• Percival Puggina
  • 15/07/2022
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A Pátria, a bandeira, a esquerda e a política.

 

Percival Puggina

 

         Recentemente, falando perante um grupo de apoiadores e militantes, Lula reconheceu a acusação de Fernando Henrique de que o PT “vaia até a bandeira brasileira e o hino nacional”. E completou, em viva voz e imagem: “De vez em quando ainda vaiamos”.  

Pois é. Essa esquerda tem um problema com a ideia de pátria e, principalmente, com patriotismo. Daí o Foro de São Paulo, daí a fixação com “La Pátria Grande” e seus desdobramentos, daí a Internacional Socialista, ou “a Internacional”, para os íntimos, que é como camaradas e companheiros a denominam. Marx, tataravô de todos, queria uma revolução mundial, uma fusão de revoluções. Para ele, o comunismo adviria do vitória do proletariado internacional na luta contra o capitalismo.

A URSS dispunha de uma série de mecanismos para apoiar e definir estratégias com esse fim. Apostava nisso e se espantava quando não dava certo. Os líderes comunistas russos nunca entenderam, por exemplo, proletários finlandeses e alemães, em defesa de suas pátrias invadidas, pegarem em armas contra os camaradas soviéticos em 1939 e 1941...

Há vários motivos para essas vaias a hino e bandeira. Primeiro, porque quem assim reage precisa de um ânimo revoltoso como ponto de partida para qualquer ação política. Segundo, porque esse ponto de partida exige divisões que, nas últimas décadas, correspondem aos conhecidos conflitos identitários já mundializados, como se sabe. Terceiro, por estarem convencidos de que o Brasil é uma excrecência criada por gente muito má. Gente que resolveu ocupar como coisa sua o suposto paraíso perdido, a idílica Pindorama das praias e palmeiras.

Para eles, por fim, nosso país não foi descoberto, o 22 de abril de 1500 foi uma aberração histórica, o Sete de Setembro é uma ficção porque o Brasil nunca foi independente e São José de Anchieta foi um predador cultural. Ponto e basta.

Ao sopro da mesma ideologia, bandeiras do Brasil servem, frequentemente, para fazer fogueira. Não obstante, vê-las nas mãos de adversários políticos e confrontá-las com suas bandeiras vermelhas e apátridas dói como pisada no calo.

Para quem tem memória curta, é bom lembrar que as bandeiras do Brasil passaram a ser usadas massivamente nas manifestações de 2013, exatamente para diferenciar dos arruaceiros e depredadores que então iam às ruas, no truculento estilo de sempre, protestando contra os 20 centavos a mais nas passagens de ônibus.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


José Rui Sandim Benites -   19/07/2022 04:05:20

Sim Mestre Puggina. Primeiro queriam terminar com a propriedade privada e torná-la coletiva. E depois com uma elite política hierarquizada implementar a tirania. Com partido único. Os bens e capital estarão com está elite. E para o povo o socialismo da miséria. O que querem é o poder. Só a elite tem alma. Vou ser sempre contra. Luto pela família, liberdade e a propriedade privada de bens imóveis e móveis. Inclusive propriedade privada do nosso corpo. O direito de ir e vir. E que os bens sejam conquistados pelo estudo, trabalho e pelo mérito. E com valores cognitivos e culturais. Assim, teremos uma sociedade mais justa e fraterna.

Celia Rosa Heringer Dittmar -   18/07/2022 16:02:04

Texto e comentários excelentes. Parabéns

Maiolino -   18/07/2022 14:16:43

Sr. Percival boa tarde. Concordo "ipsis litteris" com o teor de seu artigo. Entretanto, penso que o dístico " igualdade, liberdade e fraternidade" que adotamos , a partir da revolução francesa, é um grande erro. At.te Carlos Maiolino

felipe luiz ribeiro daiello -   18/07/2022 11:48:04

Vamos festejar o Bicentário da Independência do Brasil?

Frederico Pereira Eggres de Oliveira -   18/07/2022 09:57:37

Parabéns Sr. Puggina, mais um artigo irretocável, mais um artigo que mostra que nossa esquerda tem interesse apenas em causas próprias e não no bem do país e dos brasileiros.

LARRY DE CAMARGO VIANNA NASCIMENTO -   18/07/2022 09:22:20

Lucidez sempre!!!!

Rubens Mazzini -   17/07/2022 22:53:15

O que a tal juíza e muita gente ainda não conseguiu entender é que não foi a Bandeira Nacional que virou símbolo de Bolsonaro; foi Bolsonaro que virou um símbolo Nacional.

jose carlos Antunes -   16/07/2022 16:55:34

mestre a civilização é uma luta diária contra a barbárie. Por isso oremos pela proteção DIVINA

Luiz R. Vilela -   16/07/2022 11:38:49

Ama com fé e orgulho, a terra em nascestes! Criança! Não verás nenhum pais como este. Olavo Bilac era um patriota, como já quase não existem mais. Só que também soa enigmático a segunda parte do seu pensamento. Estaria ele usando uma forma elogiosa ou pejorativa? Porque atualmente com os posicionamentos políticos existentes, imaginamos que no mundo não exista outro pais com as características do nosso Brasil. Pois agora mesmo, uma juíza do RS, vem a proibir o uso da bandeira do Brasil, em atividades públicas ´porque o lábaro nacional é símbolo Bolsonarísta. É o fim do mundo, deveriam mesmo, era proibir o uso de bandeiras que fazem referências a regimes totalitários, a ditaduras e todos os tipos de tiranias. As nossas cores, o verde, amarelo, azul e branco, são propriedades de todos os brasileiros, usáveis em qualquer cerimônia que se desejar, portanto, não sendo tratada com falta de decoro, ninguém pode censurar o seu uso. O que se observa no episódio, é que certas ideologias políticas, já estão distorcendo até a lógica que pessoas com cargos de responsabilidade deveriam ter. O Brasil esta no limiar de nova era, para o bem ou para o mal, o povo agora esta com a decisão nas mãos, porque os que deveriam ter a responsabilidade com o pais, já a perderam completamente. "Bombardear" o pais por conta da ojeriza que sentem pelo presidente, já passou de oposição política, é insanidade pura, e depois que as coisas acontecerem, espera-se que ao menos assumam suas responsabilidades.

Giulietta Cucchiaro -   15/07/2022 20:34:43

Da série "motivos para vaiar a bandeira do Brasil: condicionamento pavloviano

Manoel Luiz Candemil -   15/07/2022 20:04:04

Os partidos políticos, no âmbito federal, de oposição, existem para contradizer a situação, porém sempre objetivando o melhor ao País. Atualmente, os partidos esquerdistas fazem oposição, porém pretendendo a destruição no País. A Constituição Federal não impede a tomada de medidas para por ordem no Brasil. É inaceitável a omissão dos órgãos públicos competentes para a tomada das medidas cabíveis.

José Maria da Silveira Gomes -   15/07/2022 17:51:20

Parabéns Prof.. como sempre excelentes comentários e posições. Que o Espírito Santo sempre lhe ilumine! Abraços