• Percival Puggina
  • 17/11/2017
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2018: HORA DE FAZER O DIABO, DE NOVO

 

 Novamente é quase três da madrugada na necrópole da República. Hora de cultos satânicos, quebrantos e esconjurações. Ágeis como drones, bruxas esvoejam entre lápides e ciprestes. Taumaturgos de colarinho branco presidem cerimônias.

 Quem ainda não percebeu, em breve será arrastado para as consequências destes dias. Neles se reproduz o ciclo repetitivo e funesto muito bem definido por Dilma em 14 de março de 2013. Antecipando, então, campanha eleitoral em João Pessoa, ela afirmou que "Nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição, mas quando estamos no exercício do mandato, temos que nos respeitar". O público presente talvez tenha tomado a primeira oração como exagero e a segunda como compromisso. No entanto, o diabo foi feito e o desrespeito derrubou a casa. Um ano e pouco mais tarde, já com a disputa eleitoral em marcha, ante público de seu estado natal, Lula disse a Dilma: "Eles não sabem o que nós seremos capazes de fazê, democraticamente, pra fazê com que você seja a nossa presidenta por mais quatro anos neste país". Os meses seguintes contêm minuciosa narrativa daquilo que, de fato seria feito, "democraticamente", para assegurar mais quatro anos para a presidenta. É do diabo que estamos falando.

 Se há algo que sabemos sobre as potências das trevas é que elas não mudam de caráter nem de objetivo. O discurso de Lula aponta para a volta ao seu pior estilo, aquele anterior à carta ao povo brasileiro, com ódio exacerbado, afinação bolivariana e cheiro de enxofre.

 Cenários como os que se desenham para 2018 fazem parte da nossa tradição presidencialista. As "virtudes" tomadas em maior conta no recrutamento dos presidenciáveis jamais influiriam na escolha de executivo para uma pequena empresa que almeje sucesso. Mas, se é para presidir a república, tendo voto, qualquer um serve. Causa angústia saber que, periodicamente, apostamos o presente e o futuro do país num cassino eleitoral matreiro, desonesto, onde, em acréscimo a tudo mais, sequer as urnas são confiáveis.

Em menos de um ano saberemos quem dirigirá a república no quadriênio entre 2019 e 2022. Até lá, vamos para o mundo das trevas, onde tudo é incerto. A irracionalidade do sistema de governo e o vulto dos poderes em disputa, concentrados em uma única pessoa, levarão insegurança e instabilidade ao desempenho dos agentes econômicos. Dependendo do lado para onde for a carroça, cairá a Bolsa, subirá o dólar, cessarão os investimentos. Afinado com as bruxas, o parlamento só se interessará por doces (agrados e favores) e travessuras (contas ao pagador de impostos). Tudo virará moeda nas mãos de quem tocar o sino na hora do diabo.

A revista The Economist divulga um índice de democracia pelo qual 167 países são pontuados em relação a processo eleitoral e pluralismo, funcionamento do governo, participação política, cultura política e liberdades civis. Entre os 20 primeiros lugares, apenas os dois últimos são presidencialistas. E nós estamos no 51º lugar. Um dia a ficha cai e exorcizamos esse modelo político.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Ismael de Oliveiira Façanha -   19/11/2017 02:31:57

Trocar o Presidencialismo pelo Parlamentarismo seria trocar uma grosa por doze dúzias, ou seria como mudar a disposição dos móveis dentro de uma casa que esteja caindo. Ao contrário, o País necessita é de uma concentração de poder, semelhante a que existiu no Estado Novo de Getúlio Vargas e no Regime de 1964; o Parlamentarismo poderia agravar as coisas nesse Brasil, cuja imensidão territorial exige um poder central forte, pontificante, - sob pena de um desmembramento geral.

Dalton Catunda Rocha -   18/11/2017 18:47:28

Parlamentarismo que desse certo no Brasil, só se fosse parlamentarismo monárquico. Uma monarquia constitucional parlamentarista.

Joma Bastos -   18/11/2017 18:02:33

A figura hedionda de Lula – se puder disputar a eleição – contribuirá para consolidar a rejeição da maioria dos brasileiros contra os políticos corruptos. Dado que não queremos o Lula, jamais devemos desconsiderar a enorme força que ele tem nas classes mais pobres, nomeadamente no Bolsa Família, onde lá estão mais de 20 milhões de votos. Se o Lula não puder disputar as eleições de 2018, que é provavelmente o que acontecerá, o Bolsonaro não terá candidato opositor à altura, mas este terá sempre que trabalhar com muita solidez a sua campanha eleitoral. A pobreza, a falta de cultura, a falta de democracia, a violência, o isolamento em que este Brasil vive, etc., são elementos que alimentam e que por vezes podem revigorar o perigoso mundo vermelho do Foro de São Paulo e sua nociva influência na América Latina. Porque todos nós sabemos que Lula defende descaradamente o comunismo pró-soviético do bolivariano Maduro, e como não queremos nada disso para este país, o Bolsonaro em sua campanha eleitoral, deveria trabalhar com muito cuidado uma boa solução social e econômica para as classes menos favorecidas, pois é aí que reside o cerne das eleições. O Bolsonaro tem que apresentar em sua campanha boas soluções anti-corruptivas, anti-violência, de segurança pública, políticas, econômicas e sociais que possam alavancar o desenvolvimento socioeconômico deste país. Se o Lula for candidato e o Bolsonaro tomar a atitude de se considerar o Trump do Brasil, poderá resultar negativo para o próprio Bolsonaro, visto o Trump ser aquele político que transparece ser demasiado sobranceiro em suas relações políticas. A Constituição de 1988 foi e continua a ser devassada pelos Três Poderes, quase que podemos afirmar que estamos a ser governados em forma de ditadura, uma ditadura conjunta desses poderes. Após o Regime Militar, a corrupção vem constantemente apodrecendo o Estado brasileiro e sua Constituição. O Governo, o Congresso, os Supremos Tribunais e os rentistas, vivem ignorando os maiores dramas que o nosso país enfrenta atualmente, que é a catástrofe da corrupção e o comunismo, os quais estão resultando numa nação completamente desestruturada e paralisada em seu desenvolvimento socioeconômico. Há que formular uma nova Constituição, a qual não deve ser executada por políticos profissionais, nem ter a sua interferência. É uma missão para cidadãos que dominem conceitos políticos, econômicos e sociais corretos. Logo de seguida, estes mesmos cidadãos deverão ser os primeiros elementos de um novo e verdadeiro Tribunal Constitucional devidamente estruturado, que fiscalize todas as leis criadas e alteradas pelos legisladores federais, estaduais e municipais. Necessitamos de uma Intervenção Constitucional... e de uma Constituição renovada, virada para o liberalismo político, social e econômico.... e o mais rápido possível. Mas entretanto estamos entalados em uma grave crise institucional, que a população sente cada vez mais no seu dia a dia através da alta taxa de violência(segundo estatísticas foram 61.619 homicídios em 2016, dentro dos quais 437 policiais), do desemprego, de pobreza que chega a ser extrema, de um paupérrimo sistema educativo, de um sistema de saúde muito desorganizado, de um país carente de infra-estruturas e saneamento básico, de um Bolsa Família(cerca de 60 milhões de brasileiros que nem fazem parte das estatísticas de desemprego) que está encurralado pelos atuais políticos somente para votos. Ps: As estatísticas dizem que Porto Alegre, em 2016, esteve entre as capitais mais violentas do Brasil.

Leandro Lima -   18/11/2017 15:26:17

Esperar o que de um país com uma das piores educação do mundo. ''Os políticos de um país são o espelho do seu povo".

Juan Koffler -   18/11/2017 15:21:26

Puggina: Falando de "inferno" e parafraseando (mesmo que distorcido) o velho adágio: "de velhas, surradas e tergiversadas intenções, o inferno está cheio". O inferno, meu caro, é a sociedade terrena. É "o homem: esse projeto mal-acabado" (minha tese de 1976). Inferno, em suma, remete irremediavelmente a "comportamento humano", portanto, terreno, não elucubrado. Convença-se: enquanto a espécie humana existir, SEMPRE existirá o inferno. Afinal, esse par é indissociável. Grande abraço.

Genaro Faria -   18/11/2017 14:15:47

O diabo está debaixo da cinza desta tranqüila superfície de um mar revoltoso. A imensa maioria dos venezuelanos desapareceu no ar e aqui também será irrelevante para evitar a instalação do regime comunista. O general Mourao de 64 é que entendia de comunismo.