• Olavo de Carvalho
  • 05/12/2008
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A ILUSÏ CORPORALISTA - JB

O que separa da humanidade normal os abortistas, gayzistas, globalistas, marxistas, liberais materialistas e outras criaturas afetadas de mentalidade revolucion?a n??ma quest?de opini?ou cren? ?ma diferen?mais profunda, de ordem imaginativa e afetiva. Arist?es j?nsinava – e a experi?ia de vinte e quatro s?los n?cessa de confirmar – que a intelig?ia humana n?forma conceitos diretamente desde os objetos da percep? sens?l, mas desde as formas conservadas na mem? e alteradas pela imagina?. Isso quer dizer que aquilo que escape dos limites do seu imagin?o ser?para voc?perfeitamente inexistente. O imagin?o, por sua vez, n?reflete somente as disposi?s do indiv?o, mas os esquemas ling?icos e simb?os transmitidos pela cultura. A cultura tem o poder de moldar o imagin?o individual, ampliando-o ou circunscrevendo-o, tornando-o mais luminoso ou mais opaco. O imagin?o da esp?e humana quase inteira, ao longo dos mil?os, foi formado por influ?ias culturais que o convidavam a conceber o universo f?co como uma parte, apenas, da realidade total. Para al?do c?ulo da experi?ia imediata, existia uma variedade de outras dimens?poss?is, ocupando o territ? imensur?l entre o infinito e o finito, a eternidade e o instante que passa. A partir do momento em que o universo cultural passou a girar em torno da tecnologia e das ci?ias naturais, com a exclus?concomitante de outras perspectivas poss?is, era inevit?l que o imagin?o das multid?fosse se limitando, cada vez mais, aos elementos que pudessem ser expressos em termos da a? tecnol?a e dos conhecimentos cient?cos dispon?is. Gradativamente, tudo o que escape desses dois par?tros vai perdendo for?simbolizante e acaba sendo reduzido ?ondi? de produto cultural ou cren? sem mais nenhum poder de preens?sobre a realidade. O empobrecimento do imagin?o ?inda agravado pela crescente devo? p?ca ao poder da ci?ia e da tecnologia, deposit?as de todas as esperan? e detentoras, por isso mesmo, de toda autoridade. Isso n?quer dizer que as dimens?supramateriais desapare? de todo, mas elas s? tornam acess?is ao imagin?o popular quando traduzidas em termos de simbologia tecnol?a e cient?ca. Da? moda da fic? cient?ca, dos extraterrestres e dos deuses astronautas. Mas ?laro que essa tradu? n??ma verdadeira abertura para as dimens?espirituais, e sim apenas a sua redu? caricatural ?inguagem do imediato e do banal. Uma das conseq?ias disso ?ue o corpo, milenarmente compreendido como um aspecto entre outros na estrutura da individualidade, passou a ser n?apenas o seu centro, mas o limite ?mo das suas possibilidades. Aquelas pot?ias do ser humano que s?arecem quando ele ?onfrontado com a dimens?da infinitude e da eternidade tornam-se absolutamente inacess?is e passam a ser explicadas como cren? culturais de ?cas extintas, com a conota? de atraso e barbarismo. Da?tamb? que as mais hediondas realiza?s da sociedade tecnol?a, como a guerra total e o genoc?o, tenham de ser explicadas, de maneira invertida e totalmente irracional, como res?os de ?cas incivilizadas em vez de cria?s originais e t?cas da nova cultura. O formador de opini?dos dias que correm ?ncapaz de perceber a diferen?espec?ca entre o totalitarismo moderno e as formas imensuravelmente mais brandas de tirania e opress?conhecidas na antig?de e na Idade M?a. Para ele, o Gulag e Auschwitz s?a mesma coisa que a Inquisi?. Quando lhe demonstramos que as formas extremas de controle totalit?o da conduta individual eram perfeitamente desconhecidas em toda parte antes do s?lo XIX, ele sente aquele mal-estar de quem v? ch?abrir-se sob seus p? Ent?muda de conversa imediatamente ou nos amaldi? como fan?cos fundamentalistas. Mais sobre isto na semana que vem.