• Percival Puggina
  • 06/09/2020
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A PÁTRIA EM HORAS DECISIVAS

 


 Não subscrevo manifestações de hostilidade ao Brasil, tão comuns entre radicais e revolucionários a cada 7 de Setembro. O que me move a este texto é um apelo aos bons brasileiros, aos que amam a pátria que aniversaria e que se sentem responsáveis por ela. Escrevo para muitos, portanto. Aproveitemos este dia para refletir sobre o que os maus compatriotas estão fazendo com nossa gente. Sob nossos olhos, à base de manobras “jurídicas”, estão restabelecendo a impunidade e a casa de tolerância. Há quem se empenhe nisso. Há quem busque fundamentos constitucionais para assegurar nosso convívio com o gangsterismo político; há quem aceite como algo natural que a população dos morros seja confiada ao “zelo” e aos “bons modos” do crime organizado; há quem conviva muito bem com o banditismo deslavado e sorridente de uma elite rastaquera, que conta dinheiro e votos como se fossem a mesma coisa. Graças a esse ambiente político, judiciário e legislativo são capazes de embolsar comissão até nas compras para combate à covid-19.

Não lhes basta a própria corrupção. Dedicam-se, há bom tempo, à tarefa de corromper o próprio povo, porque são milhões e milhões que já não se repugnam, que já não reclamam, que já sequer silenciam. Mas aplaudem e se proclamam devotos.

Não, não é apenas no plano da política que a nação vai sendo abusada e corrompida. Também nos costumes, também no desprezo à ética, à verdade e aos valores perenes. Também nas novelas, na cultura, nas artes, nas baladas. Nas aspirações individuais e nas perspectivas de vida. Incitaram o conflito racial numa nação mestiça desde os primórdios. À medida que Deus vai sendo expulso, à base de interditos judiciais e galhofas sociais, instala-se, no Brasil, a soberania do outro. E chamam fascista quem a tanto rejeita.

Brasileiros! Recebemos de Deus e da História um país esplêndido! Herdamos um idioma belíssimo que aprendemos de nossos pais e no qual escreveram gênios como Bilac, Machado, Drummond, Graciliano; fomos ungidos, desde os primórdios, na fé que animou São José de Anchieta; nossas raízes remontam às mais nobres tradições da cultura e da civilização ocidental. E nos mesclamos num cadinho de convivência onde se conjugam, nos versos de Cassiano Ricardo, os filhos do sol, os filhos do luar, os filhos da noite e os imigrantes de todas as pátrias.

Somos a nação de Pedro I, de Pedro II, de Bonifácio, de D. Leopoldina, de Isabel. E de Caxias, Maria Quitéria, Tamandaré, Osório, Rio Branco, Rondon, Mauá e tantos, (tantos!) grandes conterrâneos. Neles podemos e devemos buscar proveitosas lições para iluminar nosso compromisso como brasileiros neste 7 de setembro. Por força do vírus, ele é diferente dos demais no plano dos homens, mas não menos credenciado ao amor de seus filhos, sob as bênçãos de Deus. Que Ele nos conduza à rejeição do mal e a um firme compromisso com o bem, a justiça, a verdade e a beleza.

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* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Integrante do grupo Pensar+.
 


Geraldo -   07/09/2020 18:47:02

Aos fatos Percival.. Poderia ser mais explicito em relaçao às manobras jurudicas? O povo precisa saber o q de fato ocorre nas entranhas do poder, e de que lado estao seus mandatarios

Walkiria Toledo -   07/09/2020 16:39:39

Texto precioso. Muito bom ler essas palavras de profunda seriedade, zelo e amor à pátria. Receba meu abraço e minha admiração

OSMAR LANZ FILHO -   07/09/2020 15:19:07

Com maestria Dr Puggina ,expuseste neste dia da Pátria,a sua e a indignação dos verdadeiros brasileiros contra os descalabros a que somos submetidos por autoridades e magistrados a serviço dos próprios interesses e da corrupção ,que segue desenfreada.

luiz rubin -   07/09/2020 14:28:55

Este artigo é uma “oração” que só podia ter sido escrita por uma mente brilhante. Nossa Pátria será muito melhor se formarmos uma população de Percivais.

Luis Roberto Ponte -   07/09/2020 12:36:55

Maravilha! Preciso e profundo. Tomara que, assim desenhado, convença a muitos quem são os culpados pelo retrocesso moral do País.

NILO RODRIGUES DE MATOS JUNIOR -   07/09/2020 12:35:44

Texto digno de um grandioso 7 de Setembro, pelo que representa para nós, brasileiros. Texto que bem reflete a dignidade e a grandeza do Dr. Puggina.

Luiz R. Vilela -   07/09/2020 12:26:02

Grandes brasileiros que viveram no passado, deixaram certas coisas escritas, que nos levam a pensar que as mazelas vividas atualmente, também já existiam nos tempos idos. Na "Oração aos moços" de Rui Barbosa, quem a lê, tem a impressão de que foi escrita no mês passado, no entanto já tem um século de vida, mas o tema é atualíssimo, a falta de vergonha na cara ou em qualquer outro lugar do corpo, pelo jeito é hereditária, veio para o Brasil com as caravelas. Um historiador cearense, de nome Capistrano de Abreu, lá no século XIX, já sugeria que a constituição brasileira tivesse apenas dois artigos. O primeiro deveria constar o seguinte: "Todo brasileiro deve ter vergonha na cara". O segundo: "Revogam-se as disposições em contrario". Neste caso, certamente o próprio Brasil seria declarado inconstitucional, porque nada por aqui se enquadraria na lei maior. Também o poeta Olavo Bilac contribuiu para as comparações atuais com o passado. Em A Pátria, escreveu ele: "Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! Criança" Não verás nenhum pais com este!". Perfeito, somos realmente diferente de tudo que há no mundo. Nossos políticos que não caem do céu ou vem do exterior, são a verdadeira "carteira de identidade" do povo brasileiro, um não é melhor do que o outro. Parece que se igualam e se merecem. A situação de degradação que a vida foi atingida entre nós, e sem perspectivas de melhoras, faz-nos pensar no tal "efeito Orloff", não mais comparável a Argentina, mas o resto do Brasil ao Rio de Janeiro e dizer: " Nós seremos vocês, amanhã.

Jaime Cimenti -   07/09/2020 12:15:58

Muito bom! Disso precisamos, um Brasil plural, democrático , pacifico,que obedeça as leis e as boas práticas e respeite a liberdade! Abração

FERNANDO A O PRIETO -   07/09/2020 08:48:04

Viva o Brasil, que soube acolher bem todos os que chegaram como imigrantes! Os (muitos) defeitos de nossos políticos, juízes, formadores de opinião, etc não são provenientes de serem brasileiros - em TODOS os grupos humanos o mal se infiltra (até entre os discípulos de Cristo!). Procuremos, dentro de nossas possibilidades, identificar o amor à Pátria também com a condenação e severa repressão a esses defeitos, e melhoraremos a nossa situação como país. Para o bem do Brasil, abaixo a leniência e o "coitadismo" com os culpados que tenham plena condição de saber o que praticaram de errado.

Menelau Santos -   07/09/2020 00:37:04

Bravo Professor!

Valdemar Munaro -   06/09/2020 23:46:07

Verdade, Puggina. Não ama seu país quem não honra seu passado.

Rogério -   06/09/2020 22:30:48

O texto reflete com precisão o sentimento dos brasileiros de bem. Parabéns!

Carlos Edison Fernandes Domingues -   06/09/2020 20:44:17

PUGGINA Cantamos juntos a alegria de sermos brasileiros. Carlos Edison Domingues

Denise Cristina urruth e -   06/09/2020 19:05:51

Admirável!

Alan -   06/09/2020 18:16:47

A fina sensibilidade de escritos assim nos faz falta quando recorremos às páginas jornalísticas em busca de algo que nos preencha como cidadãos e não como alvos de manipulação militante cega.

Sergio -   06/09/2020 16:28:27

Espetacular!