• Percival Puggina
  • 24/10/2014
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A MISTERIOSA ORIGEM DE MUITOS VOTOS

 

 Tenho pensado muito, nestes dias, sobre os motivos que levam grande número de pessoas a votar na candidata do PT. Como método de análise, tratei de classificar esses eleitores em grupos ordenados segundo as prováveis motivações.

 O primeiro, e certamente o que abriga maior número de cidadãos, é composto por aqueles que recebem do governo algum benefício de natureza social compensatória. Ainda que os principais programas assistenciais em vigor venham de governos anteriores, parece fácil iludir tais pessoas com a ameaça de que uma mudança no comando do país implica o risco de extinção de tais auxílios.

 O segundo grupo é formado pelo numeroso e privilegiado contingente de membros da nomenklatura petista, investidos em posições de mando ou ocupando postos de indicação partidária no governo, em empresas estatais, no próprio Estado e na administração pública. Para esses eleitores não existe qualquer dúvida: uma derrota petista significa o fim do contracheque. Frequentemente, esses contracheques guardam nenhuma simetria com a qualificação e os serviços prestados pelos recebedores.

 O terceiro grupo inclui o vasto contingente de pessoas cujos postos de trabalho e fontes de renda provêm dessa miríade de organizações não governamentais (ONGs) cujos recursos, paradoxalmente, procedem do erário nacional. Para franquear acesso aos fundos públicos, o governo e seu partido levam em altíssima conta a posição política daqueles que as dirigem. Vale o mesmo para o recrutamento de recursos humanos às atividades fins.

 O quarto grupo é formado pelos aficionados ideológicos. São eleitores que colocam a ideologia acima de tudo. São cegos a toda evidência.

 O quinto grupo agasalha (o verbo agasalhar cabe bem para estes) todos os que, graças ao PT, vivem à vida regalada sem serem do governo. Atuam no restrito universo das grandes empresas, no mundo da cultura, da publicidade, fazendo negócios multimilionários com o governo. E com os governantes.

 O sexto grupo, sem fixações ideológicas e interesses individuais, está a par dos fatos, acompanha as notícias, reprova os malfeitos, conhece os dados econômicos e se preocupa com a situação nacional. E, ainda assim, vota no PT. Entre as mentiras que lhe são contadas e o que os próprios olhos e ouvidos lhe revelam, esse grupo prefere crer nas mentiras. É mais difícil entendê-los do que compreender o Bóson de Higgs (aquela partícula que representa a chave para explicar a origem da massa das partículas elementares). Esse grupo e suas misteriosas razões têm votos que podem decidir, contra toda a lógica, a eleição presidencial.

• Arquiteto, empresário, escritor, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, autor de “Crônicas contra o Totalitarismo”, “Cuba, a tragédia da utopia” e “Pombas e Gaviões”.
 


Neri Becchi Dal Pra -   11/11/2014 00:26:55

Sr.Puggina e demais opinadores... Penso 1-Não obrigatoriedade do voto. 2-Só permitir voto de pessoa com um mínimo de escolaridade e condição social equilibrada.

Neri Becchi Dal Pra -   11/11/2014 00:26:52

Sr.Puggina e demais opinadores... Penso 1-Não obrigatoriedade do voto. 2-Só permitir voto de pessoa com um mínimo de escolaridade e condição social equilibrada.

Michel Tassi -   10/11/2014 13:04:59

Caro Puggina, esse seu artigo é um alento para minha alma. Com as devidas proporções, já tento fazer essa divisão na minha cabeça há muito tempo, mas você, como sempre, foi cirúrgico. Definiu brilhantemente os grupos de eleitores. Sempre classifiquei algumas pessoas do meu convívio no quarto grupo, mas nunca estive plenamente satisfeito, pois alguma coisa me parecia fora do lugar. A sua definição do sexto grupo traz o centro de gravidade do (meu) universo para a posição correta. Tanto que tenho retornado ao seu artigo com frequência nas últimas duas semanas, sempre que estou prestes a perder as estribeiras quando descubro um eleitor - aparentemente bem informado - do partidão. Sou quase capaz de cita o texto de cor ! Meu avô usava isordil para baixar a pressão quando se estressava...eu leio seu artigo. Abraço e Parabéns !

MIGUEL -   02/11/2014 17:12:45

Outro grupo são como vocês outros, os recalcados que só querem ganhar a qualquer custo e não sabem perder porque não reconhecem na DEMOCRACIA em que vivemos a igualdade de direitos e obrigações. São a praga da nação que não sabem contribuir em favor da paz, da igualdade e do bem social e só querem aquilo que para os outros negam. Esses são os PSDBistas, ops DEMistas e os demais aliados. Tropa de recalcados, frustrados, DERROTADOS, miseráveis, não todos, mas os que pensam como os q

Carlos Monteiro -   01/11/2014 14:28:26

Prezado Puggina, meus cumprimentos. Há algum tempo, depois do fatídico dia 26/10, tenho procurado saber a razão das pessoas terem recolocado o pt no governo. Você hoje tirou todas as minhas dúvidas: o grupo é formado por aproveitadores, desonestos e outros elementos nocivos aos brasileiros que trabalham e a cada dia que passa veem suas esperanças de melhoria de vida acabarem. Parabéns.

nei -   28/10/2014 12:34:18

Ao se denominar dono da verdade esqueceu do grupo formado por pessoas que viveram a época do PSDB, e nem que tentassem ser cegos conseguiriam acreditar que o Aécio Neves e seu governo seriam honestos, e como não bastasse o fato de que notória e decididamente o PSDB é no mínimo tão corrupto quanto o PT, ou talvez mais, e não obstante não conseguirem convencer as pessoas de sua suposta seriedade é sabido que sempre governaram para os ricos, a classe média e a classe baixa não vai acreditar nesta idéia.

Leopoldo E. Arnold -   27/10/2014 18:27:50

Concordando ou não, é sempre bom e interessante ler o teus textos. Abraço!

Peter Nadas -   26/10/2014 23:13:32

Percival escrevo depois de conhecer os resultados. Acho que faltou mais um grupo. São aqueles ignorantes que sob pretexto de "não querer perder seu voto". não votam naquele que as pesquisas - com certeza manipuladas à vontade - indicam como perdedor. Já cruzei, infelizmente, com muitos desses, devem ser aqueles 3 ou 4 milhões que deram a vitória ao PT.

accsdias -   25/10/2014 22:04:47

E eles sabem ler: mas não aceitam e também não querem entender. são comandados por um analfabeto, que só eles aceitam e entendem. quero pular do trem. PARABÉNS.

Juan I. Koffler A. -   25/10/2014 19:41:23

Caro Puggina: Concordo plenamente com seu arrazoado, mas me permito agregar que há mais, muito mais do que o fundamento restrito a esses quatro grupos. Há a literal maracutaia da manipulação de títulos (e votos) e de urnas - como o comprovou a Princeton University (USA), em sua análise das mesmas, sob a responsabilidade do seu departamento de telemática e informática. Há também a escancarada compra de votos em largas camadas que nada têm a perder (ou a ganhar) com seu sufrágio, vendendo seus votos a quem melhor corresponder aos seus pobres anseios. Há o escambo descarado com setores sociais despolitizados, mais interessados em aferir vantagens "gersãonianas", indivíduos capazes, literalmente, de vender a mão ao diabo, e esta lista não acaba. Nosso erro está no controle do ato de sufragar, e mesmo assim, sem garantia de que haverá total lisura no processo. E isto não é só aqui, mas em todo o planeta. A meu ver (e não é de hoje), o sistema de eleição política deveria de ser outro, totalmente distinto - o que se constitui em inatacável sonho, considerando-se o indivíduo humano (esse projeto "mal-acabado", como já o defendia em minha tese de 1976). De resto, irretocável seu texto, como sempre. Cordial abraço.

Ismael de Oliveira Façanha -   25/10/2014 18:18:11

O sétimo grupo é o dos eternos adesistas, de partidos como o PMDB, da base do governo petista, todos do bloco "Mamãe eu quero mamar". Mas o FULCRO mesmo, é este: Infelizmente, política e propaganda enganosa andam de mãos dadas em nosso País, dom Percival. Não temos um esdrúxulo e inominável "templo de salomão", construído ao espantoso custo de 680 milhões de reais, não em Jerusalém, a "cidade da paz", mas no Braz paulistano? Enquanto brasileiro for sinônimo de IGNORANTE, estaremos nas mãos de políticos embusteiros, de maus pastores e de aventureiros tiriricas.

Ismael de Oliveira Façanha -   25/10/2014 18:06:00

Dom Puggina, já lhe ocorreu da reedição dessas três obras suas, em um único volume, como TRILOGIA?

Odilon Rocha -   25/10/2014 17:15:13

Prezado Percival Vou tentar te responder dentro da "pirâmide petista", muito bem bolada por ti: O primeiro, ignorantes e necessitados, eu entendo. O segundo, mais interesseiros do que necessitados, surfam na vantagem. O terceiro, sevandijas. O quarto, a 'Al Qaida'. O quinto, almas vendidas, aproveitadores, ratazanas. O sexto, utopistas, 'salvacionistas', ungidos e adoradores do Papai Noel. O legal é ter plena consciência de não estar enquadrado em nunhuma das categorias acima. Ufa! Que alívio.

Emilia -   25/10/2014 14:04:16

Percy, não perde tempo pensando nisso. Lembra que aqui nos US o Hussein Obama ("He Who Walks on Water") foi eleito DUAS vezes!

Luiz Rubin -   25/10/2014 14:03:40

Se o sonho se tornasse realidade: Proibir a reeleição para cargos executivos e permitir aos legisladores concorrer apenas a mais um mandato- vedando a ambos serem substituídos por familiares.

Joma Bastos -   25/10/2014 13:38:38

Excelente artigo!

André Carvalho -   25/10/2014 03:56:20

Sabe, sr. Puggina, acho que há um outro grupo dentre os que votam no PT, quase igual ao seu sexto grupo, mas com uma diferença: aquele temeroso que a corrupção seja ainda maior - ou mais sofisticada - com o PSDB no poder. Know-how, os tucanos têm. A dura verdade desse pleito maldito, sr. Puggina: escolher entre o diabo e o coisa-ruim, naquela que talvez seja a eleição mais desqualificada de todos os tempos. Não sou religioso como o senhor, mas diante desse quadro, a única coisa que resta a fazer é convidá-lo para uma oração. Oremos... Desculpe o pessimismo, não estou aqui para desqualificar a escolha de ninguém, mas não posso enganar a mim mesmo. Abraços!