• Percival Puggina
  • 24/07/2015
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A POLÍTICA NÃO PODE SER TUDO. NEM NADA.

 

 Certamente o leitor já teve ocasião de ouvir entrevistas do tipo em que o repórter pergunta - "O que é isto ou aquilo para você?". E o entrevistado responde - "Ah! Isso para mim é tudo!".

 Tudo? Como assim "tudo"? Atribuir totalidade a algo é sintoma de fragilidade mental. Coisa nenhuma pode corresponder ao todo na medida em que o todo é, por definição, a agregação de tudo. Nem Deus pode ser tudo porque se o fosse acabaria agasalhando sua contradição, seu antípoda, o sujeito da fumegante fornalha do andar de baixo. Mesmo assim, o fato permanece: muitas pessoas agem como se alguma coisa fosse tudo, mesmo.

 Quando isso ocorre com futilidades, as conseqüências, por vezes graves, se limitam ao âmbito pessoal ou familiar. Constitui porém desvio psicológico capaz de produzir verdadeiras tragédias atribuir essa totalidade à política. O leitor muito provavelmente sabe do que estou falando; conhece e convive com pessoas para as quais a política é tudo. E certamente conhece também idéias políticas que, seduzindo corações e mentes, cobram dos que a elas aderem essa entrega total. Tudo é o partido e nada é mais importante do que a reunião do partido, a defesa do partido, a propaganda partidária. Prioridade alguma se pode sobrepor aos atos convocados pelo partido e nenhuma razão traz consigo a audácia de questionar suas razões e seus procedimentos.

 Estou exagerando? Pense no professor que usa a sala de aula para fazer a cabeça dos alunos, no religioso que emprega o púlpito como palanque e que não distingue sua ação pastoral de sua militância política, no jornalista que, na cozinha da redação, manipula o fato para produzir a versão que mais convém ao partido, no torcedor de futebol que mistura o símbolo de seu partido com a bandeira de seu clube, transformado qualquer coisa em vetor de suas próprias manias e compulsões.

 Essa totalidade, na política, é a farinha e o fermento do totalitarismo. Mobilize-a com o que bem quiser (insatisfação, revolta, revolução) ou lhe dê o nome que preferir (utopia, radicalização da democracia, organização da cidadania). O produto final será sempre antidemocrático, maniqueísta, totalitário. A melhor proteção contra esse produto é o conhecimento de sua natureza. Da mesma forma, a comprovar a importância do equilíbrio, ignorar completamente a dimensão política do ser humano e a importância da política à vida em sociedade é sinal de pouco juízo e rompimento com um grave dever moral. A omissão na política, pavimenta o caminho dos demagogos, dos incompetentes, dos oportunistas e dos tiranos. E o omisso, cedo ou tarde, será chamado, com todos os demais, a pagar essa conta.
 


Adriano Schmidt -   29/07/2015 14:22:32

Prezados, Peço licença aqui para divulgar uma lista de assinatura de apoio a um projeto de lei, do MPF ou que será apresentado por algum político, que endurece o combate à corrupção: 10medidas.mpf.mp.br Não dá para assinar eletronicamente. Tem que imprimir e depois de preenchida (são oito espaços em cada folha), temos que entregar, ou enviar, ao MPF mais próximo. São necessárias 1,5 milhão de assinaturas.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   26/07/2015 21:53:20

Companheiro Genaro Faria. Obrigado pela disposição em responder ao questionamento que lhe fiz e, principalmente, pelo conteúdo da resposta. Acho que nos desencontramos foi na semântica. Para que não pairem dúvidas sobre o que mencionei com respeito ao brilhante Olavo de Carvalho, me referi à defesa que ele faz da necessidade de, sistematicamente, resgatar a ação política de direita no país. E, quanto ao termo "militante", leia-se simplesmente "entusiasta" e/ou "adepto". Pronto. Acho que agora ficou bem clara minha disposição e minha proposta de ação nesta importante causa que juntos defendemos. Abraços a todos os companheiros.

Gustavo Pereira dos Santos -   26/07/2015 17:03:35

Prezado Daniel, uma das premissas do Novo é distribuir um cartão aos necessitados PRA COMPRAR COMIDA. Em principio, 1% do PIB é suficiente para programas sociais. Assista: https://www.youtube.com/watch?v=fB8NUjIj7FU https://www.youtube.com/watch?v=0I-lGAA6jE8

Rodrigo -   26/07/2015 13:24:11

Prezados, bom dia. Dr. Puggina tem razão nas imbecilidades das pessoas que sem critérios dizem certas coisas serem TUDO ou NADA. Uma pena a Educação ter sido orquestradamente destruída ao longo das décadas. A base socio-educacional do eleitor é muito fraca. E pior que as instituições tratam o eleitor como um idiota, o que não é verdade. Apenas têm interesses primários! O voto obrigatório é prejudicial e hoje Conselheiro Tutelar precisa mais requisitos para registrar sua candidatura do que políticos que queiram se candidatar a outros cargos eletivos.

Daniel -   26/07/2015 06:52:11

Muito bom... querem começar a mudar o país através do todo, e são incapazes, por exemplo, de dar esmolas a quem precisa porque isso seria 'deseducador', dizendo que 'o povo deveria lutar para melhorar sua condição', ou seja, deveria ser bucha de revolução ao invés. Não adianta querer mudar as coisas estruturalmente e não ajudar o próximo, não preservar sua família, não se dedicar ao seu emprego, enfim, não ser cidadão. Política é nosso dia a dia vivendo em sociedade,.

Gustavo Pereira dos Santos -   26/07/2015 01:33:42

Desculpe, Sergio, coisa de velho senil, cliquei numa tecla errada (nem sei qual), escrevia no escuro, apenas com a iluminação do monitor. Acendi a luz (tá cara pra cacete) e continuo. Veja o video de lançamento do partido (meia hora), gostaria de continuar a conversa em gustavopsluz@yahoo.com.br ou pelo fone 5180458485 (vivo). Antecipo que andava muito deprimido e pensava "não é possivel que não haja um partido conservador/liberal numa democracia com mais de 200 milhões de habitantes", quando descobri o Novo, gostei das premissas e embarquei na canoa. Será muito bom continuarmos o papo, não vou me alongar aqui para não estourar o saco dos colegas. Se você fizer o gratuito cadastro eles respondem as dúvidas e sugestões em menos de 24 horas. Tem FB também. Pra começar, não aceitaremos dinheiro público, fundo partidário nem pensar. http://www.novo.org.br/ Um abraço, Gustavo.

Gustavo Pereira dos Santos -   26/07/2015 01:13:51

RSRSRSRSRSRSRSRS. Prezado Sergio, sabia que seria contemplado a medida que lia seu comentário. Sua pergunta é pertinente, já respondi várias vezes para amigos que tentei (alguns consegui) cooptar. Não tenho bola de cristal e a criança ainda não nasceu. Peço que leia o estatuto, é simples e sucinto. caso

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   26/07/2015 00:03:54

Esclarecimento quanto à provocação que fiz ao amigo Genaro Faria: O princípio a que me refiro, que em minha modesta opinião propiciou o enfraquecimento da direita no Brasil, não é o defendido por Olavo de Carvalho mas justamente o que considera que ideologia e militância política não são importantes ou são coisas do totalitarismo de esquerda ou de direita. Perdão pela ambiguidade.

Genaro Faria -   25/07/2015 22:51:35

Sérgio Alcântara, Canguçu RS . 25.07.2015 Prezado colega comentarista deste blog, Eu empreguei o termo "militante" com o significado que lhe dá Olavo de Carvalho. E gostaria de destacar a submissão a um comando político, que caracteriza a militância fascista, comunista ou que outro nome se dê à utopia socialista, seja de direita ou de esquerda. Abaixo, o conceito: "O que é militância? Ser um militante é estar inserido numa organização política, submetido a uma linha de comando e envolvido por uma atmosfera de camaradagem e cumplicidade com os membros da mesma organização. Ser um simpatizante ou um “companheiro de viagem” é estar mergulhado nessa atmosfera, obedecendo à mesma linha de comando não por um comprometimento formal como os militantes mas por hábito, por expectativa de vantagens ou conivência emocional. Sem uma rede de militantes, simpatizantes e companheiros de viagem, não existe ação política. Com ela, a ação política, se não limitada por fatores externos consolidados historicamente – a religião e a cultura em primeiro lugar — pode estender-se a todos os domínios da vida social, mesmo os mais distantes da “política” em sentido estrito, como por exemplo a pré-escola, os consultórios de aconselhamento psicológico e sexual, as artes e espetáculos, os cultos religiosos, as campanhas de caridade, até a convivência familiar. (Olavo de Carvalho, Zero Hora, 6 de março de 2004) Trata-se de estar politicamente engajado em uma causa." Abraços, Genaro

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   25/07/2015 16:17:46

Vou ousar cutucar dois amigos debatedores deste blog: GENARO. Considero-me um militante natural, espontâneo do ideário liberal e também um defensor sistemático de muitos valores tradicionais e digo, sem nenhum receio: estou muito longe de qualquer coisa que possa lembrar fascismo ou nazismo. Seguindo o princípio de Olavo de Carvalho, como é que podemos pensar em criar algo minimamente capaz de competir com a poderosa estrutura petista-marxista sem uma base social (não leia-se classe), partidária e ideológica que dê sustentação ao projeto alternativo? Desculpe a pretensão, mas penso que foi justamente este princípio que estimulou a proliferação de políticos carreiristas e profissionais em nossos, cada vez mais, combalidos partidos de centro-direita, criando solo fértil à ação dos "agentes da transformação". GUSTAVO: Esse Novo aí, não será apenas um novo (mais um) PP, DEM, PR ou PSD? Gostaria muito de poder acreditar que não se trata de mais uma sigla a trilhar o caminho batido do "politicamente correto" e do PRAGMATICAMENTE ACONSELHÁVEL.

Gustavo Pereira dos Santos -   25/07/2015 15:32:34

Hoje é dia do escritor. Saúdo o mestre Dr. Percival, desejando pronto restabelecimento da faringite. Um abraço, Gustavo.

Antonio Fallavena -   25/07/2015 14:40:46

Grande Puggina Não cansei mas tenho gasto menos tempo escrevendo. No entanto, mesmo com pequenos conhecimentos, cultura deficiente e capacidade mental reduzida, cada vez mais me sinto só! E o sentir-me só, mesmo quando no meio de grupos de pessoas, de familiares e por onde ando, não é sob o aspecto físico. Existe um enorme vazio de pensamentos, idéias e ações. Amigo, está cada vez mais difícil encontrar-se pessoas que conseguem pensar. Muitas acham que pensam. Quando alguém começa com "eu acho que sei; não participo mas acho....; não assisti mas parece...", dá uma vontade de voar, sumir, sair. Quantas vezes já pedi licença e me retirei. A maioria absoluta das pessoas, não sei a quantidade mais é muita gente, não consegue mais ouvir, falar, pensar e raciocinar. E o mundo caminha e avança. Algumas ilhas, com conhecimento e qualidade, fazem tudo pela grande maioria que "trabalha" e consome. teu texto diz um pouco daquilo que denominei de "minha angústia". Não sei se é possível encontrar o início, o fio da meada. Da minha parte, reservo minha ajuda e participação a tentar fazer os pessoas pensarem. As que não querem tentar, sugiro a busca de ajuda profissional. E no caso da política partidária, minha convicção é definitiva: enquanto não ocorrer uma reforma política/partidária de verdade, que garanta a possibilidade de pessoas sérias/capazes participarem com chances de serem ouvidas/escolhidas, navegaremos na lama da ignorância e da picaretagem. Um ótimo final de semana a ti e aos colegas. Abraço e saúde

Genaro Faria -   25/07/2015 13:41:44

Somente os partidos que adotam a utopia socialista, seja ela de direita ou de esquerda, têm militantes. E dessa milícia eles se valem para difundirem suas supostas ideologias ou apenas mostrar seu poder. Vale até organizar uma força paramilitar. A esquerda "progressista" deveria saber aonde nos levam tais partidos: ao passado tenebroso da Alemanha nazista, da Itália fascista ou da União Soviética, aos fuzilamentos sumários de Cuba e às políticas de "limpeza étnica". A suástica, a foice e o martelo ou a efígie de um Che sonhador são símbolos do que a humanidade tem de mais satânico para se precaver contra o lado do ser humano que o afasta da imagem e semelhança de Deus. É profundamente deprimente que até mesmo aqueles a quem mais incumbe zelar pelos fiéis do cristianismo adorem o seu maior adversário - o ateísmo que se esconde sob o manto da "libertação".

Ricardo Moriya Soares -   25/07/2015 10:43:41

Mais uma ótima análise, Mestre! Sem querer soar grandiloquente, porém creio que identificaste sucintamente a maior doença mental do brasileiro médio: o tudo, que resulta no vazio do nada! Dentro da mesma lógica, podemos analisar um grupo de pessoas que se destaca na última pesquisa de opinião acerca da popularidade da presidente da república; vamos tentar entender os 6-7% que acham o governo acima de qualquer suspeita. O número ode variar um pouco, todavia reflete bem a realidade proporcional dos que defenderão o indefensável, custe o que custar. E quem são eles? Qual é seu objetivo afinal de contas? Ao meu entender, são em grande parte burocratas (concursados ou não) e militantes profissionais - sendo que muitos militantes (pagos ou não) são universitários lobotomizados. Claro, não poderíamos deixar de fora os 'movimentos sociais' historicamente ligados ao partidão, as centrais sindicais, quilombolas, feministas, gayzistas, etc. De qualquer forma, o grosso dos 6-7% de masoquistas irrecuperáveis está na militância e na burocracia do dia a dia, e esses representam a espinha dorsal de sustentação de um regime maléfico. É notado que, quando o barco começa a afundar, os ratos da grande imprensa, os empresários, e algumas celebridades, começam a pular fora para se salvar a tempo. Bom, alguns mais resilientes afundarão propositalmente com o edifício petista-comunista, enquanto os Globos e Folhas da vida alegarão independência criativa. Enquanto isso, os 6-7% continuam firma na defesa dos estupradores - e de certa forma, eles são mais fanáticos que os terroristas muçulmanos, até dariam alegremente suas vidas pelo tudo, pelo impossível, pelo improvável. Poderíamos certamente focar nossas forças no desmascaramento desses indivíduos tão nocivos, pois eles são sim um dos maiores pilares do Foro de São Paulo. Hoje eles transitam livremente na internet, inclusive com gordas verbas de nosso suado dinheiro - em qualquer blog ou site encontramos trolls militantes. Não podemos ser ingênuos a ponto de esperar por correções éticas vindas da nossa justiça (já bem aparelhada), nosso papel é encontrá-los e prejudicá-los nos seus ambientes. Se meu vizinho é um troll esquerdista, eu vou transformar sua vida no mesmo inferninho que ele transformou o ambiente político virtual - não recorrerei aos mesmos métodos, não serei violento e não incomodarei sua família, todavia vou sim apontar os culpados e cobrar sua cara à tapa! Vamos expô-los, assim começa a real queda da torre petista.

Gustavo Pereira dos Santos -   25/07/2015 03:40:55

Fiz uma reflexão: será que eu tô enchendo o saco de todo mundo com o Novo? Vou me controlar, mas não custa lembrar que quinta-feira, 30, tem reunião do Partido Novo 30. Lembrei da brincadeira infantil cabo de guerra. Abraços.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   25/07/2015 00:17:34

Lamentável que nosso país esteja, há muito tempo, sob o domínio dos que tentam incutir na mentalidade coletiva que "política é tudo" e dos que pavimentaram o caminho dos primeiros, afirmando que "Essa história de partidarismo e ideário político já era. Temos que votar é na pessoa!". Estas duas distorções da política atualmente se associam, numa relação promíscua, para melhor assaltar o povo brasileiro. Tomara que as expressivas manifestações populares dos últimos tempos, especialmente as que acontecem em 2015, consigam inspirar e amparar os poucos políticos que fogem à regra, iniciando assim um processo que poderá levar a uma verdadeira reforma política e institucional.