A DEFESA PELA IRRAZÃO
A DEFESA PELA IRRAZÃO
Todos os argumentos contra a decisão das instituições paraguaias que afastaram o presidente Lugo contam com um e apenas um argumento: foi tudo muito depressa. O chanceler brasileiro chegou correndo, suado, esbaforido, tropeçando nos degraus. E chegou tarde. Tudo estava consumado. Logo, foi golpe conclui a diplomacia petista, como quem espera encontrar uma mulher serrada ao meio na caixa apresentada sobre o palco.
Estamos habituados a parlamentos silenciosos, que não se fazem respeitar. Convivemos, tolerantes, com bancadas e maiorias compradas, irrelevantes, que cedem em troca de favores os mandatos que lhe delegamos. Estamos habituados a reverenciar como sagrados mandatos presidenciais que sequer os próprios titulares respeitam. Cremos que nossas instituições - tenebrosas, sofríveis como são - devem operar como modelo para avaliar os procedimentos em outras democracias.
Refiro-me, no parágrafo anterior, aos cidadãos brasileiros democratas e bem intencionados. Não é caso dos agentes petistas que comandam o Itamarati. Democracia, para estes, é todo regime que toca em consonância com os interesses da esquerda e do Foro de São Paulo. Sem qualquer constrangimento, suspendem o Paraguai e chamam correndo o Hugo Chávez para o Mercosul, ouvidos os oráculos de Havana.
Portanto, escrevo aos cidadãos, brasileiros, bem intencionados. Aos democratas convencidos de que o Paraguai fez as coisas muito depressa. Note-se que a demissão constitucional - isto ninguém nega - do presidente Lugo, foi ato político adotado com a urgência que o caso recomendava, em nome da paz interna do país. Se dessem 20 dias ao presidente, o Paraguai estaria, hoje, em pé de guerra, fronteiras fechadas, convivendo com trincheiras nas ruas, o Palácio de Lopez cercado, o MST e o ELN passeariam nas ruas de Assución, armados até os dentes.
A decisão, legítima e constitucional - ninguém nega -, foi também politicamente correta sob o ponto de vista da sumariedade do rito. Cobrar prazos maiores é, precisamente, querer dar tempo ao mal e suas consequências. Só não dizem isso porque ficaria chato.