“É uma piada discutir se alguém contou ou não contou algo que publicaram em um livro!”
Acaba de ser lançado um livro sobre a passagem do ex-presidente uruguaio José Mujica pelo poder.
A obra traz a narração de uma conversa entre Lula e Mujica, onde o brasileiro teria confessado o crime do mensalão para o colega uruguaio.
A obra foi escrita pelos jornalistas Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, a partir de depoimentos de Pepe Mujica.
O registro de uma conversa acontecida no início de 2010, em Brasília, vem trazendo uma marolinha de confirmações e desmentidos.
Para início de conversa: até chegar a edição, um livro passa por inúmeras revisões. Jamais uma revelação desta importância, em uma obra sobre um ex presidente, estaria nela se autores e biografado não soubessem exatamente o que estavam dizendo e o impacto que causaria. É uma piada discutir se alguém contou ou não contou algo que publicaram em um livro!
Na conversa que o “afilhado” Mujica revela, Lula teria se referido às dificuldades da tarefa que desempenhava: “Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens”. E explicou: “Essa era a única forma de governar o Brasil”.
Segundo Mujica, o ex-vice-presidente uruguaio Danilo Astori também estava na sala e ouviu a declaração.
Andrés Danza, um dos autores do livro Una Oveja Negra al Poder – Uma Ovelha Negra no Poder, confirmou em entrevista a narrativa do ex-presidente uruguaio. E nem precisava, afinal, está escrita.
Segundo o autor, Mujica ouviu a afirmação. Ele estava com seu vice, Danilo Astori. Lula queixava-se que a corrupção é alta no Brasil e ensinava como, no caso dele, um presidente tem de lidar com questões imorais e chantagens.
Para Mujica ficou evidente que ele estava se referindo ao mensalão,embora Lula obviamente não tenha usado o termo. Afinal, a expressão foi criada por Roberto Jeferson ao denunciar o esquema em 2005 e usada comumente de forma pejorativa, tal qual“Petrolão”…
Ao relatar a conversa aos jornalistas que escreveram o livro, Mujica entendeu perfeitamente a confissão do escândalo que levou à prisão algumas das principais lideranças do PT e do governo Lula, como José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha.
O autor do livro ainda esclareceu:
– Mujica se preocupa com a corrupção. Vive de forma humilde e a combate. Ele não a defende. Mas ele defende Lula, com quem tem uma relação muito próxima. Ele considera que Lula não é corrupto e o vê como padrinho. Ele entende que Lula teve de conviver com a corrupção.
Embora estejamos na fase do “não foi bem isso que ele quis dizer” e demais desmentidos, tentam tapar o sol com a peneira.
Mas fiquei bem curioso de saber em que consistiriam as tais “chantagens” que o padrinho possa ter sofrido.
Parece que há muito mais de onde tem vindo tanta lambança…
Mujica bem pode ceder-nos o título “Uma ovelha negra no poder” para uma versão do caso brasileiro.