• Percival Puggina
  • 10/06/2024
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A liberdade e a maldade

 

Percival Puggina

        Ah, meu caro leitor, a maldade! Em todos os tempos, ela foi e continua sendo liberticida, brutal e letal inimiga da liberdade. Em suas mãos, sempre há o cálice de cicuta servido ao velho Sócrates, não por acaso conhecido como o “Filósofo das ruas”. Quatro séculos antes de Cristo, Sócrates foi julgado e condenado à morte por ensinar a juventude contra os deuses então cultuados. Foi-lhe proposto mudar seu ensinamento, mas ele se recusou. Foi-lhe proposto pedir clemência ao povo, mas ele se negou a fazê-lo. Preferiu morrer a aceitar que sua liberdade, muito particularmente a liberdade de pensar e se expressar, lhe fosse tomada por seus julgadores ou pelo populacho. Platão registra estas esplêndidas palavras proferidas por seu mestre quando já se sabia condenado ao cálice de veneno. Ele parece falar de acontecimentos atuais:

“Mas, ó cidadãos, talvez o difícil não seja isto: fugir da morte. Bem mais difícil é fugir da maldade, que corre mais veloz que a morte. E agora eu, preguiçoso como sou e velho, fui apanhado pela mais lenta, enquanto os meus acusadores, válidos e leves, foram apanhados pela mais veloz: a maldade. Assim, eu me vejo condenado à morte por vós, condenados de verdade, criminosos de improbidade e de injustiça. Eu estou dentro da minha pena, vós dentro da vossa."

Altas autoridades da República – da nossa República – não cessam de falar sobre fake news. Onde houver um microfone, logo surgem, como cruzados de uma causa nobilíssima, para atacar as redes sociais antes das quais eram felizes e não sabiam, nas palavras do ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral. No entanto, vocês sabem, não sabem? Há políticos, magistrados, professores, servidores públicos, comunicadores que falseiam a verdade ou fecham os olhos perante o que veem e sabem. Fazem isso profissionalmente. Com grande competência, criam ilusões valendo-se de enganosos fragmentos de verdades. Mudam o passado, falseiam o presente e iludem sobre o futuro. E esse é, talvez, o mais enganoso dos males, nunca mencionado.

O que são as famosas “narrativas” que tanto poluem a compreensão dos fatos? Quanta desinformação geram! Aliás, são construídas com esse fim. Nascem e se reproduzem a partir do ambiente oficial, com apoio da mídia tradicional. Estão por toda parte: nas salas de aula, na imprensa que engorda no pasto do erário, no ambiente cultural de alto valor agregado, nos parlamentos e nas cortes. São a fumaça do também falso progressismo que caracteriza a extrema-esquerda: ambientalismo, aquecimento global, ideologia de gênero, etnicismos, antiocidentalismo, anticristianismo, antissemitismo e o escambau.  

Tentar fazer das fake news a questão chave da democracia brasileira, para silenciar as redes sociais, é uma dessas narrativas. Elas superam as notícias falsas no dano que causam à informação e ao livre discernimento dos cidadãos. 

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


Ricardo de Lima Rocha Rocha -   13/06/2024 10:41:52

ESPETACULAR!

Ivani Lima -   12/06/2024 09:41:04

Cada vez mais dificil suportar tudo isso.

Gerson Hallam -   12/06/2024 09:12:14

Estimado Professor Puggina. Como sempre, me encanta esta lucidez nos teus comentários. Na caminhada da profissão como advogado, tenho que, contra a maldade e contra a má fé, não temos defesa. E se temos, esta se dá posteriormente ao estrago causado, aos fatos, aos prejuízos. Como se revelou este sistema que quer de todas as formas fazer vencer a sua narrativa, a sua opinião, a sua vontade. Temos muitas vezes que checar e analisar as informações e os conteúdos publicados, e mesmo assim nos causam surpresa, quiça, esta população menos afortunada de um mínimo de senso critico e discernimento, também de filtro moral. Vão todos no embalo das narrativas. Que momento este que estamos vivendo, a todo o custo o sistema esta tentando nos dominar, nos amordaçar, nos calar. Mas certamente vamos continuar peleando e nos mantendo juntos em nossas posições.

Rute Abreu de Oliveira Silveira -   12/06/2024 08:48:18

Belíssimo texto. Sócrates teria que tomar, outra vez, o seu cálice de cicuta se vivesse nesses nossos tempos atuais, sombrios e cheio de falsos profetas.

Vitoria Silveira Leonardi -   12/06/2024 05:22:28

Texto irretocável! Realidade nua e crua.

Manoel Luiz Candemil -   11/06/2024 21:44:30

A aplicação da fake news pelo governo federal atual é apenas mais um exemplo de conduta esquerdista: acusar os outros do que eles são!

Carlos Mansur -   11/06/2024 17:24:32

Mais uma vez, brilhante análise do prof. Puggina! Não poderia tratar esse verdadeiro ataque à democracia e a liberdade de expressão melhor do que fez. 👏👏👏👏👏

Waldo Adalberto da Silveira Júnior -   11/06/2024 16:58:16

Inteiramente de acordo. Essas narrativas, às quais tanto se apegam os falsos profetas governamentais, são por eles inventadas para sempre justificar o injustificável, criando, eles sim, as notícias falsas (fake news) que dizem combater.

Juan Albornoz -   11/06/2024 14:52:39

Caro Puggina, da mesma natureza do homen, surgem a maldade e a bondade; ambos se alimentam do mesmo feijão, estudaram no Brasil em colegios e universidades similares, pero são diferentes. A tragedia de RS nos apresenta um bom exemplo: em quanto o povo se desdobra para ajudar seus semejantes, dirigentes fazem o mesmo para tirar proveito. Os primeiros não tem nada porque tudo o perderam, menos a sua dignidade; os segundos nem sabe. O que é dignidade, pero entendem de $$$. O peso do dinheiro os mantendrá pressos à terra que está nos seus estertores finais. Os "sócrates" serão alçados antes do cataclismo que se avezinha. Obrigado por conhecer vc. Juan

IGNÁCIO JOSÉ DE ARAUJO MAHFUZ -   11/06/2024 14:31:53

Percival, Caro Mestre Puggina. SAÚDE E PAZ! Como sempre, teu Comentário/Artigo, tal qual um certeiro projétil - me lembra o nosso Valdomiro Vaz Franco, o "perna de rifle", acerta na mosca. Realmente, triste e infelizmente, estamos vivendo (ou sobrevivendo...) na NARCOCLEPTODITADURA DO LULALADRÃO, SEMPRE LADRÃO, SEMPRE BANDIDO E SUA QUADRILHA - A BANDIDAGEM AGE EM TODOS OS LUGARES, ATÉ NO ARROZAL... Pior, toda essa corja é comandada pelos mais perigosos bandidos, OS SINISTROS BANDIDOS TOGADOS... Até quando esse descalabro? Até quando aguentaremos? Mas, claro, "NÃO PODÊMO NOS ENTREGÁ PRÔS HÔME"! Como berra aquela ovelha, cercada pela cachorrada: "NÃO ESTÁ MORTO QUE PELEIA"! Fraternal abraço, Ignácio Mahfuz

edgard alves feitosa -   11/06/2024 14:21:08

Alexandre de Moraes, o hodierno TORQUEMADA, sacudindo em suas mãos o MALLEUS MALEFICARUM, mandando centenas de cidadãos para a inclemente FOGUEIRA DA MORTE MORAL....POLÍTICA...FAMILIAR....SOCIAL....ECONOMICA.... ATÉ QUANDO ABUSARAS DE NOSSA PACIENCIA CATILINA???? POR QUANTO TEMPO A TUA LOUCURA HÁ DE ZOMBAR DE NÓS???? A QUE EXTREMOS HÁ DE CHEGAR A TUA DESENFREADA AUDÁCIA????? SENHOR CRISTO, O JESUS QUE ACALMASTE A TEMPESTADE TEM MISERICORIDA DE NÓS......

FERNANDO A O PRIETO -   11/06/2024 05:30:35

O mundo está precisando de SILÊNCIO, mas não do silêncio das redes sociais amordaçadas - precisa do silêncio das "autoridades" (especialmente "ministros", "jornalistas", "juízes" e assemelhados) que toda hora se pronunciam sobre o que NÃO entendem, e sobre o que NÃO é de sua COMPETÊNCIA. Quando não for sua estrita obrigação profissional, CALEM-SE. Como cidadãos, em momento e locais apropriados, falem à vontade e DEIXEM os outros falar! Nós, que lhes pagamos os lautos vencimentos, agradeceríamos!