
Parabéns pelo texto Professor Puggina. Sim, estamos vivenciando os mesmos passos daquela ditadura, o mesmo modus operandi, mas como faremos para não nos tornarmos uma Venezuela? A vergonha nacional, o STF e o TSE, que barbaridade, e o Conselho Nacional de Magistratura nada faz, e a OAB, e o MP, todos acovardados ou com interesses, ou já cooptados, as forças armadas então nem se fala, sucumbiram ao comunismo/socialismo, também sucumbirão. Mas acredito que a providência divida irá tomar suas providências, e nós temos que fazer a nossa parte resistindo, combatendo e tornando desconfortáveis aqueles que próximos de nós apoiem esta ideologia.