• Percival Puggina
  • 13/06/2021
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A CENSURA E O PODER DAS REDES SOCIAIS

 

Percival Puggina

 

Ninguém nega, hoje, que as redes sociais descortinaram imenso território para que a liberdade de opinião possa ser exercida. Abriram a porta para que milhões de “fotógrafos” e “cinegrafistas”, com suas câmeras, seus flagrantes e seus registros chegassem até o mais longínquo ponto de acesso proporcionado por um provedor de internet.

Os efeitos foram imensos! Novos atores surgiram na política dos povos em função de sua habilidade de operar tais recursos, com a vantagem de fazê-lo a custo irrisório. A liberdade de expressão ganhou seu mais amplo sentido. Novas celebridades surgem a cada dia.

Os grandes veículos, as grandes redes de comunicação sentiram de imediato a perda de influência junto à opinião pública. O que antes, de modo patrulhado e mesquinho, era representado pelo pequeno espaço das seções “Fale conosco” ou “Opinião do leitor”, foi substituído por milhões de vozes. Democratizou-se o direito de dar vida e palavra ao pensamento, ainda que, não raro, em modo caótico.

Não demorou muito para que os donos dessas plataformas, as chamadas Big Techs, cedessem à tentação de patrulhar essas opiniões. Afinal, aquilo não lhes pertencia? Por que aceitar que fossem usadas como espaço público se aconteciam em plataformas privadas? E começou a censura! Aliás, a tentação era inevitável. Afinal, quem ganhava o debate político nas redes sociais era majoritariamente avesso à linha “progressista”, à Nova Ordem Mundial e à reengenharia humana e social por elas pretendida.

Ganha destaque, então, a opinião do ministro Clarence Thomas da Suprema Corte dos Estados Unidos num processo entre Trump e o Twitter em abril deste ano. A opinião do ministro está inserida no processo, mas as características dessa ação não dão a ela uma amplitude geral de aplicação. Em síntese, porém, proporcionou um alerta ao Congresso, denunciando estarem as plataformas “patrulhando o que é dito em seus sites”, e informando “não ser direta a aplicação das antigas doutrinas às novas plataformas digitais”.

Eis um desafio aos legisladores. Há um entrevero entre o princípio da liberdade de expressão, do direito de propriedade e da liberdade de mercado. Talvez seja essa uma das mais complicadas tarefas para parlamentares e tribunais nestes novos tempos. Não há dúvida de que juntando o poder de comunicação nas plataformas com o direito de censura às opiniões gera-se um poder monstruoso, capaz de produzir grande estrago antes de o mercado resolver a encrenca criando alternativas com poder equivalente. Ou, na analogia utilizada pelo juiz Clarence para caracterizar tal dificuldade: pode-se atravessar um rio a nado ou por uma ponte...


João Jesuino Demilio -   14/06/2021 16:57:41

Caro Puggina..Não sei a solução jurídica(que acho que tem que ser uma solução global, visto as características da própria internet) mas algo precisa ser feito com as bigtec. Ou são plataformas livres, portanto não podem fazer censura..ou são como veículos de comunicação e devem operar sob leis específicas e sofrer as consequências das mesmas.

arno winter -   14/06/2021 14:36:26

Boa tarde, professor ! Seria o caso dessas Big Techs estarem sendo "remuneradas"para aplicarem essas censuras ? Seria???

Pedro Ubiratan Machado de Campos -   14/06/2021 12:13:27

Parabéns Professor, lúcida visão desse entrevero. Entendo como se o feitiço tivesse virado contra os feiticeiros e acho que não tem mais volta agora, pois se censuram e quanto mais censuram mais expõem seus nefandos propósitos.

Raul José Ferreira Dias -   14/06/2021 11:35:50

Caro Mestre Puggina, Sobre este tema, o grupo dos Médicos pela vida COVID19 publicou uma sequência de vídeos em seu Instagram, que mostra uma posição muito firme do Senado americano sobre as origens da epidemia e a censura que nos é imposta pelo monopólio das grandes corporações que hoje controlam as mídias eletrônicas. Acredito que haverá novidades importantes em breve. Grande abraço. Brigadeiro Dias

Regis Dias -   14/06/2021 10:35:48

Professor Puggina, são milhares de vozes sendo caladas. Estou 30 dias bloqueado no Foicebook sabe por quê? Porque eu disse que não tinha medo de ameaças feitas inbox! Ora, o presidente falou em criar uma kei coibindo esses abusos e depois ficou quieto! O problema de Bolsonaro é justamente não ir contra esses abusos, tanto das redes sociais, do Super Tribunal de Falcatruas, do congresso. Ora, obviamente entendemos que o Congresso deve existir para que haja democracia, mas o que vemos é o oposto: mais da metade dos congressistas responde por corrupção porque a tão maravilhosa lei da ficha limpa simplesmente não funciona! O governo não pode censurar, mas as redes sociais podem...

Antonio Ricieri Biasus -   14/06/2021 08:07:44

Como sempre, muito lúcido os seus comentários. Hoje, as redes sociais, como o Facebook, ou o foicebook, como passou a ser conhecido, censura e só publica a verdade que eles querem. Até lá existe censura!

ODILON ROCHA -   13/06/2021 19:09:16

Direto ao ponto, caro Professor.