• Percival Puggina
  • 18/05/2021
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A DEMOCRACIA MORRE EM SILÊNCIO

 

Percival Puggina

 

Há alguns anos, durante um dos mandatos de Lula, escrevi um artigo em que lastimava a falta de cobertura para a tarefa oposicionista no Congresso Nacional. Lembrava os tempos em que os jornalistas acompanhavam as sessões com bloco de papel e lápis fazendo registros sobre o que era dito pelos atores da cena política e o que lhes era sussurrado aos ouvidos para concluírem suas matérias no teclado das máquinas de escrever, aos fins de tarde.  Vi tudo isso acontecer, pois de algo me valem meus 76 anos. Testemunhei um tempo em que o aeroporto, às sextas-feiras, era tomado por repórteres que aguardavam deputados e senadores nos voos procedentes de Brasília. Com eles vinham, fresquinhas, notícias “da corte”. Estas rotinas morreram com a evolução frenética das comunicações.

O que está morto morreu. Com o tempo, já entrando no ritmo do século XXI, foi ficando visível que descera uma cortina de silêncio sobre os congressistas de perfil conservador e/ou liberal. A esquerda já estava no poder. E não apenas no altiplano de Brasília, mas nos cursos de jornalismo, nas redações, no grande mundo da cultura. Nem o jornalismo esportivo escapava àquela hegemonia. O politicamente correto dominava a comunicação social e impunha a toda divergência um cala-boca geral. Foi o tempo em que os gigantes da nossa imrensa foram morrendo e os conservadores remanescentes, excluídos das grandes redações, deslocados para as formas de mídia surgentes.  Restaram uns poucos, raros quais ursos brancos, como o Alexandre Garcia  o J.R.Guzzo e uns poucos outros.

Ao mesmo tempo, o trabalho dos ditos “progressistas”, os portadores de projetos de reengenharia social, atuais oposicionistas, recebem intensa cobertura da mídia militante. A esquerda política, ou seja, o petismo e suas “variantes” (para usar o vocabulário da pandemia), age com as facilidades de uma pedra de curling, batedores à frente, amaciando o terreno. O governo e os governistas, por seu turno, falam nas redes sociais. E também estas vêm sendo manipuladas por “comissários da verdade”, corregedores de “temas sensíveis”, cujas opiniões não podem ser contrariadas.

É fastidioso, por fim, o silêncio dos plenários vazios. Chega a ser ridícula sua substituição por sessões virtuais em que os parlamentares falam em chinelas e bermudas, desde as próprias moradias. São verdadeiros monólogos caseiros, proferidos às “telinhas” enquanto cãezinhos latem, portas batem e os temas não se debatem. O cenário que descrevo de modo algum serve ao interesse da sociedade, cujo amplo esclarecimento é papel comum do bom jornalismo, dos partidos e das instituições do Estado.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


José Rui Sandim Benites -   21/05/2021 14:42:02

O texto acima é perfeito. As pessoas que não concordam e tem uma atitude, diferente do preconizado pela grande mídia, dizem que as pessoas são negativista da ciência. A Biologia, que é o estudo da vida, não tem a mesma lógica que a matemática e a física, por exemplo. Estas as suas leis são imutáveis. Na Biologia, principalmente, em relação ao tratamento de doenças, não pode generalizar. Porque cada ser vivo, tem uma carga diferentes de genes, cada indivíduo é único. E estes genes (que definem a carga hereditária) irá formar o genótipo ( os genes que está no DNA do indivíduo) e seu fenótipo (que é a sua aparência externa). Então, um tratamento que pode servir para uns, não serve para outros. Por isto, que o médico é o mais indicado para dar o tratamento. Em consequência desta premissa, tanto, a imunização natural, como o tratamento precoce, como as vacinas são válidas. Não só as vacinas, como preconizam. Tanto é que as próprias vacinas tem um grau de eficiência, baseado que cada indivíduo ter efeitos diferentes. Outrossim, se as vacinas são para o organismo produzir anticorpos. E, se o indivíduo já possui estes anticorpos, não vejo porque tomar vacina. E, as variantes do vírus? Bom neste pequeno comentário não há como explicar. Até porque ao longo do tempo que irá surgir novas teses, desta doença recente. E, como a explicação é longa. A grande mídia, se aproveita para enveredar para jargões simples. Que não explicam o fenômeno da pandemia. E, quem opta por não tomar a vacina, porque já possui os anticorpos é dito como "negativista da ciência". É a chamada politização do vírus, o que é lamentável.

FERNANDO A O PRIETO -   20/05/2021 09:24:19

Dos políticos, quase só decepção para aqueles que esperavam que eles os representassem. Boa parte deles é"vendida" aos interesses esquerdistas, outra tem sinceramente (por mais estranho que isso possa parecer) convicções ideoógicas de esquerda. Os que não estão nos casos anteriores precisam aprender a rebater, SEM GRITOS E PALAVRÕES E SEM AGRSSÃO FÍSICA , aos demais, e exigir de quem comanda as sessões que reprima quem tem este procedimento incorreto. Se não são capazes disso, que não se candidatem.

ODILON ROCHA -   19/05/2021 21:07:44

O maior embuste do século foi muito bem arquitetado. Ah, se o vírus pudesse ser chamado à CPI! Claro, com escolta de altíssima segurança.

DANUBIO EDON FRANCO -   19/05/2021 15:15:37

Penso que a observação está rigorosamente correta. É preciso resistir ao politicamente correto imposto pela esquerda, cujo objetivo é desestabilizar a sociedade a começar pela sua base, a família.

Carlos Henrique Santos da Silva -   19/05/2021 14:55:44

Taí um bom comentário que dá prazer à mente quando o degusta. Muito bom Percival Puggina!

jozeias -   19/05/2021 13:36:07

O mundo e cíclico, tudo que acontece agora já aconteceu antes, e todos que tem memória sabem o final.....

Luiz R. Vilela -   19/05/2021 06:18:08

Tudo na vida, nasce, envelhece e morre. Talvez seja isso também que esteja ocorrendo com as tais democracias ocidentais, ou mais precisamente este modelo de "estado", dito moderno, idealizado por Montesquieu, lá pelos idos do século XVII. A democracia como esta, já não mais supre a necessidade da representatividade popular, através de representantes livremente escolhidos em eleições, haja visto o distanciamento existente hoje, entre representante e representado. O estado que deveria ser organizado, parece não o ser mais. Interesses outros, se sobrepujam ao que deveria ser público. Eleitos pelo voto popular, moldam a administração pública as suas feições, que os interesses de uns, passam a prevalecer sobre o que seriam de todos, as ideologias passam a ocupar o espaço que seria da legalidade, sem qualquer constrangimento, tornando um único indivíduo, o destinatário de todo o interesse manifesto do seu grupo. Torna-se então um "absolutismo" moral, onde os "seus", despem-se de toda a honradez para apenas prestar-lhes culto e fazerem as suas vontades. Acho que a tão celebrada "democracia ocidental", nunca vigorou em terras brasileira e mais do que nunca esta desgastada e carcomida. Talvez seja este mesmo o caminho que muitos julgam ter que percorrer para implantar seus ideais de paraíso

Sebastião José da Silva -   18/05/2021 23:37:08

Perfeito mais uma vez, Percival! Acrescento que, entre os remanescentes do nosso jornalismo, incluiria, com certeza, você. Ainda, algo que se proliferou entre os profissionais (se é que posso chamar assim) de mídia militante de esquerda no Brasil e mundo a fora, foi o patrocínio de grandes milionários e suas fundações, como as de George Soros, Bill Gates etc. Forte abraço! Ansioso pela chegada de seu livro autografado.