• Percival Puggina
  • 05/02/2015
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A MORTE CEREBRAL DO ESTADO

 

 Dr. Strangelove, (Dr. Fantástico, no Brasil) é uma das melhores comédias de humor negro, verdadeiro clássico do cinema norte-americano. Sob direção de Stanley Kubrick, o filme foi lançado em 1964 tendo Peter Sellers em três papéis principais. O tema do filme, em tempos de Guerra Fria, é um possível conflito nuclear que iria destruir o mundo.

Pois o Dr. Strangelove me faz olhar para o governo Dilma. Nestes últimos quatro anos, o que não foi destruído em nosso país não foi por falta de tentativa. Sua última vítima foi a credibilidade do próprio processo eleitoral. E olhem que passo ao largo da corrupção! O brasileiro consegue avacalhar até com essa praga. A continuar como vamos, em mais uns poucos mandatos nos levam embora o PIB inteiro. Saímos do milhar para o milhão, para o bilhão e para as dezenas de bilhões. Daí para o trilhão é só uma questão de maior ou menor apetite.

Dentro de quatro anos, não esqueçamos, teremos novas eleições. E haja dinheiro para renovar o contrato de locação do Palácio do Planalto! O eleitor também é fisiológico. Estão pensando o quê? O metabolismo que transforma dinheiro em voto funciona em mão dupla. E uma mão suja a outra.

O crescimento do PIB nacional desceu a patamares ridículos. O país se desindustrializou. A Petrobras já vale menos que certos aplicativos para iPhones. O governo da União fechou as contas de 2014 com um déficit superior a 20 bilhões que, somados ao buraco aberto por Estados e municípios, leva o rombo fiscal verde e amarelo à casa dos R$ 35 bilhões. Isso sem os juros da dívida. Se os somarmos a esses R$ 35bi, a conta se multiplica por 10. A credibilidade brasileira despencou. E até o Lula - pasmem! - parou de viajar, de bravatear, de gargantear. Não lhe deram mais nenhum título de "doutor". E não adianta ligar para ele. Lula não atende mais o telefone.

No Rio Grande do Sul, tivemos nossa dose provinciana de loucura fiscal. O ex-governador Tarso Genro, que deu as cartas no quadriênio findo em 31 de dezembro passado, deixou um rombo de R$ 7 bi previstos para o exercício de 2015. Matéria publicada em Zero Hora do dia 3 de fevereiro informa que o governo Tarso avançou sobre recursos alheios (Caixa Único e Depósitos Judiciais) num montante de R$ 7,15 bilhões. Ou seja, 54% a mais do que seus três antecessores nos 12 anos precedentes.

A ideologia do petismo seca neurônios porque foca o poder e seus meios e não o poder e seus fins. É a morte cerebral do Estado, sob a égide de governos que se orgulham de serem diferentes, que se vangloriam de não "dialogarem" com a "lógica neoliberal" porque têm "um projeto próprio de desenvolvimento". Arre! E vendem esse lero-lero como xarope milagroso aos ingênuos do país.

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 


Gustavo Ramos -   12/02/2015 18:53:35

Em breve seremos todos iguais. Socialistas e pobres. A casta política entretanto não se abalará, ao contrário, será mais poderosa do que nunca e poderá, finalmente, prescindir do povo.

ALDO LANGBECK CANAVARRO -   08/02/2015 18:55:20

O Projeto do PT é quebrar o País, sua diretriz básica é "quanto pior melhor", mesmo assim, anualmente, deparamos com um "milagre", o país cresce alguma coisa, é o "milagre brasileiro"!!!!

Susana -   07/02/2015 23:26:45

Ego, Superego, Subconsciente, Consciente Coletivo, Herança Familiar e tantas outras facetas do nosso existir. Somos seres finitos, proprietários de uma residêncian onde há infinitos espelhos que modificam a imagem refletida. Para sermos mais, temos que ficar frente a frente com o maior número possível de espelhos, capturar mais imagens que nos dêem substância, profundidade, autoconhecimento, para com mais propriedade manifestarmos para fora o que vamos nos tornando por dentro. Sinto-me como alguém que acabou de chegar ao local do acampamento, promessa antiga de lazer em família. Todas as tralhas estão espalhadas no chão, as crianças parece que já se perderam no matagal, será que antes do anoitecer eu monto a barraca? terei trazido todo o material necessário para oferecer uma refeição indecente - sim, indecente - para todos? Vem um desejo: desligar tudo, ficar no modo controle remoto. Não fale, não sugira, não olhe enviesado, não chute o balde. Apenas faça. Tudo foi planejado tão bem, desnecessário repassar o "script". Quando voltar para casa, não pretendo voltar para a MESMA casa. Quero uma casa bem moderna, daquelas que tem tecnologia para ler os nossos desejos e seguir o mesmo conselho: apenas faça. Não tenho mais paciência par lidar com a matéria inerte, sem iniciativa. Tenho andado muito agitada para entender que as outras pessoas não sabem o que estou pensando. Então, faça. E chega de prosa.

Susana -   07/02/2015 22:42:02

Para me situar no mundo físico, tenho que alternar o uso dos meus sentidos., pelo tempo necessário para acessar informações externas ou internas. Há um tanto de vontade, mas depende mais do órgão de cada sentido que a mente necessita para acessar uma determinada informação, ou o corpo executar um movimento. Percebo o tato pouco usado, olfato ídem, paladar também. Pouco usado, nas condições atuais, deve ser compreendido sob a ótica da física quântica. Já a visão e a audição competem ininterruptamente e, devido à maior sensibilidade aos sons, necessito fechar os olhos com muita frequência, mas o ohar é também conduzido pelo som. Conflito na hora: a mente precisa da visão para acessar "hardwares". Veja bem: (os políticos adooram esta expressão, minha homenagem a eles) Quando deixamos de usar o nosso olhar, abrimos mão de acessar o olhar do outro e não fazemos a troca afetiva, nem recebemos o "feedback" que o outro nos oferece pela reação não verbalizada às nossas atitudes, mas demonstradas pela linguagem corporal, por exemplo, e melhor acessada quanto maior o nosso "feeling". Abrimos mão da aprovação sincera ou do justo julgamento ou parecer. Perdidos. Uma nau perdida no mar. Onde o porto, onde a paz, onde a segurança dos meus iguais e o contraponto dos que são diferentes de mim?

Nelson Azambuja -   07/02/2015 21:29:47

Meu caro Puggina: Mas o que mais me deixa triste, na realidade, é constatar que o povo brasileiro está comprando esse xarope milagroso e bebendo atá a embriaguez absoluta .... o que me deixa muito desesperançado. Enquanto isso, a Presidanta vai à festa de 35 anos de PT e ensina à cambada, que eles não podem acreditar, como alguns golpistas querem fazer crer, que a Petrobrás é uma vergonha para o Brasil. De fato a Petrobrás não é uma vergonha para o Brasil, mas toda a cambada que a destruiu e que deveria estar na cadeia a transformou numa vergonha mundial!

susana h machado -   07/02/2015 21:16:40

O que vejo é um país com sério problema de transtorno bipolar, ou dissociação de identidade. Há um "lado" que denuncia aos quatro ventos corrupção, roubos na casa dos bilhões, péssima administração do bem público, intenções maliciosas na concepção de Estado com grave risco para a democracia. E outro "lado", que diz veementemente: NÂO, isto não aconteceu, não acontece, jamais acontecerá, é intriga da oposição. Nós aqui do andar de baixo ficamos de boca aberta, estupefactos, como ficaram, dizem, os índios quando viram uma nau pela primeira vez. O que é isto? como interpreto? estou mesmo vendo o que se apresenta no horizonte ou serão visões, provocadas pelos espiritos da floresta? Até a pouco tempo eu chamava meu advogado. Agora quem não tem mais paz é o meu psiquiatra. PS: O Brasil poderia fazer um up-grade, mudar de nome, por exemplo. Há tantas opções disponíveis ( essa semana uma repórter disse 3 vezes pelo menos opição, ao vivo e em cores, vergonha alheia, se provoca,se sente). Desde já voto pelo nome DENGUE. A dengue deve ter vindo com aquela nau de Cabral e delimitou o seu território, usucapião imediata. Nunca vai sair daqui, seu apego às terras deste país é de proporções doentias. Doença doente, pode? Há um país primitivo que permeia a cultura deste país, de norte a sul, de leste a oeste. Tão resistente quanto erva daninha, é outro apego que parece ter feito sesmaria, melhor é se conformar.

Genaro Faria -   07/02/2015 14:27:32

A verdade que muitos não veem - ou fingem que não veem - está na singularidade do PT em relação aos partidos políticos. O PT não tem nem jamais teve um projeto de governo. Não planeja, não executa nem administra nada que tenha por finalidade dar segurança, promover a educação, cuidar da saúde, proteger a moeda e assegurar o desenvolvimento econômico e social do país. Ao contrário, o objetivo do partido é destruir, arrojar ao chão os fundamentos que encontrou, para erguer sobre seus escombros um projeto de poder hegemônico (totalitário), onde a democracia é "popular" (sem eleições), a polícia é política (para punir o crime de opinião), enfim, implantar o regime "que foi perdido no leste europeu" (com o colapso do império soviético). Todo esse quadro de escândalos em cascata e de descalabro generalizado não é, assim, fruto da incompetência dos dirigentes petistas. O fato que os atordoa não é essa combinação de inflação com estagnação econômica, ou a situação calamitosa dos serviços públicos. É a sua publicidade, protagonizada pela "infame" imprensa que restou, e a atuação das poucas instituições de estado que não naufragaram pelo aparelhamento dos companheiros (tovarishes apparatchiks, em russo). Por isso seus líderes as atacam e delas se queixam de praticarem odiosa discriminação contra o PT. Quem preza sua liberdade e deseja o bem para si e seus descendentes, que abra os olhos e ouça com ouvidos de quem quer ouvir. Ainda estamos a caminho da Argentina, da Venezuela, de... Cuba. Mas não podemos esperar mais para afastar esse cálice de rum tinto de sangue.

susana h machado -   07/02/2015 13:53:41

Vou ser muito franca. Não votei nas últimas eleições, não consegui sequer optar pelo voto branco ou nulo. Não consigo votar no PSDB, não tem como. Fui funcionária pública em empresa de direito privado, nunca "mamei nas tetas do governo". O que realmente aconteceu é que deixei uma boa parte do meu "couro" na empresa, felizmente sobrou um pouco de mim para eu usufruir com minha família. Assim sendo, considero que cada tostão, ou cruzado, ou cruzado novo, ou real que recebi, foram bem retribuidos por mim na forma de serviços prestados. Ousaria inclusive dizer, se fosse possível quantificar, que meu saldo é credor. Mas como votar no PT? moralmente impossível. Ainda que seja verdadeiro o fato de que foi com o Lula - vejam só - que eu consegui uma remuneração mais justa, tratamento menos agressivo por parte dos gestores (sei que vocês não vão acreditar, mas tudo bem, assunto de bastidores não deve mesmo vir a público, e olha eu aqui não seguindo meu próprio conselho). Não somente eu, naturalmente, falo dos trabalhadores em geral da instituição. E isto gera um sentimento estranho, uma espécie de necessidade de fidelização, algo como não cuspir no prato em que se comeu. Fiquei então entre a cruz e a espada. E a única solução que encontrei foi sair pela tangente. Ufa, como disse aquele gaúcho, "quase que me vô dessa". Abraços.

Susana H Machado -   07/02/2015 13:39:57

Sr. Puggina, somente agora acessei meu e-mail e li sua msg. Nas outras vezes que abri, não vi que havia outro texto seu. Puxa, mais uma coincidência. Ou não, ou quem sabe muito pelo contrário. Obrigada por nos oferecer seus textos. Abraços.

Ivaldo Cezar -   07/02/2015 01:48:28

Vejam Ton Martins entrevistando Fábio Ostermann https://www.youtube.com/watch?v=2veFrXhqWeA

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   06/02/2015 18:54:42

Constatação óbvia, Professor. Relevante também o que diz a Senhora Renata Daniel (05/02). A desmoralização do Estado Democrático de Direito, no descrédito à democracia representativa, à política e à economia de mercado constitui-se pré-requisito para justificar a implantação de um regime e um Estado totalitário. É só nos reportarmos ao nazi-fascismo e ao próprio regime soviético.

Genaro Faria -   06/02/2015 18:15:48

"A ordem dos tratores altera a agricultura", meu caro professor Puggina. O PT não tem "um projeto próprio de desenvolvimento", como eles alardeiam, mas "um projeto de desenvolvimento próprio". O partido é popular, ou seja, um sucesso de público e fracasso de crítica. Tipo Reginaldo Rossi em dueto com Falcão prestando uma homenagem ao Waldick Soriano. "Companheiros unidos, um dia ficam ricos." Eis a palavra de ordem da grande família sicil..., não, bolivariana, solidária até com os companheiros que são apanhados pela "justa" e levados ao xilindró. Eu tenho pena é da militância. Ir pra rua com faixas e bandeiras vermelhas a troco de uma "quentinha" com uns trocados para a cervejinha é dureza. Ainda bem que o PT gosta muito da pobreza. No futuro, o militante vai ganhar uma caderneta de racionamento.

Gustavo Pereira dos Santos -   05/02/2015 23:02:16

Dr. Percival, "Eu sou você amanhã", foi a mensagem de congratulações da ANTA para o vermelho Alexis Tsipras. Um abraço, Gustavo.

Zaqueu -   05/02/2015 17:52:11

Infelizmente, essa morte cerebral é total, nada pode ser transplantado. A metástase cancerosa já atingiu toda a circulação, é a falência múltipla dos órgãos. Rodrigo Constantino faz o seguinte comentário hoje: INDIGNAIS-VOS. " Talvez o maior mal causado pelo PT – entre tantos - nesses 12 anos de poder seja justamente a banalização da podridão. As pessoas mais decentes e esclarecidas olham chocadas para a passividade do povo, para a negligência, a cumplicidade daqueles que fazem vista grossa para tudo de errado em troca de migalhas ou tetas estatais.". O Blog O ANTAGONISTA traz um artigo "MY WAY", onde está inserido um comentário que convida o povo para uma gigantesca manifestação dia 15 de março próximo. Uma das bandeiras do movimento é o impeachment da "presidenta". Pode dar em nada mas é um movimento que está começando. Talvez faça crescer a indignação do Brasil decente em detrimento do descente.

Odilon Rocha -   05/02/2015 16:33:23

errata: cifrão, com 'c' e não com 's' como escrevi. Abraço

Odilon Rocha -   05/02/2015 16:30:28

Professor Puggina Afora raríssimos casos de convicção - os autoiludidos - , o que não lhes confere mérito de corretos, a grande maioria não passa de mercadores de ilusão! Nada mais além disso. Repitindo o que já disse, seus neurônios, a ciência explica em parte, são em forma de $ (sifrão), parece que alterados por surtos de inveja e avidez, com notas de ressentimento. Mas eles insistem em nos convencer de que pensam o contrário, com ataques esquizofrênicos anticapitalistas, preocupadíssimos com os pobres e excluídos. Falam uma coisa, fazem outra. Não há sistema orgânico que aguente tamanha antítese comportamental. Só pode dar nisso mesmo, morte cerebral. Abraço

Renata Daniel -   05/02/2015 16:16:57

Caro Mestre Puggina, Bebi mais esse artigo seu, com a sede dos que habitam esse quase deserto de inteligência e honestidade intelectual, em que o Brasil, parece ter-se transformado. Concordo, em gênero, número e grau e, até degrau, como diria o outro. A única coisa que me incomoda um tantinho, porém, é o fato de NINGUÉM apontar a intenção dessa gente. Ao contrário da maioria, não concordo que chegamos até aqui, por pura inépcia ou incompetência do PT. Acredito puamente, que quebrar o Brasil, foi desde sempre, a intenção deles e, nesse sentido, eles foram é muito competentes! Lenin, não ensinou: destrua o inimigo de dentro para fora? Para mim, não há sombra de dúvida de que é como inimigo a ser destruído, que eles vêem o Brasil.