• Percival Puggina
  • 10/08/2016
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A TROPA DE CHOQUE DE DILMA

 

 Poucos fatos representarão tão significativamente os episódios deste ano no julgamento do impeachment quanto a sofreguidão com que sua tropa de choque tratava de ganhar tempo. Como se o tempo fosse dinheiro. Era um apetite insaciável, que se empanturrava de cada segundo para somar meses, fechar o ano. Tempo, tempo, tempo! Uma voragem. Ele foi caçado assim, como grande tesouro, porque, paradoxalmente, viam-no como se fosse tudo, ainda que a nada mais servisse. A melhor expressão do que descrevo era proporcionada pelo senador Lindbergh Farias, qual menino birrento, quase choroso, gritando ao microfone, sem parar: "Eu quero o meu tempo! Eu quero o meu tempo! Eu quero o meu tempo!". Por vezes tive certeza de que um chicabom amainaria aquele surto. O pacientíssimo senador Raimundo Lira entregaria o picolé ao garoto e o afagaria dizendo: "Pronto, pronto, passou...". Importa menos, no caso, o direito de peticionar o tempo regimental e mais a conduta própria de quem atravessou a infância e a adolescência longe dos limites adequados ao convívio social. Ele não estava só nisso. A tropa de choque que defendia a presidente Dilma na Câmara e no Senado aprendeu a fazer política nos baixios onde a mistificação se exibe como sabedoria, e a mentira, cobrando reverências que a verdade dispensa, é repetida de modo incessante porque não há verdade alguma a ser dita sem imensa desdita.

 Foram meses disso! Agora, por fim, prenunciam-se os últimos atos de um processo tão volteado e circunvagado no andar quanto retilíneo no objetivo. Tão demorado quanto urgente. Foram meses durante os quais o bem nacional foi desprezado pela defesa de um governo insanável e pela atuação de um grupo político que deixou o constrangimento nos jatinhos das empreiteiras e nas lavanderias do dinheiro mal havido. O povo, o povo simples e humilde, vítima preferencial do desemprego, da inflação e da recessão que o governo petista semeou, plantou e colheu, foi o grande esquecido nas longas e procrastinatórias sessões que a tropa de choque petista transformou em trincheiras contra o Brasil.

 Por mais que os próprios senadores favoráveis ao impeachment esqueçam de mencionar, ele nasceu, cresceu e se tornou inevitável na voz das ruas. Por isso, a tropa de choque petista no Senado conseguiu a proeza de falar durante meses a fio sem jamais referir o povo, mencionar a nação ou dirigir uma palavra aos desempregados, às empresas cujas portas se fecharam, aos desatendidos do SUS, às vítimas da violência, nem aos saqueados pela organização criminosa que governou o país.

O Brasil que produz, que quer trabalhar e empreender, que deseja estudar, tem pressa. O cotidiano impõe urgências às famílias! Mas que se danem os brasileiros! A estes jamais foi sensível a arrogante tropa de choque do governo Dilma. Falando por seus representantes no Senado, a Orcrim furtou-nos, segundo a segundo, meses a fio, um tempo tão essencial à nação quanto inútil para quem dele se apropriava. Quando nada mais havia a arrebatar, saquearam-nos um precioso tempo.

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.


 


fátima do carmo durvalino -   20/08/2016 01:32:51

Nossa eu naõ sei do resto;eu sei de mim;naõ aguento mais essa palhaçada;por mim essa quadrilha já tava na cadeia da nojo de ver a cara desses ptralhas toda hora enchendo o saco da gente.

urgel borges -   13/08/2016 16:37:02

Concordo com tudo.......Mas parece que se está aceitando a corrupção, só por que são contra a Dilma.Para mim, corrupção é corrupção.Por favor professor...

Cristiano Schuch Bertaso -   12/08/2016 15:43:26

Questões de (des) ordem.

Genaro Faria -   11/08/2016 17:29:15

IMAGEM COMENTADA - Restaurar o idioma pátrio, estabelecer a diferença entre estadista e frequentar do estádio (do Corinthians), fazer o dever de casa e reconhecer os erros em vez de cobrar de terceiros que trabalhem para nós e lhes atribuir toda culpa por nossas faltas é amadurecer nossa consciência cívica e assumir nossas responsabilidades. Não foi por falta de aviso que erramos tanto. Mas tomara que essa punição tenha nos ensinado o valor do patrimônio que nossa língua representa, bem como a não confundir a sarjeta política como representante das virtudes deste cabedal nacional que chamamos de pátria. Não se pode tomar "rouxinol da Galiléia" por "urinol da Vanderleia".

Rossini -   11/08/2016 17:05:40

"Quando nada mais havia a arrebatar, saquearam-nos um precioso tempo." É isso aí mesmo! Não querem deixar sequer o bagaço da laranja.

maria-maria -   11/08/2016 16:31:53

Não sei se, no RS, ocorreram os crimes perpretados em outros estados em que os vândalos destruíram toda a documentação escolar, roubaram equipamentos e alimentos, aporcalharam as dependências, praticaram bacanais, tudo sob a instrução recebida de um grupo de covardes, que se vale de meliantes, que não estudam, para disseminarem sua prática destrutiva. Os comunistas de plantão diziam, como ocorreu em Estudio i, da globonews, que os "estudantes" estavam vivenciando o exercício. da cidadania

Genaro Faria -   11/08/2016 15:27:32

Caríssimo Puggina, o vergonhoso esperneio da turminha simiesca tinha e ainda tem outro objetivo, qual seja, o de provocar algum atropelo ao devido processo legislativo, em face ao exaspero dos parlamentares e à pressão crescente do povo, enquanto tentavam provocar um clima de comoção nacional que abalasse o julgamento do impeachment e o governo interino. Fracassaram. As manifestações organizadas pela caterva com "mortadelas" só fizeram aumentar a rejeição de uma nação que esfregou os olhos e passou a ver o quanto eles são ridículos. E a bancada marrenta não conta mais nem com a leniência dos antigos beneficiários do presidencialismo de coalizão, onde é preciso alugar uma base que o governo chame de sua.

Andrelino -   11/08/2016 14:27:36

Mas a organização criminosa continua.

Eduardo mais godinho -   11/08/2016 11:22:08

Ao partido e ao projeto de poder vale tudo. Ao múnus de seu mandato popular ao povo e a nação, nada. Mera questão de prioridade.

Ricardo -   11/08/2016 02:15:33

Dilma já foi, só falta carimbar. Mas ainda estamos longe de desinfetar a cultura brasileira de conceitos esquerdistas: https://bordinburke.wordpress.com/2016/08/10/museu-sem-partido-ou-abram-o-olho-com-o-museu-do-olho/