• Percival Puggina
  • 16/11/2014
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A PASSEATA DE 15 DE NOVEMBRO EM PORTO ALEGRE

Já vi concentrações maiores, inundadas por bandeiras vermelhas. Eram manifestações assustadoras! Nada era dito sobre o Brasil e muito era dito sobre a tomada do poder no Brasil. Festejavam vitórias no mesmo tom com que o MST comemora suas invasões. Algo fora tomado de alguém. A democracia dava mais um passo para trás e a revolução mais um passo a frente. E eram vistosas as manifestações.

 Foi curioso perceber que a eleição do dia 26 de outubro não proporcionou qualquer daquelas antigas explosões estelares e escarlates. Ao contrário, viu-se muita gente cabisbaixa, com expressão de criança que sujou as fraldas. Fez e sabe que fez. De algum modo, manifestavam o sentimento nacional, o sentimento de um país que precisa trocar as fraldas, um país que não pode continuar sendo governado por um governo que não controla os esfíncteres.

No início da tarde do último sábado, feriado de 15 de novembro, aniversário da Proclamação da República, um grupo de 5 mil pessoas se reuniu numa das esquinas do Parque Moinhos de Vento em Porto Alegre (vídeos aqui e aqui). Era um desses dias esplendorosos, em que o céu da capital gaúcha se engalana num azul de lápis de cor. Vi pais levando seus filhos em carrinhos de bebê. Vi uma senhora de 93 anos percorrer altiva e solene a longa caminhada de três horas até o Monumento do Expedicionário, no Parque Farroupilha.

Qual a força que me levou até lá, uniu-me a eles numa aderência eletrostática, que nos imantou e mobilizou a todos através da marcha? Não hesito em afirmar: foi um sentimento de bastança, de demasia. O partido que nos governa foi longe demais e a multidão regurgitava 12 anos de desaforos levados para casa. Quem estava ali eram pais e mães de família de verdade, trabalhadores que trabalham, empresários que fazem andar a roda dos negócios mas não se vendem, estudantes que estudam, pessoas de fé que rezam e pessoas sem fé que respeitam a religiosidade alheia, pensadores que pensam a liberdade, a democracia, os bons princípios e os mais elevados valores. "Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil" sussurrou-me alguém ao ouvido. E essas palavras acompanharam-me ao voltar para casa.

É preciso libertar a Pátria. Soltar as amarras em que vem sendo gradualmente envolta. Romper a teia conspiratória e apátrida que quer nos unir à "Pátria Grande" neocomunista, bolivariana, no mapa continental vermelho, sem fronteiras e virado do avesso, proposto pelo Foro de São Paulo. E, por fim, mas não por último, acabar com eleições que não merecem crédito, com o império da mentira, da enganação, da chantagem, da injúria, onde o juiz da partida é sócio do clube, onde se faz gol com a mão, três horas depois do segundo tempo. O Brasil do bem não suporta mais ser explorado, taxado, tributado, rotulado, dividido, roubado, enganado, e reagirá com os meios proporcionados pelo Estado de Direito e pela democracia.

É preciso dizer à imprensa infiltrada, submissa e omissa, à imprensa "empadinha", que combater o comunismo, ainda que disfarçado e com vergonha do próprio nome, não é fascismo (como acusavam embusteiramente os marxistas-leninistas ao levar seus opositores para o agasalho definitivo das covas rasas). Ao contrário, é indeclinável exigência moral, numa sociedade de homens livres, que conhecem História. E foi o que fizemos, da melhor forma que pudemos, numa tarde em que o céu de Porto Alegre exibia, orgulhoso, um céu azul de lápis cor.

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* Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

 


Elaine -   22/11/2014 15:56:30

Obrigada Sr. Puggina por ser verdadeiro! Poucos tem coragem de ser o que realmente são! Tanto os bons quanto o maus, e infelizmente quando os bons se omitem o mal prevalece.

Oswaldino Ruduit -   22/11/2014 15:27:53

Caro amigo Percival Puggina. Já com 89 anos de vida e em fase de mudança de endereço, não tive condições de comparecer à Passeata do Dia 15. Assim como eu, outros, embora por descuido ou mesmo por desleixo, deixaram de valorizar o encontro e manifestar o seu desagrado com os tristes acontecimentos os quais preocupam a todos aquelas pessoas esclarecidas a respeito do que está "visivelmente" ocorrendo . Portanto, esteja certo, Puggina,, 1000, 5000 ou 50000, a verdade é que milhões , dos quais você é porta-voz estão tristes, e, moralmente, todos gostariam de estar presentes!...

Cesar Mello -   19/11/2014 02:17:15

Parabéns Puggina por expressar tão bem esta situação. Te vi lá na passeata. Abraço! Mello

Jotabe -   17/11/2014 21:09:53

Seu texto e magistral, exprime o sentimento de tristeza e decepção que nos invade o coração. Embora a imprensa chapa branca escamoteie a verdade ao não noticiar as manifestações, temos Jornalistas sérios do seu gabarito que abraçam esta causa e têm compromisso sério com a verdade, liberdade e com a Democracia e não nos deixam sós.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   17/11/2014 20:38:59

Assim como muitos aqui neste blog, também não sou favorável à qualquer ação ou atitude que possa ser interpretada como LEGITIMAÇÃO ao discurso falacioso da esquerda. Desde que se APODERARAM dos centros acadêmicos e dos principais meios de produção e difusão cultural ELES "ensinam" com muita insistência, com muita eficiência, que a DIREITA é por excelência "golpista", "traiçoeira", "trapaceira", "truculenta"... Qualquer ensejo de SIMPLES PRONTIDÃO das Forças Armadas ou, até mesmo, uma PRESSÃO mais EXAGERADA em relação a um possível impeachment da "presidenta" poderá nos colocar em uma situação difícil perante à opinião pública. Temos sim, é que CONQUISTAR adeptos à nossa causa e ao NOSSO MODO de interpretar e FAZER POLÍTICA. Pelo que observo aqui, gente capacitada e com entusiasmo para esta MISSÃO é o que não falta! Basta termos um pouquinho mais de determinação, coragem e ORGANIZAÇÃO para, antes mesmo do que possamos esperar, começarmos a observar os efeitos de nossa ação junto à sociedade! Mas é claro, contando com lideranças com conhecimento, discernimento, sabedoria e COMPROMETIMENTO, como é o caso de Puggina. Abraços a todos.

CBertaso -   17/11/2014 18:07:39

O sol da liberdade em raios fúlgidos continuará brilhando no céu da pátria. Não vamos nos dispersar.

Gustavo Narciso -   17/11/2014 16:54:47

Parabéns, mais uma vez expressa com precisão meus sentimentos. Seguimos alertas e não nos dispersaremos. Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil... pois eu digo: Só me calarão no "paredón"!!!

Marco Meira -   17/11/2014 12:38:46

Ora faça me o favor!!. Um homem respeitado pela sociedade falar que tinham 5mil pessoas numa manifestação ,que a própria brigada militar garantiu que não tinha nem mil... Manifestação mais coxinha e elitista impossível. Bom , ser publicada nesse blog é coerente, mas querer aumentar uma coisa pequena e desprezível, soa como "mau caratismo".

Odilon Rocha -   17/11/2014 12:12:47

Prezado professor Puggina O seu texto é claro e cristalino. Parodiando um operário sem um dedo que, à época, hipnotizou meio mundo com suas bravatas e histrionices, a população ordeira, trabalhadora e que possui valores está 'de saco cheio'.

Diego -   17/11/2014 04:33:38

Mesmo sentimento aqui: "Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil"

José Ismael Heinen -   17/11/2014 03:00:24

Bravos Percival Pugina! Estamos a merecer líderes que possam caminhar a frente das nossas magnas e dignas aspirações de um povo livre, democrata e soberana que ama esta terra e dela não desistirá sem luta! Podes crer, sejas um dos nossos condutores, estaremos juntos em prol da verdadeira democracia e do Brasil!! Uma oposição unida também com suas diversidades, só assim venceremos!! Quero ser livre para poder expressar minhas idéias, haja o que houver!!! Deus te ilumine meu admirável e valente escritor!

Pedro -   16/11/2014 23:17:29

Parabéns pelo seu lúcido comentário. Ontem participei pela primeira vez de um protesto e vi pessoas do bem presentes no ato. Observei que "nós" temos muito para aprender, soltando o grito sem medo, pois "eles" nasceram assim e não temem à nada. Temos que protestar e articular com coragem e inteligência. Conto com a sua liderança para iniciar esse processo de mudança.

André Carvalho -   16/11/2014 21:39:51

Parabéns aos que participaram da marcha do dia 15. Mas seria melhor que, ao menos neste momento, não se falasse em "impeachment". Isso só dá munição para os que acusam as manifestações de golpistas e antidemocráticas. As investigações estão aí e o Judiciário, ao que parece, trabalha com seriedade - coisa rara. Melhor esperar a conclusão de tudo para ver se há elementos para começar uma campanha pelo afastamento da presidente. Até lá, cautela.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   16/11/2014 20:13:11

Parabéns, Sr. Percival Puggina, por mais esta demonstração de lucidez, conhecimento, comprometimento e GRANDE ENTUSIASMO pela CAUSA da LIBERDADE e da verdadeira DEMOCRACIA! Porém ressalto que este sentimento de indignação do povo brasileiro já era perfeitamente visível nas manifestações de junho de 2013. Muita gente insiste em classificá-las como meras agitações de esquerda... Pois eu afirmo categoricamente que NÃO ERAM NÃO! Muito embora tenham começado com a TURMA DE SEMPRE, na reivindicação do passe livre, foram paulatinamente sendo engrossadas por gente verdadeiramente comprometida com a democracia, a ética e a moralidade neste país. Em dado momento, começaram surgir pessoas que nunca na vida tinham saído às ruas para protestar, tamanho o descontentamento com a situação de insegurança, imoralidade, deseducação e, completa INVERSÃO DE VALORES. Será que foi OBRA DO ACASO aquele BANDO DE MASCARADOS se infiltrar em meio aos CIDADÃOS DE BEM para ESCULHAMBAR com aquelas justas, diferenciadas e INTERESSANTES (não para ELES) manifestações? Parece que mais uma vez os "agentes da transformação" foram RÁPIDOS NO GATILHO e , outra vez, os nossos REPRESENTANTES DA DIREITA passaram batidos, não entenderam o PEDIDO DE SOCORRO da população, repetindo a PÉSSIMA INTERPRETAÇÃO do referendo do desarmamento.

Pedro de Souza Ramos -   16/11/2014 19:03:41

Lutar é preciso! Nós estamos diante da luta do Bem contra o Mal! A maioria que acha justo uma sociedade livre democrática e trabalhadora, que acreditam em Deus ou até mesmo ateus, contra o malígno, contra a besta do Apocalípse, que está aí batendo a nossa porta na forma de bolivarianismo, da mentira como arma política, do roubo, da violência, que já chegaram à um grau insuportável, e que quer acabar com a nossa liberdade e destruir os nossos valores mais caros! Vamos à luta, não desistamos, alguém já disse que "a ingenuidade não nos salvará, pior do que ser enganado por outros, é anestesiar-se pelo auto engano". isso já aconteceu no nazismo e no comunismo mundo afora. O Mal deve ser combatido com todas as forças possíveis, é certo que os covardes, os ratos, irão se bandear para o outo lado quando se derem conta da realidade que lhes é escondida pela mídia nacional! Todo cristão deve ser antimarxista, do contrário não é cristão, e é dever sair desta passividade, a reação deve ser no mínimo no mesmo grau. Em levídico 24.20 está escrito:"olho por olho, dente por dente". ou em Êxodo 22:2: "Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue". Eu gosto sempre de escutar 'We cry out' do Jesus Culture, para não perder o ânimo e renovar o espírito de luta, em: https://www.youtube.com/watch?v=53KbWYXH9YE

pedro azevedo nunes de carvalho -   16/11/2014 16:49:52

Puggina, eu acompanhei grande parte a passeata de São Paulo, ao vivo pela internet, eu achei que os manifestantes estavam um pouco fora do foco, que deveria ser solicitado urgentemente a AUDITORIA EXTERNA IDÔNEA das urnas e do sistema de coleta de dados e consequente anulação, em todo tempo que observei e ouvi a manifestação não escutei ninguém falar sobre isso, alguns falaram sobre possível fraude, mas não tocaram em auditoria e substituição destas malditas urnas, e o foco foi mais na roubalheira petralha e o impeachment da Dilma que se não aparecer nenhuma prova que incrimine a terrorista, todo esforço cai por terra! Urge que se modifique o nosso sistema de votação senão tudo o mais que for feito será perda de tempo! Os organizadores querem esgotar os meios legais em um primeiro momento, como a apuração do petrolão e a ligação com a presidanta, mas não esqueçam que a intervenção militar constitucionalmente é dever das Forças Armadas para proteção do país, e que já teve inúmeros motivos para tanto. Proibiu-se a manifestação de solicitação de intervenção militar, e me parece que deste modo estamos fazendo a pauta petralha, porque ao meu ver, isso é o que mais a esquerda teme. Claro que a intervenção militar não é um fim em si mesma, mas um meio para se acabar com o real perigo está prestes a se concretizar no país, que é a implantação satânica do bolivarianismo. Como combater um exército que se move devagar e que está a destruir lentamente o país? Somente com um movimento rápido e que desfaça tudo o que foi "descontruído" pela esquerda nestes últimos trinta anos, isso é tática de guerra, do contrário levaremos bem mais de trinta anos para fazer o caminho contrário. Claro que também existe o perigo de que nós na realidade não sabemos de que lado se posicionariam as nossas forças armadas e nestes doze anos de esquerdismo, parte do alto comando já deve estar, no mínimo, dividida, e ser militar no Brasil, parece que já se tornou apenas um cargo público, eles têm medo de levar tiro. Resumindo: Auditoria no sistema eleitoral já, ou então comecem a pensar em mudar de país, porque neste caso a democracia já acabou!

Cesar Day -   16/11/2014 15:58:25

Puggina! Não poderia ser melhor, esta tua avaliação! Parabéns e continuamos aqui sempre prontos pra lutar pela liberdade!