• Percival Puggina
  • 30/12/2016
  • Compartilhe:

A ESTAÇÃO PT E A DESTRUIÇÃO DO BRASIL

 

 "Ainda vamos passar pela Estação PT", disse certa vez o saudoso Carlos Alberto Allgayer. Corriam os anos 80 e estávamos a conversar entre quatro bons amigos. Allgayer era um talentoso jurista, que viria a ser diretor da Faculdade de Direito da PUC/RS, homem de uma sabedoria cordial que parecia cuidar para não constranger quando se expressava com sua voz privilegiada. Dava tanto gosto ouvi-lo que é impossível lembrar dele sem que, na imagem mental, apareça falando. E foi com essa voz que nos profetizou a chegada ao poder do pequeno partido saído das urnas gaúchas de 1986, época desse bate-papo, com uma pequena bancada de dois deputados federais e quatro deputados estaduais.

A Estação PT foi um desastre ao qual chegamos 16 anos mais tarde. Fomos conduzidos a ela através da mais poderosa máquina de agitprop (agitação e propaganda, no dizer marxista-leninista) em operação no Ocidente após a queda do Muro de Berlim. Ao longo desse tempo, a política petista era servida nos meios de comunicação até pelos programas esportivos. Do ensino fundamental aos cursos de pós-graduação, frequentava a maioria das salas de aula.Habitava certas atividades pastorais, Campanhas da Fraternidade e documentos da CNBB. Valia-se de uma impressionante gama de movimentos sociais que se converteram em braços mais ou menos violentos da mesma causa por outros meios. Urdiu uma rede de organizações não governamentais que orbitaram e parasitaram o partido, servindo-lhe como militantes da luta de classes, de raças e de sei lá quantos gêneros. Compôs engenhoso conjunto de instituições - quase poderia dizer "artefatos" - culturais, dedicados à sistemática destruição da cultura cristã e seus valores. E para nada disso faltava dinheiro.

O amável autor da profecia sobre a Estação PT faleceu em abril de 2002 sem presenciar a concretização de seu vaticínio. Os demais, vivemos para ver e relembrar o episódio, repetidas vezes, ao longo dos últimos anos, exatamente como aconteceu ontem, quando me caiu diante dos olhos um documento da Fundação Perseu Abramo (órgão de pesquisa, elaboração doutrinária e formação do PT), que pode ser lido aqui. Nele, o autor ataca a política econômica e administrativa adotada durante o "modelito neoliberal dos tucanos", no qual "as estatais, responsáveis para a Produção Para o Mercado, seriam todas privatizadas e os serviços não exclusivos do Estado – educação superior, hospitais, previdência social acima do salário mínimo – seriam também privatizados". Como consequência, constata ele, no período de 1995 a 2002 houve uma redução de 121 mil servidores federais. E em contrapartida, na gestão petista, entre 2003 e 2013 - gaba-se o autor da matéria - foram nomeados 240 mil novos servidores. Isso equivale a 2,5 novos servidores por hora, sob o governo petista!

A demagogia, a irresponsabilidade fiscal, o patrimonialismo, a corrupção e o inchaço da máquina pública, que agora vejo, no site do partido, ser proclamado como admirável avanço administrativo, confluíram para gerar a tremenda energia destrutiva que acabou por demolir a Estação PT e tudo mais à volta. A conta do estrago? A conta do estrago é nossa. Que a possamos pagar, são meus votos nesta alvorada de um novo ano. E que o Senhor nos proteja, se possível, com um par adicional de Anjos da Guarda, preferivelmente brasileiros, afeitos à barbárie urbana que tomou conta de nosso país.

________________________________
* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 



 


Robson La Luna di Cola -   05/01/2017 16:29:47

Percival, você se esqueceu de mencionar os MILHÕES de brasileiros esfomeados que existiam na época do surgimento do PT. Principalmente na região Norte/Nordeste, e na periferia das grandes cidades. Foram estes miseráveis que o PT, oportunisticamente conquistou. E transformou em eleitores permanentes, via programas sociais, tipo Bolsa Tudo, eheh

Joma Bastos -   01/01/2017 20:50:13

Não existe qualquer dúvida que vivemos em um um Brasil desgovernado. É a estação PT/PMDB! Durante 13 anos PMDB e PT conjuntamente (des)governaram e destruíram social e economicamente esta Nação. E o Temer, com um governo inscrito nas delações da Odebrecht, é o capitão de uma nau sem rumo. Que a justiça em 2017 traga novas esperanças ao Povo Brasileiro! Feliz Ano Novo!

Livingstone -   01/01/2017 15:41:26

Meu nobre Prof Puggina, além de ser um prazer inenarrável ler os magníficos artigos que o senhor escreve, elucida-nos sobre a real situação do Brasil. Nestas horas, pergunto-me, se não seria melhor termos a sonhada (por mim) República Rio-Grandense? Um abraço e feliz 2017.

Artus James Lampert DresslerA -   01/01/2017 13:58:17

Quando o "trem da história” for reconstruído, após a explosão a que foi submetido pelo "PT", e começar a resfolegar rumo ao futuro, teremos outras “ESTAÇÕES PT” (muitas) pela frente. Tudo porque o POVO gosta de viver ilusões, dormir e viver ouvindo falácias e bazófias, ter sonhos irresponsáveis de estarem chegando gratuitamente no paraíso, mesmo que depois ao “acordar” tenha de viver uma extenuante RESSACA SOCIAL, ECONÔMICA E MORAL. O NOSSO POVO GOSTA DE TOMAR "PORRES"; SEJA DO QUE SEJA; ENGARRAFADO OU NÃO. TEMOS “DNA” SOCIAL DESTRAMBELHADO, CRENDICE OU, LITERALMENTE, BURRICE?.

Dalton C. Rocha -   01/01/2017 13:09:45

Não basta derrotar uma gangue terrorista com tiros e algemas. Tem de se impedir que as ideias do terror, se tornem dominantes na política, depois. Como exemplo disto, nós teríamos os exemplos da derrota das Brigadas Vermelhas, na Itália, que foram formadas, no mesmo tempo em que o terrorismo atacava no Brasil. As Brigadas Vermelhas não foram só derrotadas militarmente; elas foram derrotadas militarmente e depois, também extintas politicamente. O mesmo pode ser dito sobre o Symbionese Liberation Army nos Estados Unidos, a Gangue Baader-Meinhof na então Alemanha Ocidental, etc. Todos eram movimentos marxistas violentos e foram derrotados militarmente e depois, completamente extintos politicamente. Naquela mesma época, não foi o que aconteceu, com os movimentos marxistas do Brasil e Argentina, que foram facilmente derrotados militarmente, pela polícia e militares, mas se tornaram hegemônicos politicamente, sem dar um tiro, logo depois. Assim o foi pois, o terrorismo é mais de 99% guerra psicológica, contra menos de 1% de tiros e bombas.

Áureo Ramos de Souza -   31/12/2016 23:40:48

Acredito que o comentário ainda não acabou, ou será que acabou a ESTAÇÃO PT nobre Percival?

sanseverina -   31/12/2016 20:54:29

Pelo menos hoje as pessoas estão mais conscientes da manipulação das informações pelos meios tradicionais de comunicação, e pelos atuais digitais. O que, no entanto, parece, é que para essa mídia oficial, e já atuante antes do advento dos partidos paridos na onda da luta contra a ditadura, a ficha não caiu. Notadamente, a partir dos anos 60 – a década do boom “revolucionário” mundial - a imprensa e as TVs passaram a apostar na desinformação, descaradamente ou de forma subliminar, via doutrinação marxista combinada ao Politicamente Correto que abrangia da escola primária à Universidade, passando pelos cursos profissionalizantes. E, como não se deram conta do ridículo e da ineficácia ou, ainda, apostando na subjacente ignorância das massas, continuaram a faina do proselitismo numa espécie de guerrilha foquista. Dou dois exemplos de agora: a) a revista Coquetel, de palavras cruzadas, voltada ao entretenimento de velhinhos, há anos insiste na temática esquerdista nos seus quadradinhos como: “líder da Revolução Cubana - guerrilheiro brasileiro que pertenceu à VPR e MR8 - Operação coordenada pelos governos militares do Cone Sul - o partido de Aloísio Mercadante – população australiana massacrada pelos colonizadores ingleses”, etc. e etc. b) revista de bordo da Gol (117- dez/2016, p.68) exaltando modelo transgênero de opção feminina em entrevista e foto de página inteira. Afinal, de livros e histórias em quadrinhos a programas das TVs o cerco é constante e insistente. Além, é claro, dos amigos ideologicamente estratificados ou mumificados com os quais, por afeto, ainda mantemos a convivência: deve ser a caridade cristã.

Fabio Reis -   31/12/2016 16:30:10

Que Deus o Abencoe , Sr Percival Puggina. Fabio Reis

maria-maria -   31/12/2016 15:44:17

Caro Puggina: Gostaria de ter teu otimismo quando dizes " a tremenda energia destrutiva que acabou por demolir a Estação PT e tudo mais à volta". Essa praga parece-me indestrutível, pois minou todas as instituições, em especial a Igreja e Educação e multiplicou, como demonstras, a presença do partido atuando em todas as esferas administrativas.

Odilon Rocha -   31/12/2016 02:33:55

Caro Professor Um 2017 prenhe de sucessos e vitórias pessoais. Que o senhor possa sempre estar nesse espaço nos alimentando com seus brilhantes artigos esclarecedores. É sempre um prazer poder lê-lo.

Genaro Faria -   30/12/2016 17:16:59

Caríssimo professor Puggina, o fenômeno petista teve um começo como qualquer outro que aparece em toda política, religião ou simples manifestação cultural. Como disse o quarto evangelista: "No princípio era o verbo...", e Jesus não nasceu pobrezinho e indefeso? Não, Deus me livre de comparar Jesus a Lula, que isso é coisa que só comunista é capaz de fazer. Estou dizendo, apenas, que a luz que iluminou o mundo nasceu assim, e só muito poucos prestaram atenção a ela no momento. Mesmo assim, Ele nos salvou. Já o PT também nasceu ínfimo, e nós o desprezamos. Aí foi que nós erramos. É preciso prestar atenção aos vermes. Eles podem nos matar.