• Percival Puggina
  • 08/04/2015
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A PRIMAZIA DA BURRICE

Assumo o ônus da afirmação. Vivemos sob a primazia da burrice. Considero-me diante de inegável sinal de burrice, tão perceptível, tão audível quanto um zurro, quando a mais simples sugestão da racionalidade sobre contas públicas ou definição de funções do Estado é recusada assim: "Essa é a lógica neoliberal!". Não importa se o autor da expressão se julga tão sábio quanto Nicolas Maduro ou tão cartesiano quanto Lula ou Dilma. A expressão é tola. Ideias se enfrentam com ideias e não com adjetivos. As coisas se complicam ainda mais para todos quando quem se vale de adjetivos para afastar a racionalidade do debate político ocupa relevante função de Estado.

 O resultado disso é uma conta devedora, com efeitos tão devastadores sobre a nação quanto o provocado por um rombo de caixa na vida familiar de qualquer cidadão. Habitualmente, governos gastam mal e gastam mais do que arrecadam. Eis por que todo ano - quase ninguém sabe disso - 42 % do nosso dinheiro em mãos do governo vai para o pagamento de compromissos da dívida pública, formada pelo excessivo gasto ao longo dos anos!

Como parte dessa tragédia, quando as pessoas dela tomam conhecimento, em vez de mudarem de atitude em relação ao Estado seus usos e costumes, seus abusos e maus costumes, imediatamente começam a falar em calote, em não pagar a conta, em não nos sujeitarmos aos sanguessugas do sistema financeiro, à lógica neoliberal, aos interesses do grande capital e por aí afora (até parece que estou lendo algum documento da CNBB não é mesmo?).

Primeiro, assistimos o desperdício dos impostos que pagamos em cada caderno escolar que compramos para nossos filhos. Depois, aceitamos, inertes, as regalias, os abusos, os privilégios auto-concedidos, ou arrancados sob pressão das galerias nos parlamentos. Em seguida, convivemos com a ideia de que há, em tudo que é "estatal", um poço sem fundo, aberto à generosidade e ao interesse público. Logo, colocamos o "privado" sob suspeita do mais perverso egoísmo, avesso à conveniência social. Por fim, assumimos como elevada exigência moral que o sistema financeiro banque eternamente a gastança do governo. E o faça a fundo perdido.

Perdidos ficamos, mesmo, quando a burrice começa a influenciar as opiniões desde as salas de aula do ensino fundamental, com explicações ideologizadas sobre os acontecimentos de cada dia. Ao fim e ao cabo, a burrice acaba sendo a forma de pensar e de governar a nação. Ou, então, o burro sou eu e o Brasil vai muito bem, obrigado.

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 


Genaro Faria -   10/04/2015 14:42:57

A primazia da burrice atinge o cúmulo quando ela milita em favor da extinção do patrimônio que a sustenta. A CNBB, que deveria defender a igreja católica dos seus muitos inimigos, se fez de apêndice do PT, seu braço episcopal. É odiosa essa campanha pela reforma política proposta pelo partido que afronta os princípios do cristianismo e abraça uma doutrina que levou ao martírio dezenas de milhões de católicos, à destruição de igrejas e mosteiros , ao achincalhe , à profanação e, finalmente, à proibição ostensiva dos cultos e da catequese . A aproximação que fizeram muitos bispos da Itália e da Espanha na adesão as governos fascistas foi ignominiosa. Mas não foi estúpida. Foi uma reação de horror ao comunismo. Às atrocidades praticadas na Rússia e na Espanha pelos adeptos da sinistra doutrina marxista. Estupidez é o que faz a CNBB. Se não faz coisa pior.

RICARDO MORIYA SOARES -   10/04/2015 11:24:35

Tânia Mendes, Muito agradecido pela colocação, é no embate de boas (e viáveis) ideias que cresce verdadeiramente o indivíduo. Não sou contra a existência (ou manutenção) de cargos púbicos - ainda mais sendo casado com uma servidora do TJE! Minha oposição maior é contra o status quo, o 'universo bizarro' em que o Brasil se transformou, no qual se tornar funcionário público acaba sendo a única maneira viável de sobreviver (com um salário acima da média nacional) para milhões de jovens de baixa renda - que no fim das contas não podem competir de igual para igual com os da classe média, quando disputam uma vaga qualquer. Essa distorção se dá, ao meu entender, pelo excesso de interferência (nociva!) do Estado sobre á economia, sobre o indivíduo - para um pequeno empreendedor, a manutenção de hum empregado gera custos adicionais de outros dois, pois se o mesmo hipoteticamente ganha R$ 1.000,00, no final do balanço, ao incluirmos os FGTS-GPS e muitas outras regras e multas trabalhistas bisonhas, ele custará o triplo e acabará inviabilizando a sua própria contratação. Isso tudo sem falar na famigerada CLT, que é uma autêntica afronta à Justiça Comum - é imperial e fascista em sua origem, e sempre que pode passa feito um rolo compressor sobre o Princípio de Igualdade Constitucional. Ainda temos o grava problema dos cargos comissionados, um claro exemplo de exceção que se torna regra - acrescente na receita: corrupção, favores, clientelismo, etc... uma bomba tipicamente latina! Acredito que a solução é muito simples e está ao alcance de qualquer um que possua bom senso... estou falando de uma velha e boa dieta! O Estado está inchado feito uma porca obesa, e acaba sugando a essência vital das empresas e pessoas que o financiam - além de ter no seu âmago governantes que odeiam incansavelmente à mão que os alimenta, os partidos filiados ao Foro de São Paulo (PT, PSOL, PCdoB, PSTU, PCO, etc.). O Executivo que deveria dar o exemplo, extinguindo Ministérios que claramente funcionam como fábricas de propina e extorsão... depois as administrações locais poderiam reduzir em 90% os cargos comissionados, ou mesmo até economizando com o cafezinho... juízes e desembargadores deveriam ser proibidos de utilizarem veículos oficiais (já ganham muito bem, podem usar seus Corollas!)... os representantes eleitos pelo povo deveriam devolver aos cofres públicos o que recebem como auxílio 'sei lá o que?', e se contentar apenas com o altíssimo salário... etc. Com o Estado mais magro e menos intrometido (não mais tentando legislar obsessivamente relações trabalhistas), a tendência natural seria a desoneração da folha e o aumento absurdo de ofertas de emprego, elevando assim o salário média a patamares nunca vistos na iniciativa privada - corrigindo assim essa distorção à brasileira. O que o Servidor-Funcionário Público (concursado!) deveria fazer para ajudar o país é algo um tanto que simples: trabalhar direito (todos nós devemos nos policiar diariamente!) e nunca mais votar-apoiar o PT! Acho que muitos (talvez até a maioria!) já não conseguem mais tolerar essa organização criminosa. Um abraço, e desculpe se me alonguei demasiadamente!

Marcelo -   10/04/2015 01:08:38

Senhor Vitor de Miranda, a Enquete a que o senhor se refere, no blog do querido Ricardo Setti, é só uma brincadeirinha, uma simulação da nossa triste realidade, assim sugiro que o senhor guarde seu veneninho para depois do dia 12.04.

Tânia Maria Nieto Mendes -   09/04/2015 20:20:20

Senhor Ricardo Moriya Soares peço desculpas em me intrometer no seu comentário sobre o funcionário público, pois sou do município, sobre os jovens em procurarem esta carreira muitas vezes é que o governo não dá oportunidade para as famílias de baixa renda , não oferecem uma universidade pública, pois sabemos que normalmente os que passam nos cursos mais procurados são aqueles que tem condições de pagarem um curso Pré-Vestibular e também uma universidade particular. Com todo respeito que tenho pelo senhor mesmo que não o conheço gostaria de uma resposta sobre o meu comentário. Obrigada.

DeBrito -   09/04/2015 19:02:37

Há burrices que se manifestam através de pessoas simples, bem intencionadas, porém, coitadas, ignorantes e desinformadas, sem qualquer preparo para a refutação. Um exemplo: Certo dia, numa farmácia, observei a moça do balcão que, entre um e outro atendimento se queixava do aumento da sua conta de luz, que já representava um terço do seu salário. Como a conhecia, resolvi provocá-la dizendo: "Pra que que vc votou na Dilma?" A reação foi imediata: “É, mas aquele Aécio também é uma ladrão”. Essa dá pra gente aguentar, não é? Não dá pra engolir é a do Chico, a do Paulo Betti, a do José de Abreu, a do Zeca Baleiro e de tantos outros famosos. Bem, se não for burrice, é má fé mesmo.

Genaro Faria -   09/04/2015 16:41:01

Os socialistas de diversas denominações marxistas apostam na força incontrastável dos rótulos com os quais demonizam seus adversários. Apostam porque são eles os primeiros a acreditar na própria mendacidade como arma política irresistível. Basta que ela seja repetida infinitamente e repercutida amplamente por seus militantes, adeptos e simpatizantes nas mais diversas esferas do poder e setores da sociedade. Como alquimistas da nossa era, eles se acreditam iluminados, como a elite de uma nova humanidade, capazes de transformar suas falácias em verdades incontestáveis. Mal sabem eles que suas "verdades" não são imunes ao tempo. Elas também envelhecem. Quem sabe ou, se sabe, lembra-se do que significava o rótulo "revisionista" com o qual os maoístas chamavam os socialistas soviéticos, principais facções rivais dos comunistas até há não muito tempo atrás? Com 90% da população brasileira desaprovando o governo dos ladravazes e incompetentes do PT, os rótulos de "elitista" e "reacionário" com os quais demonizam seus adversários vao sair das prateleiras da demagogia antes que "o galo cante três vezes". Não há verdade que o tempo não revele (Racine) nem mentira que prospere indefinidamente.

Vitor de Miranda -   09/04/2015 11:49:31

Sr. Percival, Não espero que este comentário seja publicado; ele se destina apenas a registrar minha posição (que pode ser irrelevante para o senhor) a respeito da orientação dada pelo Sr. Ricardo Setti em seu blog (08/04/2015 às 18:50), de VEJA, de como votar duas vezes na mesma enquete. Considero esta posição dele uma canalhice. Destaco a frase que me enojou: “Para nós, não tem importância se o leitor votou uma ou mais vezes”. Sempre levei a sério as enquetes. Será que o senhor tem a mesma opinião que o Setti? Se tiver, avise aos seus leitores. Que moral teremos para criticar esta canalha do PT se fraudamos as enquetes? Espero que este Setti vá embora do Brasil o mais rápido possível. Ele acaba de sair da minha lista de favoritos. Estou enviando a ele um comentário o mais desaforado possível. SDS, Vitor de Miranda.

jonas antonio de freitas -   09/04/2015 09:27:01

“HÁ TANTOS BURROS MANDANDO EM HOMENS INTELIGENTES, QUE, ÁS VEZES, FICO PENSANDO SE A BURRICE É UMA CIÊNCIA” ANTÔNIO FERNANDO ALEIXO.

Data Venia -   09/04/2015 02:56:41

Deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) diz na tribuna da Câmara: DILMA, LULA E O PT APOSTAM QUE A MANIFESTAÇÃO DO PRÓXIMO DOMINGO VAI SER PEQUENA. https://www.youtube.com/watch?v=Xy9pvGyGBKU Não acredite nos pessimistas quando dizem que os protestos de rua não vão tirar o PT do poder. Se eles fossem realmente ineficazes, os petistas não estariam tão empenhados em desmoralizá-los, chamando de golpista quem participa. E, MAIS IMPORTANTE, NÃO ESTARIAM TORCENDO TANTO PARA QUE O NÚMERO DE MANIFESTANTES DIMINUA. Não fique em casa achando que sua presença não faz diferença. Você pensa: já tem muita gente, um a mais ou a menos. Errado! Quanto maior o número de manifestantes, maior a repercussão, o impacto sobre a base governista no Congresso, sobretudo na ala mais rebelde do PMDB. Todo mundo tem o mesmo valor numa passeata, exatamente como na hora de votar. Sua participação é tão valiosa como a de qualquer outra pessoa. Não importa fama, nível social ou de escolaridade. Algum dia vou poder dizer que ajudei a mudar o rumo da história. Sim, eu estava lá!

Marcos TC -   08/04/2015 22:35:14

Caro Puggina, não és burro não. O Brasil é que está mal e vai mau gerido a tempos. Essa burrice é extremamente contaminante e perniciosa, vem de longe e é alimentada por doses cavalares de mentiras sociais. Há que se chegar ao caos para que possamos ver alguma luz, deixando o sofá e se aboletando nas ruas a pressionar constantemente pelas mudanças que de a tanto necessárias, já estão velhas. Mas, velho mesmo são aqueles burros que acham que alguém irá lutar por eles, não precisando sair do sofá e se expor a qualquer risco. Burrice, além de não ter vacina adora andar de mãos dadas com a covardia. Abs.

Gustavo Pereira dos Santos -   08/04/2015 21:54:06

Bispos são homens cultos, mas eu não sabia que eram doutores em Economia. Abraços, Gustavo Pereira dos Santos.

RICARDO MORIYA SOARES -   08/04/2015 19:42:13

Mestre Puggina, a famosa diarreia mental - o efeito mais nefasto da influência nociva de Paulo Freire na educação nacional, algo que indubitavelmente produziu mais adultos incapacitados do que qualquer experimento behaviorista no século XX. Para mim, um dos piores sintomas é o fenômeno chamado 'emprego eterno'. Hoje, as melhores mentes jovens estão preocupadas em passar num concurso público, não mais em criar novas tecnologias e invenções - que consequentemente gerariam novos postos de trabalho, dinamizando a economia como um ser vivo e pulsante. Nossas faculdades (mais contaminadas que água de esgoto) pregam abertamente contra à família e o empreendedorismo brasileiros; e é claro, depois de cinco anos (quando não mais por causa das greves!) o sujeito precisa se tornar funcionário público... na verdade ele realmente acredita que todos devêssemos ser transformados em servidores, em uma espécie de novo laboratório soviético - que desta vez irá suceder! Esse jovem, recém formado e cheio de certezas (graças aos seus professores marxistas!), também acredita que basta imprimir papel moeda que tudo ficará 'numa boa', pois dessa forma teríamos mais dinheiro em caixa para honrar os compromissos com esta magnífica folha de empregados. Sabes o pior, o que descrevi ironicamente acima me foi relatado pelo filho de um amigo meu (o rapaz tem 23 anos!)... e pasme, ele acabou de se formar em administração, com habilitação em comércio exterior! E numa universidade particular... e ele sonha em ser algum figurão burocrata numa futura economia planificada, repleta de escravos sorridentes. Deus me ajude!