• Érico Valduga
  • 24/03/2011
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A DESCONSTITUIÇÃO DO PODER POLÍTICO E A CASA DO POVO

A DESCONSTITUIÇÃO DO PODER POLÍTICO E A CASA DO POVO Érico Valduga Como podem os cidadãos entender que o Estado sem dinheiro, na véspera de anunciado déficit de caixa, contrate novos empréstimos e mais servidores? Não faz muito, o governador Tarso Genro afirmou que uma ?pauta de desconstituição política?, da que convenientemente não deu detalhes, mas creditou-a à mídia, estaria gerando na opinião pública ?uma aversão ao Estado, à política e aos partidos?. Se ele se referia, por exemplo, ao noticiário sobre o escândalo do Mensalão, obrado pelo PT na Câmara dos Deputados em 2006, lembre-se que a imprensa nada mais faz do que a sua obrigação, que é publicar fatos irregulares ou que desmentem o habitual discurso bonitinho. Contudo, muito mais trabalha pela desmoralização da arte de governar quem, como ele e sua maioria na Assembleia Legislativa, propõem e aprovam, sob o apelo da urgência, a contratação de n ovos empréstimos pelo Executivo, no valor total de R$ 2 bilhões; e a criação de mais 325 cargos públicos, a maioria de livre indicação, com despesa estimada de R$ 20 milhões no primeiro ano. Salvo se os governantes petistas e seus associados do PDT e PSB possuem informações que a sociedade não tem sobre o estado do dinheiro de todos, o que é pouco provável, aquilo que foi aprovado contradiz o discurso da recuperação das finanças públicas, que continuam em má situação, como advertiu o secretário da Fazenda, Olir Tonollier, ao ponto de prever, em janeiro, um déficit de caixa de R$ 400 milhões ao final deste mês de março. Recorde-se que outros R$ 50 milhões foram consumidos pela leva anterior de autorizações para contratação de cerca de 300 servidores, entre CCs e concursados, e aumentos de salários de altos funci onários, além do perdão da dívida de agricultores, parte deles pensionista do Incra, sob a estranha justificativa que sairia mais caro cobrar débitos individuais inferiores a R$ 2.7 mil. Parece, prezados leitores, que fica claro quem contribui para a desconstituição da política.