• Percival Puggina
  • 30/11/2019
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A GRANDE MENTIRA

 

 Há um número significativo de pessoas para as quais a causa da pobreza no Brasil é a concentração da riqueza “nas mãos de uns poucos”. Ou, em outras palavras, que os pobres são pobres porque os ricos são ricos. Ou ainda, numa perspectiva instrumental, que para acabar com a pobreza é preciso dividir a riqueza (a palavra mais usada é “partilhar”).

 Mensagens assim são disparadas cotidianamente desde várias fontes, nos meios de comunicação, nas redes sociais, nas salas de aula, nos sindicatos, nas igrejas, nas conversas de bar e nos ambientes culturais. Sob tal bombardeio de inverdades seria impossível que o conceito não derrubasse as resistências que a razão pudesse propor, fazendo de toda riqueza um mal e de todo rico um sujeito perigoso.

Andaríamos mais rapidamente e melhor na direção certa se entendêssemos o quanto é enganadora  essa leitura ideológica, a partir da qual a utopia socialista é receitada como remédio no teclado do micro, na folha do livro, na coluna do jornal e na sala de aula.

Existem explicações muito mais racionais para a pobreza de tantos brasileiros e para a pobreza do país. O Estado brasileiro se agigantou e engole mais de 40% do PIB nacional, gerando uma brutal concentração de renda em torno de si mesmo e obrigando os cidadãos a trabalharem de 1º de janeiro até 31 de maio para pagar impostos. Tais impostos são pagos para um retorno em serviços que, ou não são prestados, ou não têm a qualidade que se deveria esperar.

A corrupção e os corporativismos atacam, simultaneamente, o bolso dos cidadãos gerando uma apropriação privada de recursos que, em tese, deveriam estar a serviço de todos, produzindo desenvolvimento econômico e social. Os dois fatores espantam investidores externos e tornam o país pouco atrativo a quem tenha destinos mais seguros para seus recursos.

Nosso modelo institucional é causa de permanente instabilidade política e de crises que se sucedem umas às outras, somando-se aos fatores de risco do país. A irracionalidade do presidencialismo dito de “coalizão” transforma o voto parlamentar em commodity com preço no mercado dos interesses em jogo, levando a corrupção para dentro do parlamento. 

Por mais que pareça lugar comum, a afirmação segundo a qual a maior riqueza de um país é representada pelo seu povo não pode ser negligenciada ao avaliarmos os motivos da existência de tantos pobres e de tão evidentes sinais de pobreza no Brasil. Uma rápida busca no Google evidenciará que algo entre 60 e 82% dos postos de trabalho abertos no país não são providos por falta de capacitação dos pretendentes. É reprodutor de miséria e causa de baixo desenvolvimento social um sistema de ensino de pouca qualidade. Todo ano, em proporções demográficas, apresentam-se ao mercado de trabalho jovens egressos do ensino médio que não conseguem montar uma regra de três, não sabem interpretar o que leem e não se expressam de modo adequado no idioma nacional. Onde encontrar o bom emprego e o salário digno? Ademais, há uma razoável possibilidade de que parcela significativa de tais jovens tenha recebido, em sala de aula, a lição freireana de que é oprimida pelo capitalismo opressor...

Por incrível que pareça, é dentro desse cenário que a grande mentira encontra seu público, disperso em todas as classes sociais. Chega a ser criminoso atribuir à empresa privada, ao investidor, ao empregador, ao gerador de riqueza as culpas pela pobreza visível no país e, ao mesmo tempo, perversamente, inocentar os verdadeiros responsáveis: o Estado e a carga tributária, a corrupção e os corporativismos, a irracionalidade do modelo institucional, a instabilidade política e a má qualidade da Educação.

* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
 


ERICO DE MELLO -   03/12/2019 13:57:33

40% dos alunos em escola pública são ineficientes. Portanto 60% atingem parâmetros aceitáveis. Todos na mesma escola. Falta meritocracia no Brasil. Você estudou e é classe média ? Guedes chama de ricos, privilegiados, vai tributar mais. O PT e caterva nos chama de coxinhas. O pobre só quer trabalhar sem carteira assinada para não perder bolsas e cobra diárias de no mínimo 150 reais. Boa parte dos estudantes superiores não querem aprender mas apenas diploma para concursos públicos. O Brasil deveria valorizar o esforço pessoal e não tentar "reduzir desigualdade" penalizando quem se esforça para estudar ou empreender. Érico, Eng. Agrônomo e admirador de Percival Puggina.

Julio Ferreira de Andrades -   03/12/2019 13:43:52

Reflexões importantes.

José Nei de Lima -   03/12/2019 06:03:03

Já estava esquecendo estudei em escola pública em Cachoeira do Sul e era muito bom, tinha até na escola pública, já falando em escola pública que tristeza que o estado está fazendo com o Colégio Instituto de Educação do Estado Rio Grande do Sul, não vamos deixar morrer esse colégio senhor governador, um grande abraço meu amigo.

José Nei de Lima -   03/12/2019 05:56:19

Se cultura não crescimento em todos setores de uma nação, a manipulação social feita no país justifica o verdadeiro baixo nível cultural no que estamos estacionado, sou da geração que estudou Moral e Cívica, meu é isso mesmo culpar os políticos fica mais confortável, o Brasil precisa Acordar Urgente, parar com essa mania de ser vítima, ótima matéria meu amigo um grande abraço que Deus vos abençoe amém.

Dalton Catunda Rocha -   02/12/2019 17:08:37

Escola pública nunca prestou, nem prestará, no Brasil. Se algum governador ou prefeito deste país quiser mesmo, melhorar a educação, no seu estado ou município; então que faça isto: 1- Privatize todas as escolas públicas. 2- Dê o direito aos pais de escolherem em qual escola particular, eles querem matricular seus filhos, por meio de bolsas de estudo. O resto é só demagogia eleitoreira. Você acha que as escolas públicas funcionam gratuitamente? Enquanto nas escolas particulares, cerca de 70% dos funcionários são professores, nas escolas públicas esta percentagem não passa nem de 40%. O resto é burocracia; corrupta, incompetente e lenta. Sai mais barato e melhor, se usar dinheiro público, para pagar uma mensalidade numa escola particular, que jogar dinheiro fora em escolas ditas “públicas”, mas de fato da CUT, da corrupção e da incompetência. Não concordas? Lembra do tempo (governo Sarney) em que telefonia era monopólio estatal no Brasil? Então,menos de 30% dos brasileiros tinham telefone fixo e um telefone fixo custava o preço de um carro usado, em bom estado. Hoje, 100% da telefonia do Brasil é particular. Graças a este fato, uma linha ou um chip de telefone celular custa o preço de uma boa pizza grande e, até um gari pode ter um telefone celular no bolso. Somente a privatização plena de todo o ensino básico e médio, junto com a privatização da esmagadora maioria do ensino superior, poderá nos dar a esperança de um futuro melhor, para o Brasil. Em resumo. Com escolas sob o controle de marxistas, estaremos fadados a vivermos num país pobre, falido, corrupto e endividado. *************** Tornar um país pobre, num país rico é raridade, mas a Coreia do Sul conseguiu tal feito, graças aos governos de dois generais de 1961 a 1988. Peço a você, que veja a palestra que começa aos seis minutos e vários segundos do site https://www.youtube.com/watch?v=axuxt2Dwe0A

Décio Antônio Damin -   02/12/2019 13:04:02

Corrupção e impunidade geram mais corrupção e mais impunidade! É um círculo vicioso que desvia recursos que poderiam ser empregados em áreas sensíveis como educação e infraestrutura, por exemplo! O "nós X eles" é uma ideologia que satisfaz as ambições populistas , principalmente as esquerdistas, inconformadas com a perda de poder. Essa retro alimentação ideológica que culpa os vitoriosos na vida pela pobreza existente tem de acabar para que eles sejam aceitos, então, não como inimigos, mas sim como dínamos do progresso e da equidade. Parabéns pela lembrança que evoca o artigo...!

FERNANDO A O PRIETO -   02/12/2019 08:55:22

Essa idéia "somos pobres porque vocês (ou os outros) são ricos faz parte do pensamento de esquerda, que visa dividir o mundo entre "nós" e "eles", para se atribuir o título de defensora dos pobres, e com isso explorá-los... É preciso rejeitar essa "Weltanschauung" de imediato; a real divisão entre o Certo e o Errado não é esta - ela surge dentro de cada ser humano, que tem as tendências boas e as más e deve, no exercício correto de seu livre arbítrio, rejeitar as más. Se não aceitarmos isso, tudo vira um "coitadismo" ("sou uma vítima, um incapaz de resistir, um coitado") tão de acordo com a mentalidade ""politicamente correta". Nos casos em que a pessoa é REALMENTE vítima, ela deve procurar o remédio apropriado (religioso, psicológico, médico,..) e não simplesmente ficar se queixando e atribuindo culpa aos outros. Só Deus tem Sabedoria e Justiça para avaliar de quem é a culpa.

Moacyr F -   01/12/2019 14:20:01

O círculo vicioso se alimenta da falta de capacidade da população de entender o que foi colocado. Até porque só conseguem ler no máximo um parágrafo, e curto....

Luiz R. Vilela -   01/12/2019 11:38:03

Dizia o saudoso Luis Gonzaga em uma de suas músicas que, " A esmola mata de vergonha, ou deixa sem vergonha o cidadão". Verdade absoluta, até porque a vergonha, só tem quem foi criado dentro da ética, moral e respeito. Aqueles que apenas sobreviveram e sempre tiveram como único objetivo na vida, não morrer, estão isentos de se envergonhar por alguma coisa. Lula e o petismo, sempre apostaram que falta de vergonha seria o adubo que faria germinar a cultura do distributivismo, pois os agraciados, assim como alguns ministros de tribunais superiores, seriam eternamente gratos. Acham que a distribuição de dinheiro público, forma uma massa gigantesca de atrelados ao poder, e que se fosse bem trabalhada esta dependência, estariam garantidos por muitos anos, no governo do pais. Enfim, acham que o ideal é ter a mão, um proletariado unido e fiel, e beneficiários de benesses públicas, eternamente agradecidos. Vencer eleições, é consequência lógica. A postaram errado, a maioria do povo brasileiro, quer liberdade de ações, não aceita viver sob tutela, quer ser livre para produzir e ganhar a vida, longe da bandalheira, que se tornou o estado. Ser "burguês", é ser dono do próprio nariz, é não dever obrigação a quem quer que seja, é viver por conta e risco, é ser livre. O socialismo/comunismo, tem verdadeira ojeriza pela burguesia, justamente pela liberdade, para eles, os sócio/comuna, a massa deve "adorar" um ser supremo da política, assim como fazem com o lula, e depender desta divindade para viver. Assim com todos os meios de produção estatizados, os proletários e assistidos, seriam dependentes do estado, e eles, os mentores e gestores, os altos dignatários do regime, a corte em volta do "monarca". O mundo seria maravilhoso sob o ponto de vista deles. Acontece que grande parte da população brasileira não tem vocação para servos da gleba de ninguém, muito menos do lula, dai então o caminho ruinoso que esta a trilhar o esquerdismo. Ninguém aceita ser um cubano, que nasceu, viveu e vai morrer, tendo conhecido apenas os irmãos Castro com governantes. Tentar acabar com a desigualdade de renda, através de dinheiro público, é uma sandice que só cabe na cabeça de ignorantes ou gente de má-fé, porque renda deve ser fruto do trabalho, e trabalho dignifica a pessoa. Portanto qualquer coisa que não leve em conta o esforço do indivíduo para o seu progresso, esta fadado ao fracasso, porque aqueles que devem pagar, vendo se avolumar aqueles que recebem, um dia também deixarão de pagar, para se tornarem recebedores, afinal, esperteza é para todos.

Devanir Pavan -   01/12/2019 00:40:27

Só quando o pensamento estatista da esquerda parar de fazer idiotas úteis o país será salvo .

Marcio Gouves -   30/11/2019 21:30:41

Excelente artigo....