• Percival Puggina
  • 29/11/2022
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A irresponsável invenção de dinheiro

 

Percival Puggina

         Sempre de cócoras e de olho nos negócios, o Congresso mais irresponsável e indigno de nossa história vai, realmente, aprovar a invenção de dinheiro para atender os delírios de Lula e seus amiguinhos. Se a loucura prosperar, eles estarão autorizados a gastar um dinheiro que não existe e que, por isso, terá que ser “inventado”. Bem mais do que eles querem já perderam em valor as empresas brasileiras! Não obstante, querem isso por quatro anos para que lá, na ponta de 2026, em seus currais, contem com essa moeda de chantagem contra seus adversários.   

Sinto-me voltando ao ano de 2007. Então, o sucesso subira à cabeça de Lula. Ele era o cara que projetara o país à dianteira da fila de espera para ingressar no Primeiro Mundo, o cara que ansiava por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, o cara que se julgava capaz de resolver qualquer encrenca internacional, o cara que tornava o Brasil autossuficiente em petróleo, o cara por quem José Dirceu se sacrificara para que saísse incólume do mensalão. O cara que na eleição do ano anterior colocara novamente no peito a faixa presidencial...

Nesse jogo, porém, Lula tinha muito a agradecer e pouco a oferecer. A prosperidade da economia brasileira, que permitiu saltos na arrecadação, no mercado de trabalho e nas exportações tinha tudo a ver com o espetacular e súbito crescimento do mercado chinês, que elevou o preço das nossas commodities. E nada a ver com competência administrativa. O presidente não dispunha das virtudes necessárias a um bom gestor. Sempre foi, isto sim, um político conversador, populista e oportunista. Deveria agradecer aos que, antes dele, assumiram o sacrifício político de colocar o país nos trilhos da responsabilidade fiscal. Mas não.

Ah, se Lula tivesse sido um bom gestor! Com os recursos de que dispôs, com o apoio popular que soube conquistar, com o carisma que Deus lhe deu, teria preparado as bases necessárias a um desenvolvimento sustentável. Nenhum outro presidente, em mais de um século de república, navegou em águas tão favoráveis. Contudo, do alto de sua vaidade, embora fosse apenas um mero e pouco esclarecido barqueiro, ele acreditou ser o senhor dos mares e das marolas (expressão que uso quando as consequências passaram a bater à porta).

Em 2007, a euforia era tal que Lula, consumidor de manchetes, importou a Copa de 2014 e começou a negociar os Jogos Olímpicos de 2016.  Lá se foram R$ 66 bilhões em autopromoção e elefantes brancos. Sobrou dinheiro para o supérfluo, mas faltou para o básico.

"Vaidade! Definitivamente meu pecado favorito", confessa o personagem representado por Al Pacino em O Advogado do Diabo. E a vaidade de Lula aquecera as brasas que iriam arder nos governos de Dilma.

Hoje Lula é, novamente, o cara. O cara por quem presunçosos ministros do STF sacrificaram suas biografias. O cara por quem o jornalismo brasileiro renunciou às próprias responsabilidades. O cara por quem tantos congressistas traíram seus eleitores. O cara sob cuja sombra 300 pessoas da equipe de transição, apostando contra a esperança de tantos patriotas, disputam com avidez recursos para suas sesmarias.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 


Carlo Germani -   04/12/2022 10:28:44

Prezado Puggina! Ditado do Antigo Egito: "Todo aquele que ultrapassar os limites do seu destino (*),terá um porvir trágico." O corrupto Lula ultrapassou TODOS os limites e terá esse porvir trágico. Lula é a referência do ser humano que não deu certo. PS-Se essa tragédia acontecer (retorno a cena do crime por Lula/PT),a inviabilidade irreversível do Brasil como nação,é certa. (*) leia-se: missão de vida.

roberto lima de almeida neves -   30/11/2022 10:22:16

Um absurdo a distribuição de dinheiro emitido sem lastro ou motivo. Irá abastecer regiões que apoiaram o decrepito politico habilmente liberado pelo supremo. E lá irá para o bolso dos mesmos. Triste quadra iremos reviver.

julio cesar da silva -   29/11/2022 18:37:49

maravilha de artigo ,mais uma vez, professor

CARLOS S MORAES -   29/11/2022 11:13:40

Parabéns Professor! Estamos assistindo a partida do filho pródigo!

Menelau Santos -   29/11/2022 11:08:39

Lindo texto Professor! Que pragmatismo poético! E Hugo Chaves também navegou sobre os preços favoráveis do petróleo venezuelano numa simetria com Lula. E as consequências de todas as irresponsabilidades institucionais contrariando a verdadeira democracia impõe já são conhecidas. Mas, nossos congressistas querem seguir famoso bordão de um cartão de crédito, "porque a vida é agora"!.