• Martha E. Ferreira
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O SOBREVIVENTE

A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que, atualmente, os acidentes nas estradas já são a décima maior causa de mortes no mundo. Eles matam um milhão e duzentas mil pessoas, por ano, sendo que a Índia, China, Estados Unidos, Rússia e Brasil encabeçam esse ranking sinistro.
 
  No Brasil, são 53 mil vítimas fatais, por ano, em acidentes de trânsito, e a metade delas é morta por atropelamento. É um histórico macabro de 164 mortes, por dia, quase 7, por hora, comparando-se a um Boeing 737 caindo, todos os dias nas estradas brasileiras, fulminando todos os passageiros.
 
   Segundo o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), em 2009, foram pagos 53 mil sinistros de morte, 118 mil de invalidez permanente, 86 mil de despesas com assistência médica, além de desembolsos com honorários, despesas gerais e reserva de sinistros, no valor de R$ 3 bilhões.
 
   Os números do Ministério da Saúde também são alarmantes. Segundo ele, 500 mil pessoas ficam feridas em acidentes de trânsito e custam cerca de R$ 5 bilhões, anualmente, para o Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, o seu custo social pode onerar os cofres públicos em até R$ 25 bilhões. 
 
   O coeficiente de mortalidade por acidentes de trânsito, no Brasil, é de 30 mortes por 100 mil habitantes, enquanto na Holanda, esse coeficiente é de 4 por 100 mil. Proporcionalmente à população, o trânsito brasileiro mata 2,5 vezes mais do que nos Estados Unidos e 3,7 vezes mais do que na União Européia. Entre os estados, Santa Catarina tem 33 mortos para cada grupo de 100 mil habitantes, a maior taxa média de mortes no Brasil; Espírito Santo, 28; Rio de Janeiro, 19; e o Amazonas tem a menor, 12. 
 
   Nosso país tem a terceira malha rodoviária mais extensa do planeta. Porém, apenas 12% são vias pavimentadas, sendo que destas, 45,8% são consideradas em estado regular e 26,4% entre ruim e péssimo. Elas apresentam uma demanda de mais de R$ 180 bilhões em obras, mas o PAC cobriu, apenas, 13% disto.
 
   Estradas danificadas ou com traçado impróprio, somadas à falta de educação para o trânsito, motoristas embriagados ou drogados e impunidade formam uma mistura explosiva e são responsáveis por esta nossa tragédia diária, que destrói famílias e envergonha o nosso país.
   Exige-se que o Estado seja punido por contribuir com esse holocausto de brasileiros; promova campanhas educativas permanentes para aumentar a segurança no trânsito; invista na manutenção e construção de estradas; assegure fiscalização rigorosa das infrações; e aplique penas cada vez mais duras para os transgressores, quaisquer que sejam.
 
   A sociedade também tem que fazer a sua parte, exercitando a sua cidadania. Então, jamais dirija após ingerir bebidas alcoólicas, pois o Ministério da Saúde estima que pelo menos metade dos acidentes sejam causados pelo uso abusivo de álcool, por parte dos motoristas. Não utilize drogas antes e nem durante a condução de veículos. 
 
   Evite dirigir quando seu estado emocional estiver comprometido. Mantenha sempre distância de segurança em relação aos outros veículos. Utilize sempre e adequadamente os dispositivos de segurança. Respeite e procure entender a sinalização de trânsito. E, lembre-se, todo acidente pode e deve ser evitado.
 
   São algumas atitudes como estas que vão ser decisivas para trazer você, são e salvo, de volta para casa, preservando a sua integridade e consciente de que respeitou os direitos e a vida das outras pessoas.
 
Martha E. Ferreira é economista e consultora de negócios