• Percival Puggina
  • 06/11/2016
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A CNBB E A PEC 241

 

 Como de hábito, a CNBB resolveu alinhar-se aos partidos de esquerda no combate à PEC 241. Eu andava sentindo falta da CNBB oposicionista, tão silenciosa nos longos anos de insucessos e malfeitos do PT. Aliás, durante os mandatos petistas, a cada quatro anos, ao se aproximarem as eleições, os documentos publicados no site da Conferência com o título Análise de Conjuntura dedicavam-se a combater os argumentos e diagnósticos da oposição. Em outras palavras, disparavam desde a trincheira do governo. Estou chovendo no molhado, bem sei.
O que interessa aqui é esta nota dos senhores bispos contra a PEC 241. Eis sua essência:

"A PEC 241 é injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para o pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública."

E também:

"A PEC 241 afronta a Constituição Cidadã de 1988. Ao tratar dos artigos 198 e 212, que garantem um limite mínimo de investimento nas áreas de saúde e educação, ela desconsidera a ordem constitucional."

Comecemos por esta última. A CNBB sustenta uma tese surpreendentemente genérica. A de que se uma proposta de emenda à Constituição alterar preceito da Constituição ela é inconstitucional. Nesse caso, para que existiram tais propostas? Uma PEC só será inconstitucional se ferir princípio constitucional ou cláusula pétrea, como tal declarada pelos constituintes originários (1988). Não é o caso. Corporações do Poder Judiciário, por exemplo, se insurgiram contra a PEC por outro viés, invocando o princípio da independência dos poderes, mas o STF já sinalizou que não concorda. O que esse corporativismo pretende é que a cabine dos passageiros de primeira classe não balance quando o avião atravessa zona de turbulência. A própria presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, já se manifestou a favor da PEC e contra o argumento dos magistrados.

Quanto ao primeiro ponto da nota, a CNBB acompanha as críticas dos partidos de esquerda, que:

1. se esfalfaram na análise de consequências da PEC 241 que supõem funestas exatamente aos setores que ela pretende proteger;
2. dizem lutar por mais recursos à Saúde e à Educação, mas parecem não aceitar que esses recursos sejam suprimidos de outros setores, ou seja, haverá que buscar nos ventos e nas estrelas os recursos que pretendem obter;
3. apenas como contraponto e denúncia, trataram da não inclusão do setor financeiro nos ônus da contenção da despesa pública.

Desconsideraram, neste particular, que os títulos do governo são adquiridos pela sociedade como forma de poupança e investimento. É o dinheiro para compra da casa, troca do automóvel, educação dos filhos, reserva para velhice, abertura de um negócio. As medidas que a CNBB pretende contra esses cidadãos produzirão fuga de capitais para outros ativos, redução ainda muito maior dos investimentos produtivos, seriíssimos problemas de financiamento para o governo, que redundariam em aumento da taxa de juros e aprofundamento da recessão. Afinal, não foi a irresponsabilidade fiscal que nos lançou no atual cenário de dificuldades?

Não é sensato recusar racionalidade ao comportamento dos agentes econômicos. Nenhum poupador poupa para suprir o Estado e suas funções. Nenhum investidor anda em busca de governos para socorrer generosamente. Só fundos de pensão administrados por petistas investem em títulos públicos venezuelanos. Bobo é quem, pensando que o dinheiro é bobo, gasta mais do que pode. Agora, tanto os que se serviram politica e/ou pessoalmente da gastança, e os que nada disseram contra ela, se introduzem no palco como zelosos defensores do interesse público. O interesse público, hoje, se chama controle do gasto público, segurança a quem empreende, gera empregos, renda e tributos. Ah! sobre a auditoria da dívida, basta perguntar ao PT como conseguiu quintuplicar em13 anos o compromisso que carregamos.

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
 


Clarice -   13/11/2016 01:27:42

Lastimável a postura de parte da igreja com relação ao quesito político e infelizmente partidário. Me entristeço com esta atitude, pois há tantos fiéis que sofrem na América latina por causa da implantação desses regimes populistas e antidemocráticos, que abominam religião e destroem famílias e qualquer noção de respeito a instituições. Regimes nos quais o que interessa é a manutenção do pobre para justificar o 'estado pai' e a permanência de governantes mal intencionados no poder. Lastimável. Como católica me sinto muito mal com isso. Até quando vão tapar o sol com a peneira e apoiar um grupo falido, que afundou o país? Que solução apontam na economia para fazer o milagre da multiplicação do dinheiro para manter o que mais precisamos - saúde de qualidade, educação decente, segurança, infraestrutura - e que realmente irá beneficiar quem mais precisa? Os católicos que trabalham, pagam seus impostos, tratam bem seus colegas e funcionários, procuram desenvolver ações sociais no seu dia dia , educam seus filhos para o respeito e o amor, entendem que seu trabalho tem função social e lutam pela melhoria da sociedade com seus atos diários e de forma ética, se sentem de fora deste pensamento da CNBB.

Celso Silva -   11/11/2016 22:40:07

A CNBB, que a cúpula da ireja católica no Brasil diz não pertencer a seus quadros administrativos, funciona entre nós como se fosse a estrutura maior do Vaticano, abaixo apenas de um papa, seu dirigente mor. Aqui, ela emite suas "bulas bispais", orientando os fiéis a seguirem a esquerda, escancaradamente! Essa a realidade. E a verdadeira cúpula católica não se mexe, aceita o que bem entendem esses generais de batina. Agora, cá entre nós, precisa alguma coisa mais para explicar a fuga continuada de fiéis da grei católica romana em nosso país? Quem fundou as Comunidades Eclesiais de Base, o ninho do PT? Quantos falsos padres participaram de grupos terroristas nos idos de 1964 e posteriores? É bom que esses bispos saibam que todos nós, fiéis de coração na existência de um Deus, nosso Criador do Universo, há tempos não mais necessitamos de suas homilias para seguirmos os cursos de nossas vidas, inclusive politicamente, algo que também vale para pastores neo-pentecostais e assemelhados. Essa gente deve ter esquecido que o líder maior da igreja romana, Jesus Cristo, nunca fez pregação política. E nem nunca foi um Tchê Guevara, transformado há algumas décadas no retorno de Cristo, com aquela carinha de santo! Vocês já eram, são passado! CNBB, tchau queridos...!

Genaro Faria -   09/11/2016 16:49:08

MALUF, 15 ANOS NO STF, SEM JULGAMENTO - O celebérrimo penalista italiano, Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria (1738-1794), disse que não é o rigor da pena que dissuade o delinquente de vir a cometer um crime, mas a certeza de que será punido. Até aparecer o ilustre juiz Sérgio Moro, a certeza dos "ladrões de casaca" era da impunibilidade. ABAIXO O FORO PRIVILEGIADO.

Adão -   08/11/2016 19:13:03

CNBB - Caimos na NaBa de Barrábas. Há muito tempo a CNBB é uma vergonha, os encontros agora nas comunidades e nas paróquias, ninguém tem espaço para falara nada em contraditório. Já vem tudo arrumado e pronto é uma lavagem de informações. Ninguém pode abrir a boca contra nenhum ponto dos livros da CNBB. A CF/2017, será outro desespero. As músicas já são de chorar.

Carlos Edison Fernandes Domingues -   08/11/2016 16:25:06

PUGGINA. Eu entendo que a CNBB animando a nossa espiritualidade e se empenhando na recomposição e a estabilização da família, já alcança um objetivo patriótico. Carlos Edison Domingues

Genaro Faria -   07/11/2016 02:14:05

É a Conferência Nefelibata dos Bispos Bolivarianos, que vivem em palácios como príncipes medievais. Enquanto eles se associam ao refugo político que o povo excluiu e repudia de norte a sul e de leste a oeste, os evangélicos crescem em razão geométrica. Eu sou e sempre serei um devoto da religião católica e não me conformo com esse escândalo protagonizado pela CNBB, que destrói o que a igreja levou cinco séculos para construir. Mas há muito eu não pago um centavo do dízimo, que eu não sei se terá como destino as campanhas do PT.

Antonio A. d´Avila -   06/11/2016 21:39:31

Dívida Pública e Juros no Brasil de Todos Dívida R$ trilhões Gastos com Juros R$ bilhões 2012 2, 00 207 2013 2,12 218 (+ 5,3%) 2014 2,29 243 (+ 11,4%) 2,79 (+500 bi) 367 (+ 51%!) Em 2015 Gastos em saúde do Gov. Federal: R$ 106 bilhões Gastos com o Bolsa Família: R$ 27 bilhões Em vez de cobrar impostos, o governo pede emprestado. Os mais ricos, em vez de pagar impostos, emprestam. R$ 1 trilhão de juros pagos aos mais ricos em apenas 4 anos. R$ 1 trilhão a ser pago com impostos que o Governo cobra pesadamente dos menos ricos. UM BELO PROGRAMA DE TRANSFERÊNCIA DE RENDAS. Não à PEC 241(55). Não às mudanças na política de gastos. Chapéu sempre na mão, guaiaca dos rentistas mais estufada!

Clara -   06/11/2016 20:43:58

Caro Puggina, boa tarde! Você como escritor, parece-me que conhece a CNBB como ninguém, conheço seus vídeos acerca das reuniões de campanha eleitoral do 'sapo de nine fingers'; pois bem, não ficou claro para mim o seguinte: durante esses 13 anos de desgovernos dos petistas a CNBB falou alguma vez em tributar as grandes fortunas? Pode me aclarar a mente, por favor, pois apesar de amar a Igreja Católica, a CNBB e eu não falamos e nem pensamos a mesma linguagem, a linguagem que acredito seja aquela que está escrita no Evangelho com a interpretação que é única e não como o pt fez com as nossas vidas durante esses amargos anos em que estiveram deteriorando os anais da história e os anais do Itamaraty! Muito obrigada pelo seu trabalho perseverante em nos alertar a todos, Deus abençoa sua vida e dos seus! Atenciosamente,

Dalton Catunda Rocha -   06/11/2016 17:14:23

Eu nasci aqui em Fortaleza-Ceará, em 1970. Quando criança, eu ainda peguei o Brasil estritamente católico, que estava morrendo, naquele exato momento. Era raro se ver uma igreja pentecostal, nos anos 1970. Uma irmã minha virou crente, tendo já trocado várias vezes de $eita. Várias pessoas de minha família foram para $eita$. E sabes por que? Foi que a Igreja Católica, se fez numa mera filial da CUT. A Igreja Católica trocou Cristo, por Karl Marx. Foi desta Igreja Católica, que surgiram coisas como o PT e o MST. Eu vi com os meus olhos, padrecos petistas, marxistas, etc. que nunca falavam de Deus, de Santa Maria ou dos santos, em missa alguma. Eles só falavam de marxismo e gramscismo, para corromper os fiéis. O resultado? Dezenas de milhões de pessoas deixaram o catolicismo de vez, graças a estes padres de passeata e estas freiras de minissaia; royalties para Nelson Rodrigues(1912- 1980). Quatro décadas seguidas de crise econômica levam, como todas as crises que a história já mostrou, uma larga percentagem de pessoas a acreditar, em coisas absurdas. Nos últimos 36 anos, subiram tanto a taxa de criminalidade, quanto a percentagem de brasileiros que seguem as $eita$. A desesperança no mundo real, manda as pessoas a buscarem conforto no absurdo, que é o que as $eita$ de fato podem oferecer. SER, UMA MACUMBA COM FACHADA BÍBLICA.TINA, PELO FATO DE Sai o patuá e entra o óleo santo de Israel. Sai o feitiço e entra a teologia da prosperidade. Sai o umbandismo e entra o pentecostalismo. Em suma. Sai o seis e entra o meia-dúzia. Fundado pelo gay, racista, picareta, etc. Charles Fox Parham (1873-1929), o pentecostalismo é um sucesso na América Latina, pelo fato de ser uma macumba, com uma fachada bíblica. Templo é dinheiro. E mentiras. Sobre as “curas” dos pa$tores, veja o site https://www.youtube.com/watch?v=fwoc6z6ymcY Se Jesus é o caminho, o Bi$po Macedo é dono do pedágio. Se o Bi$po Macedo é seu pa$tor, um dia, tudo te faltará. No Brasil, basta que um sujeito se intitule pastor protestante ou médium e pronto. Nenhuma lei, contra o curandeirismo valerá mais nada, contra ele. Basta lembrar do curandeiro Thomaz Green Morton, que há umas décadas atrás, tomou enorme quantidade de dinheiro dos finados senador Teotônio Vilela e de Dina Sfat (1939 – 1989). Ver site: http://arturbenevides.com.br/2013/07/08/cancer-e-curandeiros/ Hoje em dia, a Dilma e o Lula vivem financiando o curandeiro espírita “João de Deus”. Ver site: http://vejasp.abril.com.br/materia/joao-de-deus-medium-perfil . Sobre um caso de uma mulher que foi “tratada” várias vezes por este “João de Deus” e que já está morta, ver a foto dela, Lisa Melman, neste site em inglês: https://lakishajj.wordpress.com/2015/07/09/faith-healer-john-of-god-another-tragic-death/ E quanto aos mais numerosos curandeiros pentecostais, a bancada ou cambada evangélica lhes garante absoluta impunidade. Caso queira saber como se faz uma “cirurgia espiritual” sofisticada, então veja o site https://www.youtube.com/watch?v=n5zPG8ho-eg . Se quiseres ver como se faz, uma “cirurgia espiritual” mais simples, que vá ao site https://www.youtube.com/watch?v=LhP3XEY7IcM . Sobre o grau de patifaria a que chegam os pa$tore$ curandeiros, só para começar, vá ao site: https://www.youtube.com/watch?v=S6LTuNe7kew Sobre a causa real do sucesso dos curandeiros no Brasil, veja os primeiros dez minutos da entrevista deste site: https://www.youtube.com/watch?v=mK7PImC2Ckw

Odilon Rocha -   06/11/2016 15:56:38

Caro Professor Fico aqui matutando o que a CNBB teria como resposta à sua colocação final. Eles têm condições de responder, sinceramente?