• Lucas Gandolfe
  • 21/05/2020
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POR UMA DIREITA UNIDA

 

A crise econômica, profunda corrupção, perniciosos crimes cometidos pelos mais altos cargos da República e a crescente imoralidade pública estremeceram a vida do governo liderado há anos pela esquerda brasileira, colocando à direita na rua, invadindo de forma fulminante o tradicional domínio esquerdista. Das diferentes vertentes políticas, a nova direita se fez surgir por cidadãos comuns, motivados, cultos, e que misturou em seu fermento fortes traços de amor à pátria brasileira. A esperança renascia.

Desde janeiro de 2003 a gestão petista e seus asseclas conviveram e apoiaram casos de corrupção no Brasil, que, resumidamente, totalizam 4.880 dias de escândalos, somando mais de R$ 47 bilhões. Da posse de Lula ao afastamento de Dilma, em maio de 2016, os escândalos políticos e casos de corrupção sempre estiveram presentes. E continuam até os dias de hoje.

Isso sem contar que, com o PT, o sucesso da revolução cultural foi avassalador — dada a completa falta de resistência –, que os valores, critérios e até cacoetes mentais da esquerda se incorporaram no sensum communem brasileiro e já nem eram mais reconhecidos como tais.


Durante décadas, desprovido o povo de todo meio de expressar-se na mídia e de canais partidários para fazer valer a sua opinião, foi crescendo uma revolta surda, inaudível, que mais cedo ou mais tarde teria de acabar eclodindo à plena luz do dia, como de fato veio a acontecer nas inúmeras manifestações populares, abalando todos os setores de poder.


De repente, o Brasil tornou a vestir verde e amarelo, cores da nossa amada e tão violentada pátria. Milhões de pessoas, voluntariamente, passaram a se reunir nos espaços públicos, realizando as maiores manifestações populares da história brasileira. Em todas as regiões do país, os brasileiros gritaram numa só voz, num só coro.


Essa união rompeu com a sólida conquista e manutenção de poder pela esquerda, representada, na época, por Dilma Rousseff. Desde então, vêm surgindo inúmeros movimentos, partidos políticos, grupos acadêmicos, aperfeiçoamento da intelectualidade, organização e publicação de material ideológico, substituição da mídia tradicional pelas redes sociais, moldando, assim, uma oposição ao establishment.


A nova direita, que então favorece a liberdade de mercado, defende os direitos individuais e os poderes sociais intermediários contra a intervenção do Estado, colocou a defesa do Brasil e os valores religiosos e culturais tradicionais acima de quaisquer projetos de reforma marxista da sociedade. Assim, em 2018, elegeu-se Jair Bolsonaro.


Desde então venho defendendo que a luta deve continuar. O fato de elegermos um presidente não vai, por si, resolver o problema de representatividade liberal-conservadora nacional. Governos são transitórios e limitados, sendo imperioso que o brasileiro peleje e vença a mais importante das guerras: a cultural.


Ora, a esquerda continua dominando a grande maioria de partidos políticos, jornais, canais de TV, militância organizada, sentimento de empatia popular, instituições públicas, vida cultural, etc. Se por um lado elegeu-se um governo federal mais ligado ao espectro da direita, por outro esta não possui nem um único “xexelento” Centro Acadêmico nas universidades públicas.


Para piorar, neste cenário em que apenas alguns mandatos políticos foram ocupados pelas vertentes da nova direita, começou-se uma interminável e autodestrutiva guerra de poder entre elas, logo nos primeiros meses pós-eleição de 2018.


É parte da missão dos que não querem um ideal sólido da direita liberal-conservadora brasileira deixar o ambiente em polvorosa. Quando a direita briga, a esquerda faz a festa e, como se não bastasse o desgaste naturalmente sofrido pelos ataques midiáticos diuturnos, ainda se dá motivos para os esquerdistas festejarem a incapacidade da direita de se unir e mobilizar.

Muito da atual intriga direitista na arena política se deve a isso: a incrível inépcia para distinguir entre a unidade essencial e a divergência por questões periféricas. Estamos vendo em plena crise mundial atores sedizentes “de direita” exponenciar os ataques oposicionistas contra o presidente, inclusive, pasmem, pedindo o seu impeachment, como se seus adversários não fossem a esquerda cleptocrática que há poucos anos saqueava os cofres da República, corrompendo todo o espaço democrático, mas, sim, a atual e tenra direita, ora governista.

Agora continuamos nisso: a promover ataques pessoais aos líderes políticos, lideranças de movimentos e, principalmente, Jair Bolsonaro, como se fossem piores que Lula, Ciro Gomes, Freixo, Gleisi Hoffmann, Flávio Dino, Dilma, Haddad, PT, Psol, PC do B, MST, Movimentos Frente Brasil Popular e Povo sem Medo, etc. Atacam outros movimentos, grupos intelectuais e partidos de direita, comprometendo o que é essencial: a expansão dos mesmos ideais. Não veem que a autodestruição da direita apenas representa o retorno da esquerda para dentro do Estado.

Passaram a distribuir sarrafos nos próprios colegas de manifestações passadas, numa fúria inexplicável. É legítimo indagar, por isso, se ainda estão no mesmo barco ou se o abandonaram por delírio ou por razões outras que não estão muito claras. O fogo tem que cessar já, sob pena de destruir todo o longo trabalho de ressurgimento da direita civil, extinta há mais de quarenta anos do cenário político. Deixem de ser inconsequentes pistoleiros políticos e parem de fazer o jogo da esquerda vil e corrupta.

Vejo com enorme tristeza os tiros contra colegas de ideais neste momento crucial da vida nacional, quando nosso objetivo comum deveria ser consolidar os ideais liberais e conservadores na sociedade brasileira, derrubar toda a hegemonia cultural marxista e garantir uma verdadeira pluralidade ideológico-democrática no Brasil. Estão desperdiçando energia e assumindo frente à sociedade o papel de pessoas absolutamente desunidas que só se importam com o poder pelo poder. Estão jogando pela janela o bebê junto com a água do banho.

Óbvio que, por sua vez, defender corruptos e fazer conchavos criminosos, bem como usar da estratégia de “tudo vale por poder”, nada mais é do que uma personalização do próprio petismo, o que jamais deverá ser tolerado. Apenas tenhamos moderação, lucidez e busquemos, dentro da ordem legal e moral, uma união para consolidação dos ideais liberais-conservadores.

Há trabalho por fazer. É preciso disciplina. Dispersar por conta de brigas de ego e demais questões periféricas é prestar um desserviço ao país. Caiamos na real. Na guerra cultural a direita está perdendo e perdendo feio, e se continuar se dividindo será logo derrotada.